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História Police History - E12X1: As Origens da Monstruosidade


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 12 - E12X1: As Origens da Monstruosidade


Saga estacionou seu carro em frente ao Bar La Luna e observou a ruiva sentada ao seu lado, antes de desligar o motor.

—Tem certeza de que não quer que eu entre com você? –observando o local, que parecia vazio.

—Sim. Meu pai está no escritório. Vou vê-lo e levar o teimoso à um hospital. –deu um sorriso sem graça.

—Mas... –ele olhou desconfiado o local.

—Não é a primeira vez que ele faz isso. –ela explicou. –Ficar sozinho no escritório depois que todos os clientes foram embora, é assim desde que minha mãe morreu. Uma vez quando eu tinha dezesseis anos ele passou mal e eu vim buscá-lo sozinha aqui.

—Se tem certeza disso. –ele segurou o queixo dela entre os dedos e lhe deu um beijo. –Posso te ligar amanhã?

—Deve.  –ela saiu do carro em seguida e acenou para ele, entrando no local.

Saga suspirou e ligou o carro, saindo dali. Já estava a uma boa distância quando reparou que haviam chaves caídas no banco do passageiro e deduziu que eram do apartamento dela.

—Como ela vai entrar em casa?

Mais para frente, deu meia volta para encontrá-la no bar.

 

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Celeste entrou cautelosa no bar pela entrada da frente, encostando apenas a porta, notando o silêncio no local.

—Papai? –ela chamou e não obteve resposta. –Papai, está aqui?

 Com um suspiro, caminhou até o interruptor de luz e com surpresa constatou que não funcionava. Pensou seriamente se deveria entrar, ou chamar ajuda antes, decidiu que olharia primeiro.

—Pai?

Caminhou até o escritório, tentou acender a luz e nada. Viu seu telefone jogado ao chão, fora do gancho e recuou um passo. Quando se afastava da porta, uma mão coberta com uma luva preta a puxou para dentro do escritório, fechando a porta violentamente. Tentou gritar, mas havia sido jogada contra a parede e batido a cabeça.

Foi erguida pelos cabelos e pressionada contra ela, ficando de costas para o seu agressor. Este segurava seu braço em suas costas e Celeste podia sentir seu hálito em seu pescoço.

—Shhh... pode chorar se quiser. –murmurou, apertando mais seu braço, machucando-a. –Culpe seu irmãozinho pelo o que vai acontecer.

—Tira a mão de mim! -segurou a vontade de chorar de dor. –Vai se arrepender disso!

—Duvido que me arrependa do que farei agora. –ele ri, passando a língua em seu pescoço.

Celeste então resolve reagir. Sendo filha e irmã de policiais tinham as suas vantagens. Uma delas é aprender defesa pessoal, que seu pai insistentemente a ensinou. Ela dá uma cabeçada no nariz de seu agressor, forte o suficiente para que ele a solte e coloque a mão no rosto, lhe dando chance de correr para fora.

—Volte aqui, sua vaca! -rosnou o maníaco, correndo em seu encalço.

Mas ela não ousou nem olhar para trás ou perder tempo, abrindo a porta e ganhando a rua. Correu pela calçada, gritando por socorro, apesar da rua estar praticamente deserta. Ela o sentia logo atrás de si, e após atravessar a rua, gritou quando um automóvel freou bruscamente a milímetros de seu corpo.

—CELLY!

Ela ergueu olhar na direção do dono da voz, que descia do carro preocupado e correndo a abraçou forte. Chorando, escondeu o rosto no peito de Saga, que a abraçou.

—O que houve? -perguntou preocupado.

—Havia um homem...ele...ele... -chorava.

Saga olhou na direção do Bar, curiosos se aproximavam atraídos tanto pelos gritos de socorro como pela confusão que o quase atropelamento causava.

—Não fiquem aí parados! –Saga gritou para algumas pessoas. -Liguem para a polícia! -vendo um dos homens se afastar e usar o telefone para ligar para as autoridades, voltou-se para ela. -Acalme-se, eu não vou te deixar sozinha.

 

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Em outro lugar. Orfanato Saint James. Camus estacionou diante do velho orfanato. Era tarde da noite, mas isso não o impediu de bater insistentemente na porta.

—Camus, espere! –pediu Annie. –Sei que está nervoso, mas olha a hora! Devem estar dormindo!

