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História Police History - E15X1: Inside


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 15 - E15X1: Inside


12:07:45

 

—A situação é a seguinte. -o capitão Dohko começou a falar com a equipe após ser colocado a par dos recentes acontecimentos, tendo ao seu lado Marin e Aiolia. –Temos três vítimas de sequestro e um prazo fatal de menos de vinte e três horas. Quero o departamento inteiro à procura dessas pessoas.  –em seguida mostrou aos policiais as fotos das vítimas. -Não houve pedido de pagamento de resgate, pois para os maníacos que sequestraram Shura Hernandes, Cora Alessandros e Anne Branches, isso tudo é um jogo doentio de gato e rato.

—Temos suspeitos, capitão? –um policial perguntou ao fundo.

—Marin. –o capitão ordenou. -Passe a eles os dados sobre as recentes cenas de crime e nossos suspeitos. Infelizmente, como podem ver, um deles era um policial. E um dos sequestrados é a irmã caçula de um dos nossos. O Milo. Então, dedicação total nesse trabalho! Ninguém vai pra casa até acharmos os três com vida e prendermos os maníacos que os sequestraram!

Houve um burburinho com tal revelação, que foi encerrada pela voz imperiosa do capitão:

—Agora, todos nas ruas. Equipe técnica analisando o e-mail e tentando rastrear de onde vem aquela maldita filmagem pela internet! –virou-se para Aiolia. –Onde estão Alessandros e Chevalier?

—Capitão! –outro policial adentrou a sala de reuniões. –Recebemos um telefonema do hospital central. Os agentes do FBI estão na Emergência de lá.

—Aiolia, você e Marin vão até lá e tentem descobrir o que diabos aconteceu e como deixaram o Bergman escapar! –Dohko falou irritado, saindo em seguida.

Ninguém ousou contestar as ordens do capitão, todos sabiam o quanto a situação era tensa naquele momento. A imprensa, de algum modo, estava sabendo dos sequestros e da ameaça às suas vidas. Esse caso do Cinéfilo era uma bomba relógio prestes a explodir e que poderia acabar com carreiras num abrir e fechar de olhos, de modo que o comissário-chefe e a promotora estavam praticando a fina arte de enrolar os repórteres e acalmar a população diante dos fatos.

—Aiolia? –Marin o chamou no momento em que ele desligava seu celular. -Mais alguma coisa sobre os agentes do FBI atacados?

—Nada. A perícia está naquele apartamento onde foram encontrados procurando alguma pista e nada. Sorte que um deles teve força para usar o celular e pedir ajuda.

—Temos pouco tempo. –ela olhou para o relógio.

 

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11:43:27

Em um bairro residencial.

—O que estamos fazendo aqui? –Milo perguntou irritado ao seu parceiro. –Devíamos estar procurando pela Cora e pela Anne e não de volta a esse lugar! E nem devíamos ter trazido esse note conosco!

—Shaka não pode nos ajudar agora, ele está sendo pressionado pelo capitão. E ele vai ter que seguir as regras e não temos tempo para sermos éticos. Então, vamos precisar de outro hacker para nos ajudar. E só conhecemos um! –respondeu Camus batendo na porta da residência. –Shaka não precisa deste notebook para achar o que precisa.

—Sinto uma pontada de orgulho por você não estar sendo o policial certinho.

Logo foram atendidos por um rapaz, que se lembravam chamar Shion, que os olhou com uma expressão serena e depois se virou e gritou:

—Kiki! –um garotinho com seus doze anos apareceu descendo as escadas. –Chame o Mu! Visitas para ele!

—É a polícia, irmão Shion? –o garoto perguntou.

—Sim. –respondeu Camus mostrando o distintivo para o menino ruivo.

—Vão prender o Mu de novo? –com uma expressão preocupada.

—Hoje não. –respondeu Milo e levou um cutucão de Camus. –Digo, não. Precisamos da ajuda dele.

—Ajuda? –o chamado Shion ficou surpreso.

