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História Police History - E10X1: Emergency Room.


Escrita por: GiullieneChan

Notas do Autor


Observação: Atualizando hoje, porque vou sair de férias e só volto depois do dia 13. Até lá... bjus e se divirtam! Indiquem pros amigos. :p

Capítulo 10 - E10X1: Emergency Room.


 

“—Devo ter perdido o juízo.”

Camus pensou enquanto passava a mão pelos cabelos, para se acalmar, apesar de fazer um bom tempo que havia beijado Annie, sentia sua pulsação acelerar ao lembrar disso, e tê-la ao seu lado em um elevador e sozinhos, não ajudavam na situação.

“—Droga. Qual é o problema afinal? Ela é linda, desimpedida e eu...eu devo protegê-la, não me aproveitar da situação e nem dela!”

—Chegamos.

Annie avisou quando o elevador parou finalmente no andar de seu escritório. Naquele horário estava cheio e todos paravam o que faziam para ver a moça, entre espantados e aliviados por vê-la bem. Logo foi cercada pelos colegas do andar, bombardeando a jovem advogada com perguntas.

—Estou bem, estou bem. –ela dizia, lançando com um olhar um mudo pedido de ajuda a Camus.

—Soltem ela, bando de abutres! –a voz autoritária de Ashley foi quem veio em seu socorro, assim que todos abriram passagem para a estonteante loira, ela abraçou Annie forte. –Ah, minha amiga! Quando vimos nos noticiários o que está havendo!

—Estou bem, Ash... –Annie ficou sem graça. –Fez o que pedi?

—Fiz sim! –Ashley fez um sinal para que a seguissem e murmurou para a amiga. –Quem é esse gato?

—O detetive que está cuidando do caso e me protegendo! –respondeu em um tom baixo.

—Se for para aparecer um gato desse de distintivo e arma... que apareça um psicopata na minha cola. –ela suspirou, olhando Camus por sobre o ombro. –Já transaram?

—ASHLEY! -Camus estranhou ela ter exaltado e escondido o rosto por estar corada. –Lógico que não!

—E tá esperando o que?

—Ash...

—Annie, não podemos demorar. –Camus avisou, em um tom informal.

—Se ele fala assim com essa frieza e esse vozeirão na minha orelha... vou ovular. –Ashley comentou baixo, deixando Annie desconcertada e Camus disfarçou o constrangimento de ter escutado.

—Ash... cadê a pesquisa? Me entrega e vá tomar um banho frio! –disse com uma expressão séria.

—Aqui! –ela entrou na sala de Annie, fechando a porta em seguida e lhe entregou uma pasta. –Sabe que só estou brincando.

Annie folheou e mostrou a Camus algumas páginas, que começou a ler.

—Tem certeza desse nome? –Camus olhou um das páginas e em seguida para Ashley. –Desse médico?

—Sim. Ele era residente no pronto socorro naquele ano. –disse Ashley. –Por que o interesse nesse cara? Olha, há outros nomes aqui que parecem ter mais ligação com o acidente e...

—Foi o médico residente que tentou salvar Liz. –Camus comentou, suando frio. –É claro... ele não é um suspeito. É um alvo!

—Quem? –Annie pegou a folha da mão de Camus enquanto ele discava um número para Milo. –Droga, meu parceiro não atende! Deve ter ido à casa de um dos suspeitos!

—Que suspeito?

—Talvez o irmão de Liz. –fitou o rosto da advogada. –Ela tinha um irmão mais novo, foram separados quando Liz foi adotada pelos Evans. Ele se chamava Gustav Bergman, agora usa uma nova identidade como Afrodite.

—Parece nome de garota de programa. –comentou a loira e recebeu olhares de ambos. –Mas parece sim! O que ele faz?

—Pedi a ficha dele. Vivia no Canadá até três anos atrás, voltou à Nova Iorque. Certamente para começar essa vingança sem sentido. Todos os envolvidos no acidente, inclusive esse médico que prestou os primeiros socorros no hospital.

—Shura Hernandez? –Annie não encontrava a relação. –Por que ele seria um alvo?

