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História Police History - E03X1: Contra o Tempo


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 3 - E03X1: Contra o Tempo


Bar La Luna. Oito e quinze da noite.

Milo chegou no endereço que Camus lhe deu, estava cansado, mas fez um esforço para tentar melhorar sua relação com o novo parceiro e comparecer à festa feita por sua irmã. Após deixarem o corpo do parque com os legistas, passaram a tarde toda tentando descobrir por onde o Carl Winslam esteve antes de morrer. Segundo familiares, ele trabalhava em um escritório em Manhattan e que estava viajando de férias. Bem, ele não chegou às tão sonhadas férias, pelo visto.

Ao fim da tarde, depois de outra ligação furiosa da irmã de Camus, decidiram continuar as investigações para depois. Entrou no bar e reconheceu muitos colegas do departamento. Aiolia acompanhado por sua parceira, o capitão, a recepcionista...e muitos que não conhecia. Camus apareceu para recebê-lo.

—Veio.

—É. -ele lhe estende uma garrafa de vinho tinto. -Não deu tempo de comprar um presente.

—Obrigado pelo vinho. Vamos.

De repente, do meio dos convidados, uma bela ruiva, de cabelos longos, até a cintura e lisos, vestindo um insinuante conjunto de saia e blusinha vermelha apareceu, caminhando até eles.

—Cara! Quem é aquela ruiva gostosa! -Milo perguntou entusiasmado. -Me apresenta!

—Aquela ruiva gostosa...é minha irmã! -Camus disse-lhe frio.

Milo não soube o que responder. Ficou um tempo pensando e falou:

—Falei gostosa no bom sentindo!

Camus suspirou, ia responder algo mas a irmã chegou.

—Oi. Sou Celeste, irmã desse sujeito aí do seu lado! -ela estendeu a mão e Milo com um sorriso sedutor a beijou. -Hum...um galanteador o seu parceiro!

—É um prazer conhecê-la e obrigado por me convidar.

—O prazer é meu, me chame de Celly. Venha, vou apresentá-lo ao papai. -Celly olhou para o irmão e mexeu os lábios com a frase: “Que gato!”

Camus revirou os olhos. Achou melhor não falar nada, se juntando aos demais na comemoração, esperando ansioso que ela terminasse. Mais tarde. Enquanto os últimos convidados ainda permaneciam na festa, Camus se recolheu ao escritório do pai e começou a mexer no computador dele. Minutos depois, Milo e Celly apareceram.

—Não acredito que está trabalhando em seu aniversário! –ela o repreendeu. –Vamos! Ainda tem o bolo!

—Já vou, Celly. –respondeu com um meio sorriso. –Não estava trabalhando, apenas olhando meus e-mails. –ela ergueu a sobrancelha, colocando as mãos na cintura. –Tá, estou esperando o relatório da autópsia de um caso!

—Você é mais viciado que eu no trabalho! -comentou Milo, olhando a sala e parando ao ver a foto de Camus e uma jovem muito bonita de cabelos loiros.

—Não sou viciado em trabalho! -respondeu secamente.

—É sim. –a irmã confirma. -Seja mais alegre irmãozinho.

—Está bem. –ele suspirou, rendido, sendo abraçado por ela.

—Depois de conversar com seu colega...acho que ele dura mais de quatro meses. –ela lhe diz ao ouvido.

—Celly!

—O bolão está em mil dólares! -ela se defendeu.

Milo riu, havia ouvido falar do bolão com Aiolia e o capitão mas não estava preocupado, iria provar que merecia ser um detetive da Homicídios pro “senhor Simpatia”, depois avisa Camus.

—Olha, chegou um e-mail novo! Deve ser o que esperamos.

—Nós esperamos? –Camus o indagou, sério.

—Trabalhamos no mesmo caso, esqueceu?

—Quem dera esquecer...

—Não seja rude com ele!

