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História Pleasure Pact - Capítulo 3


Escrita por: fucksnsd e instavel

Capítulo 3 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction Pleasure Pact - Capítulo 3

— Quer saber o que eu não consigo resistir? — Taeyeon enchia os pulmões conforme as duas continuavam a caminhada do hospital até o píer, em Circular Quay.

— O que você não consegue resistir? — Tiffany lançou-lhe um olhar quase cândido. — Por que não me conta?  

Apesar do voto de se abster de qualquer pensamento impuro em relação à funcionária, Taeyeon facilmente poderia ter respondido: — "Você." O entusiasmo de Tiffany, os seus dedos dos pés, os olhos inocentes — ou seriam sedutores? — quando ela a fitava nos olhos, sorvendo cada palavra que ela dizia. Obrigando-se a prestar atenção na multidão de passageiros dos barcos, que fluíam de um lado para o outro nas plataformas do cais, Taeyeon tomou fôlego outra vez.

— Não consigo resistir a essa cidade à noite. — A energia, a beleza, a animação. Tudo isso lembrava Tiffany. E, ultimamente, tudo o fazia pensar nela. Como Tiffany não respondeu, ela a espiou. Não conseguiu ver as covinhas.

Decepcionada?

Taeyeon sentiu uma pontada no peito. Claro. Tiffany suspirava pelas terras distantes, por alargar os horizontes, como outra mulher que conhecera. Custou-lhe anos para reorganizar a clientela da agência, assim como a sua reputação, quando Bae Suzy jogou seus longos cabelos negros para trás e mandou ela e o próprio cargo às favas. Por mais atraente que Tiffany fosse, aquela experiência lhe dava motivos suficientes para manter distância. Motivos suficientes para fingir que aquela tentação não existia. Tiffany apontou um artista aborígene de rua, que dançava.

— De fato, há muito o que se ver.

— Engraçado. Eu imaginava que você era mais chegada a clubes noturnos do que dança indígena.

— Já não freqüento tanto essa cena.

— Velha demais? — implicou Taeyeon.

— Ocupada demais. E você? — Respondeu Tiffany e Taeyeon vislumbrou a Opera House por cima do ombro.

— Também não sou fã de clubes noturnos.

— Mais chegado a Shakespeare e árias?

Taeyeon fez uma careta.

— Só não gosto de me sacudir ao som de música ensurdecedora.

— Bem, é ótimo que você possa contar comigo para ajudar com o Hits, então.

— Uma fã de música alta, tudo bem. Mas qual a sua opinião sobre sacudir? — Taeyeon admirou o brilho nos olhos de Tiffany, o modo como ela cruzou os braços nervosa, empinando os seios ainda mais, sem se intimidar com o seu olhar.

— Para ser sincera — retrucou Tiffany — eu não tenho saído muito ultimamente.

— Talvez devêssemos dar um jeito nisso. —  Tiffany desviou o olhar para a paisagem. Taeyeon enfiou as mãos nos bolsos. Diante das entrelinhas daquela conversa, da sua intuição — e excitação — ela estava brincando com fogo. E a julgar pela expressão dela, cabia considerar que, talvez, Tiffany quisesse provocá-la. No hospital, após fazer aquele discurso sobre desejos e paixões, Taeyeon pensara que havia se declarado. A melhor parte dela não queria fazê-lo, mas a parte mais primitiva fora mais forte. Depois de passar anos satisfeita com aventuras inconseqüentes, o que tornava Tiffany Hwang tão especial?

Perdida em pensamentos, Tiffany relaxou os braços e riu sozinha. O riso se refletiu no semblante de Taeyeon.

— O que é tão engraçado?

— Essa conversa sobre boates me fez lembrar de uma noitada com as minhas amigas há uns dois anos. Era o aniversário de 21 anos da Hyoyeon. Depois de cumprirmos o ritual de jantar com a família dela, Hyo quis botar para quebrar. Acabamos num bar na Kings Cross. O mais famoso ponto de "badalação" da Austrália.

