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História Police History - E06X1: Fantasmas do Passado


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 6 - E06X1: Fantasmas do Passado


Saga do balcão do bar assistia a discussão entre Milo e as irmãs, dando um suspiro. Se envolver nessa confusão era a última coisa que queria, mais cedo havia deixado bem claro ao pai que não compactuaria com aquela loucura, não viviam mais na idade média e teria que aceitar que seu primogênito é quem escolheria a futura esposa. Mas imaginou que para as garotas era mais difícil lidar com as maluquices de uma família tradicional grega.

—Por que começo a pensar que você tem algo a ver com a discussão deles? -Celeste perguntou de repente para Saga, enquanto ajeitava alguns copos no lugar certo.

—Longa história. -ele se volta para a ruiva. -Então? Que tal esquecermos aqueles três e você me dizer o seu nome ao menos?

Celeste, se inclinando sobre o balcão, sorriu:

—Vai ter que merecer isso. -e se afastou, indo para o andar superior.

Saga acompanhou cada movimento dela com o olhar, as longas pernas, o jeito sensual de andar. Deu um sorriso de lado, olhando-a com mais desejo ainda.

—Ei, rapaz. Mais uma dose de uísque e... -Saga chama o atendente e lhe estende uma nota de cem dólares. -Quem é a ruiva?

O atendente, espantando com a generosa gorjeta, olhou para os lados para ver se ninguém observava antes de pegar a nota e guardá-la no bolso antes de responder:

—É a minha patroa. É gerente e sócia desse bar com o pai. -ele olhou para os lados. -É a senhorita Celeste Chevalier.

—Senhorita? Então, não é casada?

—Não senhor.

—Namorado? Namorada?

—Não. E pelo o que eu sei não está saindo com ninguém.

—Obrigado. -Saga paga ao rapaz e sorri satisfeito. Sabia o seu nome, e o melhor! Que não havia rivais para ele.

—Mas tomaria cuidado ao chegar nela. -advertiu o atendente.

—Por que deveria tomar cuidado?

—Além de ter uma personalidade forte? Pai e irmão da polícia e...

—Está para nascer algo ou alguém que me intimide, rapaz. -o interrompeu.

—Não falo deles. Falo do que a minha chefa aprendeu com o pai e com o irmão. Eu já a vi colocar pra fora do bar homens bem maiores que você. –Saga ergue uma sobrancelha interessado. –Não a julgue por parecer frágil.

—O que você me disse só aumentou minha vontade de conhecê-la melhor.

—Você quem sabe. -o rapaz deu de ombros. –Os dentes são seus.

Voltou a olhar discretamente as meninas Alessandros, as coisas não estavam nada bem. Viu o irmão sair apressado com outro homem, deixando-as falando sozinhas.

Elas pareciam frustradas quando se sentaram ao seu lado no balcão.

—Não foi como planejou? –perguntando a Themis.

—Meu irmão está enrolado com o trabalho dele. –suspirou.

—Encare o papai e a mamãe e pronto. –disse Cora. –Uma cerveja!

—Posso olhar a sua identidade? –Saga perguntou a Cora.

—Eu tenho mais que dezoito anos! –ela se defendeu, mostrando a carteira de motorista a ele.

—Nem parece. –rindo, atendendo ao celular que começou a tocar. –Meninas, adoraria ficar na companhia de vocês essa tarde, mas sou esperado na minha empresa.

—Desculpe ter te atrapalhado hoje. –disse Themis.

—Não se preocupem. Valeu a pena ter vindo aqui. –ele pisca e deixa uma generosa nota no balcão. –O que elas pedirem é por minha conta. Sabe, estive pensando. Vamos marcar um encontro com seu pai e esclareço as coisas, que tal? Aí, eu que terei terminado o “relacionamento” e limpo a sua barra.

—Seria bom.

—Tenho que ir. –Saga olhando novamente uma nova mensagem no celular. –Meu irmão está furioso porque sumi. Até mais tarde.

 

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No escritório em cima do bar, Annie observava com atenção as fotos que decoravam o lugar. Eram fotos antigas do pai de Camus na polícia com amigos, fotos de família. Pegou uma e reconheceu Camus na imagem de um menino de uns seis anos, com o quepe de policial do pai na cabeça e segurando a mão de uma bebezinha, com um grande sorriso decorado com uma janelinha. Ao lado deles havia uma bela mulher de cabelos ruivos, cortados na altura dos ombros, que ela deduziu ser a mãe deles.

