Eu andava de um lado para o outro bagunçando meus cabelos como um louco, minha irmã estava sentada em uma das cadeiras da recepção cansada de tentar me acalmar. Como eu poderia me acalmar se a minha mulher está em uma sala de cirurgia a quase sete horas?
A Alícia sentiu dores hoje pela madrugada, eu a percebi inquieta se revirando na cama e perguntei o que era, a inicio ela me falou que não era nada demais, mas depois ela soltou um grito alto e me olhou assutada, ela direcionou seu olhar para sua grande barriga e eu percebi que algo estava errado. Vi uma mancha no lençol e identifiquei como sendo sangue. Ela estava perdendo os bebês!
Pulei da cama rapidamente e coloquei uma calça, sua feição de dor me deixava completamente aflito e eu não sabia o que fazer. Corri com ela pro carro e liguei para a clínica da Maria Joaquina, que era onde estavamos fazendo o acompanhamento da gravidez, e disse o que estava acontecendo. Acho que ultrapassei uns três sinais vermelhos, mas não dei a minima. Quando cheguei na Clínica eles levaram-na para a sala de parto e eu não pude entrar junto, sem saber o que fazer liguei para a Marcelina que veio correndo ficar comigo, ela fez a ficha da Lilica que eu não tinha conseguido fazer e tentou me acalmar, o que foi impossivel. O Mário ligou quando era umas seis e meia e falou que mais tarde passava aqui, ele tinha que trabalhar. Também avisei meus pais e nossos amigos, deixei a parte de falar com os pais da Alícia com a minha irmã, mesmo depois de tanto tempo ainda não nos davamos muito bem.
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Ja era quase onze horas quando o médico da Alícia apareceu, estava quase todo mundo que a gente conhecia aqui, alguns vinheram e voltaram pro trabalho, ele veio na nossa direção com uma feição cansada e eu procurava indicios de qualquer novidade no seu rosto. Ele parou na nossa frente e sorriu o que nos fez soltar um suspiro de alivio.
-Como elas estão, doutor? - perguntou minha mãe apertando minha mão.
-Elas passam bem, essas meninas deram um belo trabalho mas ja passam bem. A senhorita Guerra ja foi transferida para um quarto e está sedada pela cirurgia.
-E as meninas? - perguntei
-Foram levadas para fazer alguns exames e já estarão no berçário.
-Tem algo errado com elas, doutor Vincent? - minha irmã perguntou
-Não, são só exames de rotina mesmo.
Suspirei aliviado e perguntei se poderia ver minha esposa, ele assentiu e me levou ao quarto dela. Ela estava bastante pálida e de acordo com ele foi porque ela perdeu muito sangue e logo recuperaria a cor. A Marce entrou logo depois e disse que os pais da Lilica tinhan chegado, eles haviam se mudado para o Rio a dois anos, e que logo entrariam para vê-la.
Ficamos ali uns minutos apenas observando ela quando uma enfermeira entrou com minha duas estrelinhas, elas eram tão pequenas. Anna e Ariel Gusman Guerra. A enfermeira perguntou se eu queria segura-las e eu assenti. Ela me entregou uma e deu a outra para a Marce segurar. Ela era tão linda, tão pequeninha e frágil que eu tinha medo de quebra-la com meio jeito rude. Ariel tinha poucos cabelos castanhos e lisinhos diferente da Anna que tinha os cabelos escuros, mas também lisos, o nariz das duas era exatamente iguais os da mãe.
-Elas tem a sua boca. - a Marce comentou
-É, mas o resto é todo da Lilica.
-Ainda bem né. - ela me zoou e eu dei lingua.
-Vocês não crescem nunca. - ouvi uma voz fraca e olhei para a cama vendo a mulher da minha vida sentada sorrindo para nós.
-Faz tempo que acordou?
-Não muito.
-Como você está? - Perguntei me aproximando dela que logo esticou o braço para pegar a Ariel. - Fiquei tão preocupado.
-Eu estou bem, estava ansiosa para pegar essas gotosuras no colo. Você deu trabalho meu amor. - ela falou encarando nossa filha.
A Marce me passou a Anna e deu um beijo na testa da Alicia, saindo em seguida com a inteção de avisar ao pessoal que a Ally acordou.
-Olá, mamãe. - Falei levando a Anna para mais perto dela. Ela deu um beijo na cabeça das bebês e depois me beijou calmamente. Um beijo cheio de amor e felicidade, quando nos separamos ela tinha lágrimas nos olhos.
-Eu achei que ia te perder. - falei encostando minha testa na dela e fechando os olhos.
-Você nunca vai me perder. - ela me deu outro beijo que logo foi interrompido pela porta se abrindo e aquela cambada entrando. A Val logo correu para conhecer a afilhada, ja to até vendo ela e a minha irmã transformando as meninas em bonequinhas.
-Cuidado pra não assustar elas com a sua cara feia, Valerinha.
-Estou muito feliz pra te responder hoje, Paulo. - ela falou me dando lingua equanto o pessoal só ria.
E foi assim o resto da tarde até a enfermeira aparecer dizendo que o horário de visitas acabou e que as nenéns precisavam mamar, só alegria.
Observei a minha morena dar de mamar as nossas filhas com um enorme sorriso, eu me sentia um homem realizado.
-O que foi? To tão feia assim? - perguntou sorrindo
-Você está linda, estou apenas admirando as minhas mulheres.
-Eu amo você.
-E eu amo vocês. Nunca pensei que estaria aqui hoje, com você e duas filhas lindas.
-Sei que fomos muito complicados e irresponsáveis antes, mas você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
-Você é a minha lua, meu farol. Sem você eu me sinto completamente perdido.
Nós sorrimos um pro outro e olhamos para nossas meninas, agora nossas vidas estavam completas e eu agradecia o momento que eu criei coragem e procurei ela naquela boate.
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