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História Police History - E09X1: Ghost


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 9 - E09X1: Ghost


Em algum lugar...

—Time is on my side, yes it is... -ele cantarolava enquanto se movimentava de um lado para o outro, ao som do rádio que tocava a mesma música há horas. -Time is on my side, yes it is... Now you always say...That you want to be free.

—Por favor... -implorava o homem preso a correntes, sentado semi nu em um canto.

—Não está entrando no espírito da coisa, Morales. -dizia, depois de arrumar uma câmera em um canto e ligá-la. -Cante comigo. Now you always say, That you want to be free…

—Por favor... -ele continuava a implorar. –Eu tenho família!

—Gostei de você, Morales. Gostei tanto que estou disposto a te dar uma chance de viver. -se aproxima, o rosto e os cabelos ocultos pelas pesadas roupas que usava, os olhos também por óculos escuros, ele pega o celular e disca. -Se eu gostar da conversa que terei com a distinta promotora, quem sabe viverá?

Discou o número, e esperou cantarolando. Depois foi atendido.

—Senhorita Adamatti... Que surpresa! -falou se erguendo.

—Quem está falando? –a voz feminina indagou do outro lado da linha.

—Não me conhece pessoalmente, mas tem sido minha fã ultimamente. Gostou dos meus últimos trabalhos? O Senhor Bishop, o vídeo de uma cena de amor juvenil...

—Você? O que você quer? Tem algo doentio para me dizer?

—Tsc... tsc... você não é uma boa negociante, sabia? -o maníaco provocava. –Estou entediado. Que tal salvar uma vida?

—Do que fala? -Shina parecia interessada.

—Que você tem uma hora para salvar a vida de um homem... apenas isso. -ele se abaixou ficando frente a frente e sua pobre vítima. –Poderia colocar o detetive Chevalier na linha? Volte para a sua casa e me esqueça. Sabe, não quero jogar com você.

—Isso não é um jogo, seu demente! Eu estou no comando agora.

—Não. Quem está no comando sou eu agora. –falou rindo. –Para tanto eu tirei o detetive da jogada, mas também posso recoloca-lo no jogo quando quiser. E eu quero agora.

—Ele não está aqui. –a promotora respondeu.

—Não está facilitando. Sabe, tenho meus motivos para querer continuar brincando com o detetive. -suspirou. -Acha que estou brincando? Por favor, está no viva voz? O Capitão Wong e outros puxa sacos do departamento estão aí?

Shina olhou ao redor, todos estavam ouvindo a conversa no viva voz, ao mesmo tempo em que tentavam localizar a ligação.

—Ah, e não percam tempo tentando me rastrear. Eu adaptei esse telefone, se não me engano, nesse momento vocês acreditam que estou ligando de Menphis. -debochou o assassino.

A promotora olhou para um dos policiais, que verificava na tela do computador, confirmando as palavras do maníaco.

—O que você quer? -perguntou resignada.

—Provar que mando aqui. Está recebendo em seu e-mail agora um endereço de um fórum especial. Tem uma surpresinha para vocês!

Shina imediatamente acessou seu notebook e viu um link suspeito em um e-mail recebido, imediatamente o clicou e foi direcionada para um vídeo que estava sendo realizado ao vivo. Mostrava um homem semi nu, muito assustado, acorrentado.

—Mas que merda é essa? –um dos policias indagou.

—Chamem os detetives que estão no caso desse maluco agora! –ordenou a promotora. –Tentem descobrir onde está acontecendo isso!

—Se for na Deepweb não vai ser fácil. –disse o especialista, mexendo no próprio computador.

—Olha quantos acessos! –o capitão apontou para o marcador que aumentava vertiginosamente.

Viram um homem coberto da cabeça aos pés se aproximando do outro, que se encolheu de medo.  Ele retirou uma caixinha do bolso, e de dentro dela um bisturi.

—Não vai doer... muito. -falou segurando um dos dedos da mão de Morales.

A promotora e os policiais viram sem poderem fazer nada quando o maníaco corta um dos dedos do refém e seu grito de dor, e até o choro dele depois. Em seguida, a voz do Cinéfilo.