—Então ele sabia sorrir? –murmurou, recolocando o porta retrato no lugar.

Olhando ao redor achou outra foto, e viu um Camus mais jovem ao lado de uma bela mulher loira. Pareciam felizes na fotografia, sentados numa mesa de piquenique, talvez em alguma reunião familiar. Fitou a mulher e não deixou de sentir uma ponta de ciúmes.

—Essa era a Elizabeth. –dizia Celeste entrando no escritório. –Nós a chamávamos de Liz. Era a esposa do meu irmão.

Annie havia se assustado, não percebendo a presença da irmã de Camus até ela se anunciar, recolocando o porta retrato de volta no lugar.

—Desculpe, não queria ser xereta. –a advogada parecia sem graça. –Eu não sabia que o detetive Camus era casado.

—Não é mais. –Celeste pegou a foto e colocou em um canto de uma prateleira. –Ela morreu faz uns oito anos.

—Sinto muito.

—Tudo bem. –a ruiva sorri. –Queria saber se quer algo para comer. Fazer um lanche.

—Não, eu estou bem. Não precisa se preocupar comigo. –mal acabou de falar e o seu estomago roncou, reclamando a falta de uma boa alimentação, deixando-a constrangida.

—Vou preparar um lanche especial para você. –disse Celeste, saindo do escritório. –Não demoro!

Annie suspirou, deitando no sofá do escritório e pegando em seu celular ansiosa por notícias de Ashley sobre a investigação que pediu à amiga. Pensou em ligar para o pai, mas lembrou que ele havia dito que estaria viajando com amigos para pescar no lago Guntersville, no Alabama, e a comunicação por celular seria inviável.

Certamente nem saberia o que estava acontecendo com ela, já que eles evitavam até a TV quando ele se encontrava com os velhos amigos para a pescaria. Ele havia prometido que ligaria, só restando a morena esperar. Fechou os olhos para relaxar, e acabou caindo em um sono profundo.

 

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Em algum lugar do Bronx.

—Diz de novo porque estamos aqui? –Milo perguntou a Camus enquanto estacionavam em frente à uma residência modesta. –Está com um cara amarrada desde que saímos do bar da sua irmã e recebeu uma mensagem em seu celular.

—É um palpite. –diz Camus abrindo a porta do carro. –Pedi a Shaka que pesquisasse todos os casos que Winslan estava envolvido como advogado nos últimos dez anos. A maioria dos registros está digitalizada e online para acesso a pessoas autorizadas.

—E encontrou algo?

—Winslan era advogado de Peter Bishop. –Camus comentou e Milo parecia não entender o que ele queria dizer. –Há oito anos atrás, Peter Bishop era motorista de um caminhão que causou um acidente de trânsito, nesse mesmo acidente se envolveram Meredith Braun, que para desviar do caminhão descontrolado bateu no veículo dirigido por Annie Raccos.

Milo arregalou os olhos surpreso, fazendo a ligação.

—O acidente que..?

—Sim. –Camus olhou para a casa, tentando controlar seus sentimentos. Aquela história ainda mexia com ele. –Bishop alegou que perdeu o controle do caminhão porque ficou sem freios, Winslan provou que ele não tinha culpa no acidente.

—Espera um segundo. –Milo pediu antes de entrarem nos jardins mal cuidados da casa de Bishop. –O cara que procuramos está atrás de quem estava envolvido naquele acidente? Por que?

—Ainda não sei. Espero que Bishop tenha essas respostas.

Se aproximaram da porta, mas antes de bater nela Camus notou que a maçaneta estava manchada com sangue. Fez um sinal para Milo e ambos sacaram as armas. Milo foi para os fundos da casa e Camus abriu a porta da frente entrando com cuidado, verificando os cômodos. No chão, manchas de sangue trilhavam um caminho até o andar superior da residência.

Com cuidado, subiu os degraus seguindo a trilha de sangue e escutou um gemido débil de dor vindo de um quarto.

—Me... ajude... –alguém implorava, já sem forças.

Abriu a porta com extrema cautela, entrando. Tão concentrado que estava em verificar de onde vinha aquele pedido de socorro que não notou que alguém passava por ele às suas costas, caminhando calmamente para fora da residência até Camus ouvir a batida da porta da frente.

