História Por acaso - Capítulo quinze.

A viagem para  Karlsruhe foi um pouco longa, principalmente porque Roman não pode me levar por causa de um exame para ver como está a sua mão e muito menos Nastassja que tinha uma sessão se fotos marcada para hoje. Acabei pegando o trem, como sabia o tempo que levaria na viagem baixei dois jogos no meu celular. Mas mesmo assim a viagem demorou chegar ao fim, não sei por que estaca ansiosa para chegar logo ou pelo tédio mesmo.

      Algumas horas depois, estou em frente a estação de trem tentando parar algum táxi, mas grande parte me ignora completamente. Começo a ficar com raiva e crio um plano para parar o próximo táxi. Assim que avisto um táxi livre, coloca dois dedos na boca e assovio forte. Na hora o táxi para na minha frente e eu começo a pular de alegria.

-Porque tão feliz, madame?

-Por anos tentei fazer esse assovio e agora finalmente conseguir. Eu sou demais. -Levanto minha mão esquerda e espero que o taxista bata em minha mão e assim o faz.

-É a primeira pessoa que vejo ficar feliz por algo tão simples. - O taxista começa a colocar minha bagagem no bagageiro do táxi.

-A simplicidade é o último grau de sotisficação. -Sorrio para o táxista e em seguida entro no táxi e me sento no banco de trás.

    Dou o endereço para o táxista e fomos conversando animados durante todo o percurso. Depois de me ajudar a descer a bagagem pago a corrida para o táxista.

-Eu não tenho cinquenta centavos, posso lhe dar um pirulito? -Pego um pirulito de minha mochila e mostro para o taxista, que o aceita sem pestejar.

-Senhorita, continue assim. Sempre carismática e vai atrair boas pessoas. - O táxista acena para mim e em seguida entra em seu carro e vai embora.

     Depois de algum tempo procurando a chave do apartamento na minha mochila, finalmente encontro no bolso de minha calça. Não sou do tipo de pessoa superticiosa, mas se minha mãe ficar sabendo que entrei com  pé esquerdo no meu novo apartamento e capaz dela pegar um voo só para me dar um cascudo. Então para prevenir entro com o pé direito.

      As pessoas normais primeiramente iria arrumar as malas entre outras coisas, mas eu nunca fui normal mesmo, então me jogo na cama.

      Não sei quanto tempo dormir, mas acordei com meu celular tocando meu velho e bom heavy metal. Ainda sonolenta atendo a ligação.

-Liga a televisão no canal de esportes A-G-O-R-A.

-Que? Quem tá fal....ando? - Na metade da frase acabo bocejando.

-Erik, agora liga logo.

-Erik? Erik Durm?

-O próprio.

-Como conseguiu meu número?

-Contratei um detetive para pesquisar sobre a sua vida e pegar seu número. Como acha que conseguir seu número? Francamente. -Escuto Erik gargalhar de mim, apenas reviro os olhos.

-Você acaba de me acordar, acha mesmo que meus neurônios estão funcionando? - Coloco o celular no viva-voz e o apoio ao meu lado.

-Para de reclamar e liga logo no canal de esporte.

-Erik, me deixa. Não acredito que me acordou para ver esporte. -Volto a bocejar.

-Você vai gostar, Julie.

      Relutante me levanto da cama, um tanto furiosa, pego o celular ainda no viva-voz e me "rastejo" até a sala, me jogo no sofã e ligo a televisão.

-Tem cinco canais de esportes. Qual devo ver?

-Canal 40.
 
       A reportagem falava sobre Roman Bürki, uma entrevista exclusiva falando sobre a carreira de meu primo e como foi sua aceitação no time Borussia Dortmund.

-Não acredito que me acordou para assistir tudo que eu já sei. Caso não saiba, somos primos, eu sei da vida profissional dele.

-Espera, o que quero que veja é depois dele.

-E não podia ligar quando começasse sei lá o que, que quer que eu veja? Eu podia ter dormido mais alguns minutos.

-Para de reclamar, Julie. Você vai gostar.

    Depois de algumas ameaças básicas feitas para o Erik por ter acordado, ele desliga a ligação e fico deitada no sofá vendo meu primo falar e falar. Já estava quase dormindo novamente, quando escuto meu nome ser mencionado pela televisão. Rapidamente me desperto e me sento no sofá e fico atenta a reportagem.