—Sim. Podemos conversar com ele? –Camus perguntou sério. –Não podemos perder tempo ou pessoas poderão morrer.

O menino os levou até o porão que servia de “base de operações” do rapaz, que estava ocupado assistindo um anime, enquanto jogava Counter Striker em outra tela de computador, e tinha do seu lado um tabuleiro de xadrez.

—Kiki! Anda logo que quero terminar essa partida de xadrez e... –parou de falar ao girar sua cadeira, retirando os óculos ao ver os dois policiais. –Ah, cara! Vocês me denunciaram? Vão me prender de novo?

—Não. –disse Camus mostrando o notebook. –Precisamos da sua ajuda.

—Olha, eu não ligo de ajudar, mas... eu não gosto de policiais!

—Vidas estão em perigo!

—Mu. –o menino se manifestou. –Ajuda eles!

—Ok. –respondeu e deu um longo suspiro. –Tudo aqui vai ser confidencial, vocês não me conhecem, eu não conheço vocês. Tenho uma reputação a zelar e... quero um pagamento!

—Mas não é hora disso! –Milo disse impaciente.

—Shaka me falou sobre isso. –Camus retira de dentro do paletó um pacote com pirulitos. –Tem mais de onde vieram esses.

—Pra começar, está bem. –pegando o note e o pacote de pirulitos e abrindo o aparelho. –O que quer que eu f... –para chocado diante da imagem que se abriu imediatamente após ligar o aparelho, das vítimas sequestradas e o timer ligado. –... faça!? Cara, isso não é bom!

—Encontre-os! –pediu Camus.

—Esse fórum foi criado só para passar esse vídeo. –disse Mu após conectar um tablet no notebook. –Tô tentando rastrear sua hospedagem física, mas ele se protegeu com um malware que apaga seus rastros.

—Droga. –Milo não evitou um ataque de raiva ao socar uma parede.

—Não disse que era impossível pra mim. –Mu se concentrava no que faria e sorria. –Ninguém escapa do Áries!

—Por que o timer do lado da Cora tá diferente? –Milo apontou para a tela, onde haviam marcado uma diferença de duas horas entre as duas vítimas de sequestro.

—Que ela e o doutor tem menos tempo. –concluiu Camus. –Mas por quê? Onde estão?

—É o que irei descobrir! –disse Mu esfregando as mãos, e colocando um pirulito na boca, ajeitando os óculos em seguida. –Preciso contatar alguns colegas para me ajudar, eles podem não gostar de ver vocês aqui, então... sentem longe da vista.

Camus colocou um aparelho de celular descartável do lado de Mu.

—Nos avise se descobrir algo. Os únicos contatos que há nesse celular são os nossos números.

—Certo.

—Para onde agora, Camus?

Milo perguntou ao ver o colega se afastando na direção da saída, mas este para ao receber um telefonema do celular descartável que estava usando.

—Shaka, fale. –disse ao atender.

—Olha, estou te passando em primeira mão o que descobri. Se o capitão sequer sonhar que eu fiz isso, ele revoga meu acordo de liberdade condicional. –Shaka dizia do outro lado da linha. –Estou tentando localizar endereços ligados aos Lefebvres.

—E?

—Se eu te contar não vai acreditar.

—Tentarei acreditar.

—Alguém apagou tudo sobre os Lefebvres do sistema. –explicou Shaka. –Não tem nada.

—Como assim nada? –Camus exasperou-se.

—O que foi? –Milo perguntou ansioso, mas Camus pediu que ficasse em silêncio com um gesto da mão e o rapaz obedeceu contrariado.

—Nada, nichts, ništa, típota, niente, Nani mo, nichego,... Tudo apagado! Não tem nome da mãe, avós, endereços, e-mail, número do serviço social, carteira de motorista... apagaram o cara. Se não tivéssemos testemunhas de pessoas que o conheciam, diria que virou um fantasma.