— A Hyo exagerou nos coquetéis Fluffy Duck — admitiu Tiffany. — Ela trocou as bolas e começou a pedir Dluffy. — Tiffany mordeu o lábio. — Bem, você já entendeu. Bom, minha outra amiga Sooyoung, resolveu chamar um garçom vestido de cowboy para dançar em cima da mesa. Mas ela estava sem lentes de contato, e acabou me apontando por engano. Ele apareceu na mesma hora e mandou que eu segurasse os seus documentos. — Tiffany tornou a rir, depois suspirou. Taeyeon permanecia intrigada.

— E daí? O que aconteceu?

— Só se você contar primeiro. O que ela esperava? Com toda a certeza ele jamais segurara os documentos de sujeito nenhum.  — Tiffany insistiu.

— Você não vai contar, vai?

Será que ela queria ouvir sobre as suas aventuras? Saber se ela ja se vestira com fantasias? Recentemente não, mas caso Tiffany estivesse interessada...

Taeyeon sentiu um aperto no peito e os pulmões arderam. — Será que ela estava interessada? — E se a atração fosse recíproca, seria louca o bastante para levá-la em consideração? Quebrar uma regra de ouro e provar do fruto proibido? Entretanto, se a provasse apenas uma vez, abraçando-a com força suficiente para inala seu perfume e se perder naquelas curvas, talvez conseguisse expurgar aquele desejo. A fome seria saciada e ela voltaria ao normal. Ambas eram maiores de idade. Sem dúvida, passar uma noite juntas não partiria o coração delas.

Tiffany revirou os olhos e choramingou.

— O que preciso fazer? Implorar? — Tiffany despertou dos devaneios.

— Implorar? — Encarou-a. — Claro, se você quiser.

— Tudo bem. — Tiffany uniu as mãos em prece. — Por favooooor! — Quando o olhar pousou nos lábios dela, o apito de um navio ressoou ao longe. Lento. Encorpado. Os braços e pernas se tornaram estranhamente pesados. O anseio em seu âmago, na parte inferior do corpo, sufocou qualquer outra sensação. Enquanto uma corrente de calor lhe inundava a pele, a mente ficou vazia, depois resplandecendo em cores néon. De repente, as mãos tateavam o tecido fino que escorregava pelos ombros de Tiffany. Taeyeon a puxou para si, ávida pelas promessas ocultas na sua boca. Assim que Tiffany entreabriu os lábios, ela tomou, saboreando cada uma delas. Mas, apesar de tudo, era impossível se saciar. As mãos capturaram o rosto cálido, para tornar o beijo mais abrasador. Ofegante, Taeyeon se rendeu ao momento em que não era nada mais que uma pessoa, desafiando as regras, renegando tudo, menos o instinto animal. 

Tiffany era tão deliciosa.

O ronronado de Tiffany vibrou nos lábios dela, na língua. Ela cravou as pontas dos dedos no seu peito. Como ela queria retribuir o favor.

Mais tarde. Sim, mais tarde.

Longe de pronta, Taeyeon se obrigou a recuar com delicadeza. A animada balbúrdia do Quay, os desconhecidos que passavam e sorriam saíram de foco. Será que ela percebeu as próprias ações? Estaria enfeitiçada ou fora de si? Nenhum pouco. Que Deus a ajudasse, ela queria mais.

Lutando contra o impulso de se aninhar nas faces coradas de Tiffany, admirou aqueles olhos lindos. Com a boca entreaberta, Tiffany olhou para ela e murmurou:

— Eu quero. — Um calor incandescente abrasou Taeyeon. Oh, sim, ela também queria. O mais cedo possível.

— Hum? Diga-me. — sussurrou ela, aninhando a pélvis com maior intimidade, passando as mãos na clavícula para ampará-la pelos braços.

Tiffany estremeceu.

