Visto de longe, a casa dos Potter não parecia uma casa bruxa, uma casa normal distante da cidade, mas Ainda assim comum. A medida que o carro ia se aproximando da casa, ela ia tomando formatos diferentes e mais coisas iam aparecendo, como o mini campo de quadribol na lateral direita da casa e um andar a mais. O carro foi estacionado na garagem que era ligada a casa, até ali havia um caminho que era ladeado pelos canteiros que se entendiam num jardim muito bem planejado. Scorpius não conseguia ver aquela como a casa de Albus, pois sempre o imaginara numa casa escura, não como aquela que exalava felicidade. Sempre soube que Albus não era lá a pessoa mais feliz do mundo em relação a sua família, mas estava começando a acreditar no que o namorado havia dito no trem, se a sua cabine não fosse a única vazia, eles nunca teriam se conhecido e talvez Albus não fosse a mesma pessoa que era hoje.
Por baixo da gaiola que levava nas pernas, ele procurou a mão dele e entrelaçou seus dedos rapidamente antes de saírem do carro. Lá fora o clima estava frio e um pouco de neve cobria o jardim como uma fina camada, Scorpius quase escorregou ao sair da garagem, mas Clary o ajudou a não derrubar a gaiola.
-Eu levo eles. -Albus disse tentando tirar a gaiola da mão de Scorpius, que não os soltou. -O que?
-Não vai ameaçar eles, viu? -reclamou deixando a gaiola em suas mãos e indo pegar a mala com James e Lily.
Naquele caminho, Scorpius notou que Lorcan e Lysander não estavam se falando, e na hora de saírem dali quase os viu brigar por terem trocado as malas sem querer. Com cuidado para não cair, ele saiu da garagem com o grupo, carregando sua mala e insistindo a Albus que devia ajudar a levar a gaiola. Lily ia os guiando a frente, pois seus pais traziam suas malas, que haviam sido demais para apenas uma semana, ela contornou a garagem e os fez cortar caminho por entre os canteiros onde o gelo não estava tão escorregadio. Scorpius Ainda estava tenso, pois finalmente estava ali, com todos os Potter e futuramente quase todos os Weasley.
Eles subiram as escadas e entraram no hall, que também não era nada escuro ou triste como Scorpius pensava, havia um quadro na parede que retratava toda a família, que ele não pôde evitar em rir ao ver o Albus pequeno irritadinho sem querer abraçar James para tirar a foto.
-Não ria. -reclamou Albus ao seu lado o observando assistir a briga insistente da pintura.
-Foi o maior problema do mundo para tirar essa foto. -comentou Harry Potter ao fechar a porta com a mala de Lily. -Acho que foi nesse dia que James decidiu fazer churrasco de cortina.
-Ele estava tentando colocar uma lagarta nas minhas costas. -Albus resmungou voltando a pegar a mala que havia deixado no chão e seguindo pelo corredor com os outros atrás dele.
Dali saíram numa sala, espaçosa e ornamentada com enfeites de natal, a árvore - perto a lareira grande o suficiente para uma viajem - estava enfeitada com as cores das casas de Hogwarts, Scorpius suspeitou que o verde não costumava estar ali, mas talvez saber que ele iria houvesse influenciado a acrescentarem. O grupo estava em frente a escada conversando sonoramente, e Gina estava entre eles dando sua opinião em oque quer que eles dissessem. Scorpius parou perto da escada e apoiou a mala num degrau, quando todos se calaram com uma ordem de Gina, S2 soltou um grito que os fez rir, mais animado que aquele animalzinho não existia.
-Okay, os quartos vão ser como sempre, gente, mais um não muda nada. -exclamou Gina acenando para que subissem. -Vamos, vamos.
Eles começaram a subir, mas Scorpius percebeu que Albus não os acompanhava, olhando para trás já no último degrau, viu o namorado fazendo sinal que estava tudo bem e Malfoy entendeu o recado, eles iam conversar agora.
