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História Pop Princess - One


Escrita por: HurtMoon

Notas do Autor


Oi Gnt ^^ aqui é a HurtMoon, espero que gostem <3

Capítulo 1 - One


Fanfic / Fanfiction Pop Princess - One

Era uma vez uma princesa. Ela morava com seus pais, o rei e a rainha, em um castelo enorme e belo, e de lá via toda a cidade. Todas as noites ela olhava pela janela e ficava admirando a vista, sonhando mil sonhos coloridos e vivos. No mais brilhante deles, sempre via um príncipe que ela ainda não conhecia, mas que sabia que morava em alguma daquelas inúmeras luzes que avistava...
Um dia, seu castelo desmoronou, e com ela, toda sua vida.
A princesa teve que reconstruir tudo. Pedrinha por pedrinha. Tijolo por tijolo. Ilusão por ilusão.
Porém, ao abrir uma nova janela, ela viu que não havia sobrado nenhum sonho.
Apenas a realidade.
Que ela percebeu que podia ser ainda melhor...

 -x- 

“Comunicado aos alunos:
A partir de segunda-feira está expressamente proibido o uso de aparelhos celulares dentro da escola, seja em sala, nos corredores ou mesmo no pátio. Caso o aluno seja encontrado conversando, enviando torpedos, publicando fotos, usando o Facebook, conversando no Skype, atualizando o status no Twitter, ou apenas com o celular nas mãos (ainda que desligado), será suspenso por três dias, sem direito à reposição das provas e trabalhos escolares perdidos durante esse período.
Em caso de urgência, o aluno deverá se dirigir à secretaria e pedir aos funcionários que efetuem a chamada telefônica, exatamente como era antigamente, antes de os celulares existirem.
Este comunicado deverá ser assinado pelos pais ou responsáveis.

Atenciosamente,
Tsunade.
(Diretora do Konoha High School)"


— Sakura, você tem que explicar pra diretora que o seu caso é especial. Não é como se você quisesse usar o celular pra qualquer um desses fins descritos no documento. — Disse Hinata.

— Né?! Pelo amor de Deus... — Continuou Ino, revoltada.

O sinal tinha acabado de bater e o colégio parecia prestes a explodir. O comunicado tinha sido entregue cinco minutos antes, e mais de mil alunos revoltados desciam as escadas, uns gritando, outros xingando, alguns chorando e poucos, como eu, apenas lendo e relendo aquela circular, tentando encontrar uma solução.

As meninas, TenTen, Ino, Temari e Hinata, minhas melhores amigas, continuavam a falar ao meu lado:

— Aquela mocreia tem que entender que o único horário no qual você pode se comunicar com a sua mãe é esse! O que essa diretora quer? Ser a culpada por você virar uma pessoa cheia de carências causadas pela falta de contato diário, ainda que a distância, com a sua progenitora? Nós sabemos perfeitamente que não é como se você pudesse contar com o seu pai. E quero ver o que vão dizer na secretaria se você pedir para fazerem uma ligação pro Brasil! — Gritou Temari, atraindo alguns olhares para nós.

Tentei assimilar o que ela dizia, enquanto lia a mensagem pela décima vez. As meninas estavam certas, apesar de saber que a direção da escola também tinha suas razões. O dia anterior havia sido a gota d’água, quando uns alunos da minha sala criaram um aplicativo feito especialmente para colar. 
Eu, se estivesse no lugar dos professores, daria algum crédito pela engenhosidade. Mas, ao contrário disso, tiraram todos os pontos de participação dos responsáveis pela invenção, e eles só não foram expulsos por já estarmos no final do ano. Além disso, os caras tiveram que pagar o maior mico, indo de sala em sala pra pedir desculpas a todos os alunos pelo fato de a brincadeirinha deles ter sido a culpada pela abolição dos celulares. É claro que isso não adiantou nada, e todos os alunos do colégio continuavam querendo matá-los, inclusive eu! Mas, na verdade, acho que a direção da escola exagerou. Poxa, até entendo não permitirem celulares durante as aulas, mas qual é o problema de usá-los nos intervalos, entre um período e outro, ou pelo menos durante o recreio ou almoço?! 

Obviamente eu iria reclamar, começar uma reivindicação ou um abaixo-assinado qualquer para que reconsiderassem essa decisão.
E foi o que respondi para as meninas, quando elas finalmente pararam de exigir que eu tomasse uma atitude. Claro que eu iria fazer alguma coisa. Afinal, não era como se eu estivesse revoltada por não poder atualizar a minha conta no Twitter para que todos os meus dez seguidores soubessem o que eu estava lanchando ou que cor de All Star tinha escolhido naquele dia. Eu realmente tinha um motivo sério! E a coordenação da escola teria que levar isso em consideração. Eu sabia que seria difícil, considerando que a diretora vivia pegando no meu pé. Mas eu ia dar um jeito. Nem que para isso tivesse que tomar uma medida drástica: falar com o meu pai.

