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História Pois é, A Vida Me Odeia - Title: LAS-COU


Escrita por: carvyssi

Notas do Autor


Oe oe, não se engane pelo titulo bosta.
Eu realmente sinto pela demora. Disse a mim mesma que a att dessa fic não passaria de um mês. Porém esqueci que não tenho noção de tempo. Pra mim eu att o último cap ontem shaushua (eu sei, não é engraçado. Podem jogar pedras em mim).
MAS, eu fiz um acordo comigo mesma para tornar a att dessa fic rápida, então espero que eu cumpra, se não vou me bater. Vocês também podem me bater. Até porque, a culpada aqui sou eu.
Enfim.

Cheguei com mais um cap, pro-pa-ro-xí-to-na, pica aí pra vcs.
(Me ignorem)

Sem mais delongas
Enjoy~

Capítulo 3 - Title: LAS-COU


Fanfic / Fanfiction Pois é, A Vida Me Odeia - Title: LAS-COU

 

01.08.16  Segunda  09:00am                                       

Title: 

Eu não sabia que meu ódio por Kihyun era tão grande.

Humor: 

Eu queria estar dormindo na minha cama. Pelo menos ela não me odeia.

Kihyun passou todas as aulas me perturbando. Todas as aulas. Vou falar mais uma vez para dar mais ênfase, TODAS AS AULAS, até agora. Foram exatamente as duas primeiras, mas foram as duas piores da minha vida. (Ignore meu drama). Eu não tinha percebido que Kihyun é tão chato, caralho. Espero que aquele rosto perfeito dele se encha de espinhas gigantes e que aquele cabelo dele que todo ano fica de uma cor diferente caia. Já imaginou Kihyun careca? Iria ser muito foda. Eu seria o primeiro ao o apelidar de cabeça de rola.

Voltando. Eu acho que ele deve ter um furunfo no cu.

Porra, esse miserável não para quieto.

Jogava bolinhas de papel na minha cabeça. Algumas pequenininhas que eu sabia que ele colocava na boca e cuspia na minha nuca porque eu sentia a umidade delas molharem aquela região. Ficava cutucando meu ombro. Puxando meu cabelo. Pedia pra ele parar, e ele ficava rindo de mim pelas costas. Depois a sala toda o acompanhava também, as Maria vai com as outras.

De vez em quando Minhyuk ria também. Ah sim, esqueci de mencionar que ele pintou o cabelo de branco. Tá parecendo o Jack Frost de A Origem Dos Guardiões. Eu não prestei atenção porque eu simplesmente não observo detalhes em um ser tão insignificante quanto á palavra insignificante, pra mim. Jooheon continuava com o preto do ano passado. Eu gosto dessa cor, deixava um ar sexy. Eu acho que ele não estava nessa de zombar de mim, pois vivia conversando com o povo do outro lado. Eu acho que ele nem ao menos percebe a minha existência.

Eu quero muito me virar e falar para as duas frescas que estão enchendo meu saco, para darem a bunda. Aproveitava também e os ameaçava dizendo que iria fazê-los engolir os dentes se continuassem. Já percebi que quando fico com raiva eu viro uma pessoa corajosa. Porém, eu sou um ser pensante. Se Kihyun já me fez uma de suas vítimas apenas por o enfrentar daquele jeito — quer dizer, eu nem falei essas coisas né? Por favor, concordem comigo — eu não iria enfrentá-lo de novo. Vou ficar aguentando, vai que ele cansa.

Eu realmente espero que ele canse.

 

9:10am

Eu acho que falta meia hora para o intervalo do lanche.

Agora eu só desejo me ajoelhar no chão e pedir a Deus que dê um jeito de acelerar o tempo para que eu possa sair daqui. Poxa, eu estou morrendo de fome, e claro, quero me livrar dos ratos de trás. Eu ouço minha barriga falar comigo, mas infelizmente não posso corresponder para acalmá-la. Então, escuto um arrastado de cadeira. Kihyun e a turma do bairro estão se levantando. Lembrei que como o Power Ranger rosa é o presidente da escola, e os outros além de serem donos de clubes — fora o fato de Minhyuk Power Ranger branco ser o representante da sala —, também fazem parte do conselho estudantil. Louvavelmente, para eles, tem passes, ou seja, autorização, então os três podem sair mais cedo para organizar sabe-se lá o quê. Decidi fazer o egípcio fingindo assistir a aula e colar no meu assento até eles, os anjos demoníacos — menos Jooheon, que bem que podia sair desse covil de cobras — saírem daqui. Repeti comigo mesmo, que eles não falem comigo, que eles não falem comigo. Felizmente os três parecem muito contentes com alguma coisa e isso possibilitou que o picolé de morango não mexesse comigo quando passou do meu lado. Ele nem ao menos pareceu ter notado minha presença. Nunca fiquei tão feliz por se passar invisível para ele.