— Eu só queria saber para onde nós vamos.
— O coração de Taeyeon parou de bater conforme a paisagem inteira esvanecia, até só restar Tiffany e ela nessa situação surreal. 

Ela deve ter ouvido mal.

— Para onde nós vamos? — Quando ela anuiu tímida, Taeyeon recuou um longo passo. A realidade continuou a assombra-la, até que ela passou a mão nos cabelos e lembrou. Trabalho. O compromisso para o qual agora estavam definitivamente atrasadas. A campanha da qual a reputação dela dependia. O prêmio que garantiria não só o sucesso da agência, mas a sua sobrevivência. Taeyeon tentou ajeitar a gravata, lembrou que não usava nenhuma. Até uma hora atrás, ela pensava que controlava essa atração, que conseguiria sentenciar quarentena e conquistá-la, como fazia com qualquer fraqueza. O pai ensinara ao primogênito os benefícios da razão controlar a emoção, a fórmula que a astuta advogada empregou para acumular a fortuna da família. Após um começo desastroso, Taeyeon a seguira, religiosamente, até agora, quando permitiu que um interesse inofensivo se transformasse num cabo-de-guerra monstruoso da noite para o dia. Impulso contra senso comum. Responsabilidades profissionais contra desejo sexual. E como Tiffany se sentia? Podia apostar que descobriria. Fingir que isso nunca aconteceu não era a resposta. Elas precisavam conversar. Infelizmente, tal conversa deveria esperar.

Galgando dois degraus por vez, subiu a escada para o conhecido endereço, enquanto, obediente, Tiffany a seguia. Após atravessar a fachada de granito negro do prédio, Taeyeon respondeu a pergunta.

— Na verdade, já estamos aqui. Providenciei que o estúdio de gravação deixasse as portas abertas para que pudéssemos ouvir a trilha sonora de Hits.

— Sério? — Taeyeon olhou para Tiffany. Uma calidez reveladora inundou-lhe os membros com a visão daqueles brilhantes olhos negros.

— Achei que você gostaria. — Na tentativa de se redimir do mal entendido em relação à promoção, Taeyeon guardara o truque na manga. Imaginou exato aquela expressão deslumbrada. Talvez devesse ser direta, como seria com qualquer outro funcionário. Mas, assim, eles perderiam toda aquela conversa estimulante e o beijo do século.

— Você já deve saber que esse é considerado o melhor estúdio de gravação do país. — "Trabalho, concentre-se no trabalho" — continuou dando-se ordens. Se Tiffany era madura o bastante para esquecer o agarramento um instante, certamente, ela também era. — Por aqui a reputação deles é imbatível, assim como no exterior. Sei que farão um excelente trabalho.

— As letras já estão na boca do povo? — Taeyeon sorriu. A garota era boa. Logo as duas ouviriam as letras incorporadas a algumas das mixagens. Mas o quão depressa e confiante Tiffany conseguiria articular os pensamentos? Ela tinha um trabalho a fazer e devia fazê-lo bem. Isso era imprescindível.

Taeyeon a testou.

— Você acha que precisamos das letras? — Tiffany não hesitou.

— Óbvio. Um trecho de música pode deixar a gente toda arrepiada, mas a letra fala a todos de uma forma única. É a mensagem de uma canção que une você a um momento da vida para sempre. Você revive aquela emoção toda vez que a ouve. Feliz. Chateada. Apaixonada... — Por algum motivo, Tiffany olhou para trás. Taeyeon não conseguiu ver o seu rosto. Será que ela evitou o seu olhar de propósito? E quem disse alguma coisa sobre se apaixonar? Em silêncio, as duas subiram de elevador até o décimo andar, o semblante de Tiffany indecifrável pela primeira e enfurecedora vez. Ela esticou o pescoço e fez uma careta. Sentia o colarinho apertar sem estar sequer abotoado. O que ela estaria pensando? Será que aquele último comentário foi uma insinuação? Ou ingenuidade? Isso explicaria aquela expressão impassível. E Tiffany tinha razão. Depois dessa noite, sempre que ouvisse essa trilha sonora, ela voltaria ao instante em que segurou o seu rosto, o mundo parou e ela foi até a lua de emoção com aquele primeiro beijo. Primeiro e, com sorte, não o último.

