História Please, save me tonight! Imagine Kim Taehyung - Capítulo 1

 

-VOCÊ NÃO OUSE MAIS FALAR ESSE TIPO DE COISA COMIGO! - Minha mãe gritava com uma raiva nítida em seu olhar... Olhar esse que era destinado a mim. Ela provavelmente estava com a palma da mão vermelha e com ardor devido ao tapa que deu em meu rosto.

 

Eu a olhava, incrédula. Como ela foi capaz disso?

 

-Mãe.... Como pôde...? - a essa altura eu já derramava rios de lágrimas, não conseguia terminar uma frase se quer.... Eu não sabia o que fazer.

 

-Saia daqui, vá para seu quarto, para rua, o que for, só suma da minha frente! - Ela berrava, vermelha como pimenta, suas veias vibravam compulsivamente em seu pescoço. Parecia que ia explodir em mil pedaços a qualquer momento!

 

Decidi sair o mais rápido possível, sabe - se lá o que ela faria se eu ficasse lá por mais um segundo... Subi as escadas quase tropeçando nos degraus... O que faria agora?? 

 

...

 

...

 

Abri a porta.

 

Silêncio....

 

Como sempre, meu quarto estava escuro e depressivo. Houve um tempo em que suas cores vibrantes me alegravam... Agora não passam de um borrão preto no breu!

 

Me deitei em minha cama. Afundei o rosto no travesseiro. Não ligava se meu rímel estivesse escorrendo e sujando toda a fronha... Afinal, eu lavaria, como todas as coisas dessa casa. Como já dizia minha mãe: "Eu sou uma advogada ocupada, não tenho tempo para serviços da casa, você é atoa na vida menina... Aliás, não está na hora de você ir trabalhar na cafeteria?"

 

Chorei.

 

Pensei.

 

Por que diabos isso foi acontecer logo comigo? Por que aquele desgraçado ficou atraído por mim? 

 

Eu mereço sofrer isso tudo? É algum castigo que Deus decretou para minha vida? Estou pagando pelos pecados de gerações passadas de minha família??

 

Toco levemente no cordão com um J no centro pendurado em meu pescoço. 

 

Jesus...

 

Francamente, eu penso todos os dias se fé realmente move montanhas. Eu oro sempre ao final do dia para que esse inferno acabe, para que as coisas melhorem, para que eu possa ter ao menos uma boa noite de sono sem pesadelos e medo de que ele abra a porta de repente e faça alguma coisa comigo... Toda a perseguição e assédio do meu padrasto, a indiferença do meu pai sobre mim, o julgamento que as pessoas fazem comigo na escola... Eu realmente pensava que tudo isso podia acabar com simples orações a noite... 

 

Eu estava certa?

 

Meus pais se divorciaram ano passado, quando minha mãe descobriu que estava sendo traída pelo papai.. Pela segunda vez! Ela realmente o amava muito, até perdoou a primeira traição, mas na segunda ela já não podia mais aguentar. Ele se afastava de nós duas cada vez mais, ele estava distante, não se importava mais com minhas notas, faltava as reuniões escolares de pais e mestres e nem se quer se dava ao trabalho de demonstrar afeto! Até que ela o pegou com a mesma mulher de antes em um restaurante qualquer, pondo fim ao casamento.

 

Se eu sofri? Bastante. 

 

Por mais que os dois não estivessem felizes juntos.... 

 

Eu queria os dois deitados na mesma cama todas as noites, com o mesmo par de alianças, ela arrumando a gravata dele antes de ele ir para o trabalho enquanto arrumava uma papelada de seu novo caso no emprego de advogada, tudo isso enquanto eu tomava meu café vendo os dois felizes! Era assim a minha vida antes disso tudo. Era assim a minha vida quando eu ainda possuía alegria! Agora ele mora na Irlanda com a ex amante atual esposa e um filho de 21 anos que nem sequer é dele....

 

Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi um barulho, o portão da casa estava sendo aberto e ele começou a falar alguma coisa. Imediatamente, corri para a porta do meu quarto e a tranquei em seguida. Como estou fazendo nas últimas duas semanas. Será que mãe contaria a ele o que eu disse? Ah como eu tenho raiva desse tarado idiota! Quando minha mãe se casou com ele, eu logo de cara sabia que ele não era como dizia. Mas não esperava que ele começaria a me assediar. 

 

O primeiro assédio foi quando eles haviam acabado de voltar de lua de mel. O abraço que ele me deu foi demorado demais e suas mãos rolavam por minhas costas de forma um pouco maliciosa. De início eu pensava que era coisa da minha cabeça, até aquilo se repetir. Ele passava a mão em meu rosto, no meu cabelo, nos braços sempre que podia. Até que ele não se controlou...

 

Duas semanas atrás, ele chegou bêbado de sabe - se lá onde. Minha mãe estava na igreja e tinha me deixado sozinha cuidando da casa. Ele veio rápido demais em minha direção, me deitou em sua cama e ficou em cima de mim, eu tentava sair mas ele era forte demais... Se minha mãe não tivesse chegado, ele provavelmente teria me estuprado ali mesmo. Antes que ela percebesse, ele saiu de cima de mim e se certificou de que eu não contaria nada a ela, até chegou a me ameaçar. Naquele dia, eu fiquei completamente horrorizada e traumatizada.

 

Eu teria que contar para minha mãe de algum jeito...

 

E eu contei... 

 

O que levei em troca? 

Um tapa violento em meu rosto. 

 

Ela não acreditou em mim. Ao seu ver ele era um homem bom e religioso e eu era a culpada da história, eu que provavelmente o seduzia e como ele me negava eu decidi me vingar.. Ela disse com todas as palavras, na minha cara, nunca eu fiquei tão magoada com ela. Como uma mãe pode acusar sua própria filha desse jeito?

