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História Police History - E05X1: Veneno


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 5 - E05X1: Veneno


Manhã seguinte, no Departamento de Homicídios.

Camus e Milo estavam na sala do Capitão Wong, que acabava de desligar a tv, onde se falava a manhã toda sobre os dois assassinatos envolvendo filmes de terror como inspiração e o misterioso Cinéfilo.

—Como a imprensa descobriu isso? –perguntou Dohko, com os braços atrás do corpo, segurando a vontade de socar alguma coisa.

—Bem, senhor... –Milo ia respondendo.

—Foi uma pergunta retórica, Alessandros! –o capitão quase gritou, fazendo Milo se calar e Camus fazer-lhe um sinal com o olhar para não responder nada. –Malditos abutres! Agora tenho que dar uma declaração à imprensa para dizer que não temos um serial killer a solta nas ruas, acalmar o prefeito e ainda proteger a testemunha! Ninguém mais além do departamento e do promotor sabiam disso.

—Acha alguém do departamento passou a dica, senhor? –Milo questionou.

—Pode ser. Mas não me agrada a ideia de que alguém aqui tenha feito isso. Onde ela está? A senhorita Raccos?

—Achamos melhor colocá-la sob custódia, capitão. Está aqui no departamento, conosco. –disse Camus. –Pretendia que fosse em sua casa, deixaria uma patrulha sempre vigilante, mas depois dessa notícia deduzi que deveria colocá-la em um lugar seguro.

—Fez bem. Vamos providenciar um lugar seguro para a senhorita Raccos. –o capitão sentou e pegou uma pasta antes de entregar a Camus. –É o corpo de Hell’s Kitchen.

—Mas pensei que o FBI cuidaria disso? –Camus pegou a pasta surpreso.

—E vão. –o capitão sorriu de lado. –Vai ser um trabalho em conjunto entre o departamento e o FBI, mas quero que vocês dois se adiantem nas investigações e não deixem os federais pegarem o filho da mãe antes. Vão até a legista! Ela tem novidades para vocês!

—Sim, senhor! –disseram os dois ao mesmo tempo e saíram da sala.

Do lado de fora foram surpreendidos por Shaka que trazia alguns papeis em suas mãos, uma mochila nas costas, parecendo ter saído de alguma aula da faculdade do que trabalhando no departamento de polícia.

—Achei vocês! –disse o loiro. –Tenho novidades sobre os e-mails que mandou que eu verificasse.

—Depois, estamos indo falar com o legista. –disse Milo passando por ele.

—Manda o que descobriu pro meu e-mail. –respondeu Camus seco, apressado.

—Não posso deixar pra depois! É importante! –disse Shaka atrás deles.

—Estamos com pressa. –respondeu Camus, erguendo uma sobrancelha.

—Posso ir com vocês? –perguntou mexendo nos dedos, como se fosse um adolescente. –Aí posso dizer tudo pelo caminho.

Camus ia responder que não, mas Milo adiantou-se, para seu desgosto.

—Claro! Vem. –chamou sorrindo e ignorou o olhar zangado de Camus. –Aí você nos fala o que descobriu.

 

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No departamento, Annie olhava para o copo de café que segurava em suas mãos, sentada em uma sala de reuniões. Camus havia pedido que ficasse ali no prédio, onde estaria segura, e o esperasse. Devido à toda a atenção recebida pela mídia, e por curiosos, achou prudente que não ficasse na casa sozinha. A segurança estava comprometida e o detetive assegurou que encontraria um local seguro para a jovem o mais rápido possível.

No canto da sala uma mala com apenas o necessário, pois saiu às pressas de casa e a gaiola onde Akenaton encontrava-se preso e pacientemente esperando a hora de sair.

—Desculpe. –disse Annie para o gato. –Não quero te deixar em qualquer lugar.

Enquanto esperava, ela tentava se concentrar no que havia acontecido. Por que se tornara um alvo, qual era a sua ligação com esse homicida. Nervosa, começou a andar de um lado para o outro da sala, sua atitude atraiu a atenção de um casal de detetives que apareceram na porta.

—Tudo bem? –perguntou a mulher, de traços orientais mas de cabelos castanhos avermelhados.

—Sim, sim... é inevitável ficarmos nervosas se um assassino está querendo te pegar, não é? –disse nervosa.