As portas se abriram e ambas atravessaram o piso de tábuas corridas da recepção. Tiffany mordia o lábio inferior, obviamente cismada com alguma coisa.

— Alguém já pensou em vinhetas instrumentais para realçar diferentes estilos musicais? A composição deve soar familiar para o público, mas não genérica ou chata. — Certo. Agora ela ficou impressionada.

— Bem pensado. Fale mais na próxima reunião. — Um sorriso radiante fez seu sangue ferver.

— Seu desejo é uma ordem. — Ah, ela poderia bancar o gênio numa garrafa a qualquer hora.

— Kim Taeyeon. Olá, parceira! — Na recepção, decorada com cintilantes placas de metal e vários tons de azul, Taeyeon se dirigiu ao dono do sotaque britânico, Sehun, o diretor figurão do Estúdio Mixem. Sehun lançou um olhar intrigado para o seu Rolex.

— O que vocês duas fazem aqui a essa hora da noite? Eu já estava de saída para jantar. Nós temos compromisso agendado? — Taeyeon estendeu-lhe a mão. 

— Marcamos um horário para ouvir um trecho da trilha sonora de Hits. — Estufando o peito, Taeyeon recuou para apresentar a garota não apenas linda, mas também incrivelmente inteligente que estava atrás dela. — Sehun, esta é Tiffany Hwang. — 
Fascinado, Sehun passou os dedos nos cabelos negros jogados para atrás. Um sorriso lânguido espocou um segundo depois.

— Prazer em conhecê-la, Tiffany. — Tiffany avançou um passo para aceitar a mão estendida. — Taeyeon, Infelizmente, já estou atrasado para o jantar. — Carrancudo, Sehun voltou a atenção para Taeyeon. — Acho que já desmontaram tudo, mas vou conferir a sua cabine. — Com uma curiosidade indisfarçável, tornou a olhar para Tiffany. — O que você acha, querida? — O sorriso branco de Tiffany alargou ainda mais.

— Parece ótimo. — O olhar de Taeyeon resvalou para os dois. — Tiffany, depois Sehun, cujo olhar malicioso refletiu nos lábios dela. Todo mundo conhecia a reputação do sujeito: um maestro na música, um lobo com as mulheres. Normalmente, Taeyeon não ligava a mínima para isso. Mas Tiffany estava fora de cogitação. A mãe dela dizia que a filha mais velha nunca aprendera a dividir, e tinha razão. Com um toque grosseiro, Sehun segurou uma mulher que passava apressada num figurino gótico.

— Annie? Você sabe de alguma coisa marcada para essa noite para Kim Taeyeon? — O piercing prateado sob o lábio inferior da assistente reluziu.

— Nananinanao. Deve ser um engano. Todo mundo saiu por causa da dedetização anual. O cara da dedetizadora cancelou tudo até a semana que vem, mas só às 18h descobri que o pessoal já tinha ido para casa. Que é para onde pretendo ir. — Taeyeon se aproximou. Progredir era uma prioridade, mas se a situação era incontornável, a noite prometia outras possibilidades. 

— Sem problema. Marcaremos outro horário e vamos largar do seu pé. 

— Bobagem — retrucou Sehun e Annie gemeu. — Annie, abra a cabine D para a Srta. Kim. — Ela conteve um protesto e, então, de ombros caídos, arrastou os coturnos porta afora. Sehun ergueu uma sobrancelha. — É tão difícil achar bons assistentes. — A atenção de Tiffany divagou para uma galeria de pôsteres que se enfileiravam na parede dos fundos. Sehun empinou o queixo aristocrático com ares de importância. — Temos alguns contatos notáveis no exterior. — Apontou os pôsteres para Tiffany. — Fique à vontade. É uma coleção impressionante. — A irritação de Taeyeon com o olhar malicioso do anfitrião esmoreceu.