Celly pega Milo pelo braço e começa a mostrar algumas fotos de quando eram crianças para ele, Camus olhava preocupado com a conversa muito amigável entre ela e seu colega, começou a abrir o e-mail recém mandado. Não confiava em Milo, era o tipo que se aproximava de uma mulher pensando somente em segundas intenções. E a sua irmã não seria outra conquista dele.

Desviou o olhar para a tela e arregalou os olhos.

—ALESSANDROS!

Milo e Celly aproximaram-se e olharam para a tela onde havia uma estranha mensagem:

"Olá, detetive Chevalier.

Você é realmente um bom detetive? Abra o arquivo...linda não? Tem 2 horas para achá-la...ou ela morre! Não fique triste se acaso não conseguir salvá-la, ela não fará falta a você, ao contrário. Deveria se alegrar pela justiça estar sendo feita finalmente.

Adeus..."

 

—O desgraçado te mandou um e-mail? Como ele sabe seu e-mail? -Milo espantou-se.

—Quem é esse? -Celly não entendia nada.

Em silêncio, Camus abriu o arquivo e viu três fotografias de uma mesma mulher, de cabelos castanhos encaracolados até os ombros, saindo de um café, correndo em um parque, comendo pizza na companhia de amigos. Ela estava sorridente, muito linda, Camus concluiu, e estava marcada para morrer. Estreitou o olhar, tendo certeza que a conhecia.

Camus olhava para a foto da jovem no micro. Ele tinha duas horas para encontrá-la, antes que o assassino a pegasse. E nem fazia ideia de como fazê-lo!

—“Justiça sendo feita finalmente”? –Milo repetiu a frase. –Ele acha que é algum tipo de justiceiro? O que essa moça fez para merecer ser punida?

—Não faço ideia... –Camus fitava o rosto da moça. –Eu a conheço, sei que sim.

—Como assim? –Celly observou a foto.

—Droga! –Camus soca a mesa e se levanta irritado. –Eu vi esse rosto antes! Onde?

—Filho da mãe. -falou Milo, visivelmente irritado.

Camus pega o celular e disca um número, segundos depois alguém atende.

—Shaka! Ainda está no escritório? Sei que tem vida social... –em silêncio ouvindo do outro lado. –Estou indo praí, vou te enviar por e-mail umas fotos, descubra quem é a pessoa nela. E preciso que rastreie um quem enviou para mim uma mensagem. Levo comida indiana para você...

—O que está havendo? -indagou Celly, sem entender nada.

—Longa história...e sem tempo para contá-la. -falou Camus se levantando, e saindo pela porta, chamando Milo. –Você vem?

—Estou indo! –Milo pisca para Celly fazendo um gesto de que ligaria para ela, que não passou desapercebido por Camus, que o olha furioso.

—E a sua festa? –ela não acreditava que teria que dispensar sozinha os convidados.

—Está dando em cima da minha irmã? –perguntou saindo pelos fundos para evitar as pessoas.

—Eu? –se fingindo de indignado. –Eu jamais daria em cima da irmã de um parceiro.

—Tem razão. –Camus o fitou friamente. –Não seria saudável para você se o fizesse.

—Esfriou de novo aqui. –Milo fazendo um gesto como se arrepiasse.

 

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Em outro ponto da cidade.

Themis chegava aos jardins de sua casa, muito cansada pelo dia longo na faculdade e no trabalho e percebeu a presença da sua irmã mais nova, Cora. A morena ajeitou os cabelos negros atrás da orelha ao ver Themis.

—Te prepara pelo o que te espera em casa. -ela alertou, escondendo uma lata de cerveja atrás do corpo.

—Já fez dezoito anos, não precisa esconder que bebe para mim. –disse a outra, suspirando. –O que me espera em casa?

—Papai reencontrou um velho amigo de sua infância. Lembra de Theron Arvanitzi Tasouli?

—Sim. Eles vieram juntos para a América quando tinham dezessete anos. Por que?

—Um dos filhos dele está lá em casa...-ela falou sem graça. -Parece que o papai está querendo fazer dele seu...hã...noivo grego perfeito.

—O QUÊ?

—Antes você do que eu. –Cora riu. –Ele é bonito!

