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História Popsicles - For beginning a new history


Escrita por: Nash_the_Fox

Capítulo 9 - For beginning a new history


 Aparecer em uma escola afim de buscar a própria filha nunca havia sido algo que Daryl Dixon tinha cogitado para sua rotina. Por anos a fio, tudo havia se resumido ir à oficina de manhã cedo, almoçar qualquer coisa que aparecesse por lá e voltar para casa quando decidisse que não aguentava mais as chatices do irmão. Agora, tudo terminava em um horário pré-determinado com ele indo para casa, tomando banho e indo buscar Cassie na escola do bairro em seguida.

De início, as mães da comunidade fizeram caretas para ele. Afinal, o que um dos Dixons poderia estar fazendo de bom nas redondezas de uma escola, não é? Mas ao verem que ele apenas buscava Cassie, os dois entravam na velha caminhonete e iam para casa conversando animados começaram a trata-lo como parte da paisagem. Uma das mães ainda tentou se apresentar, mas como ela disse o nome bem na hora que o sino bateu, ele não conseguiu ouvir nada. Talvez tenha sido melhor assim porque Daryl teve a ligeira impressão que ela queria se insinuar para ele e bem, ele não queria nada daquele tipo nesse momento...

Normalmente, não demorava muito para que a loirinha aparecesse o arrastando para longe enquanto contava alguma coisa legal que havia aprendido e os dois fossem embora, entrando juntos naquele mundo sagrado que era a convivência dos dois em casa. Não que fosse fácil. Afinal, apesar de ser filha da pessoa mais doce que ele havia conhecido, Cassie era, antes de tudo, uma garota de cinco anos. Com direito as suas teimosias, birras e manias infantis. Mas Daryl apenas respirava fundo e por via das dúvidas resolvia tudo com sorvete ou picolé. De certo ele não ganharia o prêmio de melhor pai do ano, mas não é sempre que se pode ter tudo, não é?

Carol e Sophia ainda chamavam eles para algo de vez em quando – como o passeio no parque de diversões que havia aparecido na cidade –, mas com o passar dos dias, a frequência do contato ia sumindo aos poucos. Daryl se sentia desconfortável com aquilo, mas não conseguia articular nada sobre o assunto.

Sentia como se seus motivos não fossem dignos o bastante para trazer agitação naquele lago parado que era aquela estranha relação de amizade que eles mantinham. Afinal, mesmo que as ondas causadas por uma pedra arremessada cessassem quase logo em seguida, tinha medo de que, na vida real, aquilo transformasse a realidade para algo que ele não iria gostar. E ainda havia Cassie. Depois de tudo que havia acontecido, não queria meter a menina no meio de mais um drama desnecessário.

Mas quem disse que as coisas acontecem como a gente planeja?

A ida ao cinema havia sido um convite inocente no domingo, já que a loirinha não parava quieta dizendo o quanto precisava ir assistir A Bela e a Fera. Daryl nem mesmo prestou atenção em que roupa vestia, apenas que a filha estava cheirosa, engraçadinha por causa do rabo de cavalo torto – ele ainda estava aprendendo a fazer – e parecendo a coisa mais fofa do mundo com um dos inúmeros vestidos com estampa de bicho que ela tinha.

Fazia alguns dias que ele nem mesmo pensava na Peletier, mas quando se deparou com ela acompanhada de Sophia na fila do cinema, percebeu que era incapaz de não abrir um sorriso. Carol tinha os cabelos curtos espetados daquela maneira charmosa e usava uma blusa de mangas compridas que o fazia ter certeza que ela era daquelas pessoas que deixavam a roupa que vestia mais bonita e não ao contrário. Droga, o que ele estava pensando? A mulher os chamou com um sorriso e mesmo que uma parte de Daryl quisesse apenas dar meia volta e dar fim aqueles pensamentos, era tarde demais pois Cassie já havia corrido até Sophia para se abraçarem.

Assim que o filme acabou, todos saíram juntos para uma sessão de hambúrgueres e milk-shakes. Onde a loirinha e Sophia não calaram a boca um instante comentando sobre os detalhes do filme sem parar, mas Daryl e Carol mal trocaram algumas frases. Não que Carol tivesse ficado calada pois contava uma história engraçada que tinha ocorrido no trabalho, mas o Dixon não dizia nada. Isso porque ele estava concentrado demais em não falar besteira. Ainda mais daquele jeito onde os quatro pareciam tão perfeitos juntos. Em uma bonita sintonia como se estivessem destinados desde sempre para aquele momento.