Eles estão quase saindo pela porta... E... Saíram.

Graças!

Jooheon podia ficar. Eu não iria reclamar. Inspirei e expirei profundamente. Estiquei meus braços para frente enlaçando minhas mãos uma na outra, estralando os dedos. Pude abrir um sorriso. Eu nesse momento de liberdade poderia relaxar e me concentrar no que o professor está dizendo. Encostar minhas costas na cadeira e finalizar minha atividade. Mesmo que daqui a pouco o sino toque nos informando o intervalo. E assim eu poderei andar livremente e encontrar o Hoseok para podermos lanchar juntos, conversarmos sobre séries, jogos, e tudo mais.

— Você é o Changkyun, não é?

Viro minha cabeça. Gunhee que está sentado ao meu lado na primeira fileira encostada da parede, onde eu até então não tinha notado, me olha com uma cara curiosa.

Gunhee daria tudo para ser um aluno normal e invisível que nem eu. Não tinha uma personalidade forte, pela minha concepção. Falava pouco. Todo sério. Notas na média. As pessoas não davam muito atenção a ele. Mas, quando ele conseguiu — de algum jeito que até hoje não entendo — ser eleito o secretário do represente da turma, ou como eu o nomeio, o escravo de Minhyuk, a visão das pessoas sobre ele mudou consideravelmente. Os venerados começaram o chamar para as festas mais badaladas da escola, seus contatos aumentaram, e ele passou a ser considerado lindo de morrer pelas meninas. Não que ele fosse, ele é. Cabelos castanhos levemente caídos no olho. Lábios beijáveis. Um físico bom. Mas não é uma beleza de tudo, instigante, se você entende o que quero dizer. Ele até mesmo arrumou uma namorada. O que um simples titulo não te torna, hein?

— Sim, sou eu. — confirmo.

Estou desconfiado. Qual o motivo do escravo do Minhyuk estar falando comigo?

— Eu sou o-

— Gunhee, eu sei. — sorri de leve.

— Bom.

Ele se levanta pondo-se de costas para mim caminhando para a porta. Sim amigos, o secretário do representante da sala também tem o sonhado passe autorizado para poder sair mais cedo, já que este da mesma forma participa do conselho.

Apertei os olhos tentando entender qual o problema dele. Depois o mesmo vira e me olha, como se estivesse esperando alguma coisa.

— Você não vem?

Hein?

— Para onde? — perguntei franzindo a testa.

— Jogar ping pong — uma revirada de olhos — é claro que estou me referindo a lanchar.

— M-mas... E-eu não posso sair cedo.

Tenho que ir ao médico e verificar o problema da minha boca que sempre gagueja em momentos que não se deve gaguejar.

Gunhee me estreitou os olhos, e depois soltou um “ah” estralando os dedos no ar, provavelmente entendendo que eu não faço parte do mundo dele. Ele caminha até o professor, meus olhos colam em seus movimentos. Os dois estão conversando sobre alguma coisa. O senhor Kim olha para mim com uma face que eu não consigo identificar. O senhor Kim assente concordando com alguma coisa. Mas o que bolas está acontecendo?

Gunhee vem até o meio do corredor da fila e faz um gesto com a cabeça indicando que eu devo... Ir lá? Não procede.

Continuo sentando sem entender.

Gunhee olha para o lado pondo as mãos na cintura, suspirando. Vem marchando até mim, e praticamente me puxa da cadeira. Arregalo os olhos, e meus punhos se levantam em defesa.

— Vem logo, antes que o professor mude de ideia.

