História Poison Ivy - Um

Minha mãe sempre me disse que eu eu deveria correr atrás dos meus sonhos. Sempre me incentivou a correr atrás do que eu queria,tipo ir atrás do ônibus quando ele já tá saindo? Então. Uma comparação meio estranha,eu sei,mas minha mãe nunca foi de seguir métodos muito convencionais na vida.

E eu acho que puxei isso dela.

O problema é que,antes de ela me deixar – que o cara lá de cima a tenha -,ninguém havia contado a ela que tempos difíceis merecem medidas drásticas. É,meu amigo,a vida não é bolinho,não.

Prova disso sou eu,as 11 horas da manhã de uma sexta feira,limpando o balcão do ‘’Me Chama Que Eu Vou’’,lanchonete que trabalho das oito da manhã as oito da noite. Claro que não era isso que eu queria pra minha vida,no auge dos meus 20 anos,mas a vida escolheu por mim. Fiz cinco períodos fa faculdade de jornalismo,mas o dinheiro que saía começou a ficar maior do que a quantidade que entrava e eu tive que trancar. Desde então,trabalho e junto dinheiro para retomar os estudos.

Meu pai não gostava de me ver ali,de jeito nenhum,mas o dinheiro que ele ganhava como professor mal dava pra cobrir as contas no fim do mês. E minha irmã Camila,quatro anos mais velha que eu,fazia estágio de Moda numa agência de modelos,e quando dava,fazia uns bicos caso alguma modelete metida a besta faltasse no dia da sessão de fotos.

Resumindo a ópera desafina que é minha vida: somos uma família feliz. Mas eu não iria me importar nem um pouco de estar em sala de aula ao invés de limpando mesas e servindo clientes mal educad....

- Letícia? – Ouvi a voz de Cadu me chamar. – Letícia!

- Ahn?

- O pedido da mesa sete,não tá ouvindo? – Bufei

- Tô indo

- Vai logo antes que o Lincoln resolva fazer sanduíche com seu fígado – Ele disse,zombeteiro

Eu revirei os olhos e segui com o pedido até a mesa direcionada.

- xXx –

- Leonardo? – O garoto ouviu sua voz ser chamada ao longe,acompanhado de passos subindo as escadas e vindo até seu quarto.

Não pode evitar proferir um palavrão de seus lábios,logo de manhã. Não importava que horas eram,ninguém acordava Léo Regis Mello antes do meio dia.

- Não me diz que esse irresponsável ainda não tá de pé? – Os oitavos da voz de seu pai e empresário chegaram estridentes e atravessaram a barreira que o impedia de começar o seu dia com o pé esquerdo. – Acorda pra cuspir,Léo.

- Que é,porra? – Abafou os sons do quarto apoiando o travesseiro nos ouvidos. – Não posso nem dormir mais nessa casa?

- Não quando você tem uma tarde de autógrafos do seu novo cd. Sabe que horas são?! – O garoto revirou os olhos para a pergunta. Ele tava pouco se fodendo praquilo tudo,sabia que mesmo que o atraso fosse grande,suas Regetes continuariam ali a esperar por ele.

- Dá pra parar com o chilique? Pô,eu fui dormir mó tardão ontem. – Se levantou se dirigindo ao banheiro para tomar uma ducha rápida.

- Não me interessa,Leonardo. Você entrou nessa sabendo das consequências,agora tenha responsabilidade. – Marcelo afirmou,autoritário do jeito que Léo conhecia bem. – Não demore a descer. – E se retirou do cômodo.

Já vestido e devidamente acordado – o segundo,contra sua vontade -,desceu as escadas,encontrando um pai impaciente e sua mãe,Delma,a sua espera.

- Apareceu a margarida! – Disse Nanda,sua irmã,que também iria ao evento. As fãs do irmão a adoravam,e ela fazia questão de retribuir o carinho.

- Bom dia,pirralha. – Beijou a testa da irmã que estava sentada no sofá da sala.

