História Pois é, A Vida Me Odeia - Title: É muito tarde.

21.09.16 quinta-feira 09:45am

Title:

Paz?

Humor: 

To tranquilo, to favorável.

No entanto, complementando as duas palavras acima, creio eu que não por muito tempo. E o motivo disso é que Kihyun está vindo em minha direção aparentemente muito animado.

— Black and White. — diz ele se sentando ao meu lado com os olhos brilhando e um sorriso tão iluminado quanto vagalume.

Eu suspiro profundamente do último banco da arquibancada da quadra, onde até então tirava um cochilo. Fico em silêncio, na esperança de que ele perceba que está atrapalhando o meu precioso tempo a sós comigo mesmo.

— Yah, acorda! — Mas será possível? Kihyun tem um prego no cu.

— O que ééé?!

— Black and White!

Suspiro.

— Black and White o quê, a música do Michael Jackson? — uso um tom de voz bem desinteressado. Vai que ele vai embora.

— Não Changkyun, o tema do baile da fundação. — É, não deu certo.

O baile da fundação comemora o dia em que a escola foi inaugurada, todo dia 1 de novembro o pessoal do conselho organiza uma festa com um tema diferente.

— To esperando você me explicar o que eu tenho a ver com isso.

— A maioria dos veteranos que faziam parte da turma de organizadores se formaram, eles estão precisando de novos membros, por isso eu pus seu nome na lista.

?

Na boa, vai se foder Kihyun. Vai, se, foder.

Pelo visto ele não se incomodou mesmo com as pessoas especulando pelo resto do mês de agosto inteiro do provável “namoro” que estamos tendo.

O que não foi o meu caso.

Eu tentei, acredite, tentei de tudo pra me afastar de Kihyun ou pelo menos evitar que as pessoas não me vissem sozinho com ele, mas ele sempre aparecia pra vir encher o meu saco. A porra do mapeamento da sala também não colabora. O desgraçado sempre cola a mesa dele na minha, parece cola, cola Super Bonder, não desgruda nem que a vaca tussa. E como ele não se importa, eu que sou o encarregado de negar qualquer envolvimento amoroso nosso quando alguém me pergunta.

Eu acho que a ausência de Hyunwoo afetou o garoto, e por causa disso ele foi atrás de outra pessoa para infernizar. Pois é, Hyunwoo e Kihyun quase nem se falaram direito nesse mês que se passou pois este só o evita.

Eu não sou enxerido nem nada, mas sábado retrasado Kihyun chamou Eu, Hyungwon, Minhyuk, Jooheon, Wonho, Hyuna e E-dawn para irmos a um rodízio de pizza. Hyuna me contou que ele convidou Hyunwoo, porém, parece que o mesmo não aceitou o convite. Aí você me pergunta: “pô Changkyun, não se sente culpado de estar estragando um namoro?”, é o quê, eu não tenho nada a ver com isso não brother. Que se dane aí os dois.

É claro que eu não perdi a oportunidade de compartilhar isso com Gunhee. Durante esse mês eu descobri coisas vergonhosas sobre Kihyun na qual fiz questão de que Gun relatasse algumas delas no jornal:

1. Kihyun tem medo de insetos. Principalmente de baratas voadoras. Aquele dia ainda perambula minha cabeça, e é claro que eu sempre gargalho quando relembro.

2. Kihyun tem trocentos kilos de produtos de beleza. Ele tem uma bolsa repleta deles. Uma vez eu vi 5 perfumes dentro dela.

3. Kihyun usa lentes para não ter que usar óculos. Hyuna me contou que ele tem 4,6 graus no olho direito, e 6 graus no olho esquerdo. Ou seja, aos 15 anos, Kihyun já é cego.

4. Kihyun odeia ser chamado de baixinho. Pobre criatura... Pra quê me contar isso? Todo dia eu chamo ele de baixinho.

5. Kihyun não gosta de comparações. Nenhum tipo de comparação. É por essa razão que todo dia eu comparo ele com alguma coisa.

6. Kihyun tem mania de organização. O cara arruma a minha mesa quando fica muito bagunçada, o que é quase sempre, e fica reclamando enquanto faz isso.

7. Ele não curte guloseimas. Bombons, salgadinhos, essas coisas. Fica se queixando que só engordam e dão cáries nos dentes. Às vezes tenho vontade de enfiar 5 mil chicletes na garganta dele.

