História Pokémon - Emperador Version. - Wendy não sabe espionar, isso é um fato.

- Eu deveria ter pegado um tipo fogo... – Kaiser reclama, enquanto tenta acender uma fogueira improvisada, usando um isqueiro.  – Tipo grama me oferece o que?

- Treecko... – Enikis deu ombros: “Você que me escolheu. Eu não posso simplesmente cuspir fogo.”

- Sério. – Terminando de acender sua fogueira, o rapaz abre sua mochila e tira um lençol maior que seu corpo. – Os tipos fogo me dariam calor e ajudariam bastante para cozinhar, e os tipos aquáticos me dariam água e também ajudariam cozinhar... Você me dá o que? Fotossíntese?

- Treecko! – O pequeno verdinho se levanta e encara seu dono, serrando os dentes: “Ô CARAMBA! PARA DE ME OFEDENDER! NÃO TENHO CULPA DE SER O QUE SEU SOU!”

- O que foi? Quer cair na porrada? Eu estudei a linguagem dos pokémons enquanto morava em Kanto. Eu sei muito bem o que você está falando... – Um som misterioso soou por perto, vindo de trás do mini-acampamento feito ali, fato que fez com que Kaiser esquece-se de sua pequena discussão e se virasse rapidamente. – Enikis, use o Socar naquele arbusto.

Seu parceiro obedeceu a sua ordem de imediato, e em menos de três segundos, seu punho já estava quase penetrando a folhagem do alvo, porém um grito de terror veio do mesmo lugar, o que fez com que o treinador pedisse para seu Pokémon cancelar o ataque no mesmo instante.

- Tree... – Treecko se vê obrigado a atingir outro alvo, já que não seria capaz de simplesmente parar o ataque quando mais da metade do movimento já havia se passado, então seu punho atingiu o solo, coisa que o machucou um pouco: “Maldito! Isso dói!”.

- É, eu sei. Foi mal ai. – Kaiser anda em direção do arbusto, agachando-se para examinar melhor. – Saia daí agora.

Um pequeno garoto se jogou para fora do seu esconderijo. Sua expressão facial estava completamente assustada, e sobre suas calças, prefiro não comentar. Ruivo e de cabelo curto. Seus óculos estavam embasados por causa de sua respiração eufórica, e seu boné estava ao chão.

- P-por f-favor... N-Não me M-M-Machuque... – O ruivo implorou, com seu corpo tremendo a todo instante.

- Machucar? Eu não vou te machucar. Prefiro fazer outra coisa que começa com M... Mas o que era mesmo? – O rapaz coloca sua mão em seu queixo e olha para cima, enquanto bate seu pé no chão varias vezes. – AH! Verdade! Como eu sou burro. – Ele bate em sua cabeça e dá língua de maneira boba. – Eu prefiro te matar mesmo.

- Q-QUÊ?! NÃO! POR FAVOR! – O garotinho já estava chorando, pois pensava que realmente iria morrer, ainda mais quando percebeu que o homem a sua frente estava rindo.

- Caralh!@#... Eu não consigo acreditar que eu dou tanto medo assim... Deve ser a idade. –Kaiser terminar de recuperar seu fôlego e olha para o pequeno. – Eu estou brincando. Eu não vou te machucar e muito menos te matar. Agora levanta rala peito. Não estou com paciência para ficar recebendo pegadinhas de crianças... – O Jovem rapaz se vira e volta a andar em direção de seu mini-acampamento, contudo, algo se prendeu em uma de suas pernas, impedindo-o de andar.  – Quê?

- N-Não se vá... Eu não vim aqui fazer mal ao senhor... Eu vim aqui para... – Antes que terminasse sua fala, um soco direto em seu nariz foi desferido por Kaiser, que obrigou o garotinho largar sua perna.