—Não posso perder tempo, Annie. –continua a esmurrar a porta até o zelador aparecer, com o olhar assustado pela aparição dele.

—Sabe que horas são? -indagou o senhor de meia idade que o atendeu, através de uma janelinha na porta principal. -Saia ou chamarei a polícia!

Camus mostra o distintivo e pergunta sem rodeios:

—Preciso falar com a direção. Onde está o responsável?

—A Madre Superiora está dormindo e...

—Acorde-a. É um assunto policial!

A Madre Superiora Grace Martin cuida desta instituição há quarenta anos, desde que era uma freira recém ordenada. E não era raro se acordada no meio da noite. Ora por uma criança febril, ora uma mãe desesperada entregando seu bem mais precioso, ou alguém que se arrependeu de ter deixado uma criança ali e veio desesperadamente em sua busca. Mas jamais um policial.

—Senhor Langdon, ele se identificou como sendo investigador da polícia? -a madre, amarrando firme o roupão e ajeitando os cabelos loiros em um coque, perguntava enquanto andava pelos corredores com o zelador ao seu lado.

—Sim, senhora. Homicídios! -falou o homem, ainda espantando.

—Oh, Deus... que não sejam notícias terríveis para as minhas crianças! -pediu fazendo o sinal da cruz e entrando em seu escritório, onde Camus aguardava acompanhado por Annie, olhando as fotos da parede. –Detetive?

—Camus Chevalier, Irmã. -ele se apresentou, mostrando a insígnia.

—Madre Superiora. –o zelador o corrige.

A mulher olha para Annie que estende a mão para ela, em cumprimento.

—Annie Raccos, senhora. Sou...

—Uma amiga. –disse Camus. –Desculpe acordá-la, Madre.

—Em que posso ajudá-lo, Detetive? -indicou uma cadeira para que sentasse, e ficou diante dele em sua mesa. –Se é que há algo aqui em Saint James que pode ajudá-lo.

—É sobre duas crianças que viveram neste orfanato há anos atrás. Irmãos. A irmã mais velha foi adotada pelos Evans, mas o caçula não. Elizabeth e Gustav. Preciso saber tudo sobre elas.

—Desculpe, Detetive. Mas todo e qualquer assunto referente às crianças de Saint James é confidencial. -respondeu a freira erguendo-se. –Não posso te dar uma informação dessa sem uma autorização judicial.

—Madre, eu me casei com Elizabeth... Liz era como todos a chamavam. -Camus falou em seu limite de auto controle. –Acreditamos que o irmão esteja envolvido em uma série de assassinatos e precisamos detê-lo!

—As informações sobre essas crianças podem nos ajudar, Madre. –Annie insistiu.

—Impossível! Não Gustav! -disse a senhora. –Gustav não faria mal a ninguém!

—Por que seria impossível? –Camus questionou.

—Gustav era um garoto muito delicado. Tão frágil que parecia uma menina! -sorriu. -Era tão bondoso e tinha uma verdadeira adoração por cuidar dos jardins de rosas do Orfanato. Mesmo depois de ter sido separado da irmã, não perdeu sua gentileza!

—Acredite, Madre. Loucos como os assassinos em série, jamais deixam transparecer suas reais intenções até ser tarde demais. –Camus ergueu-se e ficou diante dela. -Eu preciso encontrá-lo. Se ele for inocente, pode estar em perigo. Se for culpado, tenho que prendê-lo e evitar que machuque mais pessoas. Me entendeu?

Algum tempo depois, Camus e Annie estava observando as fichas que a Madre Superiora havia trazido sobre Liz e seu irmão. Enquanto analisava com a ajuda da advogada, ela os observava, sentada em sua mesa.

—A ficha do psicólogo infantil. –diz Annie mostrando ela a Camus. –Não diz nada de suspeito aqui, mas ele não quis ser adotado.

—E por que não? –Camus indagou. –Todas as crianças daqui adorariam ser adotadas.

—Eu não sei, mas aqui o psicólogo exalta que ele era muito inteligente, e não quis ser adotado. Passou por ele por sempre falar coisas que assustavam os candidatos a adoção. –Annie estica os braços, espreguiçando-se. –Ele fugiu daqui aos catorze anos...

—Tentamos encontrar o menino. –disse a religiosa. –Mas as autoridades nunca conseguiram nos dar boas notícias.