—De fato, não. –Marin olhou para o parceiro que permanecia sério.

—É a testemunha que Camus salvou do metrô? –o rapaz de traços másculos indagou, fazendo Annie encará-lo.

—Sou eu. –respondeu, cruzando os braços. –Desculpe, é que eu não consigo me acalmar. Fico pensando no que aconteceu e por que virei alvo!

—Se pudermos ajudar... –ofereceu o rapaz.

—Eu... como se chamam as outras vítimas? –ela perguntou séria. –Eu quero me lembrar de alguma coisa que possa ajudar.

—Estávamos nos perguntando se havia algo que conectasse os assassinatos ao ataque que sofreu. –disse Aiolia cauteloso. –Acha que pode saber de algo para ajudar?

—Acho que sim. –respondeu a advogada. –Acho que conheci esse Winslam, mas não lembro bem onde e nem quando. Ajudaria se eu soubesse mais sobre ele.

—Lamento, mas essas informações são sigilosas. –respondeu Marin. –A senhorita pode ficar tranquila, todo o departamento está cuidando do caso.

—Ok... obrigada.

Annie sorriu e voltou a sentar em uma das poltronas da sala de reunião. Assim que se viu sozinha novamente, pegou seu celular e discou um número e esperou que atendessem:

—Ashley? Sou eu, Annie... sim, estou bem. Obrigada por perguntar. Mas eu preciso de sua ajuda. –olhou para ver se ninguém a escutaria. –Ache tudo o que puder de Carl Winslam, ele é advogado, e de Meredith Braun. Use nossos contatos do escritório do promotor e cruze informações entre eles e comigo... sim, com meu nome... preciso saber o que temos em comum. Me avise se achar qualquer coisa!

 

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No Instituto Médico Legal.

Camus e Milo chegaram ao prédio e foram imediatamente ao andar onde encontrariam a médica legista responsável pelo caso que investigavam. Pararam um rapaz de jaleco e o indagaram.

—Procuramos Aberneth! –disse Camus e o rapaz apontou uma sala no fim do corredor.

Enquanto caminhavam, Shaka falava de como o Cinéfilo era esperto e ter usado vários servidores europeus e asiáticos para ocultar seu IP e como entrou facilmente na conta de e-mail de Camus, tentando explicar a Milo todo o processo, mas este aparentemente não entendia nada.

—Doutor Aberneth?

Camus perguntou e viu uma jovem loira que de longe em nada parecia uma médica, deduziu que era alguma estagiária. A jovem de rabo de cavalo alto usava uma calça legging preta, com uma camisa longa do Nirvana por baixo de um jaleco branco, estava cantarolando Getaway da banda Kiss com fones nos ouvidos.

—Com licença!

Camus chamou a atenção da mesma que o fitou com seus grandes olhos violetas, cuja maquiagem pesada, típica de quem voltava de um show de rock, deixava em destaque. Ela retirou os fones e os fitou.

—Pois não?

—Somos os Detetives Alessandros e Chevalier. –Milo fez as apresentações e apontou para Shaka atrás dele, calado, fitando-a. –Ah, esse é o Shaka.

—Procuramos o Doutor Aberneth. –disse Camus. –O legista responsável pelo caso do corpo em Hell’s Kitchen.

—Eu sou a doutora Aisha Aberneth. –estendeu a mão para se apresentar.

Camus a fitou e deu um sorriso de lado, não acreditando.

—Doutora Aberneth? Você? –apontou para ela. –Não é seu pai ou avô?

—Eu. –ela disse sorrindo. –Sei que as pessoas se assustam quando me veem. Mas é que eu sou assim mesmo.

—Quantos anos tem? Vinte? –Milo também não acreditava.

—Vinte e três.

—Como assim é legista?! –Camus não escondeu o assombro.

—Quando se tem Q.I de 163, três acima de Hawking, você se forma com honras na universidade com dezessete anos e sai da escola de medicina com vinte. –falou sorrindo. –Estão aqui para saber mais do corpo da senhora Braun?

—Isso. –Milo deus os ombros, seguindo a moça. –O que tem para nós.

—Que achei o assassino da senhora Braun. –falou apontando para a mesa e puxando o lençol, revelando um peixe em um prato de cor prateada.

Camus a olhou como se fosse louca, Milo segurou o riso.

—Desculpe... –disse Camus. –O que é isso?