8. Ele é um porre. Mas esse aí não é novidade.

— Você não tem o que fazer não? — enfim me levanto, encarando-o com uma expressão de monstro.

— É claro que eu tenho, — a tentativa de assustá-lo parece não ter tido êxito. — É por isso que eu inscrevi você pra me ajudar.

— Sem o meu consentimento né? Quando você vai parar de decidir as coisas pelos outros Kihyun?

Ele estalou a língua dando de ombros, como se o que eu acabasse de dizer fosse completamente irrelevante.

— Os preparativos vão começar nesse intervalo do almoço, salão de festa, cê sabe onde fica.

— Vai nessa. — reviro os olhos e volto a me deitar. Dessa vez tiro um caderno e cubro a minha cara.

— Changkyuuunnn... Por favor... — eu espero que Kihyun morra, com 5 mil chicletes enfiado na garganta.

— Sai fora.

— Estamos precisando de gente!

— Chama os outros.

— Eu já chamei, ainda falta 3 pessoas!

— Problema seu.

Ouço ele suspirar em desistência. Já abro um pequeno sorriso em satisfação, quando ouço ele murmurar:

— Então não quer recuperar sua nota, beleza.

— Espera aí, como é? — agarro o braço dele o impedindo de ir embora. Táticas, ele sempre diz o interessante no final só pra me ganhar.

— Nada, você quer que eu vá embora, eu vou embora.

Infeliz. Fi de uma quenga.

Ranjo os dentes.

— Tá bom Kihyun, você tem minha total atenção, vai fala. — ele dá um sorrisinho de lado, vitorioso.

— É que os organizadores dos eventos da escola ganham 2 pontos na média em todas as matérias. Não é tanto, mas dá pra nos ajudar em alguma coisa.

Eu estava à procura de algo que me ajudasse nesse próximo bimestre, algo que não fosse o estudo, e ele cai assim do céu, sem mais nem menos? To até cismado vida. Até cismado.

— É sério? Não tá mentindo não?

— Por que você acha que eu to nessa? A única coisa que eu fazia era decidir o tema e os convites.

Bem, é verdade. E por incrível que pareça, Kihyun também está precisando de nota. Nós dois fomos horríveis no bimestre passado, triste lembrar. Eu já estou acostumado, mas Yoo Kihyun, tirar 6 em português? As pessoas acharam que ele entraria em depressão. Porém, Kihyun está consideravelmente muito feliz pra alguém que perdeu o primeiro lugar no ranking de mais inteligente do colégio para o J (que pode ser babaca, mas tem um cérebro de Stephen Hawking) junto do respeito do pai, além de ser conhecido como o namorado de Lim Changkyun.

— Vou trabalhar feito condenado!

— Aigoo, nem é pra tanto.

— Nem é pra tanto porque não vão pegar no seu pé, vão pegar no meu! Não vai ser boa ideia.

— Prefere passar os dias estudando?

Qual o proveito de ser tão burro? Mais burrice?

— Você ganhou Kihyun!

11:38am

Eu não sei ao certo quando me prometi parar de reparar Jooheon, só que a promessa foi descumprida no primeiro minuto em que o vi de cabelo loiro. Ele está radiante, nunca achei que pudesse ficar mais bonito. Minhyuk está metido, já que ele também está loiro. Coisa de casal, me dá até enjoo nas entranhas. Aliás, por que o Minhyuk? Certo, ele é bonitinho, extrovertido, sorridente, engraçadão, ah... Eu tenho que superar isso. Na real, eu

— Yah. — levanto a cabeça. Kihyun tinha parado de me fazer cafuné, mas logo volta a fazer quando vê minha expressão de indignado.

— Desculpa. — pede ele, rindo. — Fui guardar minha caneta. — E então eu volto a afundar a minha cara na mesa assim que sinto sua mão nos meus cabelos novamente.