—Por que você seria um alvo? –Camus perguntou à jovem. –Você foi tão vítima quanto Liz e os demais com o acidente daquela noite. Você não teve culpa de um motorista de caminhão bêbado ter batido na van de uma dona de casa e jogado ele contra você e em seguida em Liz.

—Não entendo. –Ashley comentou.

—Da mesma maneira que culpa o mundo pela morte de sua irmã, Gustav pode culpar o médico que tentou salvar minha esposa e não conseguiu. Eu estava tão abalado naquela noite que meu capitão e meu pai cuidaram de tudo, conversaram com os médicos... Liz estava tão ferida que não puderam fazer muito por ela.

—Ele pode achar que esse médico não fez o suficiente.

Camus tentava novamente ligar para Milo em vão.

—Que droga, Milo! Onde você está? –bufou guardando o celular. –Vamos falar com o médico.

—Vamos? –Annie o fitou surpresa.

—Não posso te deixar sozinha por aí! –e a puxou pelo braço. –Obrigado, Ashley!

—Tchau! –a loira acenou e suspirou ao vê-los indo embora se abanando. –Será que tem um irmão ou primo solteiro?

 

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Enquanto isso, a caminho do local do endereço do suspeito, Aiolia e Milo conversavam sobre o caso:

—O que leva um cara a fazer essas coisas? –Milo se perguntava.

—A mente de uma pessoa perturbada ainda é um mistério pra mim. –respondeu o outro. –O cara conhece o Camus?

—Sim. E o odeia mesmo! Há quanto tempo conhece o meu parceiro?

—Desde garoto, eu o vi algumas vezes.  Mas no trabalho... há dois anos. Desde o meu primeiro caso com minha parceira. -respondeu. –Meu irmão tinha acabado de... você sabe.

—Lamento pelo Aiolos.

—Camus e ele eram parceiros. –Aiolia comentou e Milo o olhou surpreso. –Desde então, nunca achou ninguém que confiasse para trabalhar juntos. Acho que ele no fundo se culpa pelo o que houve.

—Não dava para se culpar. O que houve foi uma fatalidade!

—Vá dizer isso para ele.

—Então o conhecia antes de entrar no departamento? Sabia que Liz tinha um irmão? -indagou encarando Aiolia que pareceu surpreso com a informação.

—Achava que era filha única! –deus os ombros. –Não cheguei a conhecê-la pessoalmente, só ouvi falar.

—De acordo com uns amigos hackers nossos, Elizabeth Evans Chevalier era Elizabeth Bergman antes de ser adotada pelos Evans aos sete anos e ter o sobrenome deles. Tinha um irmão mais jovem um ano que ela. Gustav. Agora usa o nome “artístico” de Afrodite.

—Afrodite? Quem usa um nome desses?

—Deve ser excêntrico como o Prince. Vai saber.

—Eu não fazia mesmo ideia dessa história toda. -Aiolia pensou. -Ele é o nosso suspeito?

—Sim. –apontando para um condomínio de apartamentos residenciais ao estacionarem em frente. –Que acha?

Desceram do carro e mostrando o distintivo ao porteiro tiveram permissão para entrar. Observaram o local. Haviam algumas pessoas andando pelas calçadas ou com crianças ou com cachorros, dois idosos conversando sobre o gramado, crianças andando de bicicletas, um grupo de adolescentes mexendo em seus celulares e rindo.

—Dá pra imaginar que nessa vizinhança tenha um provável psicopata? –comentou Aiolia.

—Tomar cuidado. O prédio é aquele ali.

—Peça reforço. –Aiolia avisou, retirando a arma e entrando no prédio, se dirigindo ao apartamento indicado pelo colega.

Milo rapidamente pegou o celular e viu ligações de Camus, estranhou mas achou melhor ligar primeiramente pedindo reforço como pedia o procedimento padrão nesses casos e seguiu Aiolia. Em seguida ligou para Camus, e caiu na caixa de mensagens. Pensou em ligar novamente, mas estavam parados em frente ao apartamento que procuravam e resolveu guardar o aparelho.

Milo fez sinal para que Aiolia o cobrisse e se preparava para chutar a porta.