- O pirralho, eu disse que, eu não te mataria, porém se você ficar de viadagem para meu lado, farei o favor de virar sua bunda ao avesso. – Enikis pula no ombro de seu mestre enquanto. – Entendeu?

Um pouco de sangue escorria pelo o nariz da criança, instintivamente ele colocou suas mãos sobre a parte atingida. Mesmo que aparentemente não fosse possível dialogar com o homem, o garoto não desistiu.

- Eu... Eu vim aqui falar obrigado... Você salvou minha vida a pouco tempo atrás...

- Ah não... Olha garoto, eu te salvei sim, por mais que isso não estivesse em meu cronograma. Mas eu não quero ouvir isso. Eu não e salvei porque quis. Apenas me pediram um favor e eu fiz, fim da historia.

- Mesmo assim... Quando você me salvou... Eu vi no senhor, uma força incrível que estava sendo emanada em todo seu corpo, e seus olhos estava com vida total...

- Espere, você estava acordado? Pensei que naquele momento você estava desmaiado.

- Meio que eu estava entre um e outro...  – Agora que todos já sabiam que ele era o garoto da situação passada, era obvio que podíamos chamá-lo de Wendy – Mas não é só isso. Eu quero que você seja meu mestre!

Um breve silencioso se instalou entre os dois. Wendy não se pronunciou em mais nem um momento, permanecendo na mesma pose, enquanto Kaiser o olhava com uma expressão de bosta e irrelevância.

- Ok, Enikis, vamos dormir logo. Chega disso. – Os dois ignoram o ruivo.

-EI! Eu não estou brincando! Eu realmente quero que você seja meu mestre! Ei! Ei! Não me ignora!  Não me ignora! – O garoto grita.

- Humpf... Garoto... CALE A MALDITA BOCA! Eu não ligo para o que você quer! Ser babá de uma criança também não está em meus planos! Você simplesmente me enrolaria e atrasaria meu lado em um monte!

- ... – Wendy se calou.

- Que bom que conseguiu entender a mensagem. Agora vá embora. – Kaiser volta para sua fogueira.

- Eu só queria mostrar para meu pai...

- ? –  O rapaz se vira mais uma vez, indo jogar uma pedra na cabeça da criança, entretanto sua ação é negada ver o que estava diante de seus olhos.

Uma criança erguendo seu corpo, por mais ferido que estivesse. Sua cabeça continuava baixa, porém não parecia que ela ficaria assim para sempre.

- EU QUERO PROVAR! EU QUERO PROVAR A TODOS QUE EU SOU FORTE! EU QUERO PROVAR PARA MIM QUE EU NÃO PRECISO MAIS CHORAR POR NUNCA MAIS TER VISTO ELES! – Mostrando sua face para Kaiser, Wendy jorrava uma determinação e força de vontade enorme, mesmo que as lagrimas de sua face se misturasse com o sangue que escorria lentamente, seus olhos estavam fixos concretos.  – Eu quero parar de ser fraco...

Por mais que fosse obvia a resposta do jovem rapaz, algo ali dentro foi tocado. Fechando seus punhos e querendo negar aquilo que poderia ser um “Sim” como resposta, Kaiser se lembrou do motivo de estar nessa jornada. Um silencio voltou a ser instalado entre os dois, e novamente quem o quebrou foi Kaiser.

- Certo. Eu realmente estava precisando de um escudeiro. Minha mochila não é grande o suficiente para tudo. Garoto Wendy, eu aceito “treinar” você para que se torne um grande treinador, porém para isso, você terá que obedecer tudo, absolutamente tudo que eu te ordenar. Entend... – Interrompendo sua frase, Wendy se atirou contra seu novo mestre, o abraçando.

- Muito obrigado! – Ele disse, com novas lagrimas de felicidade cobrindo seu rosto.

E naquela noite, Wendy dormiu na grama enquanto Kaiser dormiu em cima de seu lençol.

- Tree... – Enikis deu ombros: “Eu tenho pena desse garoto.”