—Tá, eu entendi! –Camus suspirou. –Vai ter que ser à moda antiga.

—Hein?

—Depois eu ligo, tente achar alguma coisa que tenha escapado, por favor! –e desligou olhando para Milo. –Vamos na antiga residência de Alain Lefebvre.

—Quem?

—O pai de Misty... meu ex-parceiro.

 

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11:40:43

Em outro ponto da cidade.

Cora havia finalmente conseguido se acalmar, repetia a si mesma que não devia chorar, mas era difícil. Ainda mais quando o homem diante dela era mais frio que o chão em que estava sentada e parecia ignorá-la por completo naquele momento.

Na verdade, ele parecia mais interessado em ficar olhando para cada fresta daquele buraco onde estavam do que responder suas perguntas. Cora olhou com mais atenção ao redor, estava cercada por centenas de entulhos, o que parecia ser uma enorme banheira mais adiante, fios elétricos pendentes formando um grande emaranhado acima da sua cabeça.

O chão era de piso que um dia possuíra a cor branca, estava muito encardido e sujo, com um aspecto que causava nojo. Água pingava de um cano no alto, criando uma poça suja próxima à tal banheira e uma meia dúzia de minúsculas lâmpadas amarelas forneciam a única iluminação.

—Lembra como chegou aqui? –ela voltou a tentar começar um diálogo, ou iria enlouquecer ali, presa com ele.

—Não. –ele respondeu, tocando a palma da mão numa das paredes, tateando nela até onde a corrente presa ao seu pé lhe permitia.

—E conhece quem te atacou?

—Não.

—Ainda sente dor?

—Um pouco.

—Ah, vamos trabalhar melhor esse seu vocabulário! –ela explodiu e depois fechou os olhos, respirando fundo. -Certo. Calma.

—Estou tentando descobrir onde diabos estamos, niña. Para nos tirar daqui.

—Hein? Mas não acha que a polícia vai nos achar?

—Não sou homem de ficar sentado de braços cruzados em uma crise. –ele lhe disse, olhando ao redor. Notando os encanamentos antigos e enferrujados, bem como o total abandono do local. –O que se lembra quando foi trazida para cá?

—Eu não lembro de nada. –disse-lhe, abraçando as pernas, sentia frio. –Estava muito escuro e...

Se assustou quando o rapaz ficou bem diante dela, fitando-a com os olhos mais negros e inquiridores que conheceu em sua vida.

—A mente humana pode nos surpreender. Feche os olhos, niña. Respire fundo e tente se lembrar. –Shura levou a mão ao queixo de Cora, erguendo-o delicadamente para fazê-la mirar seu rosto. -Temos que ter alguma pista sobre onde estamos. Fui trazido para cá desacordado, mas você não. Deve ter algo que deixou passar sobre nosso sequestrador e sobre onde estamos e que pode nos ajudar.

—Está bem. –afastou um pouco do toque e passou a língua pela boca subitamente seca, amaldiçoando o fato de não ter água ali agora.

Cora fechou os olhos, fazendo exatamente o que ele havia lhe pedido. Imagens da festa em que fora, de ter pego o táxi, coisas que normalmente deixaria passar em branco mas que agora talvez lhe fizessem sentido.

—Armazéns, passamos por vários armazéns velhos a caminho daqui. Uma placa de rua... Rua 42... estamos na rua 42! –ela abriu os olhos ao se lembrar desse fato, rindo. –MAS EM QUE BAIRRO, CARAMBA?! E esse cheiro de esterco tá me sufocando!

—Estamos em um matadouro abandonado. –Shura deduziu se levantando. –Aquela coisa que lembra uma banheira? É onde sangravam o animal, aqui deviam destrinchá-lo. Esses canos acima devem ser onde penduravam os ganchos antigamente, mas está destruído pela ferrugem e cedeu.

—Então, pelo estado do material que vi espalhado, e o cheiro de esterco, deve ter sido desativado há alguns meses apenas, mas esse lugar é antigo. Acho que dos anos 20 ou 30. Podemos estar em West Side ou no Harlem. –disse a jovem mais calma e reflexiva.

