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História Police History - E04X1: O Cinéfilo


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 4 - E04X1: O Cinéfilo


As pessoas andavam calmamente em seu constante vai e vem pelas ruas da metrópole, então avistam um carro que se aproximava perigosamente deles. Elas saem correndo, quando o automóvel estaciona em cima da calçada, a milímetros de um poste.

—Depois eu te mato! -avisou Camus saindo rapidamente do carro e entrando no metrô.

—Eu hein? -resmungou Milo logo atrás dele. -Eu tenho culpa da bicicleta ter aparecido na frente? Sorte que o ciclista não tava perto.

O trem se aproximava, parou na estação e os dois policiais entraram rapidamente no primeiro vagão depois de constatarem que nem a moça e nem o suspeito desceram. As portas se fecharam, e os dois sacaram as armas, assustando os passageiros próximos.

—Polícia, pessoal! -Milo avisou mostrando o distintivo, fazendo um gesto para que fiquem calmos e em seus lugares.

Cauteloso, Camus seguiu para o vagão seguinte.

Annie estava distraída demais pensando em sua vida, enquanto mexia em seu celular, então o homem que ela achava excêntrico sentou-se ao seu lado.

—Uma noite adorável, não? -ele começou.

—Ah, sim... -respondeu sem olhar para ele, apesar de achar a voz do desconhecido agradável.

—Desculpe minha aparência. Estou me recuperando de um forte resfriado, e por força maior tive que sair de casa essa noite. E como vou descer na próxima estação, nem sequer me dei o trabalho de me descobrir. -explicou-se, fazendo-a olhar para ele penalizada.

—Tudo bem, precisamos realmente cuidar da nossa saúde!

—Muita gentileza. Importa-se de conversar?

—Ah, eu logo vou descer... e... –ela procurava alguma desculpa para não ser desagradável com o estranho.

A porta que dividia os vagões se abriram e Camus foi o primeiro a aparecer com a arma apontada para eles. Annie reconheceu o homem que esmurrou a porta furiosamente na primeira estação e ficou com medo.

—Parado! -Camus gritou.

O homem de rosto oculto agarrou Annie pelos cabelos, forçando-a a se levantar e a usou como escudo. As pessoas se afastaram ou se encolheram em seus assentos.

—Detetive, estou impressionado. Você pensa muito rápido mesmo! –ele riu. –Achei que iria perder essa jogada.

—Solte-a! -Camus avisou sem abaixar a arma. Milo se posicionou ao lado dele, também com o estranho em sua mira.

—Pode atirar. -o homem avisou, mostrando em sua mão um bisturi médico afiadíssimo apontado para a garganta dela. -Mas eu terei cortado uma artéria de suma importância para a manutenção da vida dessa jovem. Mesmo que me mate, ela já era!

—Seu...

—Ele tá na minha mira! -avisou Milo.

—Ainda não. -pediu Camus.

—Se tentar algo, garoto...ela já era. -ele encosta a lâmina, e um filete de sangue surge.

Camus foi tomado de uma fúria que desconhecia possuir.

—Então...continuamos a jogar. -ele deu uma risada. -Eu saio na próxima estação com essa adorável dama. E te dou um novo prazo para encontrá-la antes que eu a mate. Que tal? –Camus estreitou o olhar. –Ora, detetive. É um jogo, aprenda a jogar.

O trem começava a parar, se aproximando de seu destino, a porta abriu-se e ele começou a arrastar a moça, Camus os acompanhava, sempre empunhando sua arma apontada para o assassino, algumas pessoas que iam entrar recuaram assustadas com a cena.

Annie sentiu os olhos ardendo pelas lágrimas, diante dessa situação de temor pela própria vida tem uma reação inesperada por todos. Simplesmente começa a rir, de modo nervoso.

