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História Please, Die! - Ataque Duplo


Escrita por: FanfictionMe

Notas do Autor


Desculpa a demora, sabem como é, final de ano é uma correria.

Capítulo 12 - Ataque Duplo


POV Rose

O quarto tinha sido, até então, a surpresa mais agradável de toda aquela horrível estadia. O guarda-roupa estava cheio de roupas femininas do meu tamanho e era um alívio tomar banhos longos debaixo do chuveiro potente. É claro, que o resto da situação era, digamos, estranho. Um Tom Riddle simpático e falso não era tão melhor do que o arrogante e desprezível. Hunter e ele tentavam até a exaustão me fazer concordar com a ideia de praticar magia das trevas, sem sucesso algum. No entanto, eles pareciam estranhamente tensos e irritadiços. Algo tinha acontecido, mas jamais contariam para mim.

— Rose, vem cá! — Ouvi Hunter gritar, do lado de fora. Me levantei da cama devagar, com a preguiça invadindo cada pedaço do meu corpo. Ele bateu impaciente diversas vezes na porta, enquanto eu calçava desajeitada um chinelo para poder sair.

Puta merda Riddle, se controla. — Eu disse para ele, que imediatamente revirou os olhos, ardendo em raiva. Hunter tinha uma expressão cansada no rosto, o que já vinha acontecendo há dias. Eu poderia apostar que ele e seu pai não estavam tendo as melhores noites de sono.

— Rose, Rose, Rose, não me estresse. — Falou ele, começando a andar imediatamente na minha frente. Sem muitas opções, o segui de perto, sem indagar onde íamos. — Sabe, minha vontade de te devolver é grande, mas sei que um dia te ter aqui vai compensar…

— Me devolva, eu aceito! — Retruquei e ele virou-se, apenas para me dar um olhar de desprezo. Achei melhor seguir em silêncio então, antes que ele surtasse igual seu querido pai.

Não demoramos muito e chegamos em uma sala de reuniões ampla e luxuosa. Havia uma grande mesa central, estantes apilhadas de livros e, é claro, meu pesadelo número um. Tom estava sentado na ponta da mesa com um sorriso maravilhoso em seu rosto impecável. Vestia roupas trouxas que caíam perfeitamente em seu corpo e tinha uma expressão divertida.

— Rose, sente-se aqui do meu lado. — Disse ele, com uma malícia notável. Engoli a seco e sem dizer nada, comecei a andar até o seu lado. Hunter contornou a mesa e sendo mais rápido do que eu, sentou-se no outro lado antes mesmo de mim. Eu me sentei, deixando uma distância descente de Riddle. — Dormiu bem?

— Claro, como se você se importasse. — Respondi ácida. Pude notar o tremor que surgiu em sua face, ele estava se controlando para manter a postura amigável. — Por que estamos aqui?

— Eu dormi bem também. — Disse ele com ironia. Eu ergui uma sobrancelha, não podendo controlar um sorriso sarcástico que surgia em meus lábios. — Bom Rose, acho que já está na hora de começarmos suas aulas, não é?

— Eu já disse dezenas de vezes, Tomzinho, eu não vou praticar magia das trevas. — Ele serrou os lábios em reprovação ao apelido. Hunter bufou e tossiu, tentando esconder o riso.

— Que seja, Weasley. — Ele deu os ombros, irritado. — Magia comum, está bom assim? Ou gosta de ser a chacota do sexto ano? A mais fraca dos Weasley, a única pária que nasceu do trio de ouro…

Olhei para Hunter exasperada. Óbvio que ele falaria, disse minha consciência. Sentia meu rosto quente de vergonha. Eu era a mais fraca do meu ano, da minha família, de todo lugar que eu ia. Mas por que jogar na minha cara?

— Que seja, Riddle. — Repeti, tentando não demonstrar que ele tinha conseguido me magoar. — Posso ir? Quero tomar café ou isso não me é mais permitido?

— Pode sim, dramatizadora. — Hunter disse e agitou sua varinha, fazendo surgir sob a mesa uma jarra de suco e vários tipos de bolo e pães. — Satisfeita?

Não respondi, pois já tinha entupido minha boca de bolo de laranja. Quanta classe, nossa senhora. Shii consciência! Hunter e Tom riram da minha reação esfomeada. Terminei de mastigar o mais rápido possível, bebendo um grande copo de suco de abóbora. Terminei a refeição de modo mais educado, enquanto eles se serviam também.

