História Poker - Posso Levar o Prêmio Comigo?

Taehyung o fitou sem expressão por alguns instantes. Não era para menos, ainda mais após o choque que fora para si perder após tanto tempo. Mal sabia como reagir. 

Contudo, foram necessários apenas meros segundos para que seus lábios se curvassem em uma linha tênue sorridente, que ampliara-se gradativamente, exibindo as fileiras de dentes brancos em um sorriso largo. A curvatura dos olhos junto do brilho contido nas íris castanhas esbanjavam luxúria, atraindo a atenção do moreno à sua frente como um ímã.

Taehyung ergueu-se da cadeira. Deu a volta em torno da mesa a passos lentos e, se não estivessem em público, diria até que eram provocantes.

— Quantos anos você tem, Jungkook? 

Sentiu-se instigado a perguntar, já que o olhar do rapaz era maduro, mas o corpo parecia estar em sua melhor forma. E também, era de seu interesse saber a idade do homem que conseguira a façanha de arrancar de si uma vitória.

— Vinte e dois, e você? 

— Vinte e cinco. Não acha que é um pouco novo demais para estar se perdendo dessa forma? 

— Duvido que pense isso quando estivermos a sós. 

Taehyung cessou os passos quando estava a míseros centímetros do corpo alheio. Levou ambas as mãos aos ombros largos e firmes de Jungkook, sentindo o couro frio da jaqueta e os músculos discretos que a peça o privava de ver — não por muito tempo. Taehyung deslizou-as suavemente até alcançar as extremidades da peça, na altura do peitoral do Jeon.

— Sabe, tem razão, você ganhou — segredou, aproximando o rosto perigosamente do de Jungkook, raspando os lábios rente à mandíbula do mais novo. — Venha buscar seu prêmio.

Aquela frase foi como atear fogo a um estopim. 

Queimando, foi assim que o corpo de Taehyung se sentiu ao ter as mãos alheias segurando firmemente sua cintura, ao mesmo tempo que sentia o ar quente da respiração do Jeon chocar-se com sua boca, em uma proximidade perigosa. 

— Sua mãe nunca lhe disse que é feio deixar os outros esperando? — Falou Taehyung, enquanto se desvencilhava dos braços que o circundavam em um giro rápido. 

Puxou Jungkook pela mão sob o olhar atento dos que ainda estavam em volta, cochichando uns com os outros sem desviar os olhos da cena. 

— A sua nunca lhe disse que é perigoso brincar com fogo?

 A provocação vinda de Jungkook desencadeou um sorriso de canto no rosto do mais velho, que ainda o puxava em direção à porta do estabelecimento. 

— Não vai guardar suas cartas? — Questionou Jungkook, ao lembrar-se de que Taehyung havia deixado o baralho disperso sobre a mesa.

— Ninguém nunca mexe na minha mesa. E também, posso arrumar outro baralho. A sorte não depende das cartas, mas de quem as joga.

— Frase bonita.

— Obrigado. 

— Achei a mesma frase semana passada em uma página da internet.

O mais velho repuxou os lábios, sorrindo envergonhado. 

— Nunca revele seus truques, hã?

Jungkook riu baixo, parando ao lado de Taehyung já do lado de fora do cassino.

— Para onde vamos? — Perguntou abraçando Taehyung por trás.

Desceu selares pelo pescoço do Kim, suspirando ao sentir a pele morna em contato com seus lábios. 

Taehyung engoliu um arquejo. Se aquela voz era linda — e convenhamos, deveras excitante — suspirando, como seria tê-la gemendo? Seu nome saindo de forma rouca e arrastada por entre os lábios rosados... 

— Onde fica sua casa? — Indagou Taehyung, ignorando a pontada que o atingiu logo abaixo de seu ventre ao imaginar tal cena. 

— Não muito longe daqui — percebeu o sorriso malicioso voltar a adornar os lábios cheinhos de Jungkook.

Sem precisar gastar nem mais uma palavra sequer, caminhou ao lado do mais novo rua à dentro.

— Sabe, já parou para pensar que pode estar se arriscando demais indo para a casa de pessoas desconhecidas desse jeito? 

— Não tenho mais nada a perder. — O tom amargo usado pelo Kim indicava que não queria bater sobre aquela tecla.

Jungkook tentou cogitar o que de tão ruim poderia acontecer a ponto de fazer alguém tão novo parecer tão sem esperança; sem sonhos. Andaram em silêncio o restante do caminho, sua cabeça martelando possíveis respostas para a questão que ele mesmo criara acerca de Taehyung.

Desligou-se de seus pensamentos ao perceber que já estavam em frente a fachada do prédio residencial onde morava. Taehyung o acompanhou para dentro do lugar. 

Após subirem alguns lances de escada, pararam em frente à uma porta. Jungkook logo tratou de abri-la, cedendo passagem para o interior do apartamento.

— Uau, nada mal — comentou Taehyung, ao ver que o interior era decorado de forma harmoniosa, dando um ar aconchegante e ao mesmo tempo espaçoso ao apartamento.

— Poderíamos deixar os elogios para mais tarde, não acha? — Jungkook fez questão de esbanjar malícia em cada palavra. 

 Taehyung sorriu ao sentir os braços do mais novo tornarem a lhe segurar por trás. Girou-se em meio ao abraço, ficando de frente para o outro.

Encarou os olhos escuros por segundos — que para Jungkook pareceram horas, visto que estava louco para provar do dono do belo corpo que o fazia companhia — até capturar os lábios alheios em um beijo sem qualquer aviso prévio.

Jungkook não demorou para corresponder ao beijo. Imergiu os dedos entre as madeixas castanhas do Kim, massageando os fios sedosos enquanto explorava a boca colada à sua. Sentiu o músculo quente de Taehyung enroscar-se ao seu, dando ritmo ao ósculo.

Taehyung o beijava devagar, deixando as mãos passearem livremente pelos braços fortes do Jeon. A língua vez ou outra deixava de participar do ósculo, como se quisesse provocar o Jeon. Atiçá-lo.

Com o passar dos segundos, o beijo adquirira um ritmo bagunçado que apenas os dois compartilhavam — mas não era como se prazer fosse sinônimo de organização.

Subitamente, Jungkook interrompeu o beijo. O mais velho logo entendeu o motivo quando o viu virar-se para a porta de entrada do apartamento e trancá-la.

O moreno passou a empurrar Taehyung para trás conforme andava em direção ao quarto. Durante o trajeto, roubara selares do Kim e ganhara inclusive uma mordida provocante em seu lábio inferior. Quando chegaram no cômodo, o acastanhado mal teve tempo de raciocinar qualquer gesto possível, apenas sentiu seu corpo ser pressionado contra uma das paredes próximas à porta.

O som da chave sendo girada e o estalo indicando que a porta do quarto agora estava trancada nunca lhe pareceram tão agradáveis. 

— Sempre faz aquele mini show quando perde? — Perguntou Jungkook, enquanto traçava uma linha imaginária com o indicador pelos ombros do Kim.

O mais novo deslizou o casaco pelos braços alheios com maestria, até tê-lo tirado. 

— Show? — Taehyung riu soprado próximo ao pescoço de Jungkook, vendo o local se tencionar. — Você ainda não viu nem as preliminares.