—Morales está sentindo dor agora...e a culpa é sua, promotora Adamatti. -e suspirou. –Daqui uma hora volto a transmissão. Se o detetive não estiver aqui, cortarei outras partes do senhor Morales. E será aquela que terá mais votos dos meus seguidores. Se atenderem o que peço, pode ser que o salvem. Ele não me interessa para a minha obra principal.

—Não faça mal ao senhor Morales. –pediu a promotora. –Vamos fazer o que pede. Apenas nos dê um tempo para encontrarmos o detetive Chevalier e trazê-lo aqui.

—Ótimo. Vocês tem uma hora.

—É pouco! Ele pode estar em qualquer lugar!

—Uma hora, promotora.

Em seguida, desliga a transmissão.

Shina suspira forte, olhando para todos na sala.

—Eu não vou ceder àquele maníaco. Rastreiem o sinal, descubram onde está sendo transmitida a sessão de tortura!

O capitão Wong, os detetives Petronades e Matsuhara apenas se entreolharam. Por fim, foi Marin quem quebrou o silêncio:

—Ele vai matar aquele homem. Capitão, o que faremos?

—Encontrem Chevalier e Alessandros! –disse o Capitão e Aiolia assentiu no mesmo instante. A promotora ia dizer algo, mas foi interrompida. –Que se dane, promotora. A minha prioridade é não deixar aquele homem ser morto agora.

—Não é meu feitio ceder à ameaças, Dohko!

—E não é o meu feitio deixar uma pessoa morrer para um show de horrores na internet, Shina! –disse por fim, pegando o telefone e avisando a todos para encontrarem Camus, ignorando o olhar contrariado da promotora. –Do maníaco, cuidaremos depois!

—Senhor! –a secretária do capitão bateu a porta, como se pedisse permissão.

—Agora não, Agnes. –dizia o capitão ao telefone.

—Senhor, o FBI está aqui! –a secretária insistiu e três homens entraram na sala vestindo ternos e mostrando os distintivos.

—Mas o que significa isso? –o capitão perguntou, nada satisfeito.

—Capitão Wong. –um dos homens foi falando. –Temos que falar sobre um caso seu, que está esbarrando em um caso nosso.

 

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Bar La Luna.

—Pretende abrir uma floricultura, filha? -o senhor Chevalier indagava a filha, olhando as rosas que tomavam conta do ambiente do bar.

—Não. Mas acho que deveria. -a jovem pegou um botão de rosa vermelha e aspirou seu perfume. -Tem rosas de toda as floriculturas da cidade! Isso é um exagero!

—Ou alguém realmente interessado em você. -disse piscando. –Devo tirar meu 38 da aposentadoria por precaução?

—Papai! Não vai apontar uma arma para outro cara interessado em mim! Basta os que você e o Camus afugentavam quando estava no colegial!

—Eram bons tempos. –o policial aposentando riu.

—Não foi engraçado para os meninos. -virou-se quando a porta abriu e mais uma pessoa foi entrado com um ramalhete de rosas. -Ah, não. Ainda há mais?

—Desta vez é a última, e eu fiz questão de entregá-las pessoalmente. -respondeu Saga, abaixando o ramalhete e revelando seu rosto. -Lembra-se de mim?

—Sim. -Celeste o fitou e colocou as mãos na cintura. -O bonitão que não sabe dar cantada da outra noite. Me lembro.

—Ora, ainda se lembra de mim... e me acha bonito? -sorriu sedutoramente.

—O que quer? -perguntou.

Você. Saga teve vontade de responder, mas se conteve.

—Convidá-la para jantar comigo. Hoje.

—Hum...não sei se... -ficou pensativa, mas o pai a cutucou ao passar discretamente por ela.

—Estarei no escritório limpando minha arma, filha. –disse o aposentado.

—Aceito o convite! –ela respondeu, não achando graça na brincadeira do pai. –Ignore! Ele não vai atirar em você.

—Não aposte nisso! –o homem gritou do escritório.