- Pelo amor de Deus,Léo. Nós somos só temos dois anos de diferença,pirralha é a....

- Fernanda! – A mãe a repreendeu veemente. – Isso são modos logo de manhã?

- Ihh,qual foi? O Léo tem a boca mais suja que a minha e a senhora não fala nada. – A morena protestou.

- Eu não tenho culpa se sou o preferido nessa casa,maninha. – Léo sorriu torto,beijando a bochecha da mãe.

- Pelo menos não fui eu que fui achada no lixo,mané. – Nanda riu,se levantando e ajeitando a roupa. Usava um vestido da rede de lojas Maracujá,sua preferida,a qual era garota propaganda.

- Chega de briga vocês dois! Vamos logo,estamos atrasados. – Marcelo tratou de apressar a família,colocando todos a caminho do carro. Os seguranças vieram logo atrás.

- xXx-

- Último cd autografado! – Léo disse,após a última fã ir embora.

- Nanda,você é um amor! – Disse a menina,antes de sair de lá. – Me dá um abraço?

- Claro,linda! – Ela assim o fez,e tirou algumas fotos com a menina em seguida. – Mais um sucesso! Me diz,qual seu segredo pra essas meninas ficarem tão apaixonadas por você?

- É óbvio Nanda,não tá vendo? – Fez pose ao apontar para o corpo definido.

- Palhaço! – Ela deu um tapa de leve em seu ombro e seguiram para o palco,onde Léo faria um pocket show para suas fãs.

Nanda,Marcelo e Delma ficaram a direita do palco,enquanto Léo colocava o microfone,acessorado pela sua equipe no backstage.

- Gente,o Léo tá chegando! – Nanda animou as fãs do irmão,que começaram a gritar.

Léo pisou no palco com um sorriso no rosto,ao vê-las ali por ele.

- Boa tarde,minhas lindas! Vamos sonhar hoje? – Disse,se ajeitando no banco e pegando o violão. Os acordes de Sonha Comigo começaram a ser dedilhados,uma versão diferente e acapella da primeira feita com a guitarra.

- Era tudo tão bonito,mas eu fiz isso se quebrar....

- Nos seus olhos o infinito,não consigo acreditaaar – As fãs continuavam

A música seguiu com muitos aplausos e gritos das Regetes. Ele agradeceu e se retirou do palco,com o sentimento de dever cumprido.

- Caralho,que plateia! – Léo gritou ao entrar no camarim e pegar uma garrafa d´água.

- Você é bem querido por elas. – Uma das assistentes se pronunciou,enquanto ele tirava os equipamentos acoplados ao seu corpo.

- Eu não sou querido,Luísa. Eu sou amado por elas,como nenhum outro, Ou você tá vendo outro no topo das rádios? – Ele sorriu sacana e pegou os óculos Ray ban em cima da mesa,se retirando.

Leonardo se reuniu com a família e saiu pelos fundos do lugar,que já estava cheio de fãs. Com os seguranças em volta,começou uma caminhada difícil até o carro.

- Léo,aqui! Léo! – Uma fã tentava ser notada por ele. Ele se virou pra ela,que sorriu.

O garoto pegou o celular e abriu no aplicativo snapchat,gravando um vídeo com as fãs.

- Obrigada pela presença,Regetes! Vocês são demais! – Ele sorria e as meninas gritavam ao fundo do vídeo.

- Bora,Léo! – O pai gritava,só faltava ele para entrar no carro. Ele assim o fez.

- xXx –

Letícia obervava atenta aos ponteiros do relógio da lanchonete. O estabelecimento estava vazio,porém o chefe se recusava a liberar ela e Cadu mais cedo.

- Cara mais mesquinho! Poxa,quê que custa? Falta quinze minutos pra fechar,não vai chegar ninguém a essa hora...

- Ahn,Leti...

- Que foi?

- Nunca diga nunca. – As palavras de Cadu foram o que bastou para que Letícia reparasse em quem entrava pela porta da lanchonete.

E ter uma bela surpresa.