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História Pointe Shoes - Échappé


Escrita por: ShininFantasy

Notas do Autor


Ta na hora, ta na hora, de eu tomar vergonha na cara e postar capítulos com mais frequência *apanha*
Eu já disse que perco o jeito de fazer comentários iniciais com o passar do capítulos né? Eu fico meio perdida do que dizer aqui, mas hoje digo que talvez, somente talvez, vocês comecem a ver o Jimin de verdade.
Espero que gostem do capítulo <3

Capítulo 6 - Échappé


Fanfic / Fanfiction Pointe Shoes - Échappé

“E a bailarina que não queria mais saber de dançar, trocou tudo que tinha para tentar amar alguém cheio de defeitos, cheio de vírgulas, poréns, alguém que nunca terminava o que começava, alguém que não gostava de pontos finais. (...) ‘Todos merecem ser amados, independente de quantos defeitos possuam, e principalmente se não souberem amar’.” – Paola Duarte

 

 

 

Hoseok virou-se, voltando para a academia em passos largos. Ele tinha um pressentimento horrível sobre aquilo, que piorou quando os gritos, finalmente, cessaram. De longe viu uma mulher, lindíssima, vestida em roupas que pareciam um tanto quanto caras, saindo do lugar. Atrás dela, Jimin mancava de leve, tentando acompanhar as passadas largas dela. Observou a cena do lugar que estava mesmo, preferia não se meter naquilo, que já não parecia ter dimensões boas. O garoto mantinha a expressão mal humorada em seu rosto, parecendo desconfortável com a situação. E, como se fosse um simples lampejo entre realidades, a mulher, pensando que ninguém estaria observando a cena, virou-se batendo com a palma de sua mão aberta no rosto de Jimin, com extrema violência.

— Isso é pra você aprender a não me tirar de casa por causa dessa porcaria de ballet. Eu não sou sua empregada muito menos qualquer gentinha pra ter que vir até aqui te buscar porque está com frescura com essa bosta. Entendeu, bastardo? – ele respondeu com um simples movimento da cabeça. Logo recebeu outro tapa, na outra bochecha. — Me responda direito.

— Sim, mãe. – o tom monótono em sua voz parecia abafar qualquer sinal de choro que vinha com ela. Hoseok pôde jurar que tinha visto uma gota de sangue marcar a bochecha, agora avermelhada, do outro.

— Agora entre no carro e vamos pra casa. Não quero olhar nessa sua cara por um bom tempo. - ela disse ríspida.

Hoseok deixou o medo e o choque tomarem conta de seu corpo enquanto observava o carro sumir de vista, finalmente finalizando a cena que tinha acabado de ver. Não sabia por que tremia tanto, muito menos porque sentia seu estômago revirar de medo, mas aquilo... Ele não poderia nunca compreender o que levaria uma mãe a tratar um filho daquela maneira. Em sua mente a cena dos tapas e finalmente o sangue. Ela parecia o pior tipo de tortura pelo qual passaria na vida. Balançou a cabeça rapidamente, tentando se livrar do que pareciam ser suas pernas adormecendo. Virou-se e correu para casa, precisava chegar lá o mais rápido o possível, antes que suas trêmulas pernas finalmente decidissem desistir dele.

 

 

 

— Você tem certeza do que viu? – Yoongi perguntou, franzindo a testa.

— Eu tenho... Eu não sei, foi tão... Angustiante. Eu não consigo imaginar algo assim acontecendo.

— E você sabe que a gente não pode fazer nada né?

— Como?

— Não podemos. Simplesmente assim. Ele é maior de idade, faz o que quer e aceita o que quer. – Hoseok olhou o amigo, incrédulo.

— Yoongi, as coisas não podem funcionar assim. – ele parecia ir atrás de um argumento qualquer, mas nada conclusivo vinha a sua mente. — A mãe dele…

— E da última vez que você decidiu se meter em algo o que aconteceu? – o mais velho tinha um olhar sério, quase ameaçador. — Ele te colocou contra uma parede só porque quis ajudá-lo com um pé virado. Esqueceu disso?

— Não esqueci, mas é injusto. – Hoseok se levantou, cruzando os braços e andando lentamente pela sala. — E se essa não foi a primeira vez? Hm? E se ela sempre fez isso e ninguém sabe? Isso é abuso… – o outro somente suspirou.