Ele se vira por instinto, na intenção de verificar quem havia feito o barulho, mas novamente o gemido de dor foi ouvido, e apressou de verificar o que era. Viu uma cama antiga com dossel encardido, onde antes fora um dia branco. Percebeu que havia alguém deitado ali e puxou o tecido para revelar quem era.

Com assombro viu um homem amarrado a cabeceira da cama com cordas, gemendo sem parar um pedido débil de socorro, a perna cortada na altura da virilha, de onde o sangue escorria abundantemente, tornando rubro todo o lençol da cama e respingando no chão.

—Me... ajude... por favor... –o homem implorava.

Por instinto, Camus tentou conter o sangue com um tecido, pedindo que ele resistisse, gritando o nome de Milo para que viesse logo, mas era em vão. Diante de seus olhos, o sangue jorrava a cada batida acelerada do coração do apavorado homem, sujando as roupas do detetive, e este, nada pode fazer, quando a vida dele se extinguiu diante de seus olhos.

—Não! Droga, Não! –gritou furioso, no momento que Milo chegou ao quarto e presenciou a cena, colocando o dorso da mão sobre a boca.

 

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Annie acordou assustada com a porta do escritório abrindo e Celeste entrando com uma bandeja com seu lanche, olhou ao redor até se lembrar onde estava e suspirou, se levantando e vendo no celular que dormira um pouco mais de uma hora apenas.

—Desculpe te acordar assim. –disse a ruiva colocando a bandeja na mesa.

—Tudo bem. –Annie sorri e se aproxima olhando para os sanduiches que ela preparou e o suco com água na boca.

—Fique à vontade.

—Obrigada! –foi se servindo e se deliciando com a refeição. –Muito gostoso!

—Que bom! Camus ligou, disse que demoraria a voltar. Pediu que eu a levasse comigo quando saísse daqui.

—Tudo bem, espero não estar atrapalhando!

—De modo algum. É um prazer ajudar.

Começaram a conversar sobre coisas triviais quando de repente Annie recebeu uma mensagem no celular dela. Pediu licença para ver, ao perceber que era de seu pai. Assim que abriu a mensagem ficou lívida e largou o aparelho da mão, caindo ao chão.

—Annie o que foi? –Celeste ficou preocupada.

—N-nada não. –ela parecia nervosa.

—Vou pegar uma água para você. Espere aqui!

Mal a ruiva saia do escritório na direção da cozinha, para buscar água, Annie pegou o celular e a bolsa e saiu correndo para fora do bar, chamando um táxi do lado de fora.

 

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Algum tempo depois, a perícia e o reforço chegavam ao local do recente assassinato, chamada por Milo. Camus estava sentado na varanda da casa, com as vestes sujas de sangue na vã tentativa de impedir a morte daquele homem, Milo com as mãos nos bolsos estava em pé ao seu lado.

—Detetives! – Camus reconheceu a voz de Aisha e ergueu o olhar para a jovem, usando roupa da equipe de CSI.

—Não sabia que fazia parte da equipe de peritos. –comentou Camus.

—Não me perguntou. –ela deu os ombros. –Detetive, vou examinar o corpo. Achei que iria querer acompanhar.

—Claro. –ele se levantou e a seguiu.

—Qual era a identidade da vítima? –ela perguntou subindo as escadas e desviando de alguns policiais e outros peritos.

—Peter Bishop. –respondeu Milo. –Achamos a carteira dele no chão do quarto.

Ela entrou no local e foi direto onde estava o corpo, onde outro perito estava fotografando a cena do crime.

—A causa da morte, me arrisco a dizer, está bem óbvia. –dizia a legista colocando as luvas. –Intensa hemorragia causada pela amputação do membro esquerdo inferior na altura da virilha cortando a veia e artéria da vítima. –ela olha ao redor. –A perna onde se encontra?

—No banheiro. –Camus apontou para o cômodo.

—Acha que é o mesmo que matou Winslan, detetive? –Aisha comentou, pegando amostras.

—Provavelmente. –analisando o local do crime, procurando algo que deixou escapar, notando no chão um cartão branco e se agachando para pegar. –Um cartão de um médico? Dr. S. Hernandez, ortopedista?