O misterioso assassino se distrai com a inesperada reação da sua refém e dá um passo em falso, afastando a lâmina de seu pescoço um instante. Aproveitando a deixa, Annie cravou os dentes na mão que a segurava com todas as forças, chegando a cortar a pele dele. Com um grito de dor, ele a empurra diretamente nos braços de Camus e para dentro do trem, correndo em seguida.

—Cuida dela, parceiro! -avisou Milo, saindo do trem e correndo atrás do suspeito.

—MILO! -gritou Camus, mas as portas do trem cerraram-se, e a máquina seguiu seu caminho. -Droga!

Camus fitou o rosto da jovem, que lembrava vagamente a adolescente que viu de relance no hospital anos atrás. Não parecia o rosto de alguém que tripudiaria uma tragédia como aquela, mas as pessoas poderiam não aparentar o que eram. Mas mesmo assim, havia algo no olhar dela que o incomodava.

—O que foi isso? –ela perguntou, colocando a mão sobre a boca para segurar outro riso nervoso, encarando o homem que ainda a mantinha nos braços. Ele era o homem mais atraente que havia visto em sua vida. -Que...quem é você e o que houve?

Antes que Camus pudesse responder, ela solta outro riso e começa a chorar, demonstrando o quão estressante essa situação havia sido para ela, deixando Camus perplexo e sem saber o que fazer.

 

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Milo perseguia o homem pelas ruas da cidade. Correndo e mantendo-o sob suas vistas, apesar das tentativas do mesmo em querer despistá-lo.

—Desgraçado! -Milo o xingava mentalmente. -Me fazer correr desse jeito! Eu mato ele!

O homem virou em um beco, Milo foi atrás dele e parou, ofegante e segurando a arma em sua mão. O local tinha muito entulho, ideais para que alguém pudesse se esconder, e um caminhão de cargas estacionado em um canto.

Com cuidado começou a andar, tentando localizá-lo ao mesmo tempo em que se preparava para um eventual ataque. Andando ao lado do caminhão, mal teve tempo de reagir quando foi atacado por um pesado pedaço de madeira, que o atingiu em sua têmpora.

Caído ao chão, tonto pelo ataque, viu um vulto que chutou sua arma para longe. Estava tonto demais para reagir. O suspeito o olhou com desprezo, ergueu a arma improvisada de madeira, pronto para desferir o golpe fatal e esmagar o crânio do indefeso Milo, quando aparecerem dois homens atraídos pela movimentação no beco.

—Ei! -gritou um deles.

O suspeito largou o pedaço de madeira, correu e subiu em uma grade, pulando-a e sumindo das vistas de todos. Os homens que acabaram de salvar a vida de Milo se aproximaram, ajudando-o a se levantar.

—Melhor chamar uma ambulância. -comentou um deles. -E a polícia!

—Eu sou da polícia! -avisou Milo, se recobrando do ataque, e colocando a mão sobre o corte na têmpora que sangrava. -Filho da mãe, tentou me matar!

Procurou o celular e digitou um número, mas acabou perdendo os sentidos, caindo novamente ao chão.

—Alô? -do outro lado da linha, a voz de Camus. -Alessandros é você? Milo? Responda!

 

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Mais tarde na Emergência do hospital mais próximo.

—Drª Lewis! -chamou uma enfermeira. -Estão chamando-a!

Lara Lewis ajeitou os cabelos róseos em um rabo de cavalo, em seus olhos negros demonstravam calma diante de qualquer emergência, apesar de ser recém formada.

—Qual é o problema? -perguntou a médica já se dirigindo apressada para a ala de emergência.

—Homem branco, atacado em um beco, corte profundo na testa precisa de pontos. -respondeu a enfermeira seguindo apressada a médica. -Dois rapazes que o trouxeram disseram que ele se identificou como policial!

—Cadê eles?

—Estão dando depoimento ao policial que atendeu a ligação do 190! Já chamamos um amigo através do celular dele.

—O paciente está consciente? -ela perguntou puxando a cortina e parou ao ver o belo rapaz de longos cabelos azuis conversando animadamente com algumas enfermeiras.