Eu sei, eu sei, eeeu sei. E pra deixar claro, ainda o odeio. Só que não posso evitar. Os dedos de Kihyun tem um tipo de aconchego lenitivo, me faz flutuar nas nuvens. Tá bom, de primeira, estranhei seu toque repentino, o olhei com uma cara de nojo, contudo, eu simplesmente me rendi. Amoleci na cadeira. Parece até poder sobrenatural, daquele da mulher do Logan no filme X-men Origens – Wolverine. A aula daquele dia meio que contribuiu. Geografia. A voz da professora tem um tipo de sonífero, quem fica acordado assistindo pode ser considerado guerreiro. Tem sido assim durante um tempo. Não me culpe, só é muito bom. Melhor ainda, me faz dormir quando não quero ouvir a voz chata do professor Kyeong explicando sobre as definições da ética onde todo mundo sabe de cór e salteado.

— Seu cabelo tá mais macio. — ouço Kihyun dizer. — Shampoo novo?

— Eu comprei aquele lá que você me recomendou.

Semana passada Kihyun ficou resmungando que meu cabelo perdia pra palha de tão ressecado. Ele ameaçou parar de me fazer cafuné se eu não mudasse os produtos de cabelo.

— Bom garoto. — ele diz me dando tapinhas nas costas.

Eu sou tão trouxa.

Conte-me uma novidade.

O sinal do intervalo soa, Jun e Han grudam em nós dois assim que nos levantamos para sair.

Já os mencionei? Não? Jun e Han agora são membros do clube do jornal. Casou perfeitamente com os perfis. Mais fofoqueiros só os dois juntos.

— Ouvi dizer que estão na organização do baile. — Jun nem disfarça.

— Sabe, vocês ficaram muito mais chatos depois de entrarem para o jornal. — Eu não queria ter que concordar com o Kihyun. Fazer o quê? Ele tem razão.

— O que vocês querem? — perguntei, desconfiado.

— Calma, a gente também se inscreveu, só queremos acompanhar vocês. — eu conheço o Han quando ele está escondendo alguma coisa.

— Sei...

12:12pm

Eu sabia que esses manés estavam escondendo alguma coisa.

— E como só restou vocês dois, obviamente Changkyun-oppa fica com o Hyunwoo-oppa. — se esta garota que sorteou os papéis tivesse noção do meu desespero agora não estaria sorrindo desse jeito panaca.

Antes fomos divididos em grupos de 10, depois de 5, e acabamos em duplas pois acharam mais coisas desnecessárias para organizamos. Não tenho necessidade em terminar o resto da história, ou tenho? E é, Hyunwoo também está precisando de nota. Eu adoraria ver o resto dos outros idiotas aqui conosco, outrora, ao que parece, Hyungwon está ajudando Wonho nos estudos e ambos estão se saindo bem. Mesmo caso para Jooheon e Minhyuk.

Nem surpreso eu fico. Será que um dia eu vou vencer na vida? Eu tenho certeza que não.

Jun e Han estão me olhando curiosos. Agora ficam alternando o olhar entre mim, Kihyun e Hyunwoo. Mas são muito filhos da puta. Eles acham o quê, que eu e Hyunwoo vamos nos atracar no meio do salão? O engraçado é que mesmo eu dizendo que não tenho nada com Kihyun, eles nos tratam como se fossemos namorados. A maioria trata.

Um bando de pau no cu, fuxiqueiros da vida alheia.

To pilhado, me deixa.

No mesmo segundo, Hyunwoo passa por mim junto de uma rápida corrente elétrica que foi o bastante para ocasionar um frio de medo na barriga.

— Eu encho os balões... — percebo o esforço que ele faz para me direcionar a palavra.

— Certo, então... Eu, penduro? — Por que eu perguntei? Eu sou uma criança por acaso?

— Hmhm. — ele nem olhou pra mim.

Num sei não, eu quero desistir. Quero sair correndo e fazer o que sei de melhor, comer e dormir. E cadê o Kihyun?

— Kihyun foi ao banheiro...

Caralho eu quase morri engasgado com meu próprio cuspe.

— H-ham?

— Você tá procurando ele né...? — Qual é Hyunwoo, por que você tá falando de um jeito tão misterioso? Tá me assustando mais do que deveria irmão.

— E-eu, é, é p-porque eu, nós-

— Ele está bem? — Hyunwoo pergunta por cima do ombro enquanto pega o saco de bexigas.

E qual é a dessa pergunta? Tenho cara de médico?

— Sei lá. — dou de ombros.

Ele se vira todo pra mim dessa vez, eu congelo.

— Como assim sei lá? — eu estou tentando ao máximo mostrar que não estou sendo intimidado, entretanto fica difícil quando o cara que está a sua frente é 500 metros mais alto.