—Ressurreição. –Milo comentou e todos olharam para eles. –Qualé? Só eu vejo filmes de suspense e terror aqui?

—Eu assisto de suspense! –Aisha levantou a mão. –De terror não. Eu odeio filmes de terror.

—Ressurreição, é um filme de Cristopher Lambert de 1999. Tem uma cena de uma morte igual a essa. –comentou Milo. –Mas ele não levou a perna, igual ao filme também!

—Filho da mãe. –Camus praguejou, furioso.

—Interessante. –disse Aisha pegando algo em meio a todo aquele sangue com uma pinça.

—O que é isso?

—Acho que é uma pétala de alguma flor. Acho que pertence à família Rosaceae –disse a jovem, analisando e colocando em um frasco. –Vou ter uma resposta melhor depois que analisar tudo.

Nisso o celular de Camus tocou e ele atende, era a sua irmã.

—Sim?

—Camus, a Annie saiu sem me falar onde ia!

—Como? –Camus faz um gesto para Milo e saem do quarto. –Como isso aconteceu?

—Ela recebeu uma mensagem no celular dela! Ficou nervosa e saiu!

—Eu vou encontrá-la! Acalme-se! –Camus desliga e em seguida disca um número. –Shaka, rastreie o celular de uma pessoa para mim?

Acabando de dar instruções a Shaka, Camus olha para Milo.

—Tem carro?

—Sim. Tá no estacionamento do departamento.

—Vou te largar lá. Pegue seu carro e busque minha irmã e meu pai. Estou com um mal pressentimento!

—Ow, onde vai depois que me deixar no departamento? –ambos entrando no carro.

—Vou atrás da Annie! –ligando o carro. –Milo, esse louco está um passo na nossa frente, não gosto da ideia de Annie estar andando por aí sozinha!

—E ele tem um certo fetiche por você também!

—Exatamente por isso quero que busque minha família, por favor!

—Está bem. Pode confiar em mim.

 

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Celeste colocava uma caixa nos fundos do bar, enquanto seus empregados se ocupavam com alguns clientes. Ela cuidava de abrir o bar durante o dia, e ele ficava com o estabelecimento no final da tarde até seu fechamento. Gostava disso. Era o trabalho que queria, pois assim tinha tempo e material para o seu projeto e tinha a noite para escrever ou descansar.

Colocou a caixa sobre várias outras que iriam para a reciclagem, quando ouviu um som. Olhou para os lados, não viu ninguém. Ouviu novamente o som, parecia que era algo que havia sido derrubado.

—Jack? Evan? -chamou pelos nomes dos rapazes com quem trabalhava e não obteve resposta.

Resolveu ver o que estava acontecendo. Cautelosa, andou até mais adiante, no beco dos fundos. Aproximou-se de várias caixas empilhadas, e se assustou com quando um jovem loiro apareceu do nada.

—HYOGA! Puta merda! Que susto!

—Desculpe, senhorita. –o rapaz estendia as mãos em paz.

—Onde esteve? –colocando as mãos na cintura, olhando para ele exigindo uma resposta.

—Hoje é aniversário da morte de minha mãe. –ele respondeu, não escondendo o olhar entristecido.

—Hyoga, sinto muito. Mas isso não é desculpa para matar aulas e o trabalho! Deixou a todos preocupados, inclusive o Camus.

—Desculpe, eu...

Ela notou alguns jovens que o observavam do outro lado.

—Amigos seus?

—Sim. Queria saber se ainda tenho meu emprego...

—Vá pra casa. Amanhã te quero aqui após a aula, estamos entendidos? –ela determinou. –E vou ligar na escola para saber se apareceu!

—Obrigado.

Ela o viu se afastar, não conhecia os jovens com ele. Não eram os mesmos com quem andava na escola e isso a preocupou. Sabia que o irmão estava envolvido em um caso difícil, mas assim que ele tivesse um tempo pediria para verificar o que o protegido dele fazia e com quem.

Virou-se e deu de encontro com um homem. Por instinto gritou e lhe deu um soco.

—OWWW! Sou eu! -falou Milo, esfregando o queixo dolorido. -Que direita!

—Oh... é você! -sentiu-se uma tola e ficou completamente sem graça. -O que está fazendo aqui?

—Teu irmão pediu que a levasse para casa. Seu pai também. -ainda sentindo o queixo dolorido. -Tiraram a semana para me bater. Quem te ensinou a bater tão forte?