—Achava que o assassino fosse mais alto... e de outra espécie. –falou Milo.

—Ah, desculpe. Deixe eu explicar o que descobri com a autópsia da senhora Braun. Fiz um exame toxicológico e descobri com certo alivio que nossa vitima já estava morta quando começou a ter sua pele arrancada de sua carne. Tudo isso graças a esse carinha aqui, Canthigaster valentini.

—Hã?

—Canthigaster valentini, popularmente conhecido como baiacu. –disse Shaka com o rosto corado para Aisha. –Continue... está indo maravilhosa... digo, bem... você é maravilhosa, quero dizer, está indo maravilhosamente bem! Esqueçam que estou aqui!

—Obrigada. Bem, encontrei a toxina anhydrotetrodotoxin 4-epitetrodotoxin, é aproximadamente 1200 vezes mais mortal que o cianureto e uma pequena quantidade encontrada no baiacu pode matar tranquilamente dezenas de homens. Desconfio que tenha sido usada também no corpo do infeliz senhor Winslam que me mandaram ontem.

—E o que isso significaria? –Milo perguntou a ela.

—Que nosso assassino não é tão forte? Que precisa envenenar suas vítimas para cometer suas atrocidades? –disse Shaka.

—Isso mesmo! –Aisha sorri para ele que fica corado.

—Nossa vítima foi envenenada por uma toxina de baiacu? –Camus perguntou mais uma vez. –E quem tem acesso a isso?

—Tirando alguns laboratórios médicos autorizados, não sei onde. –disse a jovem. –Seu assassino teria que ter um certo conhecimento sobre biologia para adquirir o veneno por conta própria ou ter acesso a esses laboratórios.

—Onde ele teria acesso a esse peixe, acaso tentasse pegar por conta própria a toxina? –insistiu Camus.

—Restaurantes japoneses. Mercado de peixes. –ela respondeu com serenidade. –Sushi de fugu é uma iguaria muito apreciada. Eu não recomendaria comer em qualquer lugar, a não ser que seja preparado por algum mestre da culinária japonesa licenciado, e são poucos. Aliás o Blue Ribbon Sushi é o melhor que eu conheço que faz sushi de fugu!

—Ele trabalha em um desses laboratórios? –Milo olhou para Camus. –Ou conhece alguém que trabalha e lhe daria a toxina?

—Isso é com vocês. –disse a jovem recolocando os fones de ouvido.

—Vamos verificar isso depois de colocarmos a senhorita Raccos em algum lugar seguro. –determinou Camus saindo do laboratório.

—Onde?

—Vou apelar para uma pessoa. –Camus suspirou. –Ela vai me cobrar isso pelo resto da minha vida.

—Olha... –Milo para de falar quando seu celular toca e vê que era uma chamada de sua irmã Themis. –Vamos resolver isso no caminho.

Enquanto Milo atendia o telefone continuando a andar, Camus voltava e pegava Shaka pela gola da camiseta, que ainda estava parado igual bobo admirando a doutora Abenerth.

—Vamos, Romeu!

 

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Em um quarto escuro, iluminado parcialmente por uma lâmpada. Mãos hábeis colocavam instrumentos cirúrgicos arrumados em um estojo. Uma de suas mãos estava machucada, com um curativo.

Ele toca o ferimento e sorri. Teria que ser mais cuidadoso da próxima vez, teria que levar em consideração as variáveis e no caso, as reações de suas estrelas. Por hora, não poderia se aproximar dela, mas isso não importava. Haviam outros a serem visitados, apenas iria abreviar os encontros.

Tocou uma das várias fotos que tinha de Annie, com os dedos traçou o contorno do rosto, dos lábios e sorriu. Sua estrela principal teria que esperar um pouco mais para brilhar. Faria com que ficasse famosa, seu nome e rosto não seriam esquecidos. E o detetive o ajudará a torná-la imortal!

Mas antes o detetive teria que aprender a obedecer as regras. Deixaria uma lembrança para ele. Algo que jamais esqueceria.

Pegou uma caneta marcadora de texto e escreveu em um DVD o nome Meredith e colocou cuidadosamente numa caixinha e em seguida na sua estante, juntamente com outros três DVDs. Haveria outras obras ali, em breve.

O telefone tocou e ele se apressou a atender, sendo amável com a pessoa da outra linha. Desligou e se apressou em sair logo, teria que voltar ao trabalho. Sua obra de arte teria que esperar.