Após insistir muito, Daryl acabou conseguindo levar Carol e a filha para casa. Ambas se despediram com promessas de se reencontrarem logo. Cassie as respondeu já sonolenta, mas o Dixon ficou observando cada detalhe, as seguindo com o olhar até que entrassem em casa e desaparecessem. Então, ele teve certeza de algo...

– Cassie?

Hm?

– O que você acha da tia Carol?

– Ela é uma boa mamãe – Cassie respondeu com um sorriso. A pequena fez uma pausa enquanto olhava na direção da casa a qual ainda estavam estacionados em frente e completou – E ainda é divertida.

– E o que você sobre a tia Carol e eu? – Daryl fez a pergunta temeroso que a garota não fosse entender o sentindo da frase, mas a loirinha apenas deu de ombros.

– A mamãe sempre dizia que as pessoas que querem ser namoradas têm que ser legais uma com a outra. E a tia Carol também é legal com você, ué.

– Tem certeza?

– Você tem que perguntar é pra ela, papai.

– Mas eu vou precisar da sua ajuda.

– Ajuda?

– Para dizer a tia Carol que eu gosto dela.

– Por que você não diz sozinho?

– Porque você é uma menina.

– E...?

– Você conhece coisas mais bonitinhas do que eu. Então, você ajuda?

– Tudo bem. Ajudo sim, papai.

Daryl abriu um sorriso e esperou que estivesse fazendo o certo. Esperou para que aquilo que sentia – a fascinação, a admiração e o interesse – fossem algo que realmente valesse a pena o risco do que pretendia fazer. Se desse errado, provavelmente o contato com Carol desaparecia quase que totalmente, mas se desse certo... tudo poderia acontecer como ele havia imaginado. Os quatro juntos. A ideia o deixava feliz.

Naquela noite, Cassie, ainda que sonolenta, já deitada na cama, o abraçou enquanto agradecia pelo passeio. Daryl riu e a respondeu com um beijo na testa. Apesar de todo o sufoco que haviam passado, ficava feliz de ver sua garotinha feliz daquele jeito.

 

 

 

O Dixon usava uma camisa social azul-claro enquanto se olhava no espelho. Sentada na cama, Cassie observava tudo com os grandes olhos azuis-esverdeados. Daryl pegou a gravata em seguida e a arrumou com aquele jeito descuidado de quem nunca realmente tinha dado a mínima para gravatas até pouco atrás. Vestiu o paletó, se olhou no espelho, mas quando virou para a filha, ela apenas balançou a cabeça em negatória e disse:

– Assim você tá feio, papai.

– Feio?

– Você parece que vai brigar com alguém assim. Não que vai pedir uma menina para ser sua namorada. – Daryl riu em seco achando graça do comentário, mas tirou o paletó como discretamente sugerido. Ele estendeu os braços fazendo uma pose que pretendia ser engraçada, mas Cassie apenas sacudiu a cabeça outra vez. – Assim não.

– Então como, Cassie?

– Usa a jaqueta.

– Jaqueta?

– É, aquela preta. Bonita.

– Bonita? Outro dia você disse que era estranha, Cassie.

– Eu tava brincando, papai bobinho. – Daryl então decidiu que não ia insistir mais e buscou nos fundos do guarda roupa a jaqueta de couro que havia ganho de Beth. Ele ficou um instante imóvel encarando o objeto, mas em seguida a vestiu de uma vez. Cassie abriu um sorriso enorme e finalmente falou – Você tá bonitão, papai. Assim a tia Carol vai querer namorar você.

– Você acha?

– Sim.

– E se ela não quiser? Você vai ficar triste?

– Não. Você e a tia Carol são legais um com outro. Esse que é o importante.

– Sério?

Ah-hãm. Minha mãe que disse.

Daryl sorriu. Aquilo soava como algo que Beth realmente diria.

– Então – ele estendeu uma mão para a loirinha –, vamos? Acho que já está na hora.

 

 

 

Quando Carol abriu a porta naquela tarde provavelmente não imaginou encontrar um Daryl a sua frente. Muito menos um que estivesse segurando um buquê de flores, mais propriamente de gérberas vermelhas. O Dixon não ia leva-las de início, mas Cassie insistiu ao dizer que meninas gostam quando dão coisas bonitas e cheirosas a elas.

– Daryl? – Seu semblante parecia preocupado e nervoso, mas mesmo assim ela perguntou – Algum problema?