 

Adormeci

 

***

 

Acordei ofegante. Eu havia tido um pesadelo

 

Os sonhos com certeza estavam piorando. Antes eram só gritos ou seres estranhos vindo em minha direção quando eu não conseguia sair do lugar... Agora eu sentia aflição e desespero dentro de mim, e , definitivamente, os pesadelos estavam muito mais longos....!

 

Abri as cortinas da janela, uma luz forte adentrou o quarto. Já estava de manhã!

 

Com muita dificuldade fui até o espelho. Posso dizer que minha visão não foi das melhores. Minha roupa estava completamente amassada, meu cabelo bagunçado, meus olhos borrados de rímel e acima de tudo: Havia tristeza em meu olhar! 

 

Não precisaria nem dizer que estava completamente desanimada para sair de casa, ou melhor, sair do meu quarto. Eu queria apenas permanecer debaixo das cobertas até definhar. Ao me olhar direito no espelho percebi que minha bochecha estava muito, muito vermelha, os dedos de minha mãe estavam nitidamente marcados em minha pele.

 

-S/N VENHA TOMAR LOGO SEU CAFÉ! - minha mãe grita do andar debaixo. Ela ainda estava brava comigo ou só estava com pressa?

 

Coloquei uma roupa qualquer. Passei base para tentar esconder o hematoma, o que não funcionou muito. Coloquei meus cabelos soltos sobre o local, que já estava ficando roxo. Depois disso, passei muito rímel assim como gostava e desci.

 

...

 

O café já estava na mesa, minha mãe andava de lá para cá com vários documentos e uma xícara de café na mão. Ela não tinha percebido minha presença. Me sentei na mesa e comecei a beber um pouco de café, eu não estava com fome nenhuma.

 

Ela começou a me encarar. Logo depois disse:

 

-Não está com fome? - neguei com a cabeça. Ela se aproximou mais. - Seu padrasto ainda não acordou então é melhor eu resolver isso com você logo... 

 

-Eu não quero falar sobre isso! - minha voz soou um pouco triste.

 

-Eu não contei a ele de sua falsa acusação. Não contei e nem vou contar. - Ela começou a falar ignorando o que eu havia dito antes. - Ele gosta muito de você e iria ficar muito triste com uma coisa dessas....

 

Sério mesmo?

 

Levantei bruscamente, fazendo a cadeira em que estava sentada cair. Peguei minha mochila e sai em disparada até a porta de entrada. Eu ouvia minha mãe gritando meu nome atrás de mim.

 

Eu não queria chorar, não queria derramar mais nenhuma lágrima por causa disso. Tentei distrair minha cabeça enquanto andava, quase corria, até o colégio.

 

***

 

O sinal de início das aulas tocou, as pessoas começaram a entrar em suas devidas salas. Eu já estava na minha antes mesmo de tocar o sinal. Por que ficar no pátio se meus poucos amigos nem conversavam mais comigo direito? Sempre eu e Pagie, uma colega minha, éramos excluídas do grupinho!

 

O professor me olhava preocupado e ao mesmo tempo com pena. Digamos que é de se ter essa reação quando se vê uma adolescente como eu, sempre cabisbaixa e sem nenhum tipo de diálogo com os demais. Logo começou - se a aula de história. Nós estávamos formados em duplas, logo tratei de abaixar a cabeça na mesa, pouco me importava saber sobre aquela matéria.

 

Pensei um pouco mais na vida.

 

Comecei a dormir, ali na sala mesmo.

 

...

 

...

 

Senti um leve toque em meu ombro, o que me fez acordar. Eu ainda estava abobada e não conseguia raciocinar direito, olhei para minha esquerda, meus olhos encontraram os dele.... Seus olhos eram tão bonitos e serenos ao ponto de me fazer viajar e esquecer até mesmo meu nome! Fiquei um bom tempo olhando para ele o que o fez corar. Ele era tão fofo constrangido!

 

–O professor mandou eu te acordar! - disse ele me olhando com um sorriso tímido, eu via seus olhos percorrendo por todo o meu rosto. Fiquei vermelha só de pensar ele me analisando... -Aqui está meio borrado... - ele disse levando seu polegar a uma área um pouco abaixo do meu olho, provavelmente era meu rímel que estava assim devido ao jeito que dormi. Seu toque causou cócegas e eu podia sentir meu rosto arder!!!!

 

O sotaque dele era tão fofo, eu podia ouvi - lo o dia todo. Sua voz doce me fez lembrar o primeiro dia que o vi, há uma semana atrás. Ele acabara de chegar nos Estados Unidos, se não me engano ele é Sul coreano. 

 

Como era mesmo o nome dele???? Ah sim, lembrei... Kim Taehyung!

 

-Você está vermelha mesmo ou isso aqui é um machucado?? - Ele me perguntou. Ele havia percebido que estava corada e com vergonha, eu não conseguia nem ao menos disfar.... Espera.... 

 

O TAPA QUE MINHA MÃE ME DEU! Era esse vermelho que ele estava vendo... 

 

Coloquei rapidamente minhas mãos sobre minha bochecha vermelha... 

 

-Me desculpe! Não queria que você ficasse constrangida! - ele ficou meio cabisbaixo e acabou olhando para frente para copiar a matéria que já se desenrolava no quadro. Tentei desesperadamente tapar meu rosto com o cabelo novamente. A vermelhidão era assim tão visível? 

 

Agora eu me sentiria desconfortável pela presença do novato, eu havia trocado três palavras com ele mas já havia sentido tantas coisas....

 

Eu não posso de maneira nenhuma começar a gostar dele!