—Espera! –Aiolia pediu falando baixo e Milo fez cara de desentendido. –A gente tem que esperar o reforço e o mandato para entrar.

—Não precisamos de mandato se tiver alguém pedindo socorro de dentro do apartamento, sabia? –Milo respondeu sussurrando.

—Quem tá pedindo socorro?

—Eu ouvi um grito de socorro! –Milo diz com uma expressão serena e em seguida sorriu, antes de dar um chute na porta, escancarando-a e gritando em seguida. –POLÍCIA DE NOVA IORQUE! PARADO!

—Filho da... –Aiolia entrou em seguida, olhando um quarto ao lado. –Limpo!

—Limpo! –Milo verificava a sala e a copa, enquanto Aiolia verificava a cozinha e os fundos. –Não tem ninguém aqui!

—Limpo. Só rosas no quintal! –avisou Aiolia e parou ao ouvir um barulho vindo de um outro quarto.

Ele fez sinal para Milo e este empunhou a arma, enquanto Aiolia segurava na maçaneta. Ele contou até três e abriram a porta.

—PARADO! –Milo gritou e uma senhora de idade deu um grito. –Calma senhora, polícia.

Aiolia suspirou e mostrou o distintivo para a mulher, que parecia muito assustada com a presença de ambos.

—Polícia de Nova Iorque, senhora. É aqui o apartamento de Afrodite? –perguntou Aiolia.

—Afrodite? Não! Não conheço essa mulher! –ela respondeu, colocando a mão sobre o coração. –Esse é o apartamento de... Oh, céus... eu me esqueci. Esperem que Gustav deve chegar logo.

A menção do nome fez os homens se entreolharem.

—Gustav Bergman? Ele está?

—Ele é um bom garoto. –ela sorri ao se referir ao suspeito. –Estamos esperando minha Liz chegar da escola. Aceitam um chá? Denise! Prepare um chá!

—Denise? –Aiolia olhou para fora.

—Liz?

—É a minha empregada. Deve ter saído para ir ao mercado. –a mulher fez um gesto de desdém depois parou olhando para o nada, antes de olhar para os dois e sorrir. –São amigos de Liz? Ela deve chegar da escola a qualquer momento.

—Somos da polícia, senhora. –Aiolia fitou o colega. –Ela não parece bem.

—Elizabeth Evans Chevalier? –Milo perguntou de novo.

—Não, não. Elizabeth Evans apenas. Minha Liz só tem 15 anos! –ela sorri. –Mas porque falou Chevalier?

—Era o sobrenome de casada dela.

A mulher riu:

—Engraçado. Os únicos Chevaliers que conheço são o Jean-Louis e sua família! Ele é viúvo, pobre homem. Amigo de meu marido dos tempos do colégio! Mas de onde tirou que esse era o sobrenome de casada da minha filha?

—Elizabeth não foi casada com Camus?

—Camus? Ele é um garoto apenas! E minha menina só tem 15 anos. Deus me livre se casar com aquele marginal encrenqueiro do filho do Jean-Louis. Gosto muito do meu amigo, mas o filho é péssima influencia, sabia?

—Encrenqueiro? –Milo enfatizou, enquanto faz um sinal para Aiolia chamar reforço novamente.

—É o arruaceiro da escola da Liz! –Ela faz uma careta. –O pai é policial, mas o rapaz dá muito trabalho. Repetente. Já falei dele na reunião de pais e mestres... não sei porque minha filha insiste em ser amiga de um delinquente. Tenho pena do pai e da irmã. O fato da mãe ter morrido não é motivo para ser um marginal!

—Estamos falando do mesmo Camus?

—Ele fez até uma tatuagem! –ela sussurrou para Milo. –Nas costas!

Milo ergueu uma sobrancelha:

—Senhora... qual é o seu nome mesmo?

—Joan Evans. –ela sorri e depois volta a perguntar. –São amigos da Liz? Ela já vai chegar da escola a qualquer momento. Querem um chá?