— Bom, Hunter, deixe-nos a sós, vou começar a aula da Rose. — Falou Tom, quando todos terminamos de comer. Hunter sorriu de lado e assentiu para o pai. — Continue o seu treinamento e depois cuide daquele problema, certo?

— Sim, Milorde. — Ele se virou para sair, mas não antes de me irritar um pouco. — Boa sorte Rosezinha.

Bufei, enquanto Riddle ria e se levantava. Fiquei em pé também e ele rapidamente fez sumir toda a comida com um aceno da varinha. O encarei, de braços cruzados e com um sorriso debochado nos lábios. Se seis anos em Hogwarts não tinham me feito uma bruxa decente, não era o Lorde Eu-Me-Acho-Para-Caramba que faria. Ele apenas continuou andando e buscou um grande livro, colocando-o em cima da mesa. Aparentemente era um livro de Feitiços, mas a capa desgastada me impedia de ler com clareza.

— Olhe, Rose, eu montei um programa de treinos para você, tudo bem? — Eu assenti desanimada, vendo sua falsa expressão cordial. — Um pouco de teoria, bastante prática, acho que será suficiente. Quando ficar um pouco mais forte quem sabe não mude de ideia sobre a magia das trevas?

— Ah claro, aham. — Respondi sarcástica, mas, mesmo assim, havia um brilho travesso nos olhos de Riddle. Não pode ser boa coisa, murmurou minha consciência. — Feitiços?

— Sim, Feitiços. — Ele afirmou, começando a folhear o imenso livro sobre a mesa. Tentando bancar a aluna conformada, voltei a me sentar, enquanto observava ele achar a página. Ele logo achou e andou para o fundo da sala novamente, voltando com um pergaminho e uma pena, que me entregou. Deixou um pote de tinta na minha frente e assumiu uma posição de autoridade, empertigando-se.

Eu já tinha ouvido falar que Lorde Voldemort tinha tentado ser professor e havia uma satisfação clara na sua face, o que me fazia presumir que o boato era bastante real. Ele girava habilmente a varinha na ponta dos dedos e ficou me observando, sem dizer nada, até eu escrever “Aula 01: Feitiços” no pergaminho.

— Bom, eu acho que podemos começar já com as azarações, uma vez que você não é nenhuma aluna do primeiro ano, certo? — Falou ele, em um tom que pretendia ser brincalhão e divertido.

— Certo, Professorzinho. — Zombei. Ele bufou, com a paciência visivelmente reduzida. Passou a mão pelos cabelos negros com força, puxando uma cadeira e sentando-se, bem próximo de mim.

— Que tal um trato, ei, Rose? — Seu rosto estava tão próximo que seu hálito quente batia na minha pele, me inebriando. — Eu te dou algo que você quer e você me deixa dar a maldita aula em paz!

— Você não tem nada que eu queira. — Respondi com um sorriso sarcástico, vendo satisfeita sua face mais uma vez se contorcer em fúria. Mas foi um momento bastante passageiro.

— Tem certeza? — Ele sorriu e se aproximou mais. Calma Weasley. 5, 4, 3, 2, 1. Ele me encarava com uma expressão que eu só poderia classificar como adorável.

Ele não me deu tempo para pensar e colou seus lábios nos meus. De todas as coisas que eu já poderia ter imaginado, beijar Tom Riddle não era uma delas. Os lábios dele eram macios e tinham um gosto adocicado, que eu não sabia classificar como algo que já tivesse provado. Sua língua delicadamente pediu passagem e eu permiti, sem nem ao menos pensar nas consequências. Ele continuou naquele beijo suave e calmo e ao mesmo tempo cruelmente necessário. Ele finalmente separou seus lábios dos meus e seu rosto não tinha nenhum sorriso arrogante, como eu poderia imaginar, e sim uma expressão surpresa.

Eu não sabia o que eu poderia falar. O que se fala quando um bruxo das trevas te beija e você por algum motivo não descrito em Animais Fantásticos e Onde Habitam, gosta? Ele foi se afastando do meu rosto, voltando a estar longe de mim, sentado na cadeira. Ele não me olhava e mantinha uma expressão reservada? Seria possível ele estar com vergonha?

— Azarações, — Disse ele, depois de alguns minutos constrangedores em silêncio, se levantando e ficando de costas para mim. — são feitiços de danos negativos, com objetivo de atingir algo ou alguém. São mais fracas do que as maldições e apesar da filiação com a magia negra, a maioria das azarações é de cunho defensivo. Você já tinha estudado algumas, certo? — Eu assenti, sem coragem de me pronunciar. Ele me olhou por um segundo, como se me avaliasse. — Uma contra-azaração, logicamente, é aquele feitiço que anula o efeito de uma azaração. Vamos estudar hoje, algumas, mais avançadas, que provavelmente não teve contato na escola.