-X-
Albus deixou a gaiola com os mini-pufes com Clary antes que subissem, para ficar a sós com o pai na sala, seu coração estava tão acelerado que ele sentia a pulsação nos ouvidos e se preocupava se isso poderia o fazer ter um ataque antes mesmo de pronunciar qualquer coisa. Ele viu o pai tirar o casaco que usava e o colocar num gancho perto da lareira, sua mãe não estava ali para apoia-lo, e ele podia muito bem fingir que tinha que amarrar o sapato e fugir, mas não faria isso. Seria seu maior ato de coragem, sua mente insistia para que subisse a escada, mas forçou seu corpo a ir até o sofá e se sentar chamando a atenção de Harry.
-Tudo bem? -perguntou seu pai após o ver quieto no sofá, com os cotovelos sobre os joelhos e olhando o carpete concentradamente. Suas mãos juntas tentavam o dar apoio, mas mesmo assim elas suavam de nervoso. -Albus?
-Eh... eu q-queria falar com o senhor. -disse quase engasgando, seu coração estava tão acelerado que ele se sentia sufocado.
-Aconteceu alguma coisa? -Harry sentou-se numa cadeira grande e azul perto do sofá a direita da lareira. -Rose...
-Não, não tem nada a ver com Rose. -Albus se encostou no sofá, mas continuou a olhar o chão, não sabia se teria coragem de continuar se olhasse para o pai. Torcendo as mãos uma na outra, ele respirou fundo para continuar. Vamos lá, pensou. -Eh... Mamãe te falou alguma coisa?
Harry ponderou poucos segundos tentando lembrar algo que a esposa havia o dito.
-Não, nada.
-E-então -decidiu começar, colocou as mãos nos bolsos e voltou a respirar com calma. -Sabia que a Lily e o Lorcan estão namorando?
-Estão? -ele perguntou espantado. -Desde quando?
-Não sei, mas o ponto não é esse. -disse tentando se manter firme e não enrolar para a história de amor da irmã, tinha que contar a sua. -É que eu também estou e o James daqui a alguns dias vai se acertar com a Clary. -ele arriscou uma olhada de soslaio para Harry que tinha as sobrancelhas erguidas, talvez não esperasse a notícia do nada que todos os seus filhos namoravam. Sobre a lareira uma relógio passava os minutos com barulhinhos irritantes, que não ajudavam a Albus, muito menos as fadinhas se mexendo na árvore de Natal. -É que... eu não sei como vai reagir a isso, e espero que não seja... espero que não fique desapontado nem nada assim.
-Albus, eu vou perguntar de novo, está tudo bem? -Harry se inclinou, mas mesmo assim não conseguiu ver o rosto do filho, que tinha as orelhas vermelhas.
-Eu estou tentando dizer que -disse com inspiração que lhe possuiu por um momento, era agora ou nunca. -Eu estou namorando com o Scorpius. -a frase saiu completa para seu espanto, pensava que ia gaguejar ou engasgar durante. -É, é isso. -suspirou. -Estou namorando com ele.
Albus não havia arriscado olhar para o pai, temia que sua reação depois disso fosse a pior possível, o coração voltava a pulsar nos seus ouvidos e ele tentava aparentar estar calmo, mas como sempre seu nervosismo o entregava por gestos, como no momento, estralava todos os dedos mesmo que não houvesse nada para estralar.
-Desde quando? -perguntou Harry, sua voz estava distante. Albus o olhou e viu que haviam trocado de papel, Harry olhava para o chão e ele o encarava.
-Desde outubro, eu acho.
A sala ficou em silêncio, com um Harry pensativo e um Albus tão nervoso que cogitava a ideia de gritar que era brincadeira e sair correndo. Passaram-se alguns minutos, Albus já estava agarrado a uma almofada e brincava de fazer a cabeça de leão de ferro enfeitiçada que vivia sobre a lareira tentar imita-lo em trocar os olhos e estirar a língua de metal.
-Não estou desapontado. -disse Harry por fim quebrando seu silêncio, Albus saltou de susto ao ouvir a voz do pai e lembrou que ainda estava numa conversa séria. -Apenas estou surpreso, percebi que havia alguma coisa desde que saíram do trem.
-Então, tudo bem? -reunindo coragem ele olhou para o pai, que o encarava através dos óculos redondos, os olhos verdes tão parecidos com os seus realmente não refletiam desapontamento, ou nojo, ou qualquer coisa que o deixasse mal.