—Meu pai e meu irmão. -ela pega o braço dele. -Venha, vamos por gelo aí antes de sair.

—Depois. -ele a segurou. –Chame seu pai e vamos.

—Mas qual é o motivo da pressa? Meu pai não vai sair daqui antes do último cliente sair.

—Eu te explico no caminho. Não tem como convencer seu velho?

—Não mesmo.

—Droga. Camus pediu que eu a levasse para casa e ficasse com vocês.

—Desde quando preciso de guarda-costas?

—Só faça o que ele pediu, tá?

—Tá. -por fim concordou, entrando no bar.

—Onde vai? –indagou, seguindo-a.

—Pegar minha bolsa, avisar meu pai e pegar o gato!

—Gato?

—A Annie o deixou comigo. Não vou deixar ele trancado numa gaiola a noite toda!

—Mas... está bem! Só não demore!

Celeste voltou logo, trazendo o gato. Pelo o que conhecia de seu irmão, ele não pediria a um policial que a escoltasse se não tivesse razões para isso. Seu pai assegurou que teria cuidado, não ficaria sozinho e que dormiria na casa de um velho amigo se fosse necessário.

—Vamos de metrô? -ela perguntou.

—Não. Mas na minha beleza. -Milo apontou para um carro antigo e vermelho. -Que tal?

—Uma bela... Lata velha! -a ruiva fez uma careta.

—Lata velha? Garota... esse carro é um legítimo Playmouth Fury 1958. -falou orgulhoso. -Veja as linhas. Meu pai e eu passamos semanas arrumando ele quando era garoto, ele me deu quando tinha dezesseis anos e tirei minha carta de motorista.

—E não terminaram por quê?

—Você não entende de carro! -Milo olha para o carro.- Ela não quis magoar seus sentimentos...

—Entendo sim... dos deste século.

—Vamos embora. -resmungou abrindo a porta para ela.

—Está brincando? -falou com receio antes de entrar. -Se você chamar esse carro de Christine, eu vou andando.

—Eu não o chamo de Christine! -defendeu-se, ligou o motor e sorriu. -Eu o chamo de Athena.

 

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Camus estava nas ruas quando atendeu a um telefonema do Shaka e o colocou no viva voz.

—Fala, detetive!

—O que tem para mim?

—Estou triangulando o sinal do celular da senhorita Raccos e tenho o endereço do local onde ela está. É no Brooklyn.

—Onde?

—Entre a Avenida D e a Rua 35. –dizia o rapaz, olhando para a tela do computador e ao mesmo tempo mexia em um game online. –Número 104. É o endereço de Albert Raccos.

—Albert Raccos? –Camus repetiu o nome. –É o pai de Annie?

—Acho que sim. –disse o rapaz. –Boa sorte. Câmbio e desligo!

Camus acelerou na direção do Brooklyn, no endereço dado por Shaka, sentindo uma estranha ansiedade, pensando na segurança dela. Chegando no local, mal estacionou o carro, desceu e correu para dentro da propriedade, e para o seu alívio, a viu sentada na varanda.

—Senhorita Raccos!

Ele a chamou, pensando em tudo o que diria a ela para repreende-la por ter saído do local onde estava segura para se expor dessas maneira, mas esqueceu tudo o que iria dizer ao ver seu rosto banhado pelas lágrimas.

—Detetive? –ela tentou enxugar as lágrimas com as mãos, parecendo nervosa.

—Por que saiu daquele jeito? –perguntou em um tom mais calmo e notou que ela tinha uma caixa nas mãos, com gentileza a retirou e olhou seu conteúdo, ao se sentar ao seu lado.

—Recebi uma mensagem... achei que era do meu pai e fiquei desesperada! Pensei que ele estava em perigo e... –dizia entre os soluços.  –Ele não está aqui, mas ainda no Alabama. Mas...

—Achou isso? –olhando recortes de jornais com as notícias do acidente que vitimou Liz, e cartas escritas com letras recortadas de jornais e revistas com as palavras “assassina” nelas.

—Pensei que tinha superado tudo isso! –ela comentou. –Meu pai não queria que eu lesse nada do acidente, estava abalada demais. Aí, eu leio e descubro que a garota que morreu por minha causa era sua...