—Como pode ter certeza disso?

Ela apontou para os móveis antigos jogados em um canto mais adiante, fazendo parte de um grande entulho.

—Aquela escrivaninha é dos anos 20. Sei porque meu avô tinha uma igual em seu escritório. Pelo estado, está aqui desde sempre.

—Você é bem observadora. –ele sorriu e a moça ficou com as faces levemente vermelhas.

—Meu irmão é detetive da polícia. Homicídios. Ele dizia que eu tinha o dom para ser detetive também, mas não é bem o que quero fazer.

—E o que pensa em fazer?

—Se sairmos daqui? –deu uma risadinha. –Fisioterapia e um dia escrever um livro.

—Fisioterapia? Aí poderemos trabalhar juntos. –Shura pareceu ter visto algo e se esticou todo para tentar alcançar um pequeno objeto prateado esquecido no chão. –Seu irmão... –gemeu com o esforço. –Deve ser uma pessoa legal! Peguei!

—Pegou o que? –ela pareceu esperançosa e Shura escondeu o objeto no bolso de trás, fazendo sinal para que ela ficasse quieta, pois ouviu passos pelo corredor.

Uma sombra se projetou por debaixo da fresta da enorme porta, alguém a abre e empurra uma bandeja de plástico com algumas barras de energético e duas pequenas garrafas de água para os dois prisioneiros e a fecha em seguida. Cora conseguiu alcançar o que parecia ser a única refeição que teriam no dia.

—Ele quer nos matar de fome? –a jovem estava indignada.

—Acho que não. –Shura pegou o objeto e mexia na algema presa em seu pé. –Não vamos desistir, certo niña?

—Não vamos... –ela murmurou, não tendo muita fé no plano de seu companheiro de sequestro. –Milo... cadê você, seu idiota? Vem logo, por favor...

 

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Misty acabara de deixar algo para seus convidados comerem e voltava para a sala que havia reservado para si, como base de operações para seus planos e de sua amada. Essa sala consistia em um pequeno escritório com computadores ligados na rede mundial e mostrando em tempo real o que acontecia naquela sala e em um lugar específico onde a senhorita Raccos estava.

Olhou para as telas e sorriu satisfeito ao ver a jovem advogada encolhida em um canto da cama em sua cela, bem como seus convidados que comiam sua “refeição”.

Colocou sua música preferida, começou a cantarolar “Time is on my side” dos Rolling Stones e em seguida olhou para o relógio, estranhando a demora dela. Começava a preocupar-se quando seu celular começou a tocar, atendendo ansioso.

—Alô? Deloateffi?

—Sou eu. –a voz do outro lado da linha, mais fina do que normalmente seria, trouxe um sorriso aos lábios de Misty.

Nesse momento Gustav entrava na rodoviária da cidade, andando até os guarda volumes, tirando uma chave e abrindo um dos compartimentos. De lá retirou uma mala de mão e em seguida caminhou até o banheiro masculino, trancando a porta atrás de si ao perceber que era o único no local.

 —Onde esteve, meu amor? Estava ficando aflito com sua demora! –Misty indagava do outro lado do telefone, ficando de costas para os monitores e não percebendo o movimento atrás dele, onde o médico tentava se soltar de algum modo.

—Desculpe, amor. Tive um pequeno contra tempo.  Mas os planos continuam. Estou indo para nossa casa para me preparar para a fase seguinte.

Enquanto falava, Gustav retirava da pequena mala uma peruca loira e se olhava no espelho.

—E depois que tudo terminar? Vamos fazer o que combinamos e irmos embora do país?

—Sim. Iremos para bem longe daqui... só eu e você. –respondeu olhando para um único passaporte dentro da mala e alguns maços de dólares. –Amanhã a essa hora estaremos longe. Apenas siga os planos e não cometa erros.

