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História Polos Opostos - Chapter 1 - Unstable


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


Bom, primeiro acho que devo esclarecer algumas coisas: A fanfic é focada em Yoonkook e ainda estou resolvendo se e como vou encaixar a presença dos outros meninos na história, embora a presença de alguns já esteja confirmada...rere.
Lembrando que eu estou me baseando em teorias de WINGS e no livro "Demian". Sim, há muitas referências e eu vou citar várias frases do livro também. Porém nos capítulos seguintes eu darei um toque mais original à história, mudando vários acontecimentos e etc. Só achei importante esse capítulo mais completo e com mais referências do livro para entenderem melhor a história ^^
Apenas algo que gostaria de esclarecer: não gosto de limitar-me à uma época para escrever minhas histórias, então gostaria de deixar isso em branco. Apesar de usar um linguajar mais antigo em algumas partes, possuí a mesma tecnologia que nós, porém não tenho certeza se farei o uso de celulares e outras coisas atuais assim...

Capítulo 1 - Chapter 1 - Unstable


Fanfic / Fanfiction Polos Opostos - Chapter 1 - Unstable

 

Jeon Jungkook — Chapter 1 — Unstable

 

Queria apenas viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por quê isso me era tão difícil?

 

Para relatar minha vida, devo recuar alguns anos. Se me fosse possível, poderia retroceder ainda mais, à minha primeira infância, ou mesmo aos primórdios de minha ascendência, quando o meu nascer ainda nem havia sido planejado pelas linhas do destino. Porém, como todo poeta, desejo aplicar um pouco de mistério à minha narração e focar apenas nos fatos mais interessantes. Começo minha história onde termina o meu antigo eu. Quando o mundo como eu o conhecia simplesmente deixou de existir, ou, então, mostrou o quão pouco ou equivocadamente eu pensava conhecer. Era filho único de uma família de classe média alta, meu pai era empresário e ganhava suficientemente bem para me proporcionar uma vida boa e confortável, embora não chegássemos a ser ricos.  Eu tinha pouco mais de 12 anos e frequentava uma escola particular em minha cidade natal. O primeiro fato acontecido naquela época, no início das aulas, depois do término das férias de verão, foi o marco do primeiro nó do novelo de lã dentro de mim que se desvencilhou.

Dois mundos diversos ali se confundiam; o dia e a noite pareciam provir de polos distintos. Um desses dois mundos eu podia identificar dentro de minha própria casa, considerado solo sagrado; se reduzia à pureza, claridade, conforto e segurança. Suas principais palavras eram papai e mamãe, amor e respeito, severidade, educação, exemplo e simplicidade. Considerava aquele o mundo correto e luminoso, ali me sentia em pleno conforto e abraçado aos lados maternos. O outro mundo, no entanto, difundia-se naquele mesmo, ainda dentro de meu ambiente familiar, quando a pureza deixava de existir nos momentos de discussão entre meus pais e mesmo quando a empregada xingava as crianças de rua que lhe pregavam travessuras. Ele se expandia ainda mais nos horizontes à fora, onde eu podia imaginar todo o tipo de perigo e perversidade. Para além dos próprios limites humanos, nada podia conter ao todo àqueles que estavam do outro lado. Infiltrar-me em tal perversidade era algo que considerava extremamente proibido, fora dos ensinamos de meus pais e da paz e serenidade que eu buscava. Mesmo assim, de tempos em tempos, aquela realidade obscura e abstrusa me atraía imensuravelmente. Era assustadoramente bonito ao meus olhos, e havia vezes que preferia mesmo viver em desafio com o proibido. Mas quando pensava sobre isso, sentia uma angústia extremamente dolorosa pesar sobre minha consciência. Minha casa era meu escape para todos os problemas e considerava isso ótimo, pois podia facilmente fugir de tudo e adentrar no regaço materno, onde havia perdão e amor. 

 

A primeira vez em que tive contato com o mundo exterior, sujo e proibido, foi em uma tarde sem aula. Normalmente tínhamos aulas normais de manhã e as tardes eram focadas em atividades extracurriculares e aulas de religião. Não lembro o motivo da suspensão de aulas naquele dia, mas os acontecimentos seguintes, contudo, carrego comigo como uma profunda e enorme cicatriz. Nunca fui muito próximo de meus colegas, porém naquele dia dois de meus vizinhos me acompanhavam. Eles frequentavam a mesma escola que eu e pertenciam ao meu mesmo mundo. Alguns meninos da escola pública brincavam do outro lado da rua, e embora nunca me aproximasse muito por conta dos valentões, de tempos em tempos meus amigos chamavam alguns meninos mais novos para se juntarem à nós. Eu chutava algumas pedrinhas que se desprendiam do chão devido ao desgaste do asfalto quando uma imagem maior se aproximou de nosso trio. Era um garoto pouco mais velho que nós, talvez um ano ou no máximo dois. Conhecia-o apenas de vista, mas suficientemente bem para reconhecer que não me agradava em nada ter sua companhia por perto. Era o tipo de rapaz que meus pais com certeza considerariam má influência, e eu não sei como poderia explicar minha súbita proximidade com ele caso fosse pego, porém, naquele momento, estava mais preocupado com o que poderia vir a me acontecer se fizesse algo que não o agradasse.