Do lado de fora do prédio, alguém observava a movimentação dos carros da polícia e de uma ambulância. Seu ocupante percebeu que o detetive Alessandros era um perigo e se aproximou demais dele. O rapaz, de frios olhos azuis, tomou a decisão de se livrar dele imediatamente, antes de ligar o carro e sair dali.

 

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Camus e Annie estavam a caminho do Hospital onde o médico chamado Shura Hernandez estava trabalhando. Segundo um telefonema, estaria de plantão agora. O celular de Camus tocou e ele viu o número de Milo e o atendeu.

 —Por que não atendeu antes? –Chevalier perguntou um pouco ríspido.

—Estava na casa do nosso suspeito. –Milo respondeu. –Não, deixei a Marin e a perícia tomando conta do lugar. Estamos no hospital Saint Cristine agora.

—Estão no hospital? –Annie fitou Camus assustada. –Estão feridos?

—Não. É que acompanhamos uma pessoa que estava no apartamento dele. –Milo suspirou. –Joan Evans, conhece?

Camus freou bruscamente o carro, fazendo com que outros automóveis que vinham atrás desviassem buzinando furiosos e xingando-o.

—É minha sogra! –respondeu Camus. –Como? Ela deveria estar numa casa de Repouso!

—Não consegui uma resposta coerente dela, parceiro.

—Ela está doente, desde a morte da filha e em seguida do marido. –Camus suspirou. –Alzheimer... ela só se lembra de uma época mais feliz na vida dela. Estou chegando aí! Encontre um médico que trabalha aí, Shura Hernandez e o mantenha sob vigilância, ele pode ser um alvo. Te explico quando chegar!

—O que houve?

—O filho da mãe quer me provocar. –religou o carro e dirigiu o mais rápido possível até o hospital.

 

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Em um certo hospital.

—Então? –Aiolia perguntou ao outro.

—Vamos deixar a senhora Evans com os médicos, vou ver um tal doutor Hernandez aqui. –se vira para dois policiais. –Fiquem junto dela o tempo todo, ok? Ela corre perigo!

—Precisa de mim? –perguntou. –Minha parceira disse que mandou tudo o que acharam de relevante para a perícia e me espera lá.

—Pode ir, vou aguardar o Camus chegar. –nota ele inquieto. –Que foi?

—Vou subir e ver uma pessoa antes de voltar. Eu... faz um tempo que não venho aqui.

—É nesse hospital que...? –Aiolia confirmou com a cabeça e Milo se despede dele com um aperto de mão. –Até daqui a pouco.

Bastou uma conversa com alguns enfermeiros para descobrir que ele estava na área de emergência. Pegou a lista de médicos para verificar onde estaria e sorri ao reparar em um nome ali.

 

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Na emergência...

—Doutora Lewis? -a enfermeira a chamou, fazendo jovem médica desviar o olhos um momento do paciente que verificava a respiração para ela.

—Sim?

—Um rapaz insiste em vê-la.

—Estou ocupada agora. Tem outros médicos no P.S. É urgente? -voltou a atenção ao paciente. -Pedirei uma radiografia dos pulmões, senhor Sherman. E essa dor que sente? Pode ter fraturado algumas costelas com a queda da escada. Enfermeira, peça ao doutor Phillips que atenda esse rapaz!

—Doutora? –a outra insistia. –O rapaz diz que só quer você... e acho que as rosas não são para o doutor Phillips.

—Rosas? -Lara encarou a enfermeira sem entender e foi até o corredor e teve que conter um riso ao ver quem era.

Milo Alessandros com um pequeno buquê de rosas vermelhas a aguardava. Quando a viu deu o seu melhor sorriso e se aproximou.

—Pensei que nosso encontro fosse sábado. -ela perguntou pegando o buquê. –Bonita rosas, vi algumas parecidas na loja do hospital.

—Combinam com você. Mas não vim por causa do nosso jantar. –sorri. –Já se refere a ele como encontro?

—O que quer? Estou ocupada.

—Vim te ver e... –ela o fitou desconfiada.

—Verificou a pancada na cabeça com um neurologista como pedi? -ela leva o buquê ao recepcionista e pede para que o guarde.

—Estou bem. Sabe onde encontro um médico chamado Hernandez?

