História Poker - Quer Jogar?

Taehyung viu-se sem ideia do que dizer ou fazer, optando por apenas desviar o olhar para as mãos. Seus dedos brincavam com o copo ainda cheio, que lhe havia recém sido entregue.

— Não mereço sequer um olá? — A voz do moreno ao seu lado questionou. 

— Olá — replicou.

Taehyung tentava ao máximo concentrar-se em qualquer coisa que não fosse Jungkook.

— Olá. 

Levou o copo até aos lábios, bebendo um gole raso da bebida. O líquido parecia travar em sua garganta, o fazendo desistir de terminar de tomá-lo. 

Mordeu o lábio, pensativo. Não deveria sentir-se tão constrangido perto do Jeon, afinal, ele fora apenas mais um caso, mais uma aposta e, mais uma noite.

Olhou de relance para Jungkook, lhe direcionando um sorriso que fora logo retribuído.

Sempre sorria para todos — pensou Taehyung —, deveria ao menos continuar o fazendo para aparentar estar se sentindo normal.

No entanto, aquele curvar de lábios teve um impacto maior em si do que esperava, já que, com o gesto, Taehyung lembrou-se de que vislumbrara o mesmo sorriso na noite anterior, a qual passara com Jungkook.

As lembranças dos toques quentes o deixaram intrigado, inquieto. Aproveitou o momento em que o Jeon estava distraído para fitá-lo. 

O moreno trajava uma jaqueta de couro como a de ontem, porém, esta era branca. 

A blusa possuía uma estampa clara, contrastando com o tecido escuro da calça. Seu olhar parou, mesmo que de forma inconsciente por estar imerso nos próprios pensamentos, sobre as coxas do outro. Coxas fartas e demarcadas pela maldita calça de couro que percebeu que Jungkook adorava usar.

Lembrou-se imediatamente de como era vê-lo sem roupa.

Jungkook era bem bonito; atraente.

Mordeu o lábio; aquele lugar estava esquentando em questão de segundos desde que percebeu o mais novo tão próximo de si, sentado ao seu lado. Perigosamente perto. 

Não conseguia mais conter os flashbacks que teimavam em voltar à sua cabeça, como quando se está no escuro e as lembranças de um filme de terror inevitavelmente aparecem e não vão embora até que se acenda a luz.

Taehyung estava sentindo seu corpo esquentar e isso não passaria até se afastar da fogueira. 

Mas, quem disse que ele queria distância? Estava brincando com fogo e queria se queimar.

Uma sensação gostosa de excitação subia por seu corpo com as tais lembranças, e ele estava gostando de senti-la.

Lembrou-se das mãos do Jeon em seu corpo, lhe tocando, apalpando, acariciando. A pele de seu braço se arrepiou. Lembrou-se também dos dígitos macios percorrendo sua pele exposta e vulnerável, com uma mescla de cuidado e desejo que ele nunca havia experimentado.

— Taehyung? 

Ah sim, aquela voz. Era incrível ouvi-la gemendo baixo e rouco rente ao seu ouvido, conforme a pele dos corpos se arrastavam e chocavam-se uma contra a outra em busca de mais contato. Em busca de mais prazer.

— Hey, Tae? Terra chamando Taehyung, câmbio.

O Kim ergueu o olhar na velocidade da luz ao ver Jungkook estalando os dedos em frente ao seu rosto, tentando chamar sua atenção. 

— Sim? — Respondeu, buscando soar casual.

— Você estava literalmente viajando, esta tudo bem? — O mais velho assentiu, rapidamente. — Tem certeza? 

Estranhou o tom de voz de Jungkook. Engoliu em seco quando notou que o Jeon mordia o lábio inferior, escondendo um sorriso sapeca.

De súbito, a realidade atingiu em cheio Taehyung: era óbvio que Jungkook havia notado que ele estava tendo certos pensamentos consigo, já que, como se já não bastasse ter ficado totalmente imerso em seus devaneios, fizera-o com o olhar preso ao corpo do rapaz ao seu lado. 

Não era preciso muito para saber que Taehyung estava o secando.

— Então — disse Jungkook, inclinando-se na direção de Taehyung.

O moreno aproximou o rosto do pescoço de tez acobreada do Kim.

— No que estava pensando, hum? 

A última frase proveio com a voz beirando um sussurro, e a última palavra, semelhante a um gemido.

A respiração quente e constante chocara-se contra a pele de Taehyung. Jungkook mordiscou o pescoço do mais velho e sorriu com o perfume fraco e doce que ele usava; estava aprendendo a adorar aquele cheiro. 

Taehyung não protestou quando os dentes do garoto rasparam-se contra sua pele, nem quando a mão de Jungkook se atreveu a puxar sua blusa para o lado, expondo seu ombro.

A língua do moreno deslizou por sua clavícula até chegar ao topo de seu ombro, deixando uma marca avermelhada ao final do percurso.

Taehyung não havia respondido à pergunta, mas tinha certeza de que, àquela altura do campeonato, não eram necessárias palavras. Precisavam de mais ações. 

Levou a mão à uma das coxas de Jungkook (as quais tanto ansiava tocar), apertando a pele ainda coberta pela roupa. Notou o sorriso de canto que domava os lábios cheinhos do rapaz, como se aprovasse o toque.

Subiu a mão até a virilha do Jeon, fazendo-o arfar contra seu pescoço, deixando sua pele ainda mais arrepiada do que já estava.

Para eles, não importava que estivessem em público, nem que a pequena aglomeração que sempre acompanhava Taehyung estivesse parada diante dos dois, vendo o garoto que todos desejavam mas poucos conseguiam vencer, pegando um homem em pleno cassino.

Taehyung começou a massagear a área, atritando a palma da mão contra o local como se fosse o membro de Jungkook ali — já que levar a mão até lá seria se expor demais para as pessoas à sua volta — e ouviu-o gemer baixinho. O quão pecaminoso seria se o Kim descobrisse que o Jeon estava imaginando sua boca trabalhando no local?

Movido pelo calor do momento, Taehyung levou a outra mão até o ombro de Jungkook. Queria beijá-lo.

Sua respiração tornara-se acelerada e o lugar estava ficando abafado. O cheiro do tecido de couro da jaqueta de Jungkook e o perfume forte que ele usava hoje o inebriavam e deixavam-no cada vez mais longe da realidade, cedento pelo calor que aqueles lábios lhe proporcionavam.

Em contraponto, Jungkook cessou os beijos e mordidas e se afastou, empertigando-se sobre a cadeira. 

Taehyung estranhou completamente a atitude, mas entendeu o porquê daquilo com uma simples frase, proferida por Jungkook junto de um sorriso luxurioso:

— Vamos jogar?