— Você tem certeza que quer fazer algo? Só por causa disso? – Yoongi o olhou, estranhamente ele parecia incomodado. — Não diga…

— Você sabe que se eu não tivesse o feito antes…

— Eu sei.

— Yoongi, você…

— Eu estaria na pior... Eu sei. – o mais velho se levantou, andando em direção ao próprio quarto. — Só tomar cuidado. Não vai ser tão fácil quanto foi antes…

Hoseok se jogou no sofá, suspirando alto e deixando seu corpo afundar no mesmo. No final das contas, lá estava ele de novo, se sentindo entre a cruz e a espada. A lembrança de sua adolescência veio como um forte tapa na cara, que provavelmente deixaria ele zonzo por algum tempo. E se para ele lembrar disso era difícil, não conseguia parar de imaginar como era para Yoongi. Não era como se ele quisesse trazer as lembranças à tona, ele só... Só queria ajudar. Não queria ver aquele olhar machucado uma vez mais enfeitar o rosto do amigo, muito menos ver outra pessoa no mesmo estado. Não queria ter que lembrar de tudo que ambos passaram, mas, no momento, aquilo era inevitável.

 

 

 

A aula de ballet, alguns dias depois, parecia mais cheia que em qualquer um dos outros dias. Aparentemente ninguém tinha faltado, muito menos decidido descer antes da hora, sem ver as apresentações. O garoto que agora finalizava a sua dança tinha acabado de fazer os agradecimentos e finalmente saído do meio da sala, dando lugar a Taehyung, que se virou para o amigo, recebendo um pequeno movimento com a cabeça do mesmo, o encorajando. Jimin tinha uma marca na bochecha esquerda, que Hoseok tentava por tudo no mundo não olhar durante a aula, mas que estava seriamente o incomodando. Quando se deu conta, o garoto no centro sorriu quadrado para ele, esperando qualquer sinal de si. O mais velho sorriu de volta, quase o pedindo para começar.

Taehyung tinha uma força de se tirar o fôlego de qualquer um. Ele não sorria, de jeito ou maneira, mas a expressão que mantinha no rosto faria com que qualquer um ali sentisse seu corpo ser tomado por um sentimento estranho. Ele não era um extremo de elástico, como o amigo, mas os passos pareciam sair com uma facilidade que não lhe pertencia. Foi quando ele finalmente se preparou para dar os últimos giros de sua variação. Hoseok mal conseguia acompanhar sua cabeça virando. Muito menos entendeu o momento em que, sem mais nem menos, o garoto caiu no chão. Não sabia descrever o que era pior, os gritos de dor do garoto ou o barulho que tinha certeza que veio de sua perna.

— TAEHYUNG!

E então a voz de Jimin lhe acertou em cheio, quase o tirando do transe que estava, tentando absorver a cena a sua volta. Ele escutava risadas entre os gritos de dor de Taehyung, olhou para os lados e viu que a maioria ali, ao invés de ajudar, simplesmente ria do incidente. Se adiantou para correr até o menino, observando a professora sair da sala como um relâmpago. Chegou ao lado dele, vendo as lágrimas que desciam por seu rosto e a expressão aflita e dolorida. Não sabia o que fazer, ele estava desesperado junto com o garoto, com raiva de todos que estavam ali que pareciam achar graça na cena.

— Vai ficar tudo bem, por favor... Por favor, não escuta eles. – a voz de Jimin parecia embargada, e ele tentava limpar as lágrimas na face do outro. — Vai ficar tudo bem Tae, vai ficar tudo bem. Eu sei que vai ficar tudo bem... Por favor, acredita em mim.

Em algum momento, as frases desesperadas de Jimin pareceram se perder, mesmo com ele tentando o seu máximo para fazer com que o amigo se sentisse mais seguro. Hoseok se lembrou daquele dia que viu ambos praticando, de todas as inseguranças do mais novo, toda a coragem que Jimin parecia lhe dar. Em um segundo, uma virada mal calculada e... A dor no rosto do garoto fazia com que cada parte de si doesse, ele sabia que aquilo tudo não vinha somente de sua perna, que com certeza havia quebrado. Ele sabia que tudo naquilo afetava o mais novo, e aquilo lhe doía demais.