—Oh, sim...acordado e muito ativo. -respondeu a enfermeira que a chamara.

—Vão procurar o que fazer. -ordenou a médica, olhando o prontuário dele. -Milo Alessandros. -ela leu alto o nome dele. -Vinte e oito anos, pressão normal, nenhuma alergia. E tem seguro médico. Sorte sua!

—Esse sou eu. Cadê o médico?

—Está olhando para “ele”. -respondeu. -Sou a doutora Lewis.

—Você é médica? -ele espantou-se. -Parece jovem demais!

—Tenho um diploma se quer saber. -respondeu secamente. -Acho que isso me habilita a costurar isso. -e examinou o corte. -Pancada feia! Melhor ficar de observação.

—E você é quem vai me observar? -ele lançou o seu melhor sorriso para a médica.

—Não. -ela ignorou o sorriso sedutor dele, achando graça na tentativa dele de lhe passar uma cantada. -Fica quieto ou pode ficar uma cicatriz feia.

—Estou em suas mãos. -Milo na verdade estava fascinado pela beleza da médica, em especial em seus grandes olhos negros.

Algum tempo depois.

—Pronto. -disse, cortando o fio. -O senhor já está devidamente costurado, sr. Alessandros. Vou recomendar uma visita ao neurologista devido a pancada que sofreu e...

—Qual é o seu primeiro nome?

—Como?

—Você sabe o meu...queria saber o seu.

—Lara. Agora quanto ao...

—Gostaria de sair comigo? Quinta?

—Tenha uma boa noite, sr. Alessandros. -ela disse secamente, se afastando.

—Ei! –ele a chamou, indo atrás dela. -Sexta-feira, então?

—Você não aceita um não? –olhando-o desconfiada.

—Não costumo ouvir nãos. -ele sorriu. -Sábado está livre?

—Milo! -Camus apareceu logo em seguida, acompanhado pela moça que havia salvado.

—Ei, cara! Estou inteiro. Sem problemas! -avisou Milo ainda sorrindo.

—Doutora, pode costurar meu parceiro logo...para que eu o arrebente! -ameaçou o outro.

—Não quero bagunça aqui! -a Dr.ª Lewis falou alterada. –Aqui é a Emergência, por favor! E você... -apontou para Annie. -Enfermeira cuide do corte no pescoço dela.

Annie levou a mão ao pescoço, mal se lembrava disso. Primeiro um estranho a ameaçou no trem, depois se viu nos braços do homem mais bonito que conheceu em sua vida, que apesar de aparentemente ignorá-la o caminho todo, a fez acompanhá-lo até esse hospital, preocupado com o parceiro. Involuntariamente deu outro riso nervoso.

Camus fitou a jovem, tentando entender porque diabos ela ria daquele jeito diante de tudo o que estava acontecendo!? Até que a voz dela o tira de seus pensamentos.

—Quero ir pra casa.

—Acho que não poderá ir ainda. -Camus comentou. –Precisa ir a Central para dar um depoimento. Acredito que sua vida ainda esteja em perigo!

 

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Em outro ponto da cidade.

Ele cuidava do ferimento em sua mão, na cozinha de seu apartamento. O pequeno corte era insignificante diante de tanta dor que havia sofrido em sua vida, mas era o sentimento de ter perdido sua presa que deixava seu coração dominado pela fúria.

Sentiu o iodo tocar o loca ferido e arder, com um urro de raiva, jogou o vidro contra a parede que se espatifou em vários pedaços. A raiva era tanta que se ergue da cadeira e começa a chutar e a jogar as cadeiras da mesa para todos os lados, uma delas atinge um móvel na sala ao lado, derrubando um porta-retratos e fazendo-o quebrar.

Aquilo foi o suficiente para amenizar sua raiva e a passos rápidos foi até o objeto caído e o segurou como se fosse muito precioso, tocando a foto da menina de cabelos loiros nela. Lágrimas rolaram por sua face e caíram na foto, e ele chorou baixinho.