Segundo à constituição de direitos humanos, eu deveria ser livre para sair de lá naquele mesmo momento, caso assim desejasse, porém o olhar superior de Franz Kromer me impedia de tentar fazer qualquer coisa que fosse minha vontade própria. Era quase como se ele tivesse uma postura superior a mim e aos outros, algo que me prendia com força. 

Sendo assim, conduziu a mim e aos meus amigos à um pequeno riacho, uns 3km afastado de onde nos encontrávamos antes, e sentamos todos em uma grande casca de árvore caída na beirada do riacho. O motivo de termos sidos levados para lá eu ainda não estava conseguindo assimilar direito, mas o medo preencia a minha sanidade aos poucos. Ainda era apenas uma criança boba, mas compreendia que se ele havia nos levado ali, era porque pretendia ganhar algo de nós. Quando os meninos perto de mim começaram a aproximar-se de Kromer e rir entre si, senti-me completamente sozinho. Era como se meus amigos mais próximos estivessem cedendo àquela tentação do errado, e eu sentia que talvez não pudesse conseguir escapar. Relaxei os ombros que nem tinha percebido ter contraído e suspirei pesadamente, colocando metade de um graveto fino que havia achado na grama dentro da água, observando-a. A água formava pequenas ondas, já que havia chovido pouco antes e agora o riacho estava mais cheio do que o de costume. Por um instante, me atentei a um pequeno detalhe que até então tinha deixado despercebido; de um lado a água corria límpida e cristalina, envolta por pedras, mas então, onde um galho de árvore espesso atravessava seu caminho, a terra lamacenta de sua borda se esvaia junto da água, tornando-a lamacenta, suja e feia. Era exatamente como a barreira que dividia os dois mundos! Neste mesmo instante, senti um olhar pesar sobre mim e senti um arrepio percorrer a espinha. Os três rapazes me olhavam fixamente, questionando a minha posição diante daquilo. Estava completamente avoado em meus pensamentos desde que havíamos chego ali, porém havia escutado algumas coisas de sua conversa, pareciam estar contando sobre seus feitos do mal e se vangloriando disso! Aquilo era quase como um pecado para mim. Mas, deduzi que era minha vez de contar uma história uma vez que eles me olhavam impacientemente e cheios de expectativa - bem, um misto de ansiedade e deboche, talvez -, ou então, se não o fizesse, de certa não sairia de lá tão bem como havia chegado. Naquele exato momento, quando eu abri os meus lábios para pronunciar a primeira palavra com a qual começaria a minha pequena mentira, estava acarretado a cometer o primeiro e talvez o maior de meus pecados. Quando me refiro à pecado, não me reduzo apenas ao fato de mentir, mas submeter-me àquele tipo de coisa errada para proteger a mim mesmo, quando o efeito final talvez fosse o contrário.

Contei-lhes então que havia roubado algumas maçãs das macinheiras que compunham um lindo e simples jardim criado por um senhor de mais ou menos uns 60 anos, ao qual dedicava todos os seus anos de aposentadoria. Pensei que dentre todas as minhas ideias, aquela seria a mais viável. O velho constantemente era alvo desse tipo de coisa, logo concluí que não seria um problema se eu...apenas criasse uma situação imaginária, algo que só ficaria entre nós quatro, de qualquer forma. Bem, eu estava enganado. Se eu apenas pudesse refazer minhas escolhas, repensar meus atos...bem, se eu pudesse voltar no tempo, devo admitir que faria tudo de novo. Cada detalhe. Inspiraria o ar em volta de mim profundamente. Viveria os mesmos momentos todos de novo, intensamente. Passaria por todas as dores. E então...conheceria ele mais uma vez. E talvez o amasse ainda mais. 

 

— Bem, meus caros, as histórias de vocês parecem-me bem interessantes...porém não tenho certeza se chegarão aos pés da minha.

Dito isso, os meninos me olharam de forma curiosa, uma ansiedade que mais analisada chegava a me parecer duvidosa. Contei-lhes que havia roubado um saco de maçãs do senhor Jisoo, um velho cego que vivia em uma pequena fazenda abaixo da ladeira que dividia o lugar onde nos encontrávamos de uma fábrica de tecidos. Aquela região do país ainda era um pouco menos povoada que as outras e portanto era fácil encontrar fazendas e sítios mais velhos.

Engoli em seco quando vi o rosto de Kromer se aproximar de mim, podendo apenas abrir um sorriso torto à espera de minha sentença pela minha suposta mentira recém descoberta. Felizmente, pude voltar a respirar quando ele franziu o cenho por um momento antes de se afastar e colocar as mãos na cintura, assumindo uma posição superior à mim.