— Obrigado por nos ajudar.

— Não há de quê.

— Para ser franco, ultimamente a agência parece um hospício. Os meus planos parecem ir por água abaixo antes do dia começar.

— Nunca sobra tempo neste ramo, tampouco. Meu representante em Piccadilly não anda ajudando nada. Eu demitiria o infeliz num piscar de olhos, se pudesse encontrar um substituto quase decente. — Sehun cruzou os braços. — Aposto que vocês todos estão se preparando para o grande prêmio. Não falta muito, hein?
— Uns poucos meses. — O olhar de Taeyeon permaneceu fixo em Tiffany, no seu entusiasmo inocente, nas suas curvas não tão inocentes.

— Essa conta vai oferecer um material de primeira classe para o comitê apreciar. — Durante anos, o mundo de Taeyeon girou em torno da ascensão da agência. Depois do início calamitoso com Suzy, a calma e a perseverança compensaram. Ela estava quase lá. Então, tudo aquilo pelo que se esforçara com tanto afinco seria verdadeiramente reconhecida. Ela podia ter certeza de que fizera o melhor com uma vocação que nunca passara de uma segunda alternativa. Não teve jeito. Foi duro decidir assumir a família quando o pai adoeceu, em vez de se alistar na aeronáutica. Droga, ela sempre quisera ser piloto. Mas não foi nenhum sacrifício, já que tomara a decisão certa. Assim como agora a decisão certa era colocar a carreira acima de tudo.

De olho em Tiffany, Taeyeon mordeu o lábio. A atenção de Sehun também se voltou para Tiffany. Os olhos felinos brilharam quando ele passou a frente de Taeyeon.

— Pensando melhor, tem um jeito de você demonstrar gratidão pela minha hospitalidade essa noite, Taeyeon. Fale bem de mim para essa gatinha, hein? Eu não me importaria de admirar aqueles animados olhinhos mais de perto, talvez num jantar íntimo.

Uma névoa vermelha turvou a visão de Taeyeon. Preferia andar pelada de pula-pula na Pitt Street a permitir que Sehun colocasse as garras na inexperiente Tiffany.

— Impossível. — Balançou a cabeça. — Tiffany já tem compromisso. — O instante em que o comentário lhe escapou, recordações do beijo giraram no seu cérebro, depois flamejaram e incendiaram o seu corpo. A promessa de pele aveludada, perfumada e lençóis de cetim se transformou num zumbido ininterrupto em seus ouvidos. Mas será que meteu os pés pelas mãos? Será que Tiffany tinha um namorado? 

— Compromisso, hein? Que pena. Embora isso não signifique muita coisa hoje em dia.— Sehun bradou — Tchau, Tiffany! — Dando as costas para uma foto do grupo de hip-hop número um dos Estados Unidos, Tiffany sorriu.

— Acho que nos veremos nas próximas semanas. — Taeyeon se irritou quando um lampejo de óbvia ansiedade deixou Sehun todo convencido.

— Hum, acho que vamos mesmo. — Sehun se virou para Taeyeon. — A cabine D é a mais simples de montar, mas é um bocado, digamos, aconchegante. — Cutucou as costelas de Taeyeon e piscou ao se afastar.
— Boa sorte, campeã. — Falou Sehun e saiu.

— Taeyeon? Taeyeon, você está me ouvindo? — Tiffany o tocou no ombro dela.  Taeyeon arrastava os mocassins caríssimos pelo chão quando desviou a atenção de Sehun, que saía da sala, para ela. Um cacho de cabelo cobriu-lhe a fronte.

— Sim? O que foi?

— Annie avisou que a cabine está pronta, se quisermos entrar. — Ali perto, exibindo a unha pintada de preto, Annie apontou o indicador na direção da porta vizinha e saiu.