—Bem, er... pais. –Saga riu do constrangimento da moça e depois lhe entregou as flores. -Eu posso buscá-la em seu apartamento as oito?

—Sim. –ela anota o endereço em um papel e entrega ao rapaz.

Saga sorri novamente, faz um aceno com a cabeça e sai, quando ele vai embora, Celeste sorri, cheirando as flores.

—Filha... –o apostando apareceu na porta e parecia preocupado.

—Pai, não vai recebê-lo em meu apartamento para intimidá-lo, ok? Hyoga! –o loiro apareceu imediatamente. -Me ajude a tirar as rosas daqui! Temos que abrir o bar!

—FILHA! –a voz mais incisiva do homem a fez parar o que fazia. -A Annie lhe disse onde ia?

 

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Enquanto isso...

—Eu estou falando. Oswald não estava trabalhando sozinho quando matou Kennedy! –dizia Mu a Milo, sentando ao seu lado. -Havia um segundo atirador, e ele não trabalhava para a KGB como os ingênuos afirmam, e sim para os Illuminati!

—Com base em que, maluco?

—Milo, não dê munição para a discussão. –pedia Camus, impaciente de ter escutado mais de vinte teorias de conspiração alimentadas pelo amigo de Shaka enquanto burlava o sistema do FBI.

—Os Illuminati tem planos para a dominação mundial, cara. Tô falando! Área 51, 11 de setembro está tudo interligado! –o tibetano continuava a falar. –Opa, temos um resultado! Temos um vencedor e um endereço!

Mu imprimia as informações e entregou a Camus em seguida.

—Seu bolso está zumbindo. –Shaka apontou para o bolso do paletó de Milo.

—Meu celular, deixei no silencioso. –o policial atendeu. –Alô? Petronades? Estamos juntos sim e... ele o que?

—O que foi? –Camus perguntou sentindo a apreensão do parceiro.

—Estamos indo. –Milo desliga e puxa Camus pelo braço. –No caminho te explico, temos que voltar logo!

—Ei! –Shaka os vê sair rapidamente. –Perdi minha carona.

—Mal aí. –Mu olhando por onde os policiais saíram. –Não me pagaram.

—Mal aí. –Shaka coçando atrás da orelha. –Tô com fome.

—Pizza?

—Vegetariana?

—Grande. –olhando para a tela do computador. –Tem certeza de que esse cara aí é o cara que seus amigos procuram? Ele parece tão... inofensivo.

 

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Algum tempo depois Camus estacionou o seu automóvel em frente ao departamento de Homicídios, suspirou antes de desligar o motor e olhar para o Milo.

—Depois que me contou o que esse maníaco fez, está muito calado.

—Ele está brincando conosco. –disse Milo. –Com você, pra ser mais exato! Ele te odeia!

—Tudo aponta para o irmão de Liz. –Camus diz pensativo. –Motivações e ódio.

—Não podemos ficar jogando de acordo com as regras dele! –ele estava irritado.

—Primeiro vamos ganhar tempo para o refém. Depois vamos atrás dele. –Camus determinou e Milo concordou com um aceno de cabeça.

Entraram no departamento, e foram direto para o andar de seu departamento e perceberam a intensa movimentação no local. Aiolia percebeu a presença deles e foi recebê-los.

—Ainda temos tempo. Vem. –os chamou e foram direto para a sala do capitão, que discutia com alguns homens de terno e com a promotora.

—Quem chamou os agentes da MIB? –Milo perguntou em um tom um pouco alto, percebidos por todos e ele acenou sem graça.

—ONDE ESTAVAM? –O capitão praticamente gritou, e antes que pudessem responder, ele foi logo acenando para que se aproximassem do computador. –Vem ver o que está havendo.

—Capitão, aviso que nossa testemunha é importante demais para...

—Acaso sabem onde está a merda da sua testemunha agora? –Dohko os inquiriu e apontou para o monitor. –Torturando um homem ao vivo para um bando de doentes pela internet! Se não podem localizá-lo e colocá-lo em uma cela, não estão me ajudando e nem a ele! Onde está o rapaz que sabe mexer na porra dos computadores daqui?

