História Poliamor - Capítulo 3

Ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis.

Ansiedade em minha visão é algo que domina minha vida desde que me entendo como pessoa, que faz meu corpo suar frio e o coração acelerar.

E era exatamente assim que eu estava me sentindo naquele primeiro de Abril, com meus dezessete anos, cabelos escuros e com a mochila em meu ombro direito, me encontrava em frente a faculdade. Era meu primeiro dia de aula, estava com ansiedade a flor da pele e tinha duas enormes vontades contraditórias, a primeira era entrar naquele enorme prédio e conhecer o fabuloso mundo universitário, a segunda era sair correndo e voltar para a casa dos meus pais, principalmente para o colo de minha omma. Mesmo não deixando aparentar, eu nunca fui um rapaz confiante, sempre tive problemas de insegurança e por isso quando me via de frente a novas experiências, me empolgava e depois tinha a vontade de sumir.

- Aish…- Resmunguei quando senti alguém esbarrar em meu ombro me fazendo quase cair.

- Miane…- O rapaz de bochechas fofas com covinhas e o cabelo ruivo pediu enquanto sorria sem jeito.

- Tudo bem.- Respondi o vendo voltar a andar mais rápido.

- Espero que seja meu calouro…

O tal ruivo disse alto desaparecendo no meio da multidão de alunos, suspirei mordendo meu lábio, de alguma forma aquela frase dita por aquele garoto me deixou ainda mais ansioso, com um desejo incontrolável de saber mais sobre ele e por isso dei o primeiro passo para dentro daquele prédio, precisava saber quem era, seu nome e se eu era mesmo o seu calouro. Caminhei ainda alheio pelo corredores até chegar de frente a secretária, havia um tumulto de alunos olhando o mural onde estavam os nomes e quais salas eles deveriam ir, bufando e com pouca paciência fui gentilmente empurrando as pessoas com ansiedade em achar meu nome, e eu estava em uma sala que ficava no terceiro andar.

Observei que seria impossível pegar um dos quatro elevadores da faculdade, estavam com filas enormes e levaria muito tempo para conseguir entrar e subir, por isso com um pouco de dificuldade encontrei as escadas de emergência, não faria mal algum subir alguns poucos andares. Acompanhado dos meus fieis fones de ouvido, comecei a subir os lances de escadas, olhei meu relógio e constatei que ainda faltava bons trinta minutos para começar as aulas e ainda assim eu sentia a ansiedade me consumir. Meu coração falhou por um momento quando senti uma mão segurar meu ombro, olhei devagar para trás pensando quem poderia ser, e se fosse algum maníaco? Ninguém me conhecia ainda e nem sabiam que eu estava usando aquelas escadas.

- Vejo que não fui o único a pensar em usar as escadas.- O rapaz comentou sorridente enquanto eu retirava meus fones.

- Ahn??…Aigoo você me assustou..- Respondi um pouco agressivo, mas ainda vi o outro sorrir e coçar a nuca desajeitado.

- Miane…Sou Yoo Kihyun.- O de cabelo rosa se apresentou se curvando.

- Sou Lim Changkyun.- Respondi me reverenciando como o mesmo.

- Eu não quis assusta-lo, mas o vi subindo as escadas como eu estava fazendo.

Me permiti sorrir enquanto voltava a subir agora acompanhado, Kihyun era calouro do curso de teatro e estava tão ou mais ansioso, não parava de falar nem por um segundo fazendo aqueles poucos andares parecerem eternos.

- Opa você aqui de novo calouro?

Ouvi uma voz falar me chamando a atenção quando começava a subir o último lance de escada, parei olhando em direção ao rapaz de cabelos vermelhos, o mesmo que havia encontrado na porta da faculdade. Kihyun alternava os olhares entre eu e o universitário, ao lado do mesmo havia um rapaz alto e bem magro, seus cabelos bem escuros e sua boca estava extremamente vermelha, parecia até mesmo ofegante enquanto sua cintura estava presa em um abraço apertado do ruivo.