 

-x- 

 

— Você vai telefonar pro seu pai?! — A minha tia me lançou um olhar de incredulidade. — Só espero que esteja preparada pra ouvir um sermão. O seu pai não é do tipo que aceita um tratamento gélido em um dia e no outro já esqueceu, ou que age como se nada tivesse acontecido. Ele com certeza é de guardar rancor. Lembro-me perfeitamente da época em que ele namorava a sua mãe. Os dois ficavam brigados por dias! Quando era culpa dela, então, a coitada ficava de plantão ao lado do telefone, esperando que ele se dignasse a retornar as ligações! Ah, se ela soubesse... Ah se eu soubesse! Certamente teria dado um jeito naquele namoro no primeiro dia...


A minha tia continuou a tagarelar para as paredes e nem reparou quando eu me encaminhei, com o telefone sem fio, para o meu quarto. Se eu iria mesmo fazer aquilo, precisaria de muita privacidade.
Sentei-me na cadeira de rodinhas e a empurrei de um lado para o outro, com a antena do telefone sem fio na boca, pensando no que falar. Em vez disso, os meus pensamentos voaram para o ano anterior. 

Exatamente 14 meses atrás.

 Eu ainda morava no apartamento dos meus sonhos. No bairro perfeito, bem perto do shopping, da escola, dos meus amigos...
Eu estava lá, totalmente na minha, trancada no meu quarto, estudando para a prova de Geometria. Aliás, tentando estudar... Não entendo por que vou precisar de formas, ângulos e contas na minha vida! Quero ser arqueóloga, como a minha mãe. Aliás, segundo o meu pai, a culpa de tudo é da profissão dela; acredito que ele ache que até o buraco na camada de ozônio e a devastação da floresta Amazônica sejam culpa dela. Mas o fato é que eu tinha matado o curso de Inglês por causa daquela maldita prova. E, exatamente por isso, eu estava em casa em um horário que não deveria estar.
A minha mãe estava viajando, como sempre. Poucos meses antes tinha conseguido passar em um concurso que, além de oferecer um ótimo salário, seria muito importante para o currículo dela. Mas no contrato constava que ela precisava estar disponível para viagens interestaduais e internacionais. Ela aceitou, claro. Eu mesma dei força: aquilo seria excelente para a carreira dela, e não é como se eu não pudesse me virar sozinha, afinal já tinha quase 16 anos. E, além do mais, eu tinha meu pai. É. Naquela época eu tinha...


Saí do meu quarto para beber água e relaxar um pouco; afinal, os meus neurônios já estavam quase fundidos com aquela Geometria toda. Então ouvi um riso de mulher vindo de algum lugar. Congelei na hora, pois imaginava estar sozinha no apartamento, mas subitamente entendi tudo. Aquilo só podia dizer uma coisa... A minha mãe tinha antecipado a volta da viagem e provavelmente não havia dito nada para me fazer uma surpresa! Ela sabia que naquele horário eu estaria na aula de Inglês, e com certeza tinha planejado me esperar na sala, para que, quando eu abrisse a porta, desse de cara com ela lá! Fui lentamente em direção ao quarto dos meus pais, seguindo o som da voz. Como a minha mãe não é de falar sozinha, devia estar conversando no telefone, e eu iria aproveitar para inverter a surpresa... Cheguei devagar e fiquei tentando escutar, mas, bem naquele momento, tudo ficou em silêncio. Por isso só girei a maçaneta, mas a porta não se moveu. Estava trancada.

— Mãe? — falei, franzindo as sobrancelhas.

Aquilo estava meio estranho. Por que minha mãe trancaria a porta se imaginava estar sozinha em casa? Apenas o silêncio me respondeu, e logo em seguida ouvi um farfalhar que parecia ser um barulho de pano. De roupa. De alguém se vestindo. Será que a minha mãe tinha acabado de sair do banho? Mas ela abriria a porta para mim enrolada na toalha sem o menor problema... Comecei a desconfiar que havia alguma coisa errada. Alguma coisa muito errada.

— Pai? — falei em uma voz meio estrangulada, com medo de ouvir uma resposta. — Pai, é você que está aí? — perguntei mais uma vez, um pouco mais alto.


Nada.


Girei a maçaneta de novo. Uma, duas, três vezes. Comecei a ficar nervosa. Eu não estava imaginando, tinha escutado uma voz lá dentro. Uma voz feminina!

Comecei a bater na porta. Esmurrar talvez fosse uma palavra mais adequada.


— Quem está aí dentro? Eu vou chamar a polícia!


De repente ouvi passos. Olhei depressa para os lados e peguei um bibelô de vidro que servia de enfeite na mesinha do corredor. Aquilo não seria muito útil, mas, se fosse alguma ladra, eu poderia atirar na cabeça dela e sair correndo.

A porta se abriu e, em vez de uma ladra, vi sim o meu pai, com o rosto vermelho e o cabelo um pouco bagunçado... Ele parecia envergonhado, mas também meio bravo.