 

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No caminho deixaram Shaka no departamento pedindo que investigasse laboratórios que trabalhavam com a toxina usada para matar Meredith e pegaram Annie, se dirigindo em seguida ao Bar La Luna, de propriedade da irmã de Camus.

—Me explica melhor. Falou para sua irmã ir para o bar da minha irmã para resolver um problema particular? –Camus perguntou, olhando de lado para o parceiro.

—Não dava para ir na casa dos meus pais e ela parecia que precisava de mim e... a Cora me ameaçou se eu não ajudasse.

—Quem é Cora?

—A caçula da minha família. –disse Milo. –Ela é assustadora!

—Tem medo da sua irmã caçula? –Camus não conteve um sorriso.

—Se conhecesse a Cora não estaria com esse sorriso debochado! –Milo se defendeu. –E enquanto você conversa com a gostosa da sua...a senhorita Celeste. –se corrigiu diante do olhar de Camus. –Eu converso com a minha. Deve ser algum problema com minha mãe, coisa simples de resolver. Ela já vai tá nos esperando lá quando chegarmos.

—Tente manter sua família longe desse caso, Milo. Pode ser perigoso!

—Com licença. –Annie resolveu falar. -O que estão planejando?

—Encontrar um lugar seguro para você. –disse Camus.

—E para o meu gato, espero.

—Por que não largou esse bicho em um abrigo?

—De jeito nenhum vou deixá-lo em um abrigo! –Annie coloca a mão protetoramente na gaiola.

—Como pode sugerir que ela coloque o gatinho dela em um abrigo? –Milo o repreendeu.

—Mas o que eu disse de mal?

—Já viu esses abrigos? Cheio de animais tristes e abandonados.

—Eu não falei para ela abandonar o gato!

—Não vou abandonar meu gato!

—Eu não falei para abandonar o gato!

—Mas sugeriu um abrigo! –disse Milo.

—Chega! O gato não vai pra um abrigo, vai ficar com ela! Tá feliz?

—Agora tô. Está feliz, senhorita Annie? Ela está e o gato também está! –Milo sorrindo ao dizer isso enquanto Camus o fuzila com um olhar gélido.

—Vocês se dão tão bem. São amigos há muitos anos?

—Ele não é meu amigo! –disse Camus carrancudo.

—Começamos a trabalhar juntos ontem! –Milo respondeu sorrindo.

—Já estamos chegando. –Camus avisou para encerrar aquele assunto, estacionando o veículo.

Entraram no bar e Milo olhou ao redor não vendo a irmã mais nova, verificando pelo relógio se estavam adiantados. O lugar estava cheio como sempre. A maioria eram policiais, advogados, era um bar muito “conhecido e frequentado pela lei”, como costumava dizer o antigo proprietário, pai de Camus.

Camus avistou o pai sentando em um canto do balcão conversando com um velho amigo, e cumprimentou de longe o filho.

—Vamos. –disse puxando Annie pelo braço, entregando ao Milo a gaiola com o gato dela.

Este deu os ombros e sentou no lado oposto do balcão, colocando a gaiola na cadeira ao seu lado.

—Temos regras para animais aqui. -falou uma jovem ruiva, em um sensual vestido azul.

—Oi, Celly! –disse Milo com um sorriso charmoso. –Dá um desconto, é quase uma testemunha de um caso.

—Testemunha? –ela o olhou não acreditando.

—Ele deixa nossa testemunha principal feliz! Dá uma cerveja e leite pro meu coleguinha aqui? –apontando para o gato.

—Só desta vez. –ela sorriu.

—E os negócios?

—Sempre bons. –ela lhe serve a cerveja e providencia um pires com leite para o gato. –Só queria ter tempo para meu livro. Mas a ideia de meu pai de abrir outro bar tem tomado muito tempo.

—Livro? Do que se trata?

—Quando estudava direito, e que aliás acho que nunca combinou comigo, entrei em contato com muitos casos da polícia não resolvidos mais as histórias de papai e as de Camus. Bem, o livro é sobre vocês, da polícia. Ainda não tenho um nome definido para ele. –disse sorrindo, abrindo a gaiola com cuidado para pegar o gato e dar-lhe o leite no balcão, acariciando-o. –Como é lindinho! Tá com fome? Quer salmão?