Quando percebeu, Taehyung foi retirado do lugar por alguns médicos e levado para o hospital mais próximo dali. Hoseok sentiu algumas lágrimas se formarem em seus olhos quando viu ele finalmente sendo levado. Se sentia quebrado por dentro, demais para conseguir aguentar o que os outros, que passavam pelos corredores, falavam. Ele tinha vontade de voltar e fazer a vida de todos ali o pior inferno, mas algo tomou sua atenção, o arrepiando por inteiro.

No meio fio estava Jimin, sentado, abraçado nas próprias pernas, balançando de leve. Ele parecia inerte no próprio mundo, tentando escapar de todos os prováveis pensamentos que se passavam em sua cabeça. Ele estava desesperado de um jeito tão grande que podia sentir atravessando sua pele. Cambaleando, sentindo um pouco de medo e apreensão, Hoseok se aproximou do mais novo sentando-se ao seu lado. Ele não sabia o que dizer, muito menos o que fazer, mas seu coração se apertar ao ouvir os baixos soluços dele. Ele sofria tanto, mas tanto... Chegava a ser irreal o que Hoseok presenciava no momento.

— Jimin... – ele finalmente deixou sair de si, tentando procurar algo para dizer.

— Por favor... – a resposta veio baixinha, quase como um sussurro. — Por favor, não... – e então Hoseok deixou as lágrimas caírem por seu rosto.

— Eu não... – ele disse, soluçando. Parecia tão atrapalhado com as palavras quanto o outro.
— Eu…

— Todos eles... Por que fazem isso? O Tae... – finalmente levantou sua cabeça, encarando Hoseok nos olhos. — É tudo a minha culpa... Tudo. Eu sempre faço tudo errado. Eles estão certos.

— Não, você…

— Se eu não estivesse ali, se... Por quê? – ele se levantou, socando a parede atrás de si e depois encostando a cabeça na mesma. — Por quê?  – ele soluçou alto, deixando suas pernas fraquejarem.
— Por que...?

— Eu não sei...

Hoseok se levantou, indo em direção ao garoto. Sentia seu coração apertado pela cena, por quanto doía nele tudo aquilo. Puxou o mais novo pelo braço, encostando a cabeça dele contra seu peito, o abraçando forte. Jimin não retribuía, mas não fazia nada para sair dali. Na verdade ele se forçou contra o peito do outro, enterrando seu rosto ali, como se fosse seu único jeito de escapar daquilo. E quando finalmente suas lágrimas cessaram, deixando seus pequenos olhos inchados, ele se afastou do mais velho, parecendo um tanto quanto confuso. E então, rapidamente entrou na escola.

 

 

 

Não sabia se estava certo em o fazer, mas seguia o mais novo de longe para qualquer que fosse o lugar que ele estava indo. Algo em si dizia que seria melhor o acompanhar, ter certeza que ele ficaria bem. A direção parecia totalmente contrária ao que parecia ser a de sua casa, e provavelmente ele não tinha nenhuma intenção de voltar para lá no exato momento. Andaram por algum tempo, e Jimin parecia ter percebido a presença de Hoseok, mas simplesmente estava ignorando.

Chegaram na frente de um rio, a visão dali era extremamente bonita, com as luzes da cidade e a ponte que o cortava. Hoseok se estivesse sozinho, nunca saberia que um lugar desses podia ser visto dessa maneira. Viu o mais novo descer ali, e o acompanhou, deslumbrado pela beleza do lugar. Parou pouco antes de alcançá-lo, observando tudo em pé, enquanto o outro havia se sentado um pouco mais a sua frente. Ficaram em silêncio por um tempo, deixando com que ambos pudessem se deixar respirar. Distraído, Hoseok não percebeu que Jimin o olhava, mesmo que sem expressão alguma.

— Não vai sentar? – a voz do mais novo chamou sua atenção.

— Eu posso...? – Hoseok se sentiu tremer de leve, com medo da reação do outro.

— Eu estou pedindo... – Jimin o fitava intensamente. – Por favor, senta e fica aqui um pouco.


Notas Finais


Se lembram do que eu disse sobre o Jimin de verdade? Se preparem que ele agora vai ser a criança que vocês vão começar a amar (ou talvez não, não sei). Também peço pra que não arremessem pedras em mim, eu juro que sou uma pessoa legal <333
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo e estejam gostando da fanfic~
Vejo todos no próximo capítulo~
Beijineos de luz


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