—Sim. Eu sempre fiz tudo como me pediu. –ele suspirou.

—Eu sei, amor... você nunca me decepcionou.

— E se os detetives acharem esse local antes da hora marcada?

—Eles não vão. E na hora certa, sabe o que tem que fazer com os dois que estão com você. Filme e jogue na rede. Isso vai enlouquecer a polícia. Daqui a pouco nos veremos. Eu te amo. –desligando o celular.

Misty segurou o aparelho na mão como se fosse algo precioso, em seguida deixou o aparelho sobre um móvel e foi até uma mala em cima da mesa. Abriu e analisou o seu conteúdo, retirando de dentro dela uma serra cirúrgica e avaliou seu corte com um sorriso.

Dentro da mala haviam vários tipos de lâminas, algumas delas ainda sujas de sangue. Deixou a serra e em seguida pegou sua Glock, verificando sua munição e voltando a atenção ao relógio que marcava o momento em que iria executar suas vítimas.

 

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Gustav, melhor dizendo Deloateffi, desligou o telefone e em seguida o abriu e retirou a bateria, jogando o aparelho dentro do lixo.

—Nossa parceria termina aqui, Misty querido.

—Ah, está cometendo um grande erro.

Deloateffi olha para trás, procurando quem havia dito aquilo. Quando volta a sua atenção ao espelho vê o seu reflexo, segurando uma bela rosa branca na mão, aspirando-a.

—Pensei que tinha te colocado bem fundo... que não sairia. – Deloateffi disse com uma expressão contrariada, esfregando a têmpora direta com as pontas dos dedos, como se sentisse dor.

—Fez Gustav parar com os medicamentos, lógico que eu sairia também. –o reflexo respondeu, sorrindo.

—Não vai sair! –Deloateffi explodiu e o reflexo apenas riu. –Eu estou no comando agora! EU! Deixei você tomando conta de Gustav e o que fez? Deixou que ele ficasse longe daqui, longe da irmã! Se ele estivesse aqui... se eu estivesse aqui, ela poderia estar viva!

—No fundo você sabe que é mentira isso. Não havia como prever um acidente, Delô. Ambos queremos o melhor para Gustav, mas o que vai fazer não é o certo.

—Eles têm que sentir a mesma dor que Gustav sentiu. –ela fitou a imagem com ódio. –E você é fraco demais para fazer isso, Afrodite! Então eu farei!

A imagem no espelho desapareceu e Deloateffi suspirou aliviada. Ainda tinha o controle sobre si.

—Será que tem mesmo o controle, querida? –a impressão que teve era que ele estava atrás de si, sussurrando em seu ouvido.

Assustada olhou ao redor e se viu sozinha. Respirou fundo, se controlando e alguns minutos depois voltou sua atenção ao espelho e sorriu, retirando da mala roupas femininas. Ninguém mais a impediria de fazer todos sofrerem. Nem mesmo seu outro eu.

Uma hora depois, não havia sinal algum da existência de Gustav. Apenas uma bela mulher loira, trajando um longo vestido vermelho e casaco, que saia do sanitário masculino carregando uma pequena mala de mão, causando estranheza em alguns. Mas logo era substituída pela admiração pela beleza incomum da mesma.

 

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10:39:55

Antiga residência da família Lefebvre. A porta era praticamente arrombada com um chute combinado entre os dois homens que a invadiam com armas em punho. Camus e Milo olhavam em cada cômodo da residência para ter certeza de que não haveria ninguém ali escondido, e após alguns minutos perceberam que a casa estava vazia.

—Liberado. –Diz Camus olhando a sala.

—Liberado aqui. –respondeu Milo, guardando a arma. -Você disse que ninguém vem aqui mais?

—Deveria. –Camus observa a sala de estar, que parecia intocada. –Misty viveu aqui após a prisão do pai e sua morte. Deve ter deixado algo aqui que indique onde Anne ou Cora estão.