Ele já caminha para saída. Olho ao redor, e quase todos olham para o idiota aqui. Tão confusos quanto. Eu ainda não me acostumei com toda essa atenção da minha turma. Me sinto estranho, mas também, de algum jeito, glorioso. Deu até vontade de empinar o nariz. Mas eu não sou tão babaca a esse ponto. Sou humilde. 

Sejam humildes crianças.

Pego o necessário, me curvo para o professor, e corro atrás de Gunhee, meio que relutante. Meio que ainda calculando o que está acontecendo.

Gunhee me esperou até eu estar ao seu lado. Eu não estou crendo que de fato ele me fez sair cedo e ir para o refeitório com ele.

— Parece que você virou o brinquedinho do Kihyun. — disse ele, quando começamos a andar lado a lado.

Olho para sua cara, indignado, mas seus olhos continuam a frente, e sua expressão totalmente séria. Tudo bem, ele me deu um pouco de medo.

— Bem, eu não, tipo, ele não-

— Sabe, tem passado-se muito tempo desde que alguém o enfrentou. — ele comentou. Franzi as sobrancelhas o encarando. Então ele me olhou. O que era toda essa aura estranha me rondando agora? Senti uns calafrios. — Eu vi você responder ele no começo da aula.

— Ah. — exclamei ainda desconfiado.

Ficamos em silêncio até chegarmos ao destino.

O refeitório da escola é, sobretudo, amplo. Amplamente exagerado, eu acho. É maior que a minha sala e a seguinte juntas. Arregalei os olhos ao encontrá-lo tão vazio. Nunca tinha visto ele assim. Geralmente, tem tanto aluno correndo para ficar em primeiro na fila e pegar seus lugares nos bancos do refeitório para não ficar em pé, que somos empurrados, e quem for lesado que nem eu, cai no chão e bate a cara nele. Pois é, isso já aconteceu duas vezes comigo. As pessoas daqui são uns animais. Mas agora só continha alguns alunos, os que eu julgava fazer parte do mundo dos tais populares.

Tinham as opções lá para você escolher comer na bancada das cozinheiras, totalmente de graça, e com essas duas palavras tudo já basta. E a cantina, que mais parece uma lanchonete, pois vendem de tudo. Desde á petiscos, á refeições inteiras. Só tem um porém, as coisas de lá são mais caras que os meus órgãos. É sério, um gyeongdan, repito, UM GYEONGDAN, é 20 reais! MAS QUE PORRA DE BOLINHO DE ARROZ DOCE É ESSE? É de ouro? Só pode ser. Quando soube dessa informação, eu quis chorar. Nem quis saber o preço dos demais. É por isso que nunca em toda a minha passagem na escola, comprei algo lá. Ah não ser, os ricos. Mas eu não sou um. Eu não tenho dinheiro vadio pra gastar desse jeito.

No refeitório, normalmente há as mesas, onde os alunos normais, sem nenhum tipo de título, e que apenas vão á escola porque são obrigados, como eu, sentam. Há a cantina barra lanchonete, onde os ricos frequentam porque sei que pessoas da minha renda não compram coisas nisso. E há a ala beta, situada dentro de uma sala fechada, com ar condicionado e tudo. Fica mais lá para dentro. Ninguém sabe o que de fato acontece lá. As pessoas dizem que sentem pena porque até no intervalo eles tem coisas a fazer. Por algum motivo, sempre gargalho quando ouço isso.  A ala beta é, basicamente, para os titulares — venerados — da escola. E de acordo com o Yoon Bo-ssi — nosso querido diretor — os ocupados. Sabe, aqueles que possuem coisas para administrar, que segundo ele, precisam de um local silencioso e privado para ter-se uma maior “concentração”. O pior é que não podemos protestar, pois: “se eles obtiveram esses “cargos” é porque mereceram, e precisam ser favorecidos por isso”. Palavras ditas por ele. Óbvio, Kihyun foi presidente por ter merecido. Ninguém votou nele porque é rico, bonito e filho do diretor.

O senhor Yoon Bo chama isso de incentivo para se estudar mais e ser mais competitivo. Eu chamo isso de desigualdade. Tem sua lógica, mas ainda é desigualdade. E os “ocupados” nada mais são que claro: os FiveD, aqueles que são donos de clubes, representantes das turmas, secretários dos representantes da turma, atletas, e Cia — seus convidados. Como de costume, Os FiveD já deviam estar lá. Com seus notebooks de última geração, e milhares de folhas e livros nas mesas dos escravos deles. Os de cargo mais baixo, digo, os que realmente são os ocupados e que fazem tudo enquanto as princesas ficam charlando com seus celulares caros.