—Não foi sua culpa! –disse Camus fechando a caixa e colocando-a de lado.

—Mas eu que bati no carro dela! Foi tão forte e tão rápido que...

—Não foi sua culpa! –ele disse segurando suas mãos entre as deles, fazendo-a encará-lo. –A culpa foi de um motorista de caminhão irresponsável, não sua!

—Mas... –ela tentava dizer algo, mas Camus a abraçou, tentando acalmá-la.

Annie não se lembrava da última vez que alguém a abraçava desse jeito e lhe havia despertado tanta segurança com um simples gesto. Inconscientemente, fechou os olhos e retribuiu ao abraço, sentindo o calor e o perfume que emanava de seu corpo.

—Confesso que por muito tempo a culpei sim. –ele dizia e Annie abriu os olhos com a confissão do detetive. –Mas vi que estava enganado. Você foi mais uma vítima daquela situação, Annie. Não quero que carregue mais esse peso.

—Obrigada... –ela dizia, se afastando delicadamente dele e tentando sorrir. –Desculpe ter preocupado tanto vocês e...

Notou as roupas sujas de sangue de Camus e o olhou preocupada.

—Não é meu, não se preocupe. –ele dizia com um meio sorriso. –Depois te explico, Annie. Vamos embora? Vou levar essa caixa, ela foi deixada aqui e é uma evidência.

—Sim... é a segunda vez que me chama pelo meu nome. –ela o lembrou, ficando corada.

—Isso te incomoda?

—Não... eu gostei. –ela sorri e fita o rosto dele.

Camus não entende bem o porquê, apenas sente necessidade de confortá-la naquele momento. Ele estende a mão e com um gesto do seu polegar, limpa uma lágrima teimosa no rosto de Annie.

O dedo continua a deslizar por sua face até parar em seu queixo, fazendo-o fitar aqueles lábios entreabertos, carnudos e convidativos e movido por um instinto primitivo, inclinou a cabeça na direção do rosto de Annie, tocando levemente os lábios dela com os seus, pegando-a de surpresa.

A jovem não esboça nenhuma reação com o toque inesperado do detetive, até que sente a ponta da língua dele tocando seus lábios e instigando-a, convidando-a para retribuir aquele beijo, ao qual ela faz após dar um suspiro, levando a mão a tocar o rosto dele durante o gesto.

A buzina de um carro passando pela rua os assustou, quebrando o encanto daquele momento. Constrangidos por terem sido levados pelos instintos, se afastaram e tentaram não se olhar.

—Eu... desculpe, Annie!

—Eu não quis.... quer dizer!

Falaram ao mesmo tempo, e por fim a advogada respirou fundo recuperando o bom senso.

—Melhor irmos não? Os vizinhos são capazes de chamar a polícia achando que invadimos a casa.

—Vamos. –Camus deu passagem para Annie seguir a sua frente.

Entraram no veículo e saíram dali, ambos pensando no que haviam feito há pouco, e por isso não repararam em um veículo parado do outro lado da rua, cujo ocupante os observava e filmava cada movimento e gesto deles.

 

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Milo estacionou o carro em frente ao prédio residencial, seguindo a indicação de Celeste. Não viram o carro de Camus por perto.

—Ele ainda não chegou. -concluiu saindo do carro. –Será que encontrou Annie?

—Vai subir? -a ruiva perguntou.

—Claro. Seu irmão pediu que ficasse com você.

—Querendo agradar o parceiro? -provocou.

—Não. Apenas não recuso quando uma bela mulher está precisando de proteção. -sorriu e piscou malicioso. -Mora sozinha?

—Sim. Mas tire da cabeça qualquer ideia engraçadinha.

—Mas eu não pensei em nada.

Desceram do carro e subiram até o oitavo andar. Entraram no apartamento e Milo reparou no quanto ele era bem arrumado.

—Belo lugar! -comentou, vendo as fotos de família, em uma cômoda. Havia uma do Camus, sorridente com uma mulher loira ao seu lado, reconheceu ser a da falecida esposa dele.

—Onde tiraram essa foto? –ele perguntou, mostrando a foto.

—Em um passeio que fizemos a Atlanta, uma vez. –ela respondeu. -Quer beber algo?

—Obrigado.

Celeste abaixou-se para pegar algo na prateleira, e gemeu.

—Que foi? -apareceu preocupado.