    "Entrevistador: Bürki, houve alguns boatos ultimamente que seu colega de equipe, Erik Durm, estava saindo com uma empregada. Mas também circularam pela rede que você também estava saindo com essa mesma empregada, foram tiradas até fotos. O que tem a dizer sobre isso?
  
        Bürki: isso tudo não passa de um mal entendido. A garota que viram com o Erik é minha prima. Saimos um dia juntos no horário de almoço do serviço dela e não dava tempo dela trocar de roupa. Mas a mídia fez questão de inventar uma história maluca e jogar isso na internet e em revistas.

     Entrevistador: E porque nenhum dos dois pronunciaram-se sobre isso?

    Bürki: Porque, eu, sinceramente não me importo com os boatos, eu sei a verdade e é isso que importa. Mas minha prima ficou muito chateada com isso."

       Abro um sorriso singelo, talvez um pouco envergonhada por ser citada numa entrevista em que todo o país pode assistir, mas feliz por finalmente a verdade ser dita. Já estava desligando a televisão, quando Durm aparece na tela ao lado de Roman.

     "Entrevistador: Erik Durm, o que tem a dizer sobre os boatos que circularam sobre você e a prima de seu companheiro de equipe?

     Durm: Primeiro eu gostaria de entender qual seria o problema se eu tivesse namorando uma empregada? São mulheres não são? Com sentimentos e feminilidade. Mas também gostaria que a mídia antes perguntasse a verdade antes de simplesmente divulgar algo que não é verdadeiro.

     Entrevistador: Então está dizendo que não tem nenhum envolvimento amoroso com a prima de Roman?"

        Pisco várias as vezes pela pergunta feito pelo o entrevistador para o Durm, um pouco perplexa. Mas não sou a única a ficar ruborizada com a pergunta, Erik também está vermelho como um pimentão. Fico atenta a reportagem. 

      Durm fica sem palavras, Bürki está ao lado dele com os braços cruzados e o entrevistador está fora do alcance da visão. Alguns segundos passam e o Erik continuava calado olhando para além da câmera. Não sei quanto tempo se passou com todos em silêncio. Mas Durm foi salvo por Tuchel, que chegou encerrando a entrevista e puxando o Roman e o Erik para irem treinar.

      Rapidamente pego meu celular e ligo para o tucano. Que demora algum tempo para entender.

-Oi Julie. -Percebo o tom de voz sem graça do loiro.

-Então tucano, quero saber a resposta da pergunta que foi feita para você no final de entrevista. - Sorrio involuntariamente.

-Eu, eu não sabia que iam colocar essa parte, pensei que iam cortar. - A voz de Durm está baixa, quase sussurrando.

-Mas colocaram, e então senhor Erik Durm, você tem algum envolvimento amoroso com a prima de Roman Bürki? -Tento parecer séria, mas começo a rir.

-Ah Julie, me nego a responder isso.

-Que isso Tucano, vamos diga, é uma pergunta inocente. - Volto a deitar no sofá.

-É mesmo ruiva falsa? Então responda você. - Erik emite uma risada baixa, mas gostosa de se ouvir.

-A pergunta foi feita para você e não para mim. -Revido com o tom de voz séria, na tentativa de impor ordem no loiro.

-Senhorita Julie, qual o seu envolvimento com o Erik Durm? - Durm gargalha por um longo tempo.

-Pensei que já sabia, é o meu futuro namorado. - Entro na brincadeira e começo a rir.

      Mas Erik fica em silêncio por alguns segundos, sem dar um pio. O chamo até que ela responda.

-Julie, Julie, Julie. Isso foi uma cantada? Um pedido de namoro? - Durm gargalha forte e despojado, o que faz que eu revire os olhos.

-Não sonhe Tucano, só estou brincando.

-Tá bom nervosinha. Preciso ir agora, namorada. Até logo. - Erik desliga a ligação sem dar tempo que eu revide sua frase final.

       Levanto do sofá e vou para o meu quarto arrumar minhas malas, mas claro que preciso de uma trilha sonora para isso, escolho a banda Whitin Tempation e aumento o som. Depois que arrumei todas as minhas roupas no guarda-roupa. Me sento no chão e admiro minha mala finalmente vazia.

       Pego meu celular para desligar a música e acabo vendo a foto de perfil do Durm em seu whatsapp.

-Até que não seria tão ruím ser namorada do Erik.

         Coloco meu celular no bolso, pego minha carteira e vou para a rua na procura de algum lugar que venda tinta de cabelo.