Detalhe: a sala deles é maior que a dos professores.

Acho que os únicos dos FiveD que realmente cuidam de seus afazeres são Jooheon e Hyunwoo. Pois parecem ser os únicos humildes, de verdade, ali. Digo isso por experiência própria, pois ambos já me ajudaram. Jooheon duas vezes, uma delas quando esbarram em mim e meus livros caíram no chão. Ele me ajudou a pegá-los. Foi quando comecei a nutrir esses sentimentos por ele... Bem, vamos deixar essa parte em off. E Hyunwoo, que um dia me destrancou do banheiro, pois uns idiotas haviam me trancado lá. Mesmo que eles não lembrem disso, eu sou grato aos dois.

Gunhee foi caminhando. Seu andar despreocupado apenas esfrega na minha cara que o mesmo não teria de correr como um desesperado para conseguir chegar primeiro e não ter que pegar os restos de comida fria. Encontra-se diversos alunos na fila. Porém, é totalmente diferente. Como eu disse, o refeitório está quase deserto.

Eu me acostumaria com isso sem problemas.

O observo e finalmente meus pés se mexem para segui-lo. Eu pareço aquelas crianças do interior que estão entrando no shopping pela primeira vez, roendo as unhas.

— Como você conseguiu fazer o professor me liberar mais cedo? — perguntei a ele quando o alcancei.

— Eu tive meus argumentos.

— Ah é? E quais foram eles? — estremeci quando ele olhou pra mim arqueando a sobrancelha. — Sabe, quero usá-los quando precisar sair mais cedo. — me apressei em completar, dando de ombros.

Gunhee sorriu um pouquinho.

— Esperto.

Só aí percebi que estamos na cantina barra lanchonete. Na minha cabeça estávamos indo para fila. Eu sou muito distraído, puta merda.

Há umas dez pessoas comendo em umas mesinhas que tinham por lá. Gunhee pediu um hambúrguer de ramyeon e uma soda limonada. Eu não sabia que ele é rico. Não tem cara de ser.

A atendente olhou pra mim quando terminou de anotar o pedido dele.

Ela ficou me encarando atentamente com a caderneta. Eu fiquei com cara de tacho.

— Changkyun, você não vai pedir? — Gunhee me perguntou.

Peguei ele pelo braço nos afastando um pouco dali e abaixei.

— É que... Tipo, eu não tenho, sabe... As coisas daqui são muito caras... Tipo, o dinheiro, assim, é que...

Gunhee rolou os olhos e bufou ironicamente. Me deixou lá, e foi para atendente de novo.

— Adicione mais um hambúrguer ao meu pedido. E... Changkyun?

— S-sim? — O olhei.

— Gosta de soda limonada?

Gunhee iria pagar para mim? Espera. Minha mente ainda não está processando. Mas, o que diabos. Será que eu dormi na aula e agora to sonhando? De qualquer forma devo responder rapidamente antes que ele desista. Não é todo dia que eu ganho comida de graça. Também não é todo dia que alguém paga alguma coisa pra mim. Na verdade, nunca teve esses dias.

— Sim. — respondo.

— Então me dê mais uma. — ele sorriu pra ela e foi sentar em uma mesinha com duas cadeiras.

Permaneci em pé. Tentando descobrir a capacidade do meu cérebro de desvendar se aquilo era um sonho ou não.

— Changkyun! — Gunhee me chamou. Ele parece impaciente. — Você vai ficar aguardando em pé?

— Oi, desculpe. — sento na cadeira em frente a ele.

— Eu não sabia que você era tão lerdo.

Eu não sou lerdo. É que nunca alguém pagou um lanche, ainda mais caro pra mim, tá legal? Eu não posso nem curtir o momento em paz.

— Desculpe. — disse eu.

Gunhee riu. Os olhos deles se enrugaram do lado e seus dentes apareceram um pouco.

— Mas de certa forma é fofo.

Ok. Eu tenho a certeza que estou mais vermelho que a maçã da branca de neve.