Lara se virar e o encara, mais desconfiada ainda.

—Shura? Por que? O que quer com ele?

—Ele é amigo seu?

—Ex-namorado. –colocando a mão na cintura, achando graça no fato do sorriso dele sumir com essa informação.

—Mais um motivo para prendê-lo... –murmurou.

—Prendê-lo? Qual motivo?

—Ah... não é bem prendê-lo. –coçando a nuca, não querendo assustá-la. –Mas talvez ele possa nos ajudar num caso.

—Vem comigo. –ela pediu e foi seguida por Milo, apontando para o local abarrotado de pacientes e enfermeiros. –Se o achar será trabalhando com alguma emergência aqui. Hoje está uma loucura!

—Estou vendo. –olhando a tudo desanimado.

—Cecilia! –Lara chama uma enfermeira de tez morena. –Viu o doutor Hernandez?

—Trauma 2. –respondeu, saindo rapidamente.

Chegou no local acompanhado por Lara e viu o tal médico que veio procurar. Era jovem, provavelmente recém formado como Lara, e cuidava de uma criança, com a mãe do lado um pouco ansiosa e outra criança quase da mesma idade.

—Dói aqui? –ele perguntou, apertando o braço do menino em um ponto e recebendo dele um gemido em resposta. –Desculpa aí, Mike. Mas acho que na brincadeira com seu irmão mais velho, pode ter quebrado o braço.

—Eu avisei que não era para subir nas árvores, Danny! –a mãe estava visivelmente ansiosa. –Tem como engessar logo o braço do Mike?

Shura e Milo olharam a mulher um pouco espantados. O médico pediu licença ao menino e tirou a camisa dele, revelando um enorme hematoma no formato de um sapato adulto. Em seguida ele fitou a mulher que baixou o olhar envergonhada e o outro menino estava inquieto.

—Seu pai lhe bate também, Danny? –ele olhou incerto para a mãe e depois para o médico antes de afirmar com a cabeça. –Vem cá!

—Olha, não é preciso... –a mulher estava apavorada ao ver o outro filho se aproximar do médico.

—Posso te examinar? –o garoto retirou a camisa e mostrou vários hematomas pelo corpo. –Senhora, tenho que reportar isso às autoridades!

—Não, eu...

—Enfermeiro! Avise à Assistente social! –o médico ignora a mãe, dando ordens.

—Vamos embora, meninos! –a mulher pegava os meninos pelas mãos, mas foi barrada pelo médico.

—Se sair, usted pode ser presa por negligência. Seu filho menor teve o braço quebrado pelo pai, isso é bem óbvio, não é? Se for a outro hospital, qualquer médico que os atenda fará o mesmo que eu! Então sugiro que denuncie seu marido antes que ele mate seus filhos!

—Tenho amigos que podem resolver isso, senhora. –Milo finalmente falou, mostrando o distintivo. –Basta dar uma ligada. Mas a senhora vai ter que fazer uma denúncia!

Nesse momento Shura fitou Milo desconfiado, por estar tão perto de Lara, por alguns minutos. Depois lhe deu as costas, conversando com a mulher que vendo não ter saída e querendo proteger os filhos concordou em fazer uma denúncia. O médico deixou a família com a Assistente Social do hospital, encaminhando o menino menor para os procedimentos médicos que deveria fazer, e parou um instante para dar atenção a Lara.

—Resolveu me visitar, cariño?

—Já falamos sobre isso, não é? –Lara foi incisiva. –Shura, esse policial é meu amigo, quer falar com você.

—“Cariño”, né? –Milo não conseguia disfarçar o ciúmes que estava começando a sentir.

—E por que eu deveria falar com um policial? Se for pelas multas de trânsito, já vou resolver isso. –e virou-se para Lara, ignorando Milo. –Sabe que eu ainda tenho esperanças que reconsidere e jante comigo esse fim de semana, Lara.

—Bem, sábado ela vai tá muito ocupada comigo mas... –Milo se colocou bem ao lado de Lara, fitando Shura com um pouco de hostilidade que foi retribuída. –Olha, o fato é que tenho que te colocar sob custódia. Tem um...