—Não me importa se for o homem mais sexy do mundo! Não aceito isso de me arranjarem um casamento! Onde acham que vivem? No século retrasado?

—Algo assim. –Cora dá um último gole na cerveja e se levanta ficando ao lado da irmã. –Se a gente não se livrar disso, logo sobra pra mim também. A caçula rebelde! Surtaram hoje de manhã quando disse que iria fazer uma faculdade do outro lado do país!

Themis entrou feito um furacão em sua casa, na sala seu pai e sua mãe estavam ocupados em entreter a visita com uma conversa, que pela expressão do convidado era tediosa. Assim que a viram entrar daquela maneira, levantaram imediatamente. Themis encarou o rapaz de longos cabelos azuis e de olhos do mesmo tom como se ele fosse um inimigo.

—Themis, meu anjo! -falava o pai. -Venha conhecer o filho mais velho de meu grande amigo Theron. Sabia que ele arranjou um tempo para visitar os amigos de outrora?

—Que maravilha, pai. -disse com um sorriso forçado.

Cora entrou em casa naquele instante e pensou que uma guerra poderia surgir a qualquer momento pela expressão no rosto da irmã.

—Esse é Saga Arvanitzi Tasouli, filha. -o senhor fez as apresentações ignorando o olhar de reprovação da filha e mostrando uma garrafa de vinho. -Veio me trazer um presente em nome de seu pai. Espero que sejam bons amigos!

—Prazer, senhorita. -ele disse sem emoção alguma, pegando a mão estendida da jovem.

—É...todo meu. -Com um sorriso amarelo.

—Vamos fazer um refresco, Evanthia? -o senhor chamou a esposa, e puxou pelo braço a filha caçula. -Me ajude aqui, Cora.

—Não sei o que meu pai te disse, mas... -ela foi logo dizendo.

—Seu pai não perde tempo, hein? -ele comentou sarcástico, deixando-a sem reação. -Acontece que meu pai e o seu colocaram na cabeça que nossas famílias tinham que se unir por causa da antiga amizade deles. E como meu irmão imprestável está sumido, sobrou para mim.

—O que eles tem na cabeça?

—Não faço ideia. –ele suspirou com as mãos nos bolsos. –Já disse ao meu pai que não tava em meus planos isso.

—Nem nos meus! Ainda estou na metade do meu curso de Direito! Não quero casar!

—Já tenho muitas dores de cabeça com a administração das empresas. E eu saberei arrumar uma mulher quando e se quiser me casar!

—Mas seu pai te ouve?

—Não. E o teu?

—Nem. O senhor Agamenon só faz o que acha certo. Precisa ver o que fizeram quando meu irmão resolveu mudar e morar sozinho. –Saga a fitou. –Minha mãe se jogou na frente da caminhonete que levava as coisas do Milo e disse para ele passar por cima que era uma morte mais rápida do que ser abandonada pelos filhos. Isso porque não presenciou os choros quando meus outros dois irmãos mais velhos se casaram e foram morar no bairro vizinho ao invés de morar nessa rua!

—Que exagero! –Saga começou a rir.

—Pois é. E o que faremos?

Antes que ele pudesse responder, os anfitriões voltaram da cozinha com refrescos e doces típicos da Grécia. Sem muita opção, ambos tiveram que ficar na sala e fingir que tudo estava bem.

 

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De volta a Central.

Camus entrou em uma sala cheia de computadores sendo seguido por Milo que olhava a tudo com curiosidade. O grego reparou em um rapaz vestido com uma camiseta de banda de rock, longos cabelos loiros, sentado em cima das pernas em uma poltrona de frente a um computador.

—Espero que tenha trazido meu Chaat! –dizia o rapaz, se virando na poltrona. –Minha noite já era! Eles custam pagar horas extras sabia?

—Milo, esse é o Francis. –dizia entregando uma caixa de comida indiana para viagem.

—Shaka! –respondeu o loiro. –Meu nome agora é Shaka!