—Desistiram de procurá-lo? –Annie perguntou.

—Senhorita, eu nunca desisto de minhas crianças. Mas eu não poderia simplesmente me dedicar a procurar apenas um enquanto as outras precisavam de mim. –ela levantou-se da poltrona. –Vou preparar um chá. Aceitam?

—Não. Obrigado. –Camus viu a mulher saindo.

—Como você aguenta?

—Hã? O que?

—Esse estresse das investigações. –andando pela sala e sentando à frente de Camus. –Sem comer direito, sem dormir direito... segurando a vontade de bater em alguém quando fala coisas assim!

—Meio que nos acostumamos. –Camus pega outra ficha, escrita confidencial na capa e começa a ler.

—Achava minha vida estressante até te conhecer. –ela sorri. –Digo, vi que a sua é mais que a minha.

Camus dá um sorriso de lado, que logo some quando atende ao celular e coloca no viva voz ao ver que era Shaka.

—Pode falar, Shaka!

—Achei algo interessante! –dizia o hacker do outro lado da linha. –Gustav e Elizabeth Bergman, seus pais eram Nora e Maxwell Bergman e...

—E?

—O pai não os abandonou. –continuou falando. –Devem ter contado essa história para serem adotados logo. O pai foi morto a golpe de facas pela mãe, em um surto psicótico. Ela era diagnosticada com esquizofrenia e está internada em um hospital psiquiátrico na cidade desde então.

—Ainda está lá?

—Ela tentou matar os filhos também, chefe. –contou o loiro, jogando Pac-man numa tela e conversando com Camus.

—Liz viu o pai ser morto. Ela passou por psiquiatras a vida toda e nunca me contou isso.

—Acho que sua sogra não comentaria algo assim para os outros. –Annie cruzou os braços. –Parentes de esquizofrênicos têm maior risco de desenvolver a doença comparados a outras pessoas. O risco é progressivamente maior nos parentes geneticamente mais próximos do paciente.

—Como o Gustav?

—Provavelmente. –Annie soca a própria mão. –Se a Liz percebesse que o irmão era igual a mãe, explicaria porque não queria ele perto da sua família. Deve ter sido muito traumático para ela.

—Chefe, estou acessando o histórico médico da Nora Bergman. –o loiro falava. –Até as visitas monitoradas. Er...

—O que foi? –Camus insistiu.

—Ela não recebe visitas desde março de 2008. –Shaka falava. –A última visita de um parente foi da filha...

—Como assim? –Camus parecia preocupado. A cada passo nas investigações descobria o quanto desconhecia a mulher com quem foi casado. –Depois te ligo, Shaka. –desligando o aparelho.

—O que foi? –Annie notou o semblante preocupado de Camus.

—Você disse que essa doença era hereditária?

—Sim. Ao menos foi o que eu li uma vez...

—Será que... –Camus fitou Annie e suspirou antes de falar. –Liz estava grávida e não me contou. Descobri quando recebi uma ligação do seu médico confirmando o horário de seu retorno depois de ter feito um aborto.

—Oh, Camus... sinto muito.

—Foi em março daquele maldito ano. Antes do acidente... será que ela...?

—Temia que o bebê herdasse a doença da família? –Annie perguntou cautelosa e viu o quanto o assunto o fazia sofrer. –Talvez, mas...

—Nada justifica o que ela fez. –Camus se levanta, numa clara demonstração de que encerrava o assunto, no momento em que a Madre Superiora voltava trazendo chá para todos. –Vou te deixar com minha irmã. –Annie ia retrucar. –Não discuta! Você precisa dormir e eu...

—Você também precisa dormir.

—Depois eu durmo. –pegando o celular e ligando para Milo.

—Encontrou o que precisavam? –a religiosa perguntou.

—Mais do que queria encontrar. –disse Camus. –Atenda, Milo!

 

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O celular tocava insistentemente, fazendo Milo resmungar e abrir os olhos devagar e preguiçosamente, depois percebendo que havia cochilado na sua mesa no departamento, enquanto esperava mais informações da perícia no apartamento do médico sequestrado e das fotos do celular.

Pegou o aparelho, coçando o olho e viu que era o Camus. O celular voltou a tocar, e o detetive atende rapidamente dessa vez.

—Fala... -murmurou.