— E-eu não sei. — achei que minhas manias de gaguejar tinham parado. Acho que voltaram. Foi aí que me veio uma ideia, fez até bling bling em cima da cachola. — Por que você não pergunta a ele?

— Eu? Eu... Você deveria saber!

— Nê?! Por que eu deveria saber?!

— Ele não conta essas coisas pra você? Já que estão juntos...

Era o que faltava. Hyunwoo, seu mongoloide.

— Não estamos juntos hyung, você ficou maluco? Nem se restasse apenas eu e Kihyun no mundo eu me atreveria a ficar com aquele estrupício e-

— Yah! — ele avança pra cima de mim. Acho que vou cagar nas calças. — Espera. — ele para, assim como a minha respiração. — Então quer dizer que não estão namorando?

— Mas nem que o Bin Laden ressuscite e ameace cortar minha cabeça. Você realmente acreditou nos boatos? Eu fiz um post exclusivo no jornal explicando que não tínhamos nada, no jornal da escola, vocês não leem o jornal da escola? — Tirar satisfação para esclarecer uma dúvida não é um ponto forte do Hyunwoo.

— Eu achava que... — ele se interrompe, os olhos miram em outro lugar. Acompanho seu olhar e vejo seu alvo, que é Kihyun.

Só avisto Hyunwoo correndo ao seu encontro. Ele o agarra pelo pulso e saí lhe arrastando para o banheiro dali. Os dois somem das vistas e agora um monte de gente está olhando pra mim esperando alguma ação.

Eu deveria mandar todos irem tomar no cu?

— Ei, o que foi isso? — é Jun, surgindo do nada.

— Credo moleque, que susto!

— Yah, o que está acontecendo?

— E como é que eu vou saber? — decido voltar ao que realmente fui fazer ali e começo a encher as bolas.

— Você estava com ele, como as-

— Ow Jun, aquele ali não é Han dando bola pra novata?

Eu quero rir da cabeça dele girando a 90 graus. Podem até negar, dizer que são só amigos, apesar disso, sei que os dois se amam. Os ciúmes é a prova Jun. Encubados.

Vou me certificar de fingir estar surpreso quando se assumirem.

Volto meu campo de visão para o banheiro onde aqueles dois foram. Eu espero de tudo, inclusive que um enforque o outro ou sei lá. Pelo menos eu estou aqui, sã e salvo.

As bolas Changkyun, as bolas. Vamos voltar para as bolas.

12:23pm

Hyunwoo e Kihyun sumiram mesmo hein? Não que eu me importe, mas eu to fazendo o trabalho sozinho aqui.

Será que... Eu deveria ir lá?

Não, que ideia de girico! O que eu to pensando? Hahaha.

12:28pm

Eu acho que eu deveria ir lá... Só, não sei, ver se eles não estão se matando. Afinal, querendo não eu tenho 1% de parte nessa história.

Não, quê isso Changkyun? Bicho burro. Permanece no seu lugar que é o melhor. As chances de arrependimento variam entre 80 a 90%, vai arriscar?

Fica na tua.

12:46pm

Ah meo, foda-se.

Eu largo o último pacote de balão na cadeira e vou para o banheiro, só que quando chego lá, não encontro nem sombra deles.

Caloteiros, caloteiros!

Acabou que eu fiquei enchendo os balões sozinho, e prendendo cada um, além de outras coisas que HYUNWOO DEVIA ESTAR AQUI PARA ME AJUDAR.

Isso que dá ser curioso. No final você sempre vai acabar frustrado, furioso, ou chorando, cada um deles mesclado a arrependimento. Não sejam curiosos crianças, vai por mim. Se não acabarem com um dos três acima, vão acabar com os três juntos. E arrependidos, não se esqueçam.

12:55pm

— E você incentivou Hyunwoo a ir atrás dele?! — Por que Jun está tão raivoso comigo? Eu fiz a coisa certa não é? Quer dizer, os dois estavam há um século sem se falarem direito, apenas breves palavras e olhares tímidos.

— Eu fiz um favor!

— E como você fica?

— E como eu- CARAMBA, QUANTAS VEZES TENHO QUE EXPLICAR QUE EU E KIHYUN NÃO TEMOS NADA.