-Claro que eu terei que ter um tempo para me acostumar completamente, eu não esperava isso. -disse passando as mãos nos cabelos e sentando mais para a frente na cadeira. -Se você está feliz assim, tudo bem. Eu sempre agradeci por você ter um amigo de verdade, mesmo que fosse o filho de Malfoy, mas agora ele é seu... namorado?
-É. -respondeu Albus soprando um riso. -Ele continua sendo meu melhor amigo, apesar de tudo, o senhor não disse que foi assim com a tia Mione e o tio Rony?
-Bem, quase isso, eles demoraram muitos anos para admitir. Tem mais alguma coisa para me contar? Se tiver mais surpresa conte agora. -disse Harry com um quase sorriso, oque aliviou a pressão de Albus. -Como esse anel aí.
-Ah, não estamos noivos, caso esteja pensando isso. -Albus sentiu o sangue vir ao rosto e quis cortar o assunto por ali. -Acho que... agora que já conversamos, é melhor eu subir.
-É, -Albus se levantou e já se dirigia a escada quando parou com mais uma pergunta. -Sua mãe já sabe?
-Acho que todo mundo já sabe. -respondeu pegando sua mala novamente.
-Eu disse que você era corajoso, Albus. -disse Harry se levantando e indo em direção ao seu escritório. -Se não fosse, nem teria pedido para conversar.
-Obrigado por entender. -disse subindo os degraus devagar pelo peso da mala.
-Estou fazendo oque pais deviam fazer, não? Apoiar.
-X-
Scorpius esperava ansiosamente no quarto de Albus. Quando entrou ali, a primeira coisa que notou foi a cama de casal enorme na qual ele dormia sozinho antes, pedia que fosse sozinho. Perguntou-se se não era estranho dormir numa cama daquelas sem ninguém, uma cama de dossel com cortinas brancas e colcha verde tricotada com árvores de Natal, Scorpius logo achou a assinatura de quem havia feito, no canto havia um nome com letras grande e coloridas dizendo; Vovó. Ele passou longos minutos admirando o quarto do namorado, havia uma estante com livros que Scorpius suspeitava serem apenas de enfeite -Albus nunca leria tanto-, uma escrivaninha devidamente organizada com um porta retrato em cima, um guarda roupa de madeira escura e mais uma foto interessante no criado mudo.
Scorpius já estava deitado na cama e sem os sapatos quando a porta se abriu e Albus entrou com um sorriso enorme, recebendo o sinal que tudo que estava certo, ele sorriu e se levantou, Albus o abraçou e respirou fundo:
-Eu contei a ele e está tudo bem. -ele foi andando até poder empurrar Scorpius na cama. -Conseguimos, agora falta o seu pai.
-Vai dá certo. -disse Malfoy sentando-se e puxando Albus com ele para a cama. -Agora me responde uma coisa?
-Uhum. -Albus murmurou se sentando no colo dele. -O que foi?
-Já trouxe alguém aqui, antes de mim? -cerrou os olhos e esperou a resposta do outro.
-Não, eu só namorei com você. -disse se inclinando até tocar seus narizes. -Por que?
-Eu não perguntei quantos namorados, disse 'alguém'.
-Isso inclui minha família? -perguntou rindo do irritamento de Malfoy. -Certo, entendi, quer saber se eu já 'me peguei' com alguém aqui, não é isso?
-Sim. -Scorpius se sentou forçando Albus a sentar nas suas pernas. - E não minta para mim.
-Okay, talvez uma vezinha. -disse tentando esconder o rosto no ombro dele, mas Scorpius o estapeou. -Para!
-Quem? -perguntou repetidas vezes em cada tapa. -Fale!
-Pare de me bater e eu falo. -pediu segurando as mãos do namorado. -Certo? -Scorpius assentiu e ele o soltou. -Amy... aí! Não me bata. -ele estava querendo rir da reação dele, mas se segurou. -Não conto mais se você me bater.
-Okay. Quem é Amy? -perguntou cruzando os braços.
-Filha de um amigo do meu pai, ninguém importante. - tentou amenizar. -Não fique com raiva!
-Amy, Delfi... - contou com tapas no braço dele.
-Ah, pare, a única pessoa perfeita para mim é você.
Scorpius queria continuar o estapeando, mas de novo Albus estava sendo fofo demais para isso, então ele o beijou e o jogou de lado na cama.
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