—Desculpe, meu anjo... desculpe... –dizia para a foto baixinho. –Não vou falhar com você de novo, eu prometo. Eles vão pagar, todos eles!

 

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Na Central... horas mais tarde.

Annie estava esperando para dar seu depoimento, sentado em frente ao policial que a salvou, que permanecia absorto nos relatórios. Ela ficou observando ele discretamente. Muito sério, muito elegante, muito bonito.

—Café? -ofereceu Milo a ela um copo descartável com o líquido fumegante, como sempre sorrindo. -Com leite. Não sabia do que gostava.

—Obrigada. -Annie aceitou, Camus olhou a cena discretamente. -E a sua cabeça?

—Ah, isso? -Milo tocou o curativo. -Não é nada.

—Vamos começar? -Camus perguntou.

—Sim.

—A senhorita tem certeza que não reconheceu o homem que a atacou? -perguntou primeiro. –Nem as razões que pudessem levar ao ataque?

—Sim, tenho certeza.

—Algum cliente desgostoso? –Milo perguntou. –Com raiva de você? Sei que é advogada.

—Não, trabalho há pouco tempo e ganhei os casos que me foram dados. Todos os meus clientes ficaram satisfeitos. Por quê?

—Achamos que ele a conheça. -completou Milo. -Sabia sobre seus hábitos, onde trabalhava.

—Não sei o que dizer...-ela estava confusa.

—Acho que vai além de um cliente insatisfeito. –comentou Camus e os dois o fitaram curiosos.

Ele colocou algumas fotos sobre a mesa e apontou para elas.

—Carl Winslam. Foi encontrado morto ontem no parque. Meredith Braun, seu corpo foi encontrado há três dias, mas estava desaparecida há mais de duas semanas. Reconhece algum deles?

—N-não.  O que eles tem a ver comigo? –Annie olhava para o policial na frente dela sem entender nada.

—Achamos que o homem que a atacou, matou os dois. –explicou Milo. –Mas não sabemos porquê.

Annie olhava para as fotos na sua frente e pegou a de Winslam, estreitando o olhar.

—Já vi ele. –cenas de oito anos atrás vieram a sua mente, no fórum, alguns dias depois daquela tragédia. Ele era advogado de um dos envolvidos no acidente. Ela largou a foto como se o contato com o objeto lhe queimasse. –N-não tenho certeza, acho que me enganei.

—Senhorita Branches. –Camus insistiu, mas em um tom sério e frio. –Se estiver escondendo algo que possa nos levar a um assassino, sabe que poderá ser indiciada como cúmplice?

—Hei, Camus! –Milo chamou-lhe a atenção. –Ela é a vítima aqui!

—Eu não tenho certeza! Não posso afirmar algo que não sei. E não tente me intimidar com essa conversa de “tira bom e tira mal”. –ela falou apontando o dedo para Camus, que não esperava essa reação da jovem pequena e franzina a sua frente. –Sou advogada e sei os meus direitos!

—Com licencinha! –Milo puxa Camus para fora, dando um sorrisinho amarelo para Annie, que bufou pegando o café oferecido pelo policial, bebendo.

Do lado de fora, após fechar a porta, foram para sala ao lado de onde era possível conversarem e observarem Annie sem que ela notasse por um espelho falso. Ela havia pegado o celular e estava mexendo nele, após receber uma mensagem.

—O que foi isso, Camus? Essa agressividade com a garota?

—Desculpe, é que... eu vejo ela e lembro daquela noite! Me dá nos nervos!

—Faz quanto tempo isso? Oito anos? –Milo suspirou. –Camus, esqueça isso só até essa investigação acabar! Tem um doido querendo brincar de Jogos Mortais com você e escolheu essa garota para isso! A gente tem que descobrir porque para chegar nele, e não ficar desenterrando coisa do passado!

—Para você é fácil falar! –diz apontando para Annie pela janela. –Não viu ninguém tripudiando sua dor!