—Quando lançar quero ser o primeiro a ter meu exemplar autografado por você.

—Será um prazer. –ela se vira para um atendente. –Temos salmão? Hyoga, traz alguns filezinhos picados para o... qual é o nome dele?

—Acho que é Gato. –ele estreitou o olhar. –Tem nome antigo e engraçado, não lembro.

—Chefe! –um homem de tez negra aparece saindo da cozinha, enxugando as mãos em um pano. –O Hyoga não apareceu para trabalhar!

—Ah, esse menino... –ela suspira desanimada. –Traz salmão pra mim, Eric?

 O homem assinalou com um gesto positivo e entrou para a cozinha.

—Assim que o Camus terminar de conversar com meu pai, terei que falar do protegido dele.

—Protegido?

—Não imaginou que meu irmão tivesse coração?

Então um movimento na entrada do bar chama a sua atenção e vou Themis entrando acompanhada por Cora e um homem de longos cabelos, finamente vestido.

—Minhas irmãs chegaram. E quem é o almofadinha? –indagou, não gostando do que via.

—Não sei. Mas é bonitão. –disse Celeste, cuidando do gato, conversando com ele. –Você que é o Gato daqui.

—Queria entender esse lance das garotas e gatos. –ele sorriu caminhando até as irmãs.

—Ele está ali. -avisou Themis a Cora.

—Vou esperá-las no bar. –avisou Saga.

—Eu avisei que não precisava nos acompanhar. –disse Themis.

—Sem problemas. –ele acena de costas.

—Dá pra acreditar nele? –diz Themis. –Não tá dando a mínima para o nosso problema.

—Porque pra ele isso não é problema. –disse Cora. –Não é o pai dele que vai surtar com o rompimento do “noivado”.

—Meninas. –disse Milo ao se aproximar. –O que fazem aqui? Que problemão é esse que nossos pais te arranjaram? E quem é aquele cara?

—Ele é o problema. –Themis apontou para Saga. –Ou quase.

—Explica direito!

—É o marido que papai e mamãe estão arrumando pra Themis. –disse Cora.

—Me salva? –Themis implorou chorosa e Milo não parecia acreditar no que ouvia.

Enquanto isso, Saga se aproximava do balcão e olhou com interesse para a ruiva que acabava de colocar um gato dentro de uma gaiola de transporte, conversando com o bichano.

—Oi, um belo lugar esse aqui! -foi puxando assunto. –Mas animais são permitidos assim?

—Ele é a quase testemunha de um crime. –respondeu exatamente o que Milo havia lhe dito, e olhou séria para o grego. -O que deseja?

Saga pensou seriamente em dizer que queria era saber o nome dela e outras coisas também, mas controlou-se.

—Uísque com gelo. -ela o serviu. -Trabalha aqui?

—Pode-se dizer que sim.

—A que horas sai?

—Isso é uma cantada? -ela sorriu, debruçando sensualmente sobre o balcão.

—Pode-se dizer que sim.

—É? -ela levantou-se bruscamente. -Então terá que melhorar as suas cantadas.

Saga ficou boquiaberto e depois sorriu, dando um gole em seu uísque, admirando as costas esguias e o rebolado da mulher que se afastava após dar instruções a dois rapazes.

Um desafio. Ele adorava desafios.

 

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—Nunca vi um caso igual a esse em meus tempos na polícia, filho. –dizia o velho Chevalier, após uma longa conversa com Camus. –Porque não deixa a jovem com uma escolta policial?

—O capitão acha que alguém de dentro do departamento ficou dando dicas à imprensa sobre o caso. Não quer expor Annie ao perigo.

—Entendo. Bem, mademoiselle. –dizia o senhor de meia idade, cabelos brancos, mas aos olhos de Annie era tão bonito quanto o filho, lembrava vagamente um astro de cinema. –Será um prazer tê-la sobre a custódia da família Chevalier.

—Será que é preciso tanto? –ela perguntou incerta.

—Não confio em mais ninguém a sua segurança. –respondeu Camus.

—Esse lugar está sempre cheio de policiais, bombeiros da antiga e da nova geração. –diz sorrindo. –Vai ficar bem.

—Tudo bem. –ela suspira.

—Ao fim do dia passarei aqui e a pegarei. –declarou o detetive, se levantando e vendo a irmã se aproximar. –Baixinha.