— É por ali, gente. — Independente do motivo da distração, agora Taeyeon parecia atenta de novo. Sorridente, acenou com a mão.

— Depois de você.

Em fila indiana, Taeyeon atrás, as três atravessaram o corredor acarpetado. Quando passaram pelos prêmios de ouro e platina perfilados nas paredes, Tiffany sentiu a lingerie negra arder em chamas e queimar o vestido onde o olhar de Taeyeon pousara. A imaginação não tinha nada a ver com isso. A sensação era tão real quanto o desejo que vislumbrara no corredor do hospital. Uma hora depois, Taeyeon confirmou as suas suspeitas ao prendê-la num abraço esmagador, embora carinhoso, precisando não mais do que emoldurar-lhe o rosto e do ardor dos próprios lábios para segurá-la. Ela viajou para outra dimensão, onde o tempo e o espaço não existiam. Quando se separaram, o cérebro dela se recusava a funcionar.

Sem rodeios, Taeyeon deixou claro o que desejava. Qual deveria ser a sua resposta? Conforme Annie arrastava as botas, Tiffany engolia em seco. Taeyeon era a chefe dela, uma pessoa segura, com poder e meios para segurar a sua florescente carreira na palma da mão. As duaa estavam em extremos opostos do espectro e logo ficariam a sós. A idéia tanto aterrorizava quanto a excitava.

Quando parou em frente à cabine D, Annie escancarou a porta do que mais parecia um cubículo. Um console negro, adornado com mostradores e botões, ocupava a parede principal. Espremida no canto, uma pilha organizada de partituras estava no chão. Um aromatizador de baunilha ocupava uma prateleira ao lado de uma pilha de CDs.
Annie deu um tapinha nas coxas generosas.

— Cá estamos. — Franziu um lado do rosto. — Precisam que eu fique para operar a mesa de som? — Com as mãos nos quadris, Taeyeon observou o equipamento.

— Nós podemos nos virar. Annie soltou um gemido aliviado.

— Quando acabarem, é só sair. A segurança deve estar na área.

— Isso é ótimo. — sorriu Taeyeon. — Vá para casa.

Quando Annie saiu saltitante, Tiffany olhou ao redor. Não sobrava muito espaço agora que Taeyeon ocupava a maior parte do ambiente. No seu íntimo, a vibração aumentou. As pernas tremiam. Ela percebia cada ruído, cada odor, cada objeto. 

— "Será que Taeyeon vai me beijar outra vez? Só isso? Ou será que Taeyeon se arrependeu daquele impulso maluco? Talvez ela não mencionasse aquilo de novo" — , pensou aturdida. Seria tão constrangedor quanto os incidentes nas festas de fim de ano das quais ouvira falar. 

Tiffany se encolheu. 

— "Pelo menos, eu não estou tagarelando em voz alta". —  agradeceu a si mesma. 
Assim que se sentaram, a temperatura no cubículo subiu cinco graus. Trêmula, Tiffany afastou a coxa esquerda alguns centímetros da dela. 

— Feche a porta, Tiffany. — Ela levantou e bateu a porta. Sentiu a garganta sufocar e fogo, quente e intenso, começar a percorrer suas veias. Taeyeon apanhou dois pares de fones de ouvido e entregou-lhe um. Apertou um botão — ajustou alguns controles — e apoiou os cotovelos no console. Deu um sorriso maroto que agitou a torrente de anseio que fluía dentro dela.

Taeyeon estava perto demais. Ou não tão perto assim?

— Você está pronta? — indagou Taeyeon e Tiffany respirou fundo.

— Mais pronta do que nunca. — Segundos depois, as duaa escutavam uma versão de quatro minutos de uma canção muito animada.

Quando se tratava de música, Tiffany sempre mantinha a mente aberta. Para cada ritmo, havia um jeito de dançar. Mas com essa música em particular, quem precisava tentar? Agitada, grudenta, nem crua, tampouco exagerada. Era perfeita para o mercado.

