Elena
Acordei com Ansel gritando no andar de baixo. Revirei os olhos e olhei para o relógio.
Merda, eu estava atrasada.
Levantei correndo em direção ao banheiro. Fiz minha higiene matinal, me vesti devidamente e desci as escadas calçando meus sapatos. Acabei por sair sem dar bom dia para meu marido.
Cheguei na delegacia, indo para minha sala o mais rápido possível. Caroline entrou logo depois de mim.
Quando tinha sido eleita delegada chefe, fiz questão de trazer minha melhor amiga junto.
— Você não tinha pediatra da Elise? — Indaguei.
— Klaus vai levar ela. Você e Ansel tiveram a noite agitada pelo jeito, não é?
— Não. Ele chegou de viagem de madrugada. Eu te falei que ele estava na China, não falei?
— Não, você não falou, Lena.
— Pois é, eu ando muito avoada esses dias. — Ela me olhou suspeita. — O que foi?
— Você está se sentindo inchada? Com enjoos? Vomitou?
— Caroline, eu não estou grávida. — Avisei, observando-a sair da sala. — Aonde você vai?
— NA FARMÁCIA.
Enquanto ela ia à farmácia, fiquei conversando com alguns grupos de policiais sobre como andava a segurança da cidade e até disseram que esta tinha melhorado desde que eu tinha entrado no cargo.
Ouvi meu celular tocar e vi que era minha sogra. Ela me convidava para um jantar em sua casa no final da tarde, então apenas confirmei que iria.
Caroline chegou com duas caixas de Clearblue. Me puxou para o banheiro de minha sala e praticamente me obrigou a fazer aquilo. Eu já tinha feito alguns testes de gravidez desde que comecei a namorar com Ansel, todavia, todos deram negativos.
Aguardava o resultado enquanto trocava mensagens com Kol. Ele já estava planejado o quarto da criança, o nome, o plano para contar ao marido e o hospital em que ia nascer.
— Foi na viagem para Escócia? — Perguntou Caroline.
— Não, a viagem já foi a dois meses e Caroline, eu não estou grávida. Você nunca ficou avoada?
— Sim, fiquei quando estava grávida de Elise. — Revirei os olhos em resposta. Claro que no fundo eu queria que fosse verdade, mas não sei estava preparada psicologicamente para isso. — Já pensou como vai contar a ele?
— Vou deixar para pensar se for verdade depois que fizer o exame de sangue, entendeu? — Assentiu. — Agora me ajude aqui com essas ocorrências.
Passamos algumas horas separando as mais importantes e acabamos esquecendo completamente do teste, pelo menos até minha amiga sentir vontade de ir ao banheiro.
Pelo seu grito já sabia que o teste tinha dado positivo.
— Ligue para ele, Lena.
— Não, Caroline, e se isso for mentira? Não vou criar falsas esperanças. Eu não falo com ele desde ontem de manhã, não posso simplesmente ligar e falar “estou grávida”. Nós não estamos muito próximos nos últimos dias.
— Que pena. Você não parece feliz com a notícia de estar grávida.
— É claro que eu estou feliz, não foi uma gravidez não planejada. É a melhor notícia que recebi a meses.
…
No caminho para a saída de New Jersey estava pensando em como contaria para o meu marido que estava grávida. A gravidez tinha sido planejada, já que eu e Ansel tínhamos combinado de eu parar de tomar pílula anticoncepcional logo depois da viagem de lua de mel.
Ele não ficaria tão surpreso.
Estacionei no meu carro no grande estacionamento da casa de minha sogra e a avó de meu marido. Adorava o fato desse lugar me lembrar a Toscana, pois tinha uma vista maravilhosa, era afastada do caos de New York e a casa era bem parecida com as da Itália apenas pelo lado de fora, pois por dentro era extremamente luxuosa, até mais que meu apartamento com Ansel.
Minha filha desceu do carro antes de mim. Reconheci o carro de meu marido e o de Kim, era bom eles estarem aqui.
— Vamos entrar? — Perguntei para Lara. — Bisa já deve estar te esperando.
Foi correndo em direção a porta, empurrando-a com certa dificuldade.
— Larinha. — A avó de Ansel falou e já puxou ela para a cozinha.
Me joguei no sofá, levando a mão na barriga, deslizando os dedos por ela, sorrindo boba; tinha um pequeno ser ali dentro de mim. Senti as mãos de Kim no meu cabelo e olhei para cima.
— Caroline me contou. — Sorriu.
— Ele está aí? — Me referi a Ansel.
— Está na cozinha. Vamos lá, vovó está fazendo um maravilhoso risoto de camarão.