— Isso é verdade?

— Cada palavra.

— Você jura? Por Deus?

Você sabe, mas para um religioso, e, especialmente para uma criança, o verbo "jurar" é quase como assinar sua própria inscrição para o inferno. Sempre me ensinaram que eu não devia fazer jurações, ainda mais aquelas que envolvessem o nome de meus pais ou de Deus, que para mim era um ser divino, ainda que eu pouco realmente o conhecesse. Porém, naquele momento, eu me vi completamente sem escolha. Jurar em si não foi o meu pior erro, mas deixar-me levar por uma mentira à troco de nada...aquilo sim foi algo do que me arrependi por anos.

— ...Sim.

— Tem certeza?

— ...Sim.

As palavras de Kromer soavam em minha cabeça não como perguntas, mas como ordens. Ele colocava nelas uma forte pressão pela qual eu me sentia preso. 

 

Depois daquilo, voltamos para nossas respectivas casas. Até aquele momento eu pensava que estava livre e seria perdoado pelos meus pecados, porém meu sonho lúcido se tornou num pesadelo quando aproximamo-nos de minha casa e, quando me despedi dos garotos, Kromer insistiu para que me acompanhasse. Tentava transparecer calmaria enquanto caminhávamos, respirando profundamente entre intervalos de cinco segundos. Afinal, quando eu pusesse meus pés em casa, no meu lado luminoso, esqueceria todas as sensações desconfortáveis vividas e sentidas naquela tarde. Confiante de que tudo no fim acabaria bem, passei pela porta de madeira rústica rapidamente e após um rápido "tchau" seco, fechei a porta calmamente quando um pé impediu que eu terminasse minha ação. Com um braço contra a porta, empurrou-a de modo que ficasse aberta suficientemente para que um corpo passasse pela sua fresta, e com aqueles olhos frios e amedrontadores, olhou-me no fundo da alma. Percorreu todo o meu ser como se procurasse minhas maiores fraquezas, e então sem hesitar, atacou-me.

— Não vai me convidar para entrar, Jeon?

— Meus pais não estão em casa agora...e...e eu não posso deixar que estranhos entrem quando estou sozinho. É melhor você ir.

Por um momento, percebi sua hesitação. Mas então ele voltou a me olhar daquele modo que eu tanto repugnava e abriu um sorriso fino quase sádico.

— Por que? Acho que assim teremos muita mais privacidade para conversar. Além do mais, eu não sou um estranho. Sou seu amigo, não é?

— ...Sobre o que você quer conversar?

Soltando um riso abafado, abriu ainda mais a porta usando a força e então entrou em minha casa, destruindo minha visão de lar puro e seguro. Coçou o queixo e então como quem não quer nada, avançou alguns passos e bagunçou os cabelos negros, antes de virar-se novamente para mim.

— Bem...as maçãs do Sr. Jisoo, você sabe, são muito valiosas para ele. Estava pensando...se eu te entregasse, talvez recebesse alguns wons em troca, não acha? Quem sabe alguma recompensa maior...

Arqueei as sobrancelhas confuso.

— O que quer dizer com isso?

— O que eu quero dizer é que eu vou te entregar se você não me oferecer algo mais valioso.

Que tipo de amigo fazia algo assim? Naquele momento, qualquer esperança minha de encontrar a paz se desfez em milhares de pedaços. Eu não tinha nada a oferecer a Franz Kromer.

— M-Mas o que você quer que eu te dê? Eu não tenho nada de valioso!

— Tsc. Como não? Olhe ao seu redor. De qualquer forma, eu não quero nada dessas coisas antigas. Eu quero dinheiro. Quero 7,000 wons até amanhã, ou então...o velho, seu pai ou até mesmo a polícia saberão de como você é um ladrão!

— M-Mas Kromer...eu não tenho esse dinheiro! Como vou arranjar 7,000 wons até amanhã? Eu...eu... 

Coloquei as mãos no bolso do casaco e tirei dali algumas moedas, no total de 400 wons. Aquilo não dava para nada. Mesmo assim, entreguei-as ao garoto, que apenas tratou de ameaçar-me mais uma vez antes de sair estupefado. Não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer. Contar a verdade aos meus pais estava fora de questão, não queria que pensassem que eu não podia resolver meus problemas sozinho. Era, ou ao menos pensava ser, maduro o suficiente para lidar com isso. Mas...eu também não podia contar nada ao Kromer. Eu havia jurado, e mesmo que lhe contasse a verdade, de nada adiantaria. Eu não tinha como provar minha inocência. Estava preso a minha própria mentira.


Notas Finais


Peço desculpas se não ficou tão bom, eu estava realmente cansada e não queria deixar o primeiro capítulo tão pesado. Espero que compreendam ^^


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