O barulho do sino de mesa tocou. Olho pro balcão, e o pedido já está lá. Mas espera? O quão rápido foi isso? Não deu tempo nem de sentar direito.

Gunhee levantou-se e foi pegar. Só vi ele dar um monte de notas pra ela e retornar a sentar.

— Então, — disse ele quando eu me preparava para dar uma mordida no sanduíche, — Por que você discutiu com Kihyun?

Discutir? De onde ele tinha tirado isso? Nós claramente trocamos duas ou três palavras, e só. O Hoseok quem “discutiu” com ele. 

— Não discutimos. — admiti.

— Não? — Gunhee pareceu cabisbaixo por uma fração de segundo. — Então por que elevou a voz com ele? O que ele te fez?

Mas o quê que ele quer?

— Eu elevei a voz? Não me lembro disso.

— Vamos lá Changkyun, todo mundo que estava ali por perto ouviu você praticamente gritar com ele.

Minha mente me levou a aquela cena. Não tinha percebido que havia tanta gente ao redor. Meu Deus, essa escola só tem fuxiqueiros. Foi aí que me veio á memória. Gunhee não é apenas o secretário do representante, ele também é o dono do clube de jornalismo da escola. Como eu pude ser tão imbecil? Eu mesmo, pensando que ele estava sendo simpático comigo porque de repente, não sei, ele tenha visto algo de especial em mim, mas não, ele só quer furos para uma reportagem. Pagando lanche pra mim para me comprar. Aaaish como eu sou idiota. Changkyun, você é um imbediota.

— Olha, obrigado pelo lanche, mas eu tenho que voltar. — Levanto-me.

Eu nem ao menos mordi o sanduíche. Olho pra ele, intacto, pronto para ser devorado. Uma lágrima quase caiu, mas consegui mantê-la no lugar.

— Hey hey, voltar? Voltar pra onde? — sua mão me impede, e com o impulso, volto a sentar na cadeira.

— Ora pra onde, pra sala ué.

— Eu te tirei de lá e você quer voltar? Eu te comprei um lanche, caro aliás, e você quer voltar? Changkyun, você deve ter algum problema de mentalidade.

Ótimo, jogando que comprou um lanche caro na minha cara. Como se eu tivesse pedido em algum momento.

Me desfiz de sua mão, levantei, e o encarei.

Uau, mas eu to adorando esse meu lado valente. Changkyun, quem é você? Não sei, só continue assim.

— Desculpa, mas eu não sou dessas pessoas que são compradas por comida.

Na verdade, eu sou sim, mas nesse momento meu orgulho falou mais alto.

— O quê? — Gunhee me olha com um semblante totalmente interrogativo. — Está insinuando que estou te comprando? — ele se levanta pondo-se a minha frente.

Eu não ia perder minha pose. Não agora. Mesmo minhas pernas estando um pouco bambas.

— Sim, estou. Eu sei que você é dono do clube de jornalismo. Eu só vou ser parte de mais uma “notícia” sua. — fiz aspas com a mão.

Gunhee fechou os olhos e inspirou fundo. Quase vi seus dentes rangerem. Me olhou e balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Você está errado, eu-

— Vai me dizer que você não é dono do clube de jornalismo? — cruzo os braços.

— Não, quer dizer, sim, mas esse não é motivo na qual quero falar contigo.

— Não? Qual é então?

Gunhee dedilha os cabelos. Morde o lábio, e este parecia passar toda a sua raiva naquele gesto.

— Olha, senta aí.

Permaneço em pé de braços cruzados.

— Senta logo nessa cadeira! — ele grita, e quando percebo, já estou sentando.

— Chegue mais perto. — disse ele.

Não me mexi.

— Ah Changkyun. — Gunhee revira os olhos e arrasta minha cadeira com uma mão, e num piscar de olhos eu estou a centímetros dele.

Olha para os lados. Parece estar se certificando se alguém está ouvindo. Então se curva. Me curvo também, quando ele impulsiona minha cabeça pra baixo me obrigando.

— Eu preciso da sua ajuda. — sussurrou ele.

— Que tipo de ajuda?

— Quero que me ajude em uma vingança.

Ih, eu não estou gostando disso. Já basta as tomadas no cu que eu já levei.

— Vingança?