Eu assentia e anotava tudo, estranhamente constrangida, assim como ele, pelo beijo dos minutos anteriores.

Depois da aula, que se provou estranhamente produtiva, comigo conseguindo realizar uma das azarações na primeira tentativa, eu voltei para o quarto, cheia de pensamentos confusos, como Riddle sempre me fazia ficar. Hunter aparentemente não estava, então me contentei em tomar um longo banho e esperar pelo almoço.

— O almoço está na mesa Rose. — Eu ouvi, cerca de uma hora e meia depois de entrar em meu quarto. Era voz de Tom e ele não me chamava para as refeições, a menos que Hunter não estivesse.

Quando saí, Riddle já tinha ido. Eu me perguntava qual seria o problema que Hunter teria ido resolver. Provavelmente eles não me contariam, então não fazia muita diferença. Quando cheguei, Riddle já estava se servindo de uma lasanha de aspecto delicioso. Sentei-me, em silêncio.

— Você foi bem na aula de hoje Rose. Não é tão fraca assim. — Disse Tom e sua voz indicava que ele apenas não queria deixar a refeição mais desconfortável. Bom, pelo menos parece que é um elogio, disse minha consciência.

— Onde o Hunter foi? — Perguntei, tomando coragem e falando rapidamente. A expressão de Tom logo tornou-se azeda e ele não respondeu. Bufei e continuei comendo, inconformada. Para quem eu contaria se eu já estava presa ali mesmo?! —Hm, já vi que disso você não fala. Mas me diga, minha família tem me procurado? Ou o diretor?

— Não, ninguém tem procurado você. — Disse ele rapidamente, desviando o olhar. Não era possível que ele tivesse mesmo falando sério. Ninguém estava procurando por mim? É bem capaz, disse uma vozinha, uma vez que ninguém gosta de você. — Hunter cuidou de tudo.

— Aah. — Foi tudo que disse, tentando não deixar que minha voz entregasse minha mágoa. Eu era tão insignificante ao ponto de ninguém se dar ao trabalho de me procurar? Me levantei para ir embora.— Estou satisfeita, vou me deitar um pouco. Boa tarde Tom.

— Espera! — Ele disse e no mesmo momento me tornei uma estátua de tão imóvel. Eu tinha aprendido naqueles dias que nem sempre ser rebelde era a melhor solução. Hunter e Tom estavam sendo bonzinhos, me alimentando, me dando o quarto e agora, até mesmo me ensinando. Mesmo que tudo isso tivesse um objetivo obscuro, eu não queria voltar para o porão e para a Murta.

Ele se levantou e aproximou-se de mim, com seu rosto bem próximo ao meu. Ele encaixou suas mãos no meu rosto e me encarou por um longo momento. Minha respiração acelerada fazia questão de entregar meu nervosismo. Ele foi se aproximando, colando seu corpo ao meu, eu permanecia imóvel, assustada, mas estranhamente fascinada…

E ele me beijou novamente. Ataque duplo, gemeu minha consciência. No mesmo instante meu coração acelerou. Ele começou com um beijo delicado, mas eu sem pensar aprofundava o beijo, colocando minha mão em seus cabelos e o puxando para mim. Minha sanidade estava indo toda para o ralo, mas o que eu poderia fazer? Ele estava me torturando daquela maneira.

De repente e cedo demais para o meu gosto, ele afastou seu rosto do meu. Eu olhei para ele e ele parecia visivelmente chocado e apavorado. Eu não compreendia nada, apenas tentava sem nenhum pingo de juízo me aproximar novamente, desejando seus lábios sob os meus desesperadamente. Ele me impedia de fazer contato com sua mão e lentamente ia indo para trás, se afastando de mim.

— Maldita seja você Weasley. — Ele murmurou e saiu rapidamente do local, me deixando ainda como uma estátua estúpida parada na mesma posição.

Eu não conseguia me mexer, eu mal conseguia raciocinar. De fato, aqueles beijos tinham sido um ataque duplo ao meu coração. Ele não quer você, ele quer te controlar. Isto era óbvio, o que não era óbvio era uma maneira de escapar disso. E extremamente frustrada, voltei correndo para o meu quarto.



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