Depois que a música terminou, Tiffany voltou a atenção para o ambiente. Cantarolara alto com os olhos fechados a maior parte do tempo. A julgar pela expressão divertida de Taeyeon, ela não se incomodou. O contorno dos olhos franziu quando ela sorriu.

— Gostou?

— Você não conseguiu notar? — Devia ser boa mesmo para fazê-la esquecer, mesmo por um instante, que Taeyeon estava sentada tão perto, perto o bastante para tocar. Ela riu, um som encorpado que se infiltrou pelos seus poros.

— Quando você se soltou naquele último refrão, foi uma dica bem razoável. — Serena sentiu as faces arderem.

— Tem mais?

— Você quer mais? 

O calor se transformou num incêndio. Será que ela se referiu à música ou estava fazendo jogo de palavras de novo? Tiffany decidiu testá-la.

— Eu não recusaria. 

Taeyeon se concentrou no painel e apertou um botão.

— Ótimo. Deve haver umas doze versões aqui. — Uma lâmina gélida trilhou a sua pele e Tiffany se endireitou. Independente do que vislumbrara nos olhos dela, do que acontecera no Quay, aqui as regras mudaram. Agora eram apenas negócios. Na terceira faixa, Tiffany se apaixonou pela música. E não cantava mais sozinha. A sempre controlada Kim Taeyeon não só tamborilava os dedos na beira da mesa, mas formou um dueto que, francamente, foi impressionante. Mais uma vez, eis a Taeyeon "passional", a mulher que ela vislumbrara, tocara, saboreara. Essa devia ser a ponta do iceberg. Ou do vulcão?

A fita acabou. Quando Taeyeon tirou os fones, o cabelo ficou desgrenhado, e uma energia diferente, quase animal, emanava dela. O frescor do perfume amadeirado ofuscou o aroma de baunilha. Taeyeon colocou um braço no encosto da sua cadeira, roçou-lhe a face com o olhar e sorriu.

— Você é uma cantora e tanto, sabia? Aprendeu na aula de teatro?

Tiffany gargalhou. Ela jamais esqueceria isso.

— E você? Aposto que ensaia no chuveiro.

— Você descobriu o meu segredo mais íntimo. — Os olhos brilharam para ela e a sala encolheu mais. — Sério. Tenho sorte porque a Vay ainda não espalhou isso por aí.

O coração dela parou. Enquanto Taeyeon mexia no painel, o sorriso no rosto de Tiffany apagou.

Vay? Quem diabo era Vay? Uma namorada? Uma companheira? E quanto àquele beijo?

— Provavelmente, é um bom acompanhamento quando ela aplica a maquiagem pela manhã. — As palavras de Tiffany escaparam ao passo em que o coração murchou, como ocorrera muitas vezes na adolescência — quando não a tiravam para dançar, ou ela recebia um C por um trabalho pelo qual esperava uma nota alta.

— Não dá para saber.— Taeyeon lançou-lhe um sorriso radiante — Mas aposto que a minha cachorra ficaria ridícula de batom. — A cadeira dela girou. Um joelho esbarrou no dela e uma descarga elétrica dardejou coxa acima. — Eu a tenho desde filhote — explicou. — Ela já superou essa fase há muito tempo. Vayne poderia ser confundida com um urso pardo ou um pastor alemão. —  Então, nada de ruiva estonteante, mas sim um cão. Ela adorava cachorros! Adorava. Porém, uma pergunta implorava para ser feita.

— A Vayne fica no banheiro quando você toma banho?

— Geralmente, ela ainda está escarrapachada na cama. Uma tremenda preguiçosa. — Sem namorada, uma amante de animais e ainda tinha um beijo explosivo. Os pontos positivos para uma aventura não paravam de se acumular. Mas ela conseguiria ter coragem suficiente para lhe dar uma deixa, uma indicação de que Taeyeon podia avançar?

Tiffany se acomodou melhor no assento.