—Escute aqui...

Pararam de falar quando ouviram ela rir. Ambos fitaram o espelho falso e a viram rindo, e depois colocando a mão sobre a boca e começar a chorar, visivelmente nervosa pela situação, jogando o celular no chão.

Os dois se entreolharam e correram para a sala de interrogatório. Enquanto Milo se aproximava de Annie que chorava nervosa, Camus pegou o celular dela e olhou para a última mensagem recebida em um chat.

 

“Não vai escapar da próxima, vadia! Vai desejar morrer rápido quando a pegar.”

—É ele! –ela chorava copiosamente.

—Filho da mãe! –Camus murmurou e depois fitou a jovem. –Eu a quero sobre proteção.

 

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No hospital onde Milo foi atendido.

—Doutora Lewis? -a enfermeira chamou a médica que estava debruçada sobre a mesa na sala das enfermeiras. -Está se sentindo mal?

—Não... -levantou esfregando o olho. -Apenas cansada. Tentei cochilar mas não consegui. A madrugada está intensa!

Havia cochilado, mas acordava todas as vezes, pois sonhava com aquele policial que atendera mais cedo e seu sorriso sedutor. Nunca imaginou que um sorriso pudesse mexer tanto com ela.

—Teria sido menos pesado seu turno se o outro médico tivesse aparecido!

—Doutor Hernandez disse que teve um problema, mas que iria me cobrir no fim de semana. –bocejou.

—Seu turno acabou? –perguntou.

—Sim... Ai...que sono! -espreguiçou-se e tirando o jaleco, um papel caiu de seu bolso. -Vou direto para casa e dormir...amanhã tenho que trabalhar mais.

—Doutora, deixou esse cartão cair. -avisou a enfermeira pegando o papel.

—Meu? -Lara o pegou e leu o nome e o telefone do celular do policial. -Milo Alessandros...

—Pra mim é grego. -arriscou a moça sorrindo.

—Safado...colocou isso em meu bolso antes de sair. -sorriu. -Espere sentado que eu te ligue.

Pensou em jogar o cartão no lixo, mas hesitou um instante e o recolocou no bolso assim que viu que a enfermeira havia saído. Talvez, desse uma chance à ele...Talvez.

Saindo da sala, quase esbarra em um colega que chegava rapidamente.

—Hernandez –ela exclamou brava. –Não estava resolvendo um problema familiar?

—Si. Desculpe-me, Lara. -o espanhol sorriu. –Acho que não precisa ser formal comigo só porque terminamos nosso compromisso.

—Shura...-ela sorriu sem graça. –Aqui gosto de manter o profissionalismo. O que houve com a sua mão?

Apontou para o curativo improvisado.

—Ah, i-isso? -ele ficou sem graça. –Uma gata me mordeu. Muito arisca. Preciso ir...depois nós conversamos. Adios.

Lara o viu sair e não deu os ombros, pegando sua bolsa e indo para casa, não reparando que o doutor Hernandez escondeu um bisturi da manga no bolso do jaleco.

 

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Algum tempo depois. A caminho da residência de Annie, Camus dirigia o veículo tendo Annie ao seu lado, já que Milo ficou na central para descobrir com a perícia como o assassino teve acesso ao número de celular dela. Durante todo o trajeto ele o fez sisudo e calado, e a jovem advogada estava sentindo o clima pesado no local e não entendia o porquê.

—Deve ser algo muito estressante. -ela comentou para puxar assunto, não aguentava mais o silêncio dele.

—O que?

—Ser policial. -ela completou sorrindo, fazendo Camus perder a concentração no trânsito um momento. -Sua esposa deve ser bem compreensiva. Ouvi dizer que esposas de policiais são...

—Não sou casado mais.

—Ah, bem... eu achei que...

—Minha esposa morreu há algum tempo.

—Sinto muito.

Camus a observou de soslaio, percebendo sinceridade em suas palavras.