—Já ia explicar isso ao novato. –Camus ignorou o olhar furioso do loiro. –Qualquer coisa que precisa da internet, pode contar com ele.

—Tipo um hacker? –Milo perguntou.

—Quem domina a informação é um deus... –dizia o loiro olhando para a comida. –Delícia. Estava faminto! E a sobremesa???

Camus retira do bolso alguns bolinhos.

—Tem o que preciso? –indagou o detetive, olhando para um computador.

—Estou passando o rosto dela pelo programa de identificação. –dizia comendo. –Mas se ela não tiver passagem pela polícia fica difícil de... ops! Temos algo!

Os dois detetives olharam para o computador e em seguida Shaka começa a imprimir os resultados de sua pesquisa.

—Foi rápido! –Milo espantou-se.

—É porque ela tem ficha policial. –disse o loiro sorrindo. –Deve ter feito algo quando menor de idade, aqui diz que a informação da infração é sigilosa.

—Geralmente tem acordos judiciais assim para não prejudicar o futuro de algum jovem que cometeu alguma infração ou conduta criminosa. –Milo fica pensativo. –Será que esse erro do passado dela que tá levando a ser um alvo?

—Annie Branches... –Camus lia o nome dela e colocou a mão sobre a boca, passando em seguida pelos cabelos. –Branches? Tem certeza de que é ela?

—Camus? –Milo estranhou aquele comportamento ansioso.

—Tenho. –Shaka também estranhou o nervosismo do colega.

—Droga! Justo ela? –Camus suspirou. –Tem o endereço atual dela?

—Deixa eu ver. Da casa e do trabalho. –Shaka começa a digitar algo e retira a informação que o detetive pediu.

Camus pega o papel e sai da sala sem falar mais nada. E Milo se apressa em segui-lo.

—Camus! Detetive! Ei! –Milo o alcança perto do carro e nota que ele estava nervoso. –Você conhece ela? O que foi? Quem é a garota?

—Ligue e peça para alguém ir à casa dela, ver se está tudo bem. Vamos ao escritório dela, não é longe daqui. –respondeu quase mecanicamente.

—Ow, não me respondeu! –Milo insistiu.

—Ela... conheço sim. –abrindo a porta do veículo e entrando nele. –Ela matou minha esposa!

 

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Em um escritório de advocacia em Manhattan.

—Ainda trabalhando, Annie? –Uma colega pergunta, uma bela loira, parando na porta. –Pessoal está no bar.

—Que horas são? –ela olha o relógio e se assusta. –Minha nossa! Dez e meia? Perdi a noção do tempo!

—Vai com a gente? –a loira perguntou, vendo a amiga desligar o computador e recolher os papeis de um novo trabalho. –Pelo visto, não.

—Adoraria, Ashley. –Annie suspirou. –Mas tenho que ir pra casa. Akenaton ficou sozinho o dia todo!

—Annie, é só um gato! Aliás, está na hora de arrumar outro tipo de gato na sua vida! O Wesley Connors está de olho em você! E ele é lindo!

—Connors?  -ela parecia pensativa. –Ele tem dentes amarelos, fuma muito... não, obrigada.

—Você é muito exigente!

—Não tenho tempo para isso agora! –Annie disse, pegando a bolsa e o casaco. –meu foco é crescer nesse escritório, depois penso em coisas secundárias.

—Como assim? –Ashley não acreditava, vendo a amiga saindo e indo na direção dos elevadores. –Viver não é secundário!

—Vou ter tempo de viver depois que me tornar sócia do escritório. –Annie diz chamando o elevador e entrando nele quando este chegou. –Vamos?

Ashley suspirou vencida, acompanhando a colega.

—Vai se arrepender de não ir beber um pouco. Aposto que o homem da sua vida está lá... bebendo cerveja sozinho.

—Vou me arrepender de não dormir quando chegar em casa. Amanhã tenho mais trabalho. –sorri. –E o homem da minha vida pode esperar mais alguns dias para me conhecer.