– Nenhum. Eu apenas...

– Eu agora estou ocupada. – Ela olhou para as flores e prestou atenção nelas por um instante, mas não comentou nada a respeito. – A gente pode se falar mais tarde?

– Eu quero pergunto agora: algum problema, Carol?

– Sophia. Ela está com febre. Acho que não é nada demais, mas estava querendo a levar para o pronto socorro mesmo assim.

– Sophia está doente? – Cassie questionou com uma vozinha preocupada de repente ao sair do canto que estava escondida.

– Oh, meu bem – Carol a respondeu com um sorriso amarelo. – Ela está sim, mas não se preocupe. Logo ela vai ficar bem.

– Então, vamos. Eu levo vocês. – Daryl falou decidido.

– Não precisa.

– Claro que precisa, Carol.

– Mas...

– Você precisa de ajuda para trazer Sophia?

– Não.

– Então eu e Cassie vamos esperar no carro.

 No hospital não demorou muito para que Sophia fosse logo atendida. O médico apenas pediu para que ela ficasse algum tempo enquanto tomava soro e, é claro, nem Cassie queria ir para longe da amiga e nem Daryl queria deixar Carol sozinha.

– Acho que preciso de um café. – A Peletier pensou em voz alta.

– Eu vou buscar – Daryl respondeu de prontidão. Ao voltar com dois copos de café, viu que a mulher estava sentada em um pequeno sofá acomodado em frente ao quarto. Então, ele se acomodou no assento que estava vazio e a estendeu um dos cafés. Ele repetiu a mesma frase de mais cedo – Algum problema?

– Não, nenhum. – Ela lhe dirigiu um sorriso enquanto aceitava o copo com a bebida. – Apenas quis deixar Sophia e Cassie conversando a sós. Assim ela se distrai mais fácil.

– É verdade. Lembra quando elas se conheceram no mercadinho? Achei que tinha tido o grande feito de perder a minha filha, mas lá estavam as duas debatendo sobre qual bicho gostavam mais.

– Tem razão. Deixei Sophia lá e em um piscar de olhos sua garota estava junto conversando como se fossem velhas amigas.

– Fico feliz por isso.

– Pelo o quê?

– Ela não ser tão estranha como eu. Claro que não se pode confiar cegamente em todo mundo, mas é bom ela ser uma criança tão alegre.

– Você não é estranho, Daryl.

– Não? Como não?

– Você é um cara legal, seu idiota.

– Sou?

– Claro que é, Dixon. Eu já te disse. Falei uma centena de vezes enquanto arrumávamos o caso da Cassie. Você quis lutar por sua filha como eu nunca tinha presenciado antes no meu trabalho.

– Não foi nada menos que minha obrigação.

– Você sabe melhor do que eu que você nunca viu isso como obrigação, Daryl...

– É, mas...

– E você se deu bem com Sophia logo de cara – Carol soltou um riso surdo como se tivesse contado uma piada. – Um dia estava você lá com essa cara de mal-humorado e eu pensando porque Rick havia me mandando você e no outro estava brincando com Sophia montando um quebra-cabeça...

– O Merle sempre dizia...

– Convenhamos que seu irmão é bem estranho. Digo, nada contra, mas ele não é a pessoa mais indicada para dizer isso.

– Por que não?

– Seu irmão parece ser do tipo que prefere encher a cara e não se importar com muitos além dele. Sem ofensas.

– Não me ofendi. É verdade. Merle, na maior parte do tempo, é bem isso mesmo.

– E qual é a outra parte?

– Surpreendentemente, quando ele para um instante para conversar com Cassie. Não sei porque já que ele quase me bateu quando avisei que tinha uma filha.

– Ele quase te bateu???

– Modo de falar. Mas é, ele foi bem escroto. E agora a trata bem.

– Você disse algo que...

– Eu mandei ele calar a boca, mas ele disse que é porque Cassie é engraçada. E ele gosta de pessoas com bom humor.

– Ela realmente é – Carol riu e tomou mais um gole do café. – Não pude conhecer a mãe dela, mas tenho certeza que ele esculpiu um pedaço de diamante. Cuide bem da sua menina, Daryl Dixon.

– Cuidarei.

– Aliás...

– O quê?

– Para quem eram aquelas flores? – Carol inquiriu enquanto levantava uma das sobrancelhas.