—Estava dormindo? –Camus notou a voz preguiçosa do colega.

—Não. –respondeu bocejando.

—E o médico? -Camus perguntou do outro lado da linha.

—Sobre isso... –sem graça, coçando a nuca. –Er... ele foi sequestrado.

—Que? Volte a central e...

—Já estou na central.

—Eu já te encontro aí! Só tenho que passar em minha irmã e depois nos encontramos na Central. Espere...tenho outra ligação...

—Camus, aguenta aí. –pediu Milo quando viu um policial de farda se aproximando.

—Sabe onde encontro o detetive Chevalier? –o homem perguntou.

—Estou com ele na linha. O que foi?

—Bem, hoje eu atendi uma ocorrência envolvendo a irmã dele. –disse o policial. –Celeste Chevalier, correto? Acho melhor avisar seu parceiro sobre isso.

—O que houve com a Celly? –Milo perguntou preocupado.

—O que houve com a minha irmã? –Camus alarmado do outro lado da linha.

—Houve uma invasão em seu estabelecimento comercial, ela foi atacada e... agora ela está bem, veio até minha DP registrar queixa com o namorado e ele a levou para casa.

—Estou a caminho! –Camus avisou. –QUE NAMORADO?

—Que namorado? –Milo perguntou ao policial que deu os ombros e saiu, como se dissesse que não era assunto dele. –Camus, vou até o apartamento dela e...

—Celly tá me ligando. Aguente aí na linha. –respondeu Camus atendendo. –Celeste? Você está bem?

—Alô? –Camus não reconhece a voz masculina do outro lado da linha. –Estou falando com Camus Chevalier?

—Quem está falando? Onde está minha irmã? Quem é você?

—Namorado dela. -respondeu e Camus arqueou uma sobrancelha. -Saga Tassouli...

—Ela tem namorado? –Milo ouvindo a ligação cruzada. –Ela não me falou isso enquanto a gente tava junto ontem e...

—Milo, sai da linha! –Camus pediu, nervoso.

—Saga Tassouli? Ei, não era você que estava com minha irmã ontem?

—Depende, que irmã?   

—Themys e Cora...

—Ah, sei...  sim, eu as levei naquele local e...

—Não era você que minha mãe queria casar com minha irmã?

—Sobre isso...

—Então conheceu a Celly outro dia e já tá namorando com ela? Cora vai ficar triste.

—A noiva era Themis. –Saga o corrigiu.

—Milo, sai da linha agora. E você... Saga não é? Vocês mal se conhecem e já a chama de sua namorada? Cadê ela?

—Bem que você me disse que ele é ciumento. -Saga falou do outro lado da linha para outra pessoa, o que irritou Camus.

—Ele é muito ciumento mesmo. –disse Milo.

—Não desligou ainda? –Camus falando.

—Já vou, já vou. –Milo finalmente desliga o telefone e Camus conta mentalmente até dez.

—Celeste. Atenda este telefone! -avisou do outro lado.

—Camus, eu estou bem. –dizia a ruiva ao telefone.

—Não se machucou?

—Nada demais. Só não vou dormir em meu apartamento sozinha com um gato. –suspirou. –Vou pegar o Akhenaton e vou para o apartamento do Saga. Ele gentilmente me convidou para ficar lá, e é mais seguro.

—Celeste me desculpe, eu não imaginei que... –Camus estava visivelmente se sentindo mal com tudo isso.

—Tudo bem... Hei, Pinguim... estou preocupada com o papai.

—Vou até ele. Não se preocupe. Eu te ligo, Duende. –houve um breve silêncio. –Vão dormir em quartos separados não vão?

—Talvez...

—Celly!

—Deixa de ser neurótico!

—Eu não sou neurótico!

—Tá parecendo! -Milo comentou.

—Que? Alexandros! Sai desta linha! -Camus enfurecido.

—Oi, Milo!

—Oi, Celly... tá machucada?

—Estou bem. E...

—Parem de me ignorar! Sai desta linha, Milo! É uma conversa particular! -avisou Camus.

—Beijos irmãozinho! Saga está me chamando, os policiais me liberaram. Ah, um beijo Milo!

—Celeste! –Camus percebeu que ela desligou. –Droga!

—Tem que aceitar que ela cresceu. –Milo comentou.

—Se não desligar esse celular agora, vou te dar um tiro quando chegar aí.