—Acho melhor eu ligar pra ele vir pra cá. –disse Milo, se afastando um pouco dos mais exaltados e pegando o celular.

—Miserável! –Camus cerrou o punho ao ver a cena de tortura pelo computador.

—Até agora está batendo nele de todas as maneiras, atendendo aos pedidos dos internautas. –explicou Marin. –Mas em alguns minutos vai querer falar com você. Se não estivesse aqui...

—Ele o mataria. –disse a promotora. –Detetive, aviso que só está aqui para ganharmos tempo para resgatar esse homem. Ainda está fora do caso!

—Compreendo, senhora promotora. –disse Camus em tom glacial se aproximando de Milo e lhe sussurrando. –Coloque Aiolia e Marin a par do que descobrimos, peça para irem até a residência do suspeito.

—E quanto a nós?

—Tenho que ficar aqui um tempo ainda. Acompanhe-os e depois vamos nos encontrar no bar de minha família.

Milo assentiu e fez um gesto para Aiolia.

—Alguém quer café? –Milo pegou a jarra vazia e foi saindo. –Já volto!

—Aiolia onde pensa que vai? –o capitão inquiriu assim que notou que o rapaz saia da sala atrás de Milo.

—Banheiro. –respondeu simplesmente. –Bebi café demais.

Rapidamente saiu, indo atrás de Milo na copa.

—Fala logo.

Milo nada disse, apenas mostrando os papeis impressos por Mu ao colega. Ele verificou as fotos e o nome e olhou surpreso para Milo que deu um sorriso maroto e perguntou:

—Vamos pegar o filho da mãe?

 

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Na hora marcada pelo maníaco, ele voltou a restabelecer o link de comunicação com o computador da sala do capitão. Todos permaneciam no lado oposto da mesa para não atrapalhar a conversa, enquanto outros, incluindo os agentes do FBI, acompanhavam na sala ao lado a discussão entre ambos por outro computador.

—Ele está transmitindo a conversa pelo fórum. –disse um agente.

—Isso pode ser um mal sinal. –avaliou outro.

—Por que diz isso? –a promotora inquiriu tensa.

—Ele gosta de ser o centro das atenções de seu show. –respondeu Marin, compenetrada na conversa que se iniciaria, mal percebendo que seu parceiro e Milo haviam desaparecido.

—Ah, olá detetive Chevalier! –o saudou pela tela, mantendo seu rosto oculto. –Fico feliz que seus colegas de departamento tenham atendido ao meu pedido e lhe trazido para termos essa animada conversa.

—Aqui estou. –Camus respondeu friamente. –Não faça mal algum a esse homem.

—Por que se importa com o senhor Morales? –perguntou, mostrando em uma pequena tela imagens do seu refém. –Não o conhece. É mais um imigrante ilegal em nosso país, sua morte não faria falta a ninguém. Praticamente, está morto!

—Faria falta a família dele.

—Vamos falar de família agora? –o homem perguntou, apontando para a câmera uma afiada faca de caça. –O que sabe sobre família, detetive? Você ama a sua?  Me fale sobre ela?

—Eu amo a minha família. Do mesmo modo que Morales deve amar a dele.

—O que ele está fazendo? –Shina perguntou. –Ele tem que perguntar coisas que nos ajude a localizar o suspeito!

—Está humanizando a vítima para o assassino. –um dos agentes explicava. –Psicopatas não são minha especialidade, lido com narcóticos, mas... sei que se o assassino ver aquele homem como um ser humano e não um objeto, pode nos dar tempo, e talvez evitar que ele tenha necessidade de matá-lo.

—Pensei que um psicopatas não sentissem empatia. –disse Shina.

—E não sentem. –explicou Marin.

—Soube que tem uma linda irmã. –mostrou a foto que havia tirado de Celeste caminhando pelas ruas, isso deixou Camus tenso, depois voltou a fitar a foto. –Lindos seios! O que foi, detetive? Falar de sua irmã não lhe agradou?

—Não. Apenas que ela não é o foco de nossa conversa agora. –disse, cruzando os braços.