— Por que não escutamos a faixa de abertura de novo? Talvez eu devesse tomar notas.

— Já é tarde. É melhor irmos embora.

— "O quê? Não, ainda não!"—  suplicou Tiffany mentalmente. — Não poderíamos ouvi-la só mais uma vez? Ambos cuidaram do trabalho, então que tal explorar o outro lado — a mulher que a deixara tão nervosa que mal conseguia concatenar as palavras, quem dirá explicar como o contato da pele, da língua dela na sua, a afetara?

Taeyeon desligou a tomada de vez.

— Não. Receio que não. — Droga. Ela ficou séria. Mas, então, ela notou. Quase sempre a fachada impassível de Taeyeon era indecifrável. Mas agora, a sua linguagem corporal falou com ela, alto e claro. O ângulo interessado dos ombros, o brilho absorto dos olhos.

Taeyeon queria brincar. Só precisava de um estímulo maior.

— Certo. Você é quem manda. — Fingindo uma expressão arrasada, Tiffany ergueu as mãos em rendição. Quando a centelha se apagou nos olhos dela e Taeyeon tentou se levantar, ela apostou tudo no elemento surpresa e avançou no cabo, depois correu para o painel. Taeyeon voltou à vida. Quando ela a segurou pelos pulsos, com o coração descompassado Tiffny sentiu uma aflição no âmago.

— Hwang? — Tiffany não conteve uma gargalhada surpresa. — Droga, você não joga limpo! — Você conhece o ditado. "Tudo vale." Durante um lapso de insanidade, o mundo parou de rodar e nenhuma das duas falou nada. Apenas se entreolharam, sondando as possibilidades, examinando uma à outra como um casal de pistoleiros durante um duelo num faroeste. O coração retumbante, o ar carregado de ansiedade, Tiffany aguçou os olhos. E começou a atirar! Elas disputaram o plugue. Taeyeon o arrancou da sua mão. Tiffany pulou em cima dela. Taeyeon tentou impedi-la. Ela era forte, mas Tiffany era ágil. E não pararam de rir o tempo todo.

Assim que as energias de ambas se esgotaram, Taeyeon pousava uma das mãos no ombro de Tiffany, a outra no braço da cadeira. Quando as risadas se esvaíram, os narizes estavam a poucos centímetros de distância. Os lábios dela estavam a poucos centímetros dos seus. O sorriso de Tiffany se apagou, a expressão de Taeyeon serenou, depois mudou. Os profundos olhos castanhos-escuro fixos em Tiffany. Outro surto de adrenalina. Cada zona exógena do corpo dela acendeu em alerta vermelho. O olhar de Taeyeon era tão penetrante que o corpo doía. Concentrado nos olhos de Tiffany, Taeyeon apertou-lhe o ombro.

Ultima chance de voltar atrás? Daqui em diante, seria um tal de roupas voando pelos ares, o desejo mútuo assomaria. Sexo. Sexo tórrido, selvagem, ardente. O relacionamento delas jamais seria o mesmo. Será que ela a desapontaria na cama? Não, ela não podia pensar uma coisa dessas. Talvez Taeyeon quisesse mais, porém, ela não desejava uma relação estável, e o instinto dizia que o objetivo de Taeyeon era o mesmo. Ambas precisavam relaxar, se liberar, apenas por uma noite, senão explodiriam.

Numa entonação grave e apreensiva, Taeyeon murmurou:

— Você quer mesmo? — De repente, Tiffany sentiu a garganta seca.

— Sim.

Quando o olhar de Taeyeon divagou para os lábios entreabertos, uma onda de calor varreu o corpo inteiro de Tiffany. As sensações se tornaram mais intensas, pois, com uma lentidão torturante, a mão de Taeyeon deixou o ombro para acariciar a nuca. Qualquer resto de pólvora flamejou quando Taeyeon a puxou para si.

 


Notas Finais


madrugada, melhor momento para atualizar a fanfic...


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