Han, Jun e eu estamos indo para a sala. Kihyun e Hyunwoo de fato evaporaram, nem deram sinal. Ei, isso é injustiça com os pobres socialmente. Ok, eu tenho mais amigos no facebook, mais curtidas nas fotos, mais visibilidade do blog, as pessoas me deixam furar a fila da merenda, frequento a ala beta, entre outras coisas, mas não é como se eu fosse isento de tudo.

Humpf. Só porque um é o presidente do colégio e o outro jogador do time de futebol.

— Aish. — Jun aparenta estar inconformado.

Han felizmente encontrou um assunto mais interessante e ficamos falando sobre Stranger Things até chegarmos à sala de aula. Eu só não contava com a aparição de Hyunwoo dentro dela. Devo acrescentar que ele está na minha cadeira? Devo acrescentar também que Minhyuk e Jooheon estão participando daquela reunião? Jun e Han logo tratam de se afastar de mim sentando as bundas em seus cantos e preparando seus pescoços e olhos, que agora estão vidrados em mim.

O último sinal toca. Hyunwoo e Kihyun sorriem um para o outro e então o intruso passa por mim. Ao menos me reverenciou. Isso é um passo bom, não acha?

— O que foi isso? — pergunto debochadamente, sentando-se ao lado de Kihyun. Ele para de rir com Jooheon e Minhyuk e vira-se para mim. — Tratado de paz? Guerra fria?

— Não Changkyun, eu e Hyunwoo voltamos.

— Voltaram? Voltaram o quê?

Ele se aproxima da minha orelha em um gesto de confissão.

— Voltamos a ficar juntos. Estávamos meio afastados... Ah, você entendeu...

— Até que enfim hein, pareciam duas crianças fazendo birra uma com a outra e... — Minhyuk começou a falar, no entanto, eu tinha parado de ouvir.

Você... Por acaso já sentiu uma sensação, do tipo que está assistindo um filme de terror, aquele suspense, o assassino se aproxima mais e mais da vítima, e seu coração mais e mais perto da sua boca. E então o susto, e então aquela sensação de solavanco. Algo subiu e desceu rapidamente. Esse solavanco, eu acabei de ter. A diferença... É que ele ainda não desceu.

— A-ah, parabéns! — digo, tentando resgatar uma animação pra fingir. — Que bom que voltaram, eu-

— Shii, não fala em voz alta. — ele tampa a minha boca.

— É, ainda não sei como descobriu, mas o resto da escola não precisa saber. — Minhyuk falou comigo, hoje é dia de ação de graças?

— Entendi, tira essa mão suja da minha boca.

— Foi mal. — Kihyun ri.

Jooheon e Minhyuk voltam aos seus devidos lugares quando a professora chega.

Eu ainda não liguei os pontos.

Ou bem, não tinha ligado de forma certa. O mais provável nem passou pela minha mente. É claro que eles iam se reconciliar. Eu devia estar feliz porque fui o pioneiro na reconciliação. Eu devia estar feliz.

Mas... Por que eu não estou?

21.09.16 sexta-feira 07:25am

Title:

Último dia da semana. Por que não último dia de aula?

Humor: 

Desejando voltar para a cama.

— Ei loser, tem pasta de dente na sua bochecha. — Obrigado Nina, por me lembrar todos os dias do que sou.

— Filho, Wonho e Hyungwon já estão aqui embaixo te esperando! — Minha mãe grita.

Não fiquem boquiabertos por eu estar indo pra escola com Hyungwon, fiquem boquiabertos por Hyungwon estar indo a escola comigo.

— Já vou! — volto ao espelho pra limpar a pasta de dente, e começo a rir. Como eu cai nessa? Meu rosto está intacto.

Ah Nina... Sua peste.

— Tome cuidado! — avisa a minha mãe após me entregar o café da manhã.

— Nêêê.

— Yah, já soube da novidade? — Pergunta Wonho, sorridente, assim que ponho os pés pra fora.

— Minha família é na verdade bilionária e tudo isso não passou de uma pegadinha?

Ele e Hyungwon riem.

— Hyunwoo e Kihyun voltaram! Isso não é legal?!

Sim, Wonho sabe que os dois namoram. E sim, todos os outros sabem que eu também sei.

— Ah, e a diferença Wonho?

— Diferença?