—Ainda não. –ele começou a rir. –Está bem, não vamos falar de sua irmã agora. Fico feliz em te ver de volta, sei que me precipitei em mostrar sua travessura com a senhorita Annie ao seu capitão, mas é que eu acho que não é de bom tom que meus astros se relacionem mais do que o necessário!

—Não sou seu astro. –Camus estreitou o olhar. –Está claro que tem problemas comigo. Deixe Annie e as demais pessoas de fora e venha falar comigo pessoalmente para resolvermos isso!

—Camus! –o capitão ia repreendê-lo, mas Camus sinalizou para não interferir.

—Podemos marcar esse encontro depois. Agora estarei ocupado.

—Espere! Solte o refém e iremos conversar. –Camus queria ganhar tempo e notou que um dos técnicos havia tido sucesso na localização da transmissão e alguns homens, incluindo os agente do FBI, saiam o mais rápido possível ao sinal do capitão.

—Você não entendeu, detetive? –o maníaco maximizou a tela onde estava Morales. –Ele já está morto!

—Maldito! –Camus vociferou. –Eu vou pegá-lo e prendê-lo pelo resto da sua vida!

—Camus, Camus... Sou um fantasma. Um fantasma que não pode pegar. –o maníaco ria. –Como se sente sabendo que não consegue proteger as mulheres que ama?

Em seguida, desligou o áudio, deixando a imagem de Morales amarrado na tela.

—Esse desgraçado! –Camus socou a mesa, assustando quem ali estava.

—Localizamos o sinal. Vamos pegá-lo! –avisou o capitão.

—Capitão, preciso lhe falar sobre... –de repente seu telefone tocou e viu que o número que aparecia era de sua irmã, atendendo rápido. –Cely?

—Camus! A Annie sumiu! –a ruiva falou aflita.

—O QUE?

 

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Annie caminhava pela estação de Metrô, pronta para embarcar na direção do escritório de advocacia na qual ainda tinha esperança de trabalhar. Estava tensa, olhando desconfiada para todos ao redor, ainda tinha um pouco de medo de encontrar novamente aquele maníaco por ali e se amaldiçoou por deixar que esse medo a dominasse. Havia dito a si mesma quando decidiu sair do Bar de Celeste que não deixaria um louco impor o medo em sua vida.

Sentia-se um pouco mal por ter saído sem falar nada, mas tinha plena certeza de que se falasse algo, Celeste iria querer acompanha-la. Não estava disposta a deixar outra pessoa se arriscar por ela.

Tomou o trem correto e após um longo e tenso percurso chegou na estação próxima ao seu escritório e olhou para o relógio de pulso, suspirando desanimada. Achava que não iria se atrasar tanto para vir falar com Ashley e voltar ao bar, mas como desconhecia aquela parte da cidade, acabou pegando o ônibus errado e deu uma grande volta pelo bairro até chegar na estação de metrô. Esperava pegar a pesquisa que pediu a amiga realizar e voltar antes que Camus percebesse sua aventura.

Pensou que ele ficaria zangado com sua atitude. E ao vê-lo parado em frente a porta do prédio de escritórios, com uma expressão nada amistosa no belo rosto, teve a confirmação de seus receios. Ele estava furioso com ela, estava bem nítido quando o viu se aproximar a passos largos em sua direção e pegando-a pelo braço.

—Tem ideia do que está fazendo? –ele lhe disse irritado. –Estou tentando te manter protegida de um louco e você fica andando pelas ruas sozinha? Só falta colocar um alvo nas costas!

—Camus! –ela o fitou assustada e o policial percebeu que se excedera, soltando-a e passando a mão pelos cabelos. –Desculpe. Mas eu não aguentava ficar parada sem fazer nada! Não é da minha natureza deixar que me intimidem!

—Eu sei. –suspirou. –Desculpe, Annie. Quando minha irmã me ligou e disse que você sumiu eu... eu imaginei o pior!

Ela desviou o olhar, sentindo-se envergonhada de ter preocupado tanta gente.