—Na central... –ela o fitou quando começou a falar. –Quando recebeu a ameaça pelo celular, você começou a rir.  Eu... não entendi. Você também riu assim no metrô e no hospital.

—Ah, Céus!  -ela parecia constrangida. –É um tique nervoso meu! Anos de treinamento em oratória perdidos por um maluco. –suspirou. –Desde criança, quando ficava muito nervosa, assustada, me dava uma crise de riso seguida de choro compulsivo.

Camus a fitou surpreso.

—Eu sei. Parece estranho. Mas foram raras as vezes que tive isso. A última que eu tive foi quando sofri um acidente de carro! Foi horrível! Meu pai estava entre a vida e a morte no hospital e eu me sentia tão culpada... eu estava dirigindo. Me deu uma crise, ri e chorei de repente, não conseguia mais parar de chorar. Acho que assustei o médico que atendia meu pai.

—Eu...

—Só tenho ele no mundo! Minha mãe nos deixou e ele me criou com muita raça! A ideia de perdê-lo e por minha culpa... –ela fechou os olhos. –Mas Graças a Deus ele se recuperou!

—Fico... feliz por você.

—Obrigada. –sorrindo para ele.

Camus não reparou naquele sorriso. Estava analisando aquela nova informação. Ela não ria da tragédia, não ria da dor de quem perdeu alguém que amava naquela noite. Ela também sofreu a angústia, a culpa.

Se sentia um idiota por julgá-la durante anos.

—Estamos chegando. –ela avisou apontando a residência onde morava, fazendo Camus manobrar para estacionar.

Ele saiu primeiro do carro e olhou ao redor, como se quisesse ter certeza que ninguém suspeito estivesse próximo.

—Eu vou entrar com você. -avisou.

—É preciso?

—Uma viatura chegará e ficará na porta da sua casa dia e noite. –avisou andando na frente e esperando que ela abrisse a porta.

Ela concordou com um aceno de cabeça e entraram na casa, foram recebidos pelo gato de Annie que parecia ansioso por revê-la.

—Akhenaton!  -ela se abaixou e o pegou no colo, lhe dando vários beijos. –Desculpa! Desculpa! Ficou preocupado?

—Mora sozinha? –perguntou, reparando na decoração antiga da casa.

—Sim. A casa não é minha, é de um professor da Faculdade. –explicou, apontando fotos que não eram suas. –Ele e a esposa gostavam muito de mim e estão viajando pela Europa, pretendem ficar por lá uns cinco anos e perguntaram se eu queria morar aqui, cuidar da casa em sua ausência. Achei que era um bom negócio até juntar o dinheiro que precisava para comprar meu apartamento.

Camus verificou todos os cômodos do térreo e do andar superior, enquanto Annie esperava na sala de visitas com a TV ligada. Depois viu pela janela a viatura que pediu estacionar e reconheceu os policiais nela.

—Acho que está tudo bem. –disse por fim. –Deixarei meu telefone, me ligue se precisar de algo.

—Vai embora e me deixar sozinha?

—Há dois policiais lá fora e...

—Eu vejo filmes de terror. Sabe o que acontece nesses filmes? –Camus ergueu uma sobrancelha com o comentário dela. –O psicopata sempre mata os policiais do lado de fora e pega a mocinha em casa!

—Acho que não vai acontecer nada disso. –comentou Camus sorrindo.

Então algo na TV chama a atenção de ambos. Um repórter narrados os assassinatos de Hell’s Kitchen e no Central Park, a relação deles com filmes de suspense conhecidos, e a tentativa de assassinato de Annie Branches.

Por fim a declaração do ancora sobre os crimes bizarros que vem acontecendo na metrópole e se alguns deles tem relação com os recentes ataques, se referindo ao misterioso assassino pela alcunha de “O Cinéfilo”!

—Como...? –Camus parecia não acreditar no que via. –Como a imprensa sabe disso tudo?

—Alguém contou a eles?! –ela parecia muito surpresa.

 

Continua...



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