— A diferença que isso vai trazer na minha vida. — reviro os olhos, tateando os bolsos á procura do silenciador de assuntos inúteis, mais conhecido como fone de ouvidos.

— Ih, esse aí acordou com os dois pés esquerdos.

— Vai cagar Hyungwon.

Não me perguntem quando foi que a girafa preferiu ir pegar o transporte escolar ao invés do carro caro que trás ele todo dia. Todavia, posso te dar uma resposta: Wonho.

Surpreso? Sei que não.

E que merda eu não saber que Hyungwon mora nas casas mansão subindo a rua. Eu nem imaginava que ele é do meu bairro. Vida, falta muito ainda aí na tua lista de desgraças de Lim Changkyun? Curiosidade.

8:00am

Tudo bem essa é a primeira vez desde a colocação do mapeamento que Kihyun não encostou a mesa dele na minha.

— O que foi? — pergunto a ele assim que sento na minha cadeira.

— Hum? — Kihyun parece disperso do planeta terra.

— Você não encostou a sua mesa na minha, minhas preces foram atendidas?

— Yah. — ele dá um soco no meu braço rindo.

— Mas é sério, o que foi?

— Hmm, já tá sentindo a minha falta é? — ele tira a garrafa térmica de água dele e dá um gole. — Que plot twist.

— Meu sapato na sua goela. Também não quero saber mais. — viro a minha cara para o outro lado e descanso ela na mochila.

Viçagem de bico. Eu hein.

Kihyun está caçoando de mim. Na real, to conjecturando a ideia de enfiar meu sapato na goela dele.

9:32am

Aaaaaaah eu quero o cafuné do Kihyuuuuun!

Que se foda, só eu que vejo essa porcaria, vou escrever tudo o que eu to sentindo, hora. Chega de orgulho.

Pelo menos por aqui.

— Psiu. — É Kihyun, me cutucando. Apenas remexo meu ombro para retirar sua mão. Eu estou mais irritado com ele do que preciso estar. Parece haver outra razão, só não consigo identificar qual. — Yah, para de ser rabugento.

Estralo a língua, revirando os olhos.

— Changk-

— Aiish, me deixa em paz.

— Já já vai tocar.

— E o kiko.

— Ah jinjja. — Jinjja meu rabo. — Tem organização do baile nesse intervalo, você vai né?

— Não sei.

— Me respondeee.

— Para de me atanazar, que droga.

— Yah! — de repente Kihyun me empurra e senta ao meu lado na minha cadeira, eu quase caio no chão. — Olha para mim quando eu falar contigo.

— Você é lélé da cuca, seu maluco!

— Uau, to dividindo a mesma cadeira que você, sou muito maluco. Nescau Cereal Radical.

— Tchi. — desabo meu rosto da mesa novamente, desistindo. Não estou com um pingo de vontade para discutir, ainda mais com ele.

Passo meus braços ao redor do meu rosto, como um escudo. Um escudo anti Kihyun.

— Você já fez a tarefa de inglês? — Cadê o diploma de pessoa mais irritante do mundo?

— Não.

— Hmm... Sabe a matéria de hoje?

— Não sei, e tenho raiva de quem sabe. E você não vai sair daqui não? A cadeira foi feita para uma pessoa, desinfeta.

— Por que você está assim?

— Sempre fui assim.

— Tá pior.

— Talvez porque alguém esteja sentada na mesma cadeira que eu me espremendo?

Ele ri. Qual é a graça?

— Você precisa relaxar... — Suas mãos vêm sorrateiramente até meu cabelo.

Hoje não.

— Volta pro teu lugar Kihyun.

— Shiii. — ele entrelaça os dedos no meu coro cabeludo, iniciando aquelas massagens lentas de vai e vem. — Você está tenso... — Isso está muito bom, admito... Eu disse que os dedos dele tem poderes, acho que... Não preciso ser rude o bastante para recusar não é? Acho que posso deixar ele mexer no meu cabelo mais um pouquinho e-

FOCO CHANGKYUN. LARGA DE SER OTÁRIO.

— Sai Kihyun! — Tiro a mão dele e ergo a cabeça. Ele ergue uma sobrancelha.

— Tem certeza disso?

— Claro que eu tenho!

— Certeza, certeza?

— Certeza!

— Certeza, certeza, certeza?