—Minha vida mudou em um espaço tão curto de tempo. –ela disse e deu um suspiro. -Antes a minha maior preocupação era ser uma grande advogada, recompensar meu pai por tudo o que fez para me formar, juntar um extra para viajar para o Peru... um sonho. Agora...só penso em sobreviver a isso tudo.

—Você vai. –ele disse, segurando-a pelos ombros e dando um sorriso discreto, que renovou as esperanças da jovem. –Mas o que veio fazer aqui?

—Estou investigando.

—O policial aqui sou eu. –falou, cruzando os braços e encarando a jovem.

—Sabia que há outra pessoa envolvida no acidente de oitos anos atrás e que ainda não encontramos? –ela disse para a surpresa de Camus. –Ashley, minha secretária me disse isso pelo celular. Minha esperança é que ela diga algo para nós.

—Ela?

—Vamos subir e resolver isso logo? –ela perguntou sorrindo e Camus se deu por vencido por sua insistência.

—Eu vou verificar isso. A senhorita vai voltar para ficar sob vigilância novamente.

—Tem um lunático atrás de mim e quer me por junto com sua irmã? Acha prudente? –Camus ia responder. –Não é mais seguro que eu fique com você, que tem uma arma para me defender?

—Celeste também tem uma arma.

—Eu quero ficar com você. –ela insistiu, colocando as mãos na cintura. –E eu vou ficar com você. Ou nada de nomes.

—Senhorita Raccos, o momento não é para esse tipo de chantagem! –Annie apenas ergueu a sobrancelha, ainda firme em sua resolução. –Droga! Está bem!

A reação da jovem foi o de abraça-lo. Nitidamente se sentia mais segura ao lado do detetive do que com outros. Ela encostou a cabeça em seu peito e Camus por impulso envolveu seu pequeno corpo em seus braços. Naquele momento, começou a sentir o doce perfume que seu corpo possuía. Uma inebriante essência de Castanha. Há tempos que não se sentia tão bem estando tão próximo do corpo de uma mulher. Fechou os olhos para aproveitar melhor o calor dela, o seu perfume...

—C-Camus... –ela disse, se afastando dele com relutância. –Vamos?

—Vamos. -notou o olhar cansado dela, o esforço para manter-se calma diante de todos os acontecimentos, e a palidez dela. –Está se sentindo bem?

—S-sim. Só um pouco nervosa com a situação e um tiquinho de fome. –respondeu sem graça. -Sua irmã bem que insistiu que eu comesse algo, mas naquele momento não tinha apetite.

—Está pálida. -tocou seu rosto preocupado.

—Estou bem. -disse em um fio de voz.

Trêmula, viu o rosto de Camus se inclinando até ela, e a respiração quente em seu rosto, que com certeza adquiria alguma cor no momento que percebeu o que aconteceria. Quando os lábios dele tocaram os seus, suas pernas fraquejaram e ela achou que iria cair. As mãos de Camus a seguraram pela cintura, dando-lhe apoio, e Annie o enlaçou pelo pescoço com os braços, e ondas de calor a invadiram.

O beijo era possessivo e exigente. E pareciam querer mais. Quando se separaram, só puderam se entreolhar. Ofegantes e surpresos pelo o que aconteceu. Sons de algumas pessoas próximos a eles fizeram com que Camus se afastasse dela imediatamente, passando a mão de maneira nervosa pelos cabelos.

—Me desculpe...eu... -dizia sem jeito.

—Não se desculpe. Eu gostei. -respondeu com sinceridade, ficando corada em seguida.

—Não acho certo... eu... vamos subir e falar com essa sua secretária logo! –disse caminhando a sua frente, apressando. –Vamos!

Annie ficou alguns instantes parada, tocando os lábios e imaginando que aquele era o beijo mais gostoso que havia experimentado em sua vida, mais gostoso que o que ele havia lhe dando antes. Tratou de segui-lo, ficando ao seu lado enquanto caminhavam até os elevadores.

Camus permanecia calado e se perguntava o que havia acontecido com ele para agir assim. Que ela era bonita e atraente, não havia dúvidas, mas era seu dever protegê-la, não seduzi-la! Suspirou e se perguntou o que estava fazendo?

 

Continua...



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