—Pinguim. –ela sorri para Annie. –Vai nos apresentar?

—Annie Raccos, essa é minha irmã Celeste. Gerente desse lugar. –Camus se vira sério para a irmã. –Preciso que a mantenha a salvo, posso contar com você?

—Prazer, Annie. –a ruiva fita o irmão. –Tudo bem, mas antes de sair por aí vê se acha o Hyoga, tá?

—O que foi dessa vez?

—Hoje é o terceiro dia consecutivo que ele falta ao trabalho. Sei que na escola também não está indo bem. –Camus estreitou o olhar. –Ele te respeita e te ouve.

—Farei isso.

—Não fique bravo demais com o guri. –disse o velho Chevalier. –O Aniversário da mãe dele está perto.

Camus concordou com um aceno e foi na direção de Milo que estava em uma conversa acalorada com as irmãs.

—Vai falar com nossos pais?

—Tá, eu falo! Mas quem tinha que se impor e não aceitar era você! –apontando o dedo para o rosto de Themis.

—Falei isso pra ela. –completou Cora.

—Falam como se fosse fácil! Até hoje a mamãe vai no seu apartamento quando não está, Milo. Ela limpa tudo, faz compras e até lava suas roupas.

—Eu pago faxineira pra isso!

—Ela diz que ninguém faz isso direito!

—Devia ter desconfiado quando vi kourabié no pote de biscoitos outro dia.

—Você é meio lerdo, irmão. –Cora suspirou, revirando os olhos.

—E se diz detetive. –Themis cruzando os braços.

—Tô gastando dinheiro à toa com faxineira? –Milo balança a cabeça. –Alguém tem que parar a mamãe.

—Milo! Vamos! –Camus passa por eles, chamando-o.

—Já vou. –ele olha para as meninas. –A gente se fala amanhã! Tenho que trabalhar!

—Mas...

—Amanhã! –Milo correu atrás de Camus, deixando as duas garotas para trás.

 

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Em um asilo, nos arredores da cidade.

—Fico feliz que tenha vindo hoje. –dizia a enfermeira andando a frente do misterioso rapaz. –Ela sempre fica feliz quando vem visita-la.

—Eu também gosto muito da companhia da senhora Evans.

—Ela recebe poucas visitas. –dizia ela pesarosa. –Mas soube que a única família dela era a filha adotiva e o genro, mas com a morte da filha...

—O genro não a visita?

—Sim, sempre que pode! Mas você sabe... –a enfermeira aponta para a cabeça. –Por causa do Alzheimer ela nem se lembra disso. Para ela, a filha ainda tem 15 anos e está na escola. Mas não imagina nossa felicidade em saber que ela tem um sobrinho tão dedicado quanto você! Desde que soube que ela estava aqui, vem visitá-la sempre!

—Faço o que posso pela tia Joan.

—E vai levá-la?

—Moro em Chicago, ficaria mais fácil para mim e para minha noiva, cuidarmos da tia Joan se a levarmos para lá.

—Sem dúvidas. O doutor Weatherly já está providenciando tudo o que precisa, já que tem autorização legal para isso. Vão hoje mesmo?

—Sim.

—Vamos sentir saudades de vocês dois.

—Serei eternamente grato pela maneira gentil que cuidaram de minha tia.

—Foi um prazer. –a enfermeira para na porta que dava acesso a um belo jardim no asilo, onde uma senhora com seus sessenta anos estava sentada em um banco, admirando a paisagem. –Lá está ela, admirando a roseira que você plantou.

—Muito obrigado. –sorrindo, o jovem se aproxima da mulher que sorri ao vê-lo. –Olá, Joan!

—Olá, meu jovem. –sorri. –Trouxe rosas? São para mim?

—Sim, sempre gostou das minhas rosas.

—Minha filha ama as suas rosas também! Assim que a Liz chegar da escola, ela vai ficar feliz em te ver.

—Obrigado! Senhora Evans... que tal fazermos uma surpresa a Liz hoje?

—Uma surpresa? –ela olha para a mão ferida dele. –Oh, se machucou?

—Não foi nada, Joan. Já está sarando. Bem, vamos passear?

 

Continua...

 


Notas Finais


Nota:
- Kourabié são amanteigados com recheio de amêndoas e coberto por açúcar de confeiteiro.


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