Annie tenta disfarçar, mas não era de hoje que sentia falta de sair com os amigos e beber, conhecer pessoas, sair com algum homem interessante. Mas a dedicação ao trabalho tem lhe tomado tempo, e realmente já pensou na possiblidade de encontrar alguém para si. Só não tinha pressa em ficar com qualquer um de modo sério, esperava a pessoa certa.

 

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A caminho da Reynard e Stevenson.

—Maldito trânsito! -falou Milo, enquanto olhava o trafego caótico noturno. –Fala direito esse negócio com a tal Branches.

Camus evitou de olhar para Milo.

—Não tenho muito o que falar.

—Ah, vá! Você ficou todo abalado quando a viu. Fala logo! Como seu parceiro tenho que saber se esse tipo de coisa vai interferir no caso!

—Como assim? – fitou sem entender o que ele queria dizer.

—Você está indo salvar uma mulher que você disse que matou sua esposa. –Milo continua a falar. –Se não chegarmos a tempo, vão falar que não se esforçou tanto assim.

Camus freou o carro bruscamente, quase causando uma batida com os carros que vinham atrás e encostou, segurando Milo pela gola da jaqueta.

—Eu nunca deixaria minha vida pessoal interferir em meu trabalho! –se fitaram, Milo não aparentava estar intimidado, e em seguida o soltou. –Foi um acidente, há oito anos.

—Sou todo ouvidos!

Camus religou o carro e começou a dirigir enquanto falava:

—Já faz um tempo que não converso com alguém sobre isso. Liz sofreu um acidente de carro há oito anos atrás, que envolveu vários veículos, estava chovendo muito naquela noite. –dizia tentando se concentrar na direção. –Segundo os policiais que investigaram as causas do acidente, um motorista bêbado fechou um carro onde uma adolescente dirigia, ela bateu no carro de Liz, que ... foi feio.

—Entendo.

—Liz morreu a caminho do hospital devido aos ferimentos. Quando cheguei lá, me entregaram o celular dela, onde tentava ligar para mim. Havíamos brigado naquela noite antes dela sair. Não sei se isso colaborou com o acidente...

—Cara, você não teve culpa.

—Eu estava lá, chorando, desesperado porque ela havia morrido e não pude sequer me despedir direito da minha esposa. Quando ouvi uma risada vindo da sala ao lado. –ao dizer isso Camus apertou o volante com raiva. –Era a tal adolescente que havia batido no carro de Liz, estava dirigindo sem a habilitação adequada porque o pai irresponsável bebeu demais numa festa. A minha raiva foi tanta que ... se não tivessem me tirado de lá, eu teria ido até aquelazinha e...

—Era a tal Annie Branches?

—Sim. –suspirou, aliviando a pressão das mãos no volante. –Que tipo de pessoa ri diante de uma tragédia daquela? Ela simplesmente não estava se importando que alguém havia morrido?

—Não sei. –Milo respondeu soturno. –Não a conheço pessoalmente para formular uma opinião sobre o caráter dela.

—Posso imaginar que deveria ser uma pessoa egoísta e que não media as consequências de seus atos. –de repente freou. O trânsito estava parado. –Merda!

—E essa agora?

De repente o celular começa a tocar e Camus atende no viva voz.

—Alô?

—Detetive, detetive... já tão perto dela? –a voz disfarçada por um dispositivo de voz provocou arrepios nos policiais. Era ele. –Mas aviso que não vai dar certo. Não sabe brincar.

—Onde está, filho da puta? –Milo perguntou, nervoso.

—Seu parceiro tem que aprender boas maneiras, detetive Chevalier.  Mas respondendo a ele. Estou aqui, vendo minha linda dama saindo do prédio em que trabalha agora, parando para comer um simples cachorro quente. Interessante como ela consegue fazer coisas simples serem tão atraentes. Quase dá pena matá-la.

—Droga. –Milo praguejou.

—Tem apenas dez minutos, detetive. Se a achar antes, ela vive. Senão... –e desligou o aparelho.

—Estamos longe? –Camus perguntou.