Engoli em seco subindo enquanto o encarava, o rapaz que o acompanhava sorriu tímido antes de esconder o rosto no pescoço do ruivo, o mesmo riu da vergonha do outro e me encarou novamente quando parei de frente ao casal e ao lado da porta de saída, sorri vendo Kihyun abrir a porta e me chamar para irmos.

- Pois é…Parece que o meu karma é te encontrar.

O vi sorrir enquanto mordia o lábio, concordou com a cabeça e antes que eu fechasse a porta por completo pude ver o mesmo segurar o rosto do moreno com as pontas dos dedos antes de voltar a beijá-lo. Suspirei por algum motivo que naquela época eu não sabia explicar, olhei para frente vendo o garoto de cabelos rosa me esperar ansioso. 

- Você já o conhece? - Kihyun perguntou enquanto andávamos pelo corredor cheio procurando nossas salas.

- Não…Quero dizer, ele esbarrou comigo na entrada e agora de novo…Só isso.

- Ele é bonito.

- Ele é sim…Mas parece ter namorado.

- Humm talvez…Bom Changkyun essa parece ser minha sala.- O mais velho disse parando na porta.

- Pode me chamar de IM…Foi um prazer te conhecer…Nos esbarramos por ai.- Respondi me curvando.

- Pode me chamar de Kihyun ou Kiki. - Concordei fazendo menção de sair em busca da minha sala - Eii…Tome um café comigo?!

- Está bem…Nos encontramos no intervalo.

Respondi voltando a caminhar pelo corredor, não demorei muito a encontrar a minha sala, entrei e ver novos rostos me deixou ansioso em saber como era cada novo colega de faculdade. Fomos avisados de que nossos professores seriam apresentados e depois haveria uma confraternização com os alunos da faculdade, como um trote em outros países. Por algum motivo naquela época fiquei ansioso, recordava do tal ruivo que havia afirmado que esperava que eu fosse seu calouro, estava ansioso pelo trote, queria ser o mascote daquele ruivo que me chamou tanto a atenção de uma forma tão rápida e em tão pouco tempo.

Recebemos a programação do nosso primeiro período e os livros que deveríamos ler e comprar, reparei que algumas aulas que teríamos seria com alunos de outros cursos e de outros períodos, e isso por algum motivo me parecia bem interessante. Depois de todos os professores se apresentarem, fomos incentivados a nos apresentar para nossos colegas da turma, me sentia inseguro naquele momento, ficar a frente de pessoas desconhecidas me deixava reprimido e com muito custo me apresentei, recebendo um ‘ Bem vindo’ de todos.

Quase corri para sentar na carteira novamente quando o professor de canto avisou que eu poderia voltar para meu lugar, mas o destino não parecia satisfeito em me ver ansioso desde que acordei, ele parecia querer pregar mais peças. E eu tive certeza quando alguém bateu na porta e o professor abriu dando passagem a um rapaz alto, de cabelos descoloridos, adornava em seu pescoço uma corrente um tanto quanto apertada, seus olhos percorriam por toda a turma, parando ao encontrar o meu olhar, sorrindo de forma sacana.

- Annyeong, vim buscar os calouros para nossa confraternização. Então crianças me sigam, estão entrando para o melhor momento de suas vidas.

Segurei um gemido reprimido quando ele terminou a frase e voltou a me encarar, fazendo meu corpo todo arrepiar, seu sorriso parecia ainda mais sacana e sua língua passou por seus lábios cheios, Deus havia mesmo sido generoso com sua beleza e sua sensualidade. Balancei a cabeça quando vi aquele ser sumir e a turma toda segui-lo, peguei minha mochila e no meio daquela multidão acabei perdendo o de cabelos descoloridos, eu nem ao menos sabia o nome dele e nem a turma.