—Se havia, não deixou nada. Até o lixo ele recolheu. –Milo comentou examinando a cozinha. –Melhor chamar a perícia para varrer este lugar.

—Sabia que a polícia poderia vir para cá. E não podemos perder tempo! –Camus falou irritado dando um soco na parede, extravasando a tensão que sentia nesses últimos dias.

—Ei! Sei que está preocupado com a Anne, eu também estou preocupado com minha irmãzinha. A caixa de mensagens do meu celular tá com centenas de ligações dos meus pais aflitos, acha que eu também não estou afim de explodir? Só que precisamos manter a calma e pensar ou vamos perder as duas!

Nesse momento o telefone de Camus toca e ele atende.

—Espero que tenha boas notícias.

—Olha, nós temos. –respondia Shaka do outro lado. –Vou pôr o Áries aqui para compartilharmos nossas ideias.

—Vou colocar no viva voz para que Milo escute.

—Tão me ouvindo? –Shaka perguntou antes de continuar. -Cruzamos informações com as Torres de celulares desde a boate em que a irmã do grego saiu. Hoje é fácil, celulares tem GPS e isso não importa. Estou quase chegando em um endereço.

—E sobre Annie? –Camus insistiu.

—Olha, esse site é terrível! –Mu falava, do outro lado do telefone mexendo em seu computador. –Tentei rastrear o sinal e isso me fez entrar na DeepWeb cara! Eu odeio esse lugar! O cara está usando uma conta em um fórum aqui que dá nojo explorar, todo mundo acessando para ver a garota morrer afogada e os comentários são assustadores!

—Não dá pra saber onde está o computador que ele usa?

—Para esses sites o anonimato é tudo! –Shaka explicava.

—Seu maluco usa uma rede Tor, que é um “roteador cebola”. Não dá pra ver I.P do computador que ele tá usando para enviar a filmagem pra esse fórum! –respondeu Mu. –Preciso ver filmes sobre pugs agora para tirar essas imagens da minha cabeça.

—Como assim não dá pra rastrear? –Milo insistiu.

—Eu uso Tor para ter várias contas em vários jogos. –respondeu Áries.

—Cara, ainda viciado em Eldarya? –Shaka perguntou balançando a cabeça.

—Para seu governo eu não jogo mais aquilo! Estou curado! –respondeu o outro.

—Foco, pessoal. Foco! –Camus pediu impaciente. –Então é impossível saber onde ele a está mantendo?

—Não falei isso. Estou procurando alternativas.

Milo se afastou, impaciente e deu um chute em um móvel. Este abriu a gaveta e o rapaz olhou curioso para dentro desta, pegando um pedaço amassado de papel.

—Camus, lembra o endereço do namorado da sua irmã?

—Manhattan. –respondeu Camus. –Por quê?

—Nesse endereço? –ele mostrou ao parceiro que ficou lívido.

—Vamos imediatamente pra lá. –Camus decidiu pegando eu celular.

—Chefe! –Shaka fala do outro lado da linha. –Eu descobri onde o celular esteve pela última vez. Fica em West Side e... vou enviar o endereço pelo sms para os dois.

—Você vai atrás da sua irmã. –diz Camus saindo rapidamente. –Eu vou atrás da minha.

—Só temos um carro, porra! –Milo saía e via Camus parar um veículo na rua e obrigar o seu relutante motorista a sair e entrar nele, sumindo na rua logo em seguida. –Ah, tá. Roubou um carro.

 

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10:00:18

Em um luxuoso prédio de apartamentos em Manhattan, uma jovem ruiva estava sentada em um sofá, olhos fixos na televisão enquanto mudava de canais à procura de notícias.

—Esses abutres da mídia... –resmungou deixando o controle de lado.

—Café?

Ela olhou para o lado e sorriu para o belo homem que lhe oferecia uma caneca fumegante, aceitando-o.

—Não sou especialista, mas... –ele sentou ao seu lado, passando o braço por seu ombro e a puxando para mais perto de seu corpo. –Mas acho que a polícia está tentando fazer o que pode para achar as vítimas.