— Você... Não gosta do Kihyun não é?

Comecei a rir. Entretanto ele permaneceu sério. Parei de rir.

— Eu odeio ele. — disse verdadeiramente.

— Ótimo, fiz aquelas perguntas para me certificar se vocês estavam discutindo ou se estava rolando outro tipo de coisa.

O encarei confuso.

— Outro tipo de coisa? Que outro tipo de coisa?

— Não importa mais, você disse que o odeia não é?

— Sim. Para mim, o sobrenome dele é insuportável.

— Pois bem, eu tenho um plano. E quero que participe dele, é crucial.

Não entendi o crucial. Também não entendi o porquê de ser eu.

— Eu... Eu não sei disso aí não ó-

— Chang, escuta. Você odeia ele, eu odeio ele. Temos isso em comum. Você me ajuda nisso, e aí ele para de te encher, e eu tenho a minha vingança. Nós dois vamos sair ganhando.

— Gunhee, eu acho melhor...

— Te faço ser popular.

O olhei no mesmo instante.

— Huh?

— É isso que você quer não é? Ser convidado para as festas, ser notado, ter mais amigos, pegar quem você quiser. É o que todo mundo quer. Eu posso te conseguir isso.

Bem, é uma boa proposta. Mas por que parece que eu estou fazendo um pacto com o diabo?

— Bom... É... Tudo bem. Estou dentro.

Um momento. Eu concordei? Espera. Changkyun, o que te aconteceu? Mas o que eu fiz? Isso tá a me cheirando a caganeira. Das brabas. Daquelas que é tão aguado que nem tem mais os caroçinhos.

— Boa! — Ele sorriu imensamente. Bateu palmas e deu socos no ar. Parece uma criança. Quando me dei conta, já estava rindo dele. — Obrigado.

Ele me abraçou. Me apertou tão forte que eu quase não consegui respirar. De onde ele tirou essa intimidade?

— Certo, certo. — disse eu, o afastando de mim. — Mas por que eu?

— Olá.

Eu e Gunhee olhamos em uníssono. Hoseok está posto em nossa frente, esbanjando um sorriso simpático.

— Ah, Hoseok! — levantei-me e o abracei. — E aí?

— Não sabia que comia na cantina. — disse ele.

— Nem eu. — respondi rindo.

Sua vista se redirecionou a Gunhee. Hoseok o cumprimentou curvando-se, e ele fez o mesmo.

— Novato?

— Sim.

— Rosto novo, percebi. — Gunhee sorriu e então se virou a mim. — Então, é, Changkyun, te vejo na sala de aula.

Gunhee se despediu e saiu. Antes que eu pudesse falar com Hoseok, ele voltou novamente e pegou o hambúrguer e a soda pedindo desculpa, depois saiu de novo. Como ele podia ser tão assustador e adorável ao mesmo tempo?

— Seu amigo? — Hoseok perguntou.

— Não sei, acho que sim?

— Você acha? — ele riu, depois foi no balcão.

Me sento na mesa. Ignorando o fato de que eu devo ter batido a minha cabeça em algum lugar por ter concordado em participar de uma vingança de uma pessoa que eu nunca tinha falado na minha vida, e que ainda é o dono do clube de jornalismo, eu, estou, extremamente, curioso, com esse tal plano. Mas que isso, o que Kihyun fez ao Gunhee para ele querer tramar uma vingança pra ele? Não que eu estivesse duvidando. Kihyun é um satanás por dentro daquela camada de Barbie dele. Mas será que fora tão grave? E eu? Por que eu mesmo? Apenas por ter “enfrentado” Kihyun daquela maneira? E outra, como ele me faria popular? Eu, com essa cara de bosta, esse corpo de merda, e essa personalidade de loser? Ih, entrei em furada. Absoluta certeza.

— Nunca provei hambúrguer de ramyeon, acredita? — Hoseok disse, todo animado.

Arrasta a cadeira para o meio da mesa, á minha frente.

— Nem eu. Na verdade, essa é a primeira vez que vou comer um. — olho para o prato e vejo a belezinha que tanto me espera. — Com sua licença. — mordi numa vontade tão grande que pude jurar que ouvi minha barriga dizendo: “valeu aí cara, eu já ia te fazer vergonha com uns barulhos.”