— Yah, seu-

— Você tá muito chato hoje, vou te animar. — Não acredito que Kihyun está me fazendo cosquinhas!

Golpe baixo!

— Para com isso, filho, da mãe!

Ele me ignora, nesse instante decido atacar de volta. Agora estamos travando uma guerra de cócegas, na qual meu oponente está levando a melhor por motivos de que: meu corpo é muito sensível.

— Kihyun? — Paramos o que estamos fazendo para vermos Hyunwoo parado na nossa frente com uma cara de poucas pessoas.

— O-oi. — Kihyun incorpora o Flash, saindo do meu lado. — A gente já tava indo. — é visível que ele está desconcertado. — Só pegar minha mochila. Vamo Chang.

É ruim hein.

— Vou depois.

— Ok, te vejo na ala beta. — os dois enfim saem.

Agora Hyunwoo vai vir aqui buscá-lo todo intervalo? Tem é graça.

04:49pm

Hoje foi uma bosta. Quer dizer, está sendo, considerando que ainda falta 8 horas para terminar o dia, uma bosta já é uma bela descrição. Acho que não vai precisar de muito para eu chegar a uma conclusão pior ao final do dia.

Vamos lá:

1. Não tirei meu sono sagrado da arquibancada porque Jun, Han, Minhyuk e Jooheon vieram pedir as respostas do questionário de história onde só eu tinha respondido porque ninguém gosta de história, só eu.

2. Trabalhei feito condenado pela segunda vez na organização do baile porque Kihyun me cadastrou em um trabalho escravo sem me consultar.

3. Wonho comprou um drone hoje, levou pra escola só para se mostrar e acabou quebrando as duas asas quando ele caiu na MINHA CABEÇA.

4. Hoje teve educação física. Resumindo, rasgaram a minha blusa e eu contei pelo menos 4 empurrões. Isso só no jogo de futebol.

5. E por último, não menos importante, eu fiquei sem o cafuné do Kihyun.

— Yah, Hyungwon não está atrasado? — Wonho já conferiu o relógio 10 vezes até agora.

Num tem um cachorrinho carente? É Wonho com Hyungwon, correndo atrás do menino o tempo todo. Hyungwon deve gostar muito dele, para não ter o mandado catar coquinho ainda.

— Aigoo, o professor Jyuong é muito chato. Só porque não entregamos o trabalho. Ele tinha que obrigar a gente a terminar? — Jun resmunga ao lado de Han.

— Demoraram hein. — digo, cruzando os braços. — Mais um segundo e eu iria embora.

— Eu já disse, Jiyoung! Jiyoung!

— Eu acho que ele não gosta de nós. — Han conclui alisando o queixo.

— Deve ser porque vocês sempre conversam na aula dele né? — reviro os olhos. — Nem sei como colocaram vocês juntos no mapeamento.

Os dois fazem careta pra mim.

— Vamos embora, perdemos o primeiro ônibus escolar mesmo.

— Yah! Esperem eu e Hyungwon!

Eu estou esperando Jun e Han agora porque Hyungwon e Wonho sempre sentam juntos sem me dar espaço e eu acabo do lado de alguma menina que vez ou outra dá em cima de mim, ou diz que eu e Kihyun somos mais fofos juntos do que Hyunwoo e ele.

Já dentro do ônibus, Wonho e Hyungwon conversam sobre algum assunto desinteressante atrás de nós, enquanto Jun e Han conversam sobre The Walking Dead. Eu suspiro descansando a minha cabeça na janela. Zumbis não são o meu forte, e eu estou meio que... Sem ânimo. Pra tudo. É como se hoje eu tivesse me sentido completamente incompleto, apenas... Não sei explicar.

Quando o motorista finalmente liga essa lata velha, eu balburdio um: “até que enfim” mentalmente. É aí que vejo pela janela Kihyun e Hyunwoo de mãos dadas gargalhando de alguma coisa. Eles caminham despreocupadamente até a saída da escola, onde provavelmente deve ter um carro que irá levá-los para casa.

Eles parecem felizes...

Dou uma suspirada, olhando para frente.

Eu disse que estava sem ânimo, não disse? O desânimo agora parece ter se multiplicado por seis.

É muito tarde para dizer que... Eu estou arrependido? Arrependido por de certa forma ter feito os dois voltarem?

É.

Pelo jeito, é muito tarde.