Milo desligou o telefone.

 

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—Esse Alessandros tem o poder de... –Camus parou de falar ao fitar Annie que sorria para ele.

—Sua irmã está bem, pelo visto.

—Sim. Ela disse que vai levar seu gato para outro lugar, mais seguro com ela.

—Tudo bem. Fico contente que ambos estejam bem. E agora?

 

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Uma hora depois, Camus estacionava em frente a uma residência utilizada várias vezes pela polícia para proteção de testemunhas e pessoas em situação de perigo. Bastou um telefonema ao capitão e outro para a promotora e logo vários policiais à paisana estavam à disposição para a segurança de Annie e os aguardavam. Haviam outros policiais ao redor, em carros ou disfarçados de moradores, apenas fazendo a vigilância.

Annie estava de braços cruzados, se sentindo contrariada pela decisão que Camus tomou sozinho.

—É para o seu bem. –ele frisou, desligando o motor do carro.

—Eu sei. –ela suspirou. –Estou te atrapalhando?

—Não! Você me ajudou muito, Annie. Só que eu devo pensar em sua segurança primeiro. Não posso te levar para todos os lugares que vou, pode ser perigoso!

—Eu...

—São bons policiais. –ele apontou com o olhar os dois que aguardavam que ela descesse do carro. –Estão acostumados a situações como essa. E tem meu número direto. Qualquer sinal de que não se sinta segura, pode me ligar.

—Está certo. –ela abre a porta resignada. –Cuidado!

—Você também.

Annie fez menção de sair do carro, mas para um instante e volta a sentar no banco de passageiros, virando na direção de Camus e lhe dando um beijo ardente, pegando de surpresa o detetive. Tão rápido quanto o beijou, ela parou e desceu do carro.

—Resolva logo isso, detetive. Quero te convidar para um jantar a dois depois disso tudo.

A advogada seguiu para a casa, acompanhada pelos policiais. Camus deu um sorriso de lado, mais uma motivação para terminar logo aquele caso o aguardava. Olhou para o relógio, ainda era madrugada e seguiu para a Central.

Algum tempo depois chegou ao seu destino e foi logo para o andar, onde Milo estaria esperando-o. Esbarrou em uma bela loira que saia do elevador, cabelos  soltos que caiam como cascata pelas costas e casaco preto comprido, que pediu desculpas e continuou seu caminho para a saída.

Chegou em seu andar e notou a presença de alguns detetives envolvidos em outros casos, mas ignorou caminhando até a mesa onde Milo estava. Adormecido.

Não podia culpá-lo por se entregar ao sono. Estavam trabalhando direto no caso, correndo contra o tempo, pensou em fazer o mesmo mas não podia se dar ao luxo. Notou que Milo analisava endereços de depósitos abandonados, certamente seguindo alguma pista.

Foi até a copa e trouxe alguns minutos depois uma caneca de café quente e fumegante.

—Milo! –ele o chama, colocando a caneca diante dele, e Milo acorda assustado. –Está babando.

—Não estou. –enxugando o queixo. –Nem dormi, só estava...

—Descansando os olhos?

—Sim. –pegando a caneca e bebendo o líquido. –Ah... café! Néctar dos deuses!

Camus sorri, sentando na frente dele e sorvendo um gole de café também.

—E a Annie? Na casa segura? E a Celly?

—Sim. Ainda não fui ver minha irmã. Acredito que esteja bem com o “namorado”.

—Sabe, frisar a expressão com desprezo não vai fazer ele sumir. –Milo diz bebendo outro gole de café.

—Ah, é? E se fosse sua irmã? O que faria?

—Themis e Cora não pensam em garotos! –Camus começa a rir e Milo o fita sério. –Posso saber onde está a graça?

—Você achar que suas irmãs, duas garotas jovens e bonitas, não pensem em rapazes ou que não saem com eles. –Camus rindo da expressão chocada de Milo. –Não faz essa cara, tem que aceitar que elas cresceram!

—Touché! –Milo apontou o dedo para ele. –Por que continua rindo igual a uma hiena?

—Porque passo por isso só uma vez. Você vai enfrentar isso em dose dupla!

—Vamos mudar de assunto? –Milo mostra o notebook para Camus. –Na casa do médico sequestrado havia cimento e terra di... dia...