Seguimos para a cozinha e vi meu marido sentado em uma das banquetas com uma taça de vinho em suas mãos. Sorriu de leve para mim, que retribui no mesmo instante.
— Hmmm, posso pegar um? — Falei dos camarões. Minha sogra me entregou um na boca e lambi os lábios. — Vovó, está muito bom.
— Tem algo diferente em você, meu bem. — Comentou a senhora. Corei, olhando rapidamente para Kim, vendo que ela também estava surpresa.
— Eu só tive um ótimo dia de trabalho, dona Clary. — Disfarcei. Ela lavou as mãos e se aproximou de mim, colocou a mão em minha cintura e depois em minha barriga. Encontrou o seu olhar com o meu e sorriu. Ela sabia.
— Vocês tem algum quarto sobrando no apartamento de vocês? — Ouvi meu marido rir de leve. Isso era bom ou ruim?
— Vovó, você só pode estar delirando. — Falei.
— Claro que não, meu bem. Penélope e todas as tias de seu marido descobriram que estavam grávidas através de mim. — Olhou para a panela. — Você pode ir na despensa pegar óleo para mim?
Segui para a dispensa, procurando o óleo. Acabei por ter que pegar um banco para alcançar.
Senti alguém beijando minha cintura. Sorri.
— Vovó nunca falha.
— Então o Clearblue estava certo também…
— Já sabia? Por que não me contou?
— Descobri pela manhã. Pode me ajudar a descer daqui? — Segurou minha cintura e me desceu do banco.
Ouvi barulho de trovão e me agarrei a meu marido. Acho que cairia uma tempestade.
Voltamos para a cozinha. Lara estava em cima de um banco, ajudando a vovó a mexer o arroz do risoto.
— Vocês vão ficar por aqui essa noite, certo? — Perguntou minha sogra. Olhei para Ansel; ele fez que sim com a cabeça.
— Vai começar a chover logo, não quero você na estrada sozinha. — Falou meu marido.
— Sabe, poderíamos fazer biscoitos. — Kim sugeriu. — Lembro que eu e Ansel fazíamos sempre quando éramos crianças.
— Ansel sabe cozinhar? — Brinquei.
— Ah, qual é, eu sei fazer os biscoitos e molho de macarrão.
— Mas o macarrão que é bom ele não faz.
— Eu sou um dos homens mais ricos do mundo, não tenho tempo para cozinhar.
— Se você teve tempo para fazer um bebê, tem tempo para cozinhar. — Ouvi vovó falando e gargalhei. — E o melhor, cozinhar da primeira vez não dói.
— Cozinhar não dá prazer.
— Preciso confessar que quando estávamos namorando… — Comecei. — Ele foi jantar em casa e demorou meia hora para cortar um pimentão.
— Você não precisava lembrar-se disso. — Corou e gargalhamos.
Eu tinha uma família, que me amava, fazia de tudo para mim e minha filha, daria a vida por mim e me acolheram de forma que eu nem imaginava.
Era essa família que tinha sonhado para mim desde o começo.
...
Saí do banheiro após um rápido banho, apenas enrolada na toalha. Ansel estava como sempre: com o Ipad em mãos. Não importa onde ele estivesse, o aparelho sempre estaria junto.
— Estou sem roupa para dormir. — Ele olhou para mim e riu. Fui em direção ao pequeno closet e o abri, encontrando algumas roupas antigas de meu marido. Peguei uma camisa e joguei-a em cima da cama.
— Estava com saudades dessa camisa, acho que vou colocar ela para dormir. — Colocou o Ipad no criado mudo, levantando para pegar a vestimenta.
— Ansel, é sério, estou sem nada para dormir.
— Ótimo, gosto de acordar e observar você dormindo completamente nua. — Puxou a toalha. — Você tem um corpo lindo. — Deslizou a mão por minha cintura. Roçou seu membro em minhas costas. — Sou tão sortudo. Eu amo você, Elena.
— Eu amo você também, mas é tão inapropriado fazer sexo na casa da sua mãe.
— Até meus quinze anos minha mãe achava que eu era gay, ela vai ficar feliz em me ouvir transando.
— Mas é estranho, não acha?
— Posso te comer no porão, tem um sofá bem confortável lá... — Revirei os olhos.
— Prefiro dormir. — Tomei a camiseta de sua mão e vesti.
Após estar deitada, observando Ansel mexer no ipad, ouvi alguém bater na porta.
— Posso dormir com vocês? — A cabeça de Lara aparecia na ponta da cama. Puxei-a para cima e me aninhei com ela, que dormiu alguns minutos depois brincando com a minha orelha.
— Agora dormimos em quatro.
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