—Eu sei. Meu irmão não é de desistir. –ela sorri dando um gole na bebida quente e se sentindo renovada com ela. –Você quem fez?

—Tenho meus dons. –ele sorri. –Conversou com seu pai?

—Sim. Ele está bem e pediu que eu ficasse aqui com você por enquanto.

—Não vamos contradizê-lo.

—Ah, ligação de um... –ela pegou um papel onde anotara um número. –Kanon Tassouli. Disse que precisa de dinheiro. -Saga fez uma careta à menção do nome. –óbvio que são parentes.

—Meu irmão mais novo. –Saga se levantou. –Gêmeo.

—Sério? –ela sorriu. –Tem um irmão gêmeo?

—Sim, e Kanon não é alguém lá muito responsável, sempre vive gastando tudo o que pode. Se eu não o controlasse, já teria gastado toda a herança que nossos avós deixaram para ele. E o sanguessuga não pensa no futuro! –Saga parecia com dor de cabeça quando menciona o irmão. –Celeste, ele te disse onde estava agora?

—Ele disse Las Vegas.

—Deve estar devendo pra algum cassino. –suspirou. –Retorno a ligação mais tarde. Melhor... vou ligar para meus advogados resolverem isso, antes que seja morto.

Nisso o interfone tocou e Saga atendeu:

—Sim? Quem? Mas eu não marquei reunião aqui e... deixe-a subir.

—O que foi? –ela levantou andando até Saga.

—Minha secretária veio me trazer problemas para resolver. –suspirou. –Mesmo avisando que não me incomodassem hoje.

—Deve ser urgente.

—Tudo bem, eu resolvo isso e a dispenso logo.

No andar térreo, um dos porteiros responsáveis acabava de desligar o interfone, voltando sua direção para a bela loira à sua frente.

—O senhor Tassouli disse que pode subir. Sabe o andar?

—Sim, eu sei. –Ela ajeita o cabelo loiro e vai na direção dos elevadores.

—Senhorita? Preciso da sua assinatura antes! -A jovem volta e assina o papel indicado e em seguida segue seu caminho. O rapaz lê o nome tentando compreender a assinatura, falando com o colega. –Não consigo ler isso... deve ser europeia.

—Bonitona. Sentiu o perfume de rosas? Coisa fina. –dizia o outro.

No elevador, a loira sorri quando as portas se fecham, a mão na bolsa segurando firme uma semiautomática escondida de olhares curiosos.

 

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9:58:38

Anne Raccos estava encolhida em um canto da sua cela, sentia frio por estar com as roupas molhadas, mas também era o medo que a dominava aos poucos. Nunca imaginou que morreria assim, presa numa cela de vidro e afogada.

—Não... –ela balançou a cabeça. –Não seja negativa... tudo vai dar certo! Tem que haver um meio de sair daqui!

Então as luzes se acendem, e Anne se assusta quando água começa a cair sobre sua cabeça em grande quantidade. De início ela desconfiava que fosse apenas outra tortura de seu captor querendo impor medo à jovem, mas logo ela percebe que desta vez a água não será desligada.

—Não...

Anne começa a bater no vidro e a gritar por socorro, em uma vã esperança de que alguém poderia ouvi-la e socorrê-la, enquanto seu desespero era transmitido pela rede secreta de computadores para qualquer um que quisesse acompanhar sua tragédia.

Inclusive por Mu, o hacker conhecido como Áries, que ao contrário dos outros que compunham a audiência, não se divertia com aquilo. Mas o rapaz tentava se concentrar em como achá-la, até seu olhar atento mostrar algo que sua mente privilegiada logo processou como uma informação preciosa.

Em seguida, começou a acessar bancos de dados pela rede, numa corrida desesperada contra o tempo.

 

Continua...


Notas Finais


É, estamos perto do final. Obrigada a todos que tiveram paciência em aguardar até aqui.
Bjs


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