—Está saindo com ele?

—Se estiver, não é da sua conta mais.

—Olha! Tem um assassino solto na cidade que tem você na lista dele, tá legal? –Milo os cortou, e ao dizer isso ambos o fitaram surpresos. –Não me pergunte porque. Deve ser por causa do seu charme latino, ou pela sua delicadeza ao falar com alguém que acabou de conhecer ou quem sabe pelo seu jeito idiota de pegar no pé de uma garota que te dispensou.

—Escuta aqui. –Shura ficou irritado.

—Escuta aqui você, doutor! –Milo apontou o dedo para Shura. –Eu vou ficar do seu lado, ok? Hoje o dia todo se for preciso! Não que me importe se você for morto por um maluco, mas é que tá pegando mal pro meu departamento tantas mortes pelo mesmo esquisito! Entendeu?

—Francamente! –Lara balançou a cabeça. –O que está acontecendo, Milo?

—Não posso dar muitos detalhes agora, mas depois te explico.

—Tenho que voltar a trabalhar. Se quer bancar minha sombra, tente acompanhar meu ritmo! –disse Shura e de repente, paramédicos entram trazendo um homem baleado em um assalto.

Imediatamente, o médico foi dar os primeiros cuidados deixando Milo falando sozinho, Lara lhe deu um beijo no rosto.

—Depois nos falamos. E quero saber o que está acontecendo! –ela avisou, tencionando ajudar no socorro ao baleado.

—Lara! –Milo a chamou e lhe deu um rápido selinho nos lábios. –Vou estar aqui na cola dele o dia todo. Te falo o que sei ainda hoje.

Ela concordou e voltou a atenção ao trabalho. Milo colocou as mãos nos bolsos e começou a andar pelos corredores da Emergência, ciente de que Shura não estaria em perigo agora, pois haviam muitas pessoas e alguns policiais por ali agora. Alguns minutos depois, viu Camus chegar na companhia de Annie e acenou para ele.

—Onde está a senhora Evans? –foi logo perguntando ao parceiro.

Milo o levou ao andar onde a senhora estava, Camus parou na porta e suspirou aliviado ao ver que ela estava bem. A senhora o fitou, não parecendo reconhecê-lo de início, mas sorri para ele em seguida.

—Jean-Louis? Que surpresa!

—Não, Joan. –Camus caminha até ela e pega em sua mão. –Jean-Louis é o meu pai. Sou eu, Camus.

—Não, não pode ser. Camus é um garoto muito mal criado e... –Camus sorri para Joan que toca seu rosto. –C-Camus? Oh, céus...

—Sou eu, Joan.

A mulher começa a chorar.

—Minha Liz não vai voltar mais, não é?

—Lamento, não vai. -A mulher enxuga as lágrimas, segurando firme uma das mãos de Camus. –Sabe que sinto muito por tudo isso.

—Eu sei... eu sei... eu também. –ela suspirou. –Como vim parar aqui? Quero voltar para casa.

—Depois a levo para casa. –a fazendo deitar-se. –Agora tente dormir um pouco.

Da porta, Annie observava em silêncio a cena, não conseguia deixar de sentir-se um pouco culpada pela dor daquela mulher. Se perguntava se acaso fosse mais experiente no volante, se não tivesse deixado o pai beber, se ele estivesse dirigindo naquela noite, talvez Liz ainda estivesse viva. Sentiu o toque da mão de Milo em seu ombro e o fitou:

—Não foi culpa sua. –ele lhe disse baixinho e ela assentiu com a cabeça. –Vem, deixa eles conversando.

 

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Numa sala de espera, em frente a uma máquina de café, Milo e Annie conversavam enquanto tomavam a bebida quente.

—Fiquei surpresa de saber que ele cuida da ex-sogra com tanto carinho. –ela comentou após um gole.

—Pois é, a cada dia me surpreendo mais com meu parceiro. –Annie sorri para Milo. –Diante daquela pedra de gelo toda, tem um ursinho carinhoso escondido.

—Acho que ele atiraria em você se ouvisse isso. –ela riu, caminhando pelos corredores daquele andar, com Milo ao seu lado.