– Flores? Ah... – Daryl se calou um instante enquanto botava a língua para fora querendo umedecer os lábios e pensar no que diria a seguir. Seu primeiro pensamento foi elaborar alguma desculpa, mas como nada lhe veio à mente, decidiu que iria falar a verdade. Mas como alguém se declara para alguém que está em um hospital ocupada cuidando da filha? Isso não é estranho demais? – Carol...

– Porque, olha, se forem para mim, eu gosto de gérberas, mas ainda prefiro cravos vermelhos.

– Cravos?

– É, sempre achei a abundância de pétalas deles mais elegante.

– Ok, então. – Daryl deu um meio sorriso, achava engraçado como ela conseguia falar todas aquelas com um sorriso brincalhão no rosto, mas ele sentia-se tímido a ponto de não saber o que falar a seguir.

– E o que você queria me dizer? Era para agradecer?

– Não, não eram. Digo, você sabe eu sempre vou te agradecer pelo que fez.

– A verdade é que eu não fiz nada.

– Porque Carol...

– A juíza quase nos expulsou...

– Eu preciso...

– Mas confessor que achei melhor tomar um esporro e tudo ter se resolvido logo do que termos ficado em uma enrolado.

– Carol!

– O que foi? – A Peletier olhou para ele curiosa.

– As flores não eram para te agradecer porque eram para te dizer que eu quero ser legal com você.

– Eu não entendi, Daryl.

– Bem – ele deu um meio sorriso –, é porque assim que a Cassie fala sobre namorados. Duas pessoas que são legais uma com a outra.

– Que? Namorados?

– Eu não sei como dizer isso de uma maneira bonitinha e sei que não é o lugar mais certo e adequado. Mas eu não consigo te tirar da cabeça.

– Daryl...

– Você pode achar que é idiotice ou, sei lá, uma brincadeira de mal gosto.

– Daryl...

– Eu tentei não pensar nisso. Afinal, minha vida já tinha mudado o bastante tendo que aprender a cuidar de Cassie e não dar sorvete a ela toda hora que ela faz birra.

– Você não...

– Mas quando a gente se viu no cinema e depois foi tomar sorvete eu decidi que não aguentava mais. – Ele tomou um gole do café para fazer uma pausa. – Então hoje eu me arrumei com ajuda de Cassie e comprei as flores porque ela disse que garotas gostam de coisas bonitas e cheirosas. E ia arranjar alguma maneira de te dizer que eu te acho maravilhosa. Desde o início sua força e a maneira como guia a ONG me chamou atenção porque... Porque, não sei, é como se você fizesse tudo de uma maneira tão natural que é bonito de se olhar.

– Daryl... – Carol disse com um sorriso.

– Então, é, é isso. Não tem muito mais o que fazer depois que eu disse tudo de maneira errada.

– Daryl Dixon – Ela repetiu o nome dele mais uma vez esperando que ele ficasse em silêncio para esperar o que ela tinha a dizer. – Você pode ficar calado e me escutar, sim? Então tá. Pronto?

– Ah-ham.

– Eu também quero ser legal com você – Carol respondeu enquanto colocava o copo que segurava em uma mesinha de vidro que tinha ali perto e usou as duas mãos para puxar o Dixon para perto e beijá-lo. Foi algo rápido, mas foi profundo o suficiente para que ambos soubessem que estavam entendidos. Quando os dois separaram o beijo, mas estavam próximos um do outro, ela completou baixinho – Droga, como você está cheiroso hoje.

Daryl quase que ia começar um outro beijo, mas a voz de Cassie aparecendo do lado deles o interrompeu. Ela vinha com um sorriso animado e os olhos brilhavam.

– Papai, nós podemos ter um gato?

– Um gato?

– É. Podemos?

– Tudo bem. Depois nós vamos atrás de um.

– Ele também pode se chamar Sr. Batman?

– Você que sabe.

– Obrigada, papai – a loirinha sorriu e voltou para dentro do quarto outra vez.

– Vou fazer mais uma pergunta, Carol. Posso? – Daryl inquiriu voltando a atenção para a Peletier mais uma vez.

– Claro.

– Você se incomoda com gatos?

– Nenhum pouco. – Carol riu e puxou o Dixon para mais um beijo. Ela também não entendia direito o que estava começando ali, mas sentia-se confortável ao lado do moreno. Além de que sabia que podia confiar nele quando precisasse. Por hora, ela preferia pensar em o quanto aquele homem estava cheiroso e que, com certeza, queria repetir mais alguns daqueles beijos.



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