—Acredita que estou com dorzinha chata? -levantou-se, esfregando o ombro.

—Está tensa. -Milo colocou as mãos nos ombros dela.

—Muito trabalho e um livro que vou escrever.

—Seu romance policial. –ele concluiu, começando a massagear seus ombros.

—Que maravilha!

—Já saí com uma massagista chinesa! -respondeu sorrindo. -Posso acabar com sua tensão? Não imagina do que essas mãos são capazes de fazer.

 

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Camus estacionava o carro em frente ao apartamento de sua irmã, Annie estava com ele. E haviam feito todo o trajeto em silêncio, se recusando mutuamente a comentar o beijo que haviam trocado.

—Está tudo bem? –ele perguntou a ela que respondeu com um aceno positivo com a cabeça. –Não faça mais isso, Annie. Fiquei preocupado.

—Desculpe.

—Tudo bem. –ele deu um sorriso que fez o coração da jovem acelerar. –Annie, sobre o que houve...

—Está tudo bem. –ela disse abrindo a porta do carro. –Vamos?

Subiram, e com uma chave extra, Camus entrou no apartamento e estranhou não ver ninguém. Viu a bolsa de sua irmã e o paletó de Milo sobre o sofá, mas nada deles.

—Fique à vontade. -pediu Camus, fazendo um gesto para que Annie entrasse. -Volto logo.

O policial entrou pelo corredor que levava aos quartos, e parou ao ouvir sua irmã gemendo.

—Aahhhh... que mãos maravilhosas.

—Ainda não viu nada.

Camus reconheceu a voz de Milo, ficou boquiaberto, depois ficou furioso e sacou a arma, andou de um lado para o outro do corredor e guardou a arma. Não acreditava que ele fizera isso! Camus ficou bem perto da porta do quarto.

Dentro do quarto, Milo massageava as costas de Celeste, ambos devidamente vestidos.

—Agora relaxe... fique assim de costas... -ele pediu. -Agora, isso vai doer...

—Vai?

Camus começou a imaginar como mataria Milo Alessandros.

—Só no começo... depois você relaxa e verá como é gostoso. Irei devagar para você se acostumar.

—Está bem.

Em seguida ela gemeu alto e Camus escondeu o rosto entre as mãos.

—Que houve? -Annie perguntou assustando Camus.

—N-nada! -ele respondeu sussurrando.

—Por que está falando baixo?

—Por quê?

A porta do quarto se abre e Celeste aparece, com as roupas amassadas e arrumando os cabelos.

—Chegou? Que bom. -falou como se nada houvesse acontecido e vendo as roupas sujas do irmão. –Quer tomar banho? Tenho roupas suas aqui.

—Oi, parceiro. -falou Milo.

—O que...o que ele está fazendo em seu quarto? -perguntou furioso.

—Isso foi muita indiscrição sua. -respondeu Milo, que deu um passo para trás com o olhar gélido de Camus.

—Eu sou adulta, sabia? -ela respondeu e sorriu ao ver quem estava atrás do irmão. –Annie! Graças a Deus!

—Celeste!

—Seu gato está no quarto de hóspedes, se acomodou na cama.

—Ela pode passar a noite aqui? –Camus perguntou, segurando Milo que tentava sair.

—Claro!

—E o papai?

—Disse que dormiria na casa do tio Earl. O ex parceiro dele.

—Ótimo... agora... O que você fez com minha irmã! -Camus perguntou a Milo entre os dentes. -Vocês acaso não...

—Eu não vou te contar algo tão íntimo, parceiro. -sorriu.

—Você... -apontou o dedo na cara de Milo.

—Vocês dois... -Celeste interviu. –Camus vá tomar um banho, parece que lutou na lama com alguém com essa roupa suja!

—Celly!

—Agora! –ele largou Milo e fez o que ela ordenou. Camus para na porta do quarto de hóspedes e olha para a irmã, abre a boca como se fosse dizer algo. -Não ouse perguntar. -ela avisou, antes de fechar a porta na cara do irmão e sorrir para a sua hóspede e para Milo. –Gostam de chá?

 

Continua...


Notas Finais


Notas:

Lago Guntersville: o lago Guntersville, de 75 quilômetros é o maior do estado. É o maior ponto de pesca do estado do Alabama. Recebe milhares de turistas todos os anos.


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