—Tenho certeza que sim. –Milo coçando a nuca.

—O que houve com ela?

—Acho que nosso suspeito a tirou da Casa de Repouso onde morava. Sinto cheiro de processo contra a mesma pelo Camus. –sério, bebendo outro gole do café. –Mas, estranhei o fato dele não a ter machucado.

—Ele não tem nada contra a senhora Evans. –disse Annie. –Ela amava a filha, a filha a amava. Certamente sofreu muito com a morte dela, e esse psicopata a vê diferente dos demais.

—Não a feriu porque sentiu empatia por ela? Sei não. –Milo torceu o nariz.

—Ela não deve ter lhe dado um motivo ainda. –comentou Annie, parando de caminhar ao reparar que Milo estava parado olhando pela porta de um setor. –Algum problema?

—Aqui ficam os pacientes em coma. –ele apontou, entrando no local.

Sem entender, Annie o acompanhou e ficou ao lado dele quando este parou, observando um rapaz de cabelos claros sentando em uma cadeira, conversando com um jovem inconsciente, ligado a alguns aparelhos, diante dele.

—Aquele é o policial que encontrei no Departamento? Ele estava com uma japonesa muito bonita! Você os conhece?

Annie perguntou e Milo confirmou com um aceno de cabeça.

—Aiolia. Crescemos no mesmo bairro. –respondeu falando baixo, Annie olhou para ambos. –Aquele em coma, é seu irmão Aiolos. Um bom policial, orgulho da comunidade grega. Está assim desde que levou vários tiros durante uma ação policial. Já faz uns sete anos isso... Eu nunca o visitei aqui. Eu... não queria me esquecer de como ele era antes disso. Um cara honesto, brincalhão, ético... muito corajoso! Os meninos da nossa rua queriam ser como ele. Minha mãe brincava que queria que a Themis ou a Cora se casassem com ele.

Annie olhou para Milo, parecia tenso.

—Eu quis ser policial por causa dele. Aiolia seguiu pelo mesmo caminho, querendo prender quem fez isso ao irmão. –ele fitou Annie e sorriu. –Mas vamos pegar esse desgraçado um dia!

—Eu sei que vão.

—Vamos, tenho que falar com o Camus sobre uma coisa.

Ficaram um tempo em silêncio, depois Milo olhou para o relógio, percebeu que já havia passado duas horas desde que chegou ao Hospital trazendo Joan e só agora seu corpo dava sinais de cansaço.

—Sim. Ele ainda quer conversar com o doutor Hernandez sobre umas coisas e...

Milo ficou estático, deixando o copo de café cair no chão atraindo olhares nada amistosos de alguns enfermeiros do andar.

—EU ME ESQUECI DO MÉDICO!!!! –Milo grita com ambas as mãos na cabeça.

 

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Shura chegou em sua casa, cansado do longo plantão e do irritante policial que o perturbou. Queria apenas tomar um banho, esquecer da correria, do fato de sua ex-namorada já o ter esquecido com um idiota e dormir. Teve um dia longo e cheio.

—Assassino atrás de mim? Ridículo! –resmungou. –Só queria me assustar, aquele idiota!

Retirou o terno, afrouxou a gravata e se jogou em uma poltrona, acariciando o seu gato de pelagem amarelada que pulou em seu peito, exigindo sua total atenção.

—Ei, Lucky... tudo bem? Quer comida?

O gato deu um miado e pulou do seu peito para o chão, claramente pedindo por comida e indo na direção da cozinha. Shura suspirou, o banho esperaria alguns minutos.

Levantou para atender ao seu amigo de pêlos, andou até a cozinha, ouviu um som e olhou por sobre o ombro. A última coisa que viu foi um taco de basebol na sua direção, acertando-o em cheio... e depois a escuridão.

—Hora de reunir todo o elenco para o clímax que se aproxima. -disse o agressor, se aproximando do gato, acariciando ele e lhe servindo a ração, olhando em seguida para o homem desacordado no chão.

Um já foi, faltavam ainda reunir os demais para o ato final.

 

Continua...



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