— Pai... — falei, apenas para dizer alguma coisa, porque na verdade a minha cabeça estava funcionando a todo vapor, enumerando todas as possibilidades possíveis e empurrando a pior delas para o último lugar da lista. — Que voz de mulher foi aquela que eu escutei? A mamãe voltou mais cedo?

Como meu pai deve ter me achado ingênua... Eu teria até dado uma gargalhada, se estivesse no lugar dele. Mas não. Ele só ficou lá, com aquela expressão meio séria, com a porta entreaberta, tentando impedir a minha visão, que a todo custo queria enxergar o que (ou melhor, quem) estava lá dentro.

— Ahn, filha, você não tinha aula de Inglês?

Isso foi tudo o que ele teve coragem de dizer. E foram exatamente essas palavras que fizeram com que tudo fizesse sentido para mim. Talvez por estar com todas aquelas ligações geométricas na cabeça, foi fácil fazer mais uma, embora não tivesse nada de covalente, metálica ou iônica. Apenas liguei dois e dois. Ou melhor, um e um. 


Meu pai. E mais alguém.

 

— Tem uma mulher aí dentro. — Aquilo era para soar como uma pergunta, mas saiu como uma afirmação. Eu tinha certeza. Naquele momento o meu coração já estava batendo forte, e de repente senti mais certeza ainda, pois o meu pai ficou roxo e começou a me dar uma bronca por estar matando aula. Típico do meu pai, mudar de assunto para fugir do tópico principal. Como se eu não o conhecesse... Essa era a tática preferida dele quando eu era criança e pedia um bichinho de estimação. Ele simplesmente começava a falar de algum desenho, viagem, boneca... E eu acabava realmente me distraindo e só me lembrava do meu pedido horas depois. Valeu pelo treino!

— Pai, tem alguém aí dentro! — repeti, tentando passar por ele, com uma raiva crescendo dentro de mim pelo que eu já imaginava estar acontecendo.
Ele me segurou com as mãos, me mantendo afastada à força, então comecei a dar um pequeno escândalo. Foi naquela hora que ouvi de novo a voz. E então percebi que eu realmente era muito inocente, porque aquele timbre nunca poderia ser da minha mãe. A voz da minha mãe é imponente, grave. E aquela ali era de uma mulherzinha frágil, fresca, afetada...


— Hizashi, ela já sabe. Não adianta querer tapar o sol com a peneira.


Argh. E ainda por cima ela gostava de frases feitas. Meu pai poderia ter sido mais criterioso. Assustado — provavelmente por imaginar que a tal mulherzinha ficaria muda, escondida dentro do armário ou debaixo da cama —, ele me soltou. Aproveitei para passar pela porta, talvez movida pelo meu lado mais masoquista, que não se contentava em sofrer só com as evidências, que tinha que ver os detalhes para padecer de verdade, com tudo que tinha direito...

Dei um passo para dentro do quarto e lá estava ela. Vestindo apenas a camisa social do meu pai. Deitada na cama da minha mãe. Com um sorriso só dela. Como se ver a expressão de decepção no meu rosto fosse a melhor coisa que tivesse acontecido no seu dia.
Eu a encarei por três segundos e meio, aguentando aquele sorriso falso, engolindo as lágrimas de raiva que faziam força para sair, e então dei meia-volta e só parei quando cheguei perto do meu pai, ainda parado à porta e parecendo estar preparado para separar uma briga que poderia começar a qualquer segundo. Como se eu fosse sujar as minhas mãos...

— Você não merece a minha mãe — falei baixinho, segurando a vontade de gritar. — E ela vai saber disso agora!
Bati a porta com toda a força que consegui reunir e fui depressa para o meu quarto, ouvindo-o dizer que não era o que eu estava pensando e que eu não podia contar para a minha mãe. Porém, alguém deve ter impedido que viesse correndo atrás de mim, e por isso tive tempo de pegar uma muda de roupa limpa, o notebook e o celular, jogar tudo na mochila da escola e sair correndo escada abaixo, não sem antes dar uma última olhada no meu quarto cor-de-rosa. Eu sabia que não voltaria ali tão cedo. Só parei de correr quando fiz sinal para um táxi que estava passando, mesmo sabendo que estava sem um centavo no bolso. O taxista perguntou para onde eu queria ir, e só respondi que era para bem longe. Enquanto isso, liguei para a Hinata, perguntando se ela teria dinheiro para me emprestar com a maior voz de choro. Ao me ouvir, ela não questionou nada e apenas disse que me esperaria na porta da casa dela. E foi o que fez. Depois de pagar ao motorista, ela me empurrou para dentro, colocou uma caixa de biscoito Oreo no meu colo e só então perguntou o que tinha acontecido. Contei com detalhes, revivendo novamente aquela cena dolorosa. Ela ouviu com atenção, dizendo apenas que tudo ia dar certo, mas eu sabia que ela estava errada. 

 

Nada ia dar certo.

 


A única coisa certa naquele momento é que eu não queria ver o meu pai nunca mais. Ele com certeza não era mais meu pai.


Notas Finais


Comentem o que acharam xD


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