—Umas cinco ou seis quadras e...ei!

Camus largou o carro com Milo e saiu correndo.

—Me alcance! -gritou adiante.

—Ele me deixou dirigir o carro? -Milo balançou a cabeça e pegou o volante, olhou ao redor, ligou o carro e fez uma manobra, subindo na calçada e dando meia volta. -Vamos por um atalho.

Camus corria com todas as forças, desejando chegar a tempo de evitar que outra pessoa morra de modo cruel nas mãos daquele maníaco. Apesar de ter aversão à jovem em questão, não podia simplesmente ignorar o que aconteceria a ela se não chegasse a tempo. Era um policial e proteger vidas era sua missão.

 

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Annie acabava de comer o cachorro quente que havia comprado em frente ao prédio, seria o seu jantar naquela noite, visto que chegaria tarde e teria tempo apenas de mimar seu gato e cair na cama. Se despediu do vendedor, velho conhecido de todos que trabalhavam por ali e foi na direção da estação de metrô mais próxima.

Entrou na estação, onde havia apenas três jovens que riam, voltando de alguma festa, um senhor de idade com um jornal enrolado debaixo do braço. Deitado em um canto estava um sem teto, embriagado e adormecido.

Olhou para o lado e notou um homem de casaco e boné entrando na estação, tinha o corpo todo coberto e ocultava o rosto. Certo que a noite estava um pouco fria, mas não a ponto de alguém se cobrir por inteiro, imaginou que deveria estar doente ou no mínimo maluco.

Olhou para o relógio e não percebeu que era o alvo do interesse daquele misterioso homem.

 

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Camus chegou correndo até o prédio de escritórios onde Annie trabalhava, e só parou diante do carro de cachorros quentes, mostrando a foto que tinha da jovem ao vendedor que o olhou surpreso, mas que se acalmou quando viu o distintivo.

—Conhece essa moça? -indagou ainda recuperando o fôlego.

—C-Conheço sim. –apontou para a direção da estação de metrô. –Ela foi para o metrô.

O detetive sai correndo, estava na entrada quando viu seu carro subindo na calçada a toda velocidade, assustando as pessoas próximas.

—E aí? -perguntou Milo, depois olhou para os lados e para as pessoas que os cercavam, mostrou o distintivo. -Que foi? Assunto da polícia!

—Você veio dirigindo meu carro pela calçada!

—Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? -perguntou com cara de inocente.

—Você... -respirou profundamente, não era hora disso. –Vamos!

Milo fechou o carro, e correu atrás de Camus.

 

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O trem estava chegando, todos na estação se prepararam para entrar nele. O homem misterioso também ficou próximo a ela. O trem chegou e alguns passageiros saíram e outros entraram. Annie foi um deles, sendo seguida pelo homem excentricamente vestido. Naquele momento, Camus e Milo chegaram e a avistaram, correram mas antes que pudessem entrar, as portas fecharam.

—Praga! -disse Camus furiosamente, e socando a porta.

Ele a reconheceu imediatamente, a jovem o olhava assustada pelo seu ato.

—É ela! -exclamou Milo.

Então, Camus reparou em um homem atrás da moça, com o rosto coberto, que estava acenando-lhe. O detetive sentiu um nó no estômago. Era ele! O trem começou a andar, Camus ainda acompanhou até não conseguir mais.

—Ele está no trem com a garota! -exclamou para o parceiro. -Temos que chegar na próxima estação!

 

Continua...


Notas Finais


Nota: O Chaat é o prato mais popular da culinária local de Mumbai e comida típica da Índia, trata-se de uma massa frita conhecida como puri, misturada a outros ingredientes diversos. A versão favorita em Mumbai é o bhel puri (mistura de puri, macarrão cabelo de anjo frito, arroz, batata, pasta de pimenta vermelha, cebola picada, coentro e molho de tamarindo). Pode também incluir lentilhas e recheio de batata com chutney adocicado. O pav bhal, disponível praticamente em qualquer lugar, é um pão tipo português recheado com legumes refogados e bem condimentados.


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