— Cuidado para não se engasgar! — Hoseok avisou.

 

Ficamos conversando por ali mesmo. A conversa estava tão boa. Aquele local estava tão legal. Eu me sentia em uma vibe tão cool. Aqui estava tão bom que eu esqueci completamente que existe um refeitório ali no meio. É como se eu tivesse evoluído de refeitório para cantina. Mesmo que só hoje, eu estava me sentindo o fodão. O devorador de cocotinhas. O rico. Acompanhando do meu outro amigo rico e bonito. Falando de coisas que gostamos. Tudo estava umas mil maravilhas. Isso até Hoseok dizer que achou Hyungwon um cara muito legal.

E não foi “um cara legal”, foi “um cara MUITO legal”. Os dois tinham feito um trabalho em dupla.

Quase cuspi minha soda nele.

— O quê?!

— Achei ele meio mesquinho de primeira, mas ele me ajudou em tudo. Teve paciência pra ensinar os nomes dos pintores e suas obras. Eu também achei ele... Muito amável. — do nada ele começou a rir sozinho olhando as mãos, e os dedos sendo contorcidos, todo tímido.

QUE PORRA É ESSA.

NÃO PODE SER.

— Hoseok! Não caia nessa! — fiz questão de sentar ao lado dele. — Ele é do mal. É uma cobra, cascavel! Não seja mais um infectado dele!

— Mas-

— Mas nada! Não fale com ele, não chegue perto dele, nem ouse pensar nele!

— O que você tem contra ele?

— Chae Hyungwon é amigo de Kihyun e Minhyuk.

— E daí?

— Hm? E daí? Isso já é mais que um motivo!

Hoseok balança a cabeça em desaprovação.

— Então você não o conhece direito. Sua personalidade é muito adorável. Ele também é muito charmoso. Tem uma boa articulação das palavras. É bastante inteligente...

Meu Deus do céu. NÃO É POSSÍVEL.

Agarrei seus ombros.

— Sai desse corpo! Senhor me ajuda a salvar essa alma!

— Aish Changkyun. — ele desvencilhou-se das minhas cravadas em seus ombros — Pare com isso, está todo mundo olhando para nós.

— Que se foda! — agarro suas mãos. — Seok, eu não posso te perder pra ele. Isso é inaceitável. Não fique perto dele certo?

Hoseok me encarou de olhos esbugalhados, estático.

Começo a ficar desesperado. Deus, o quê que eu fiz desta vez?

— Que foi? Algum problema? — perguntei mais frenético que o normal.

— Não, nada. Nada mesmo. — começou a sorrir.

Eu hein.

— Então, me promete que vai ficar longe dele?

— E se ficarmos de dupla novamente?

— Então você fique no seu lugar e ele que fique no dele. Faça o seu trabalho. Evite trocar o máximo de palavras possíveis. Fale apenas sobre a atividade. Se ele perguntar algo sobre você, corte ele com alguma pergunta sobre o trabalho.

— Eu não seria muito grosso com ele?

— Sim, exatamente. Essa é a ideia.

— Mas ele vai ficar triste comigo. Não quero vê-lo triste.

— Mas eu quero. — quase dei uma risada maléfica.

Ver Hyungwon, Kihyun ou Minhyuk triste seria uma das melhores coisas que eu veria nessa escola.

— Não sei. Ele me encantou. Acho que não teria coragem de feri-lo.

Encantou???

SÓ PODE SER BRINCADEIRA

Segurei seu rosto com as duas mãos.

— Hoseok, olhe para mim e repita: não deixais cair em tentação, nos livrais do mal, amém. Vamos, tem que repetir, não deixais cair em tentação, nos livrais-

— Você é fofo Changkyun. — diz ele após de rir.

Meu coração deu um pulo. Percebi minhas bochechas arderem.

— Y-yah! Cale a boca. Não se diz essas coisas assim do nada.

— Mas você é fofo. Estou falando a verdade.

— Cala a boca. Tá me deixando constrangido.

— Você também é fofo constrangido.

Shin Hoseok quer apanhar.

— Aah, eu vou tacar essa bandeja na sua cabeça!

O sino tocou, alegando que teríamos que voltar.

Eu estava pronto para fazer um galo naquele cabelo de escovão azul, mas comecei a choramingar até o barulho cessar.