Camus pega o papel e lê o que está escrito.

—Terra diatomácea. O que é isso?

—É composta por criaturas marinhas pré-históricas, usada em inseticidas, agente filtrante, abrasivo de limpeza, em cerâmica. –Camus arqueou a sobrancelha diante da explicação. –Achei no Google sobre ela.

—É uma pista. Sabendo de onde essa terra veio.

—Podemos saber onde o maluco esteve. –Milo sorriu. –Só que temos um problema...

—E qual é?

—Esse tipo de terra é comum... –Camus revirou os olhos. –Isso torna nossa área de procura bem maior.

—Temos que reduzir nossa área de busca.

—Aí que vem a boa notícia. –Milo mostrou a foto que pegou com os garotos, agora ampliada e impressa. –Pedi ao departamento de trânsito para que encontrem esse veículo. Estou esperando que retornem minha pesquisa.

—Certamente é um carro roubado. –diz Camus analisando a fotografia.

Durante o restante da madrugada ambos esperaram resposta do Departamento de Trânsito, nem havia amanhecido e alguém os informou que o automóvel estava em nome de uma empresa de locação e forneceu o endereço do último locatário, uma floricultura.

Milo e Camus foram diretamente ao endereço dado, dispensaram os dois policiais que vigiavam a casa e ficaram de tocaia, observando a casa onde morava seu suspeito número um. Quietos, observavam a casa. Era antiga e parecia bem cuidada, com belos jardins e uma enorme estufa ao fundo.

—Quanto tempo? –Milo perguntou olhando o relógio.

—Estão vigiando desde as três da manhã. –respondeu Camus. –A primeira patrulha e agora nós. Dizem que só entrou uma mulher na casa de manhã cedo.

—Deve ser a namorada. –Milo suspirou. –Até quando vamos esperar?

Camus observou pelo retrovisor dois meninos que iam para a escola e saiu do carro, fazendo sinal para as crianças se aproximarem. Diante da hesitação delas, mostrou-lhes o distintivo e os dois trocaram olhares antes de atenderem o chamado dele.

—Meninos. Há alguém morando nesta casa? -apontou para a casa do suspeito.

Os garotos viraram o corpo na direção apontada e um deles, moreno e magrinho, respondeu.

—Mora sim.

—Minha mãe falou que eu não posso falar com estranhos. –disse o outro menino, um ruivinho com sardas.

—Mas somos policiais. - disse Milo sorrindo e se aproximando, mostrando a insígnia para os dois.

—Legal! –os dois disseram vendo a insígnia.

—Tem uma arma?

—Já matou alguém?

—Segredo. Sabem me dizer se ele está em casa ou se viajou? –Camus voltou a perguntar.

—Ele está em casa! -respondeu o ruivinho. -Fica todas as manhãs na estufa nos fundos. Eu sei, sou vizinho dele. Minha irmã e as amigas dela ficam suspirando pelo nosso vizinho sempre que o veem.

—Obrigado pela informação. Agora vão para a escola! -Milo avisou.

Ambos se entreolharam assim que os meninos se afastaram e caminharam até os fundos da casa.  

Cautelosos, chegaram no quintal da casa e viram a estufa. Perceberam movimentação dentro dela e caminharam até lá. Milo fez um sinal de que iria cobrir Camus, colocando a mão na arma, escondida pelo paletó. Camus abriu a porta da estufa e entrou. Viu muitas rosas ali cultivadas, formando um belo cenário, mas que impedia a visão dos fundos da estufa:

Escutou outro barulho e passos lentos em sua direção. Logo um rapaz, aparentemente com a mesma idade que ele, apareceu. O rosto delicado, de beleza andrógina, cabelos e olhos claros que o observavam curioso. Segurava em suas mãos um vaso com uma rosa vermelha.

—Pois não? –perguntou com muita calma.

—Polícia de Nova Iorque. -Milo se identificou mostrando o distintivo e guardando-o rapidamente. -Detetives Alessandros e Chevalier.

—Procuramos Gustav Bergman. –Camus falou, tentando controlar a crescente ansiedade que estava lhe dominando agora, ao fitar o rosto daquele rapaz.

—Sou eu. -respondeu parecendo confuso com a presença dos detetives ali.

—Gustav Bergman, você está preso. –disse Camus. –Sob acusação de homicídio!

 

Continua....



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