— Poxa, que pena. Foi tão rápido, passou voando.

— Eu não quero voltar pra sala de aula. — digo tristonho.

— Ah não fique assim. Daqui a três horas vamos ter o intervalo do almoço. — ele riu.

Fiz uma careta pra ele.

— Mas você não parece triste de voltar. — falei.

— Bom, talvez eu queira falar mais com Hyungwon...

Peguei uma bandeja pra tacar nele. O mesmo saiu correndo antes que o acertasse. Muito ágil pro meu gosto.

— Fique longe dele! — adverti.

Hoseok já se perdia na multidão.

 

09:59am

Eu estou praticamente me arrastando pelos corredores, tentando resgatar a coragem de voltar pra sala de aula.

Arghhh... Que raiva.

Eu bem que daria meia volta e sairia daqui, mas o guarda iria me barrar. Por que senhor? Por que a vida é tão difícil? Por que existe escola? Por que existe matemática? Física? Química? Por que existe estudar? Por que sou tão dramático?

Chego á sala me escorando pelas paredes pra não cair de desgosto. Gunhee não está na sua cadeira. Dou uma analisada na sala, e ele está do outro lado conversando com um grupo de pessoas. Kihyun está brincando de jogar umas balas pra cima e pegar com a boca, enquanto umas pessoas ao seu redor aplaudem como se fosse um show impressionante. Minhyuk se encontra bem ao lado do Jooheon.  A cadeira dos dois está praticamente colada. E o Jack Frost ainda está com a cabeça encostada no ombro dele. Abusado.

As menininhas estão dando gritinhos apontando para os dois, tirando fotos e enlouquecendo. Shippers malucas.

Reviro os olhos e cravo o chão até a minha cadeira. Arrasto ela silenciosamente mais pra frente garantindo um maior espaçamento entre mim e o diabo de cabelo rosa de trás. Eu não estou com meus nervos na paz. Arrisco e olho de soslaio pra cadeira do Minhyuk, e me arrependo na mesma hora. Jooheon está fazendo carinho no cabelo dele. Ah que inferno. Quero furar meus olhos. Pra que eu fui olhar?

 

11:20am

Ok, se eu disser que Kihyun puxou minha cadeira para trás só pra encher meu saco de novo, vocês iriam acreditar?

Ele ria de mim porque eu dei um grito de dor quando ele puxou meu cabelo.

Ah, quer saber? Que se vá para a puta que te pariu. Eu já to por aqui, POR AQUI!

— QUAL QUE É O SEU PROBLEMA CARA?! — pergunto quando me viro pra ele com a cara mais demoníaca que consegui fazer.

Kihyun arregala os olhos. O Queixo cai.

Bang!

Agora eu consegui assustá-lo. Sua expressão continua perplexa. Mas aí ela passou a ser fuziladora, e meu cu passou a trincar. Depois ele olhou ao redor percebendo os fofoqueiros alerta em nós, os olhos nem piscavam, e então sua face se suavizou. Começou a rir, debochando de mim. E os Maria vai com as outras também.

— O mudo fala. — diz ele.

— Não, o mudo não fala. Mas eu não sou mudo, então.

E aqui estou eu. Em uma guerra de palavras e frases contra a língua mais venenosa e amedrontadora que existe nessa escola. Mas eu não iria recuar. Percebi que não tenho tanta paciência quanto penso. Ele esgotou toda ela.

Kihyun fez o tipo debochar sorrindo de lado.

— O nariz de tucano ficou irritadinho?

— Nariz de tucano sua mãe.

A sala fez tipo “WOOOOOOOOW”. Todo mundo nos olha, atentos. Esperando o circo pegar fogo. O pessoal só quer saber de treta. E uma pessoa respondendo Kihyun? Uma treta das boas. Eu não estou fazendo isso porque quero ser comentado por aí, mas porque já deu. JÁ DEU!

Tá uma tensão grande entre nós dois, mas eu ia continuar na minha. Não é agora eu que vou baixar minha bola pra ele. Só que aí o Jooheon se levanta e fala alguma coisa, porém, não consigo interpretar, pois Kihyun me levanta da cadeira pela gola.

— Repita, o que você disse.

Pois é, amiguinhos.

LAS-COU

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


E, fodeu


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