Por Elisa
Quando Pedro me fez aquela pergunta, eu não consegui falar e pensar em mais nada. Eu fiz de tudo pra esconder isso dele, pra que pudesse contar só quando tivesse certeza, mas parece que alguém passou na minha frente, e fez isso por mim. Ah, mas se for a Beth, ela com certeza vai ouvir. Peço pra ela não contar, a na primeira oportunidade que tem, já abre a boca.
‒ Estou esperando uma resposta, Elisa. ‒ Pedro me tira de meus pensamentos ‒ Quando você pretendia me contar sobre isso?
‒ Depois da semana de provas. ‒ é o mínimo que eu consigo dizer, após reunir forças não sei de onde
‒ Ah, então você queria esperar a confirmação de que você conseguiu o intercâmbio, pra depois, tranquilamente, virar e me dizer: “A semana de provas foi ótima... a propósito, estou indo pra Portugal”
‒ Não é bem assim, amor …
‒ Não é bem assim? ‒ Pedro me interrompe ‒ Elisa, como se sentiria se eu escondesse algo tão importante de você?
‒ Eu... eu... ‒ eu nem tenho forças pra terminar essa frase
‒ Então você sabe como eu me sinto.
‒ Eu não tive a intenção de te deixar bravo, Pedro.
‒ É, mas deixou... francamente Elisa, o que te levou a esconder isso de mim? ‒ eu respiro fundo antes de continuar
‒ Ok, eu vou ser bem sincera. ‒ eu puxo uma cadeira, fazendo sinal pra que ele se sente ‒ Você sabe que o meu objetivo desde o início sempre foi me formar, e ser uma ótima profissional. E essa chance de ir pra outro país, participar ativamente de uma pesquisa que pode me fazer crescer muito... é algo que eu sempre desejei que acontecesse. ‒ ele estava atento a tudo o que eu falava ‒ Mas daí, eu te conheci, e aos poucos eu fui percebendo que eu corria um risco muito grande de me apaixonar por você, e daí eu comecei a ficar doida, porque até então, o meu foco aqui era estudar. E quando eu fui perceber, nós dois já tínhamos construído uma história sólida de mais pra ser apenas uma paixão passageira. ‒ eu não tinha percebido que lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto, até que Pedro se aproximou, e com seu dedo, recolheu uma que descia pelo canto
‒ Elisa, você sabe que meu amor por você é capaz de ultrapassar barreiras, ou fronteiras. ‒ eu apenas concordei com a cabeça
‒ Sim eu sei.
‒ Então não precisa se preocupar com isso. ‒ Pedro se aproxima me beijando, e eu não consigo terminar de concluir o que tinha pra dizer. ‒ Nós seremos capazes de superar até mesmo a distância entre o Brasil e Portugal ‒ “como eu queria pensar assim também”, eu completo em pensamento, mas não consigo dizer mais nada. A sinceridade e o amor que Pedro tem por mim, me fazem ficar pior.
Alguns dias depois...
O professor chega na sala com um envelope em mãos.
‒ Bom dia turma ‒ ele nos cumprimenta, sem esperar pela resposta ‒ trago hoje o boletim final de vocês. ‒ Bela me olha demonstrando ansiedade. Ele chama um por um em sua mesa. ‒ Bela ‒ a ruivinha pula da cadeira, toda animada pra saber seu resultado. ‒ Elisa ‒ assim que ouço meu nome, sinto um friozinho na barriga. Pedro me olha com carinho, demonstrando que estava tudo bem.
Então, eu crio forças, e começo a caminhar até a mesa do professor, que quando me aproximo, diz baixinho:
‒ Meus parabéns ‒ ele me entrega o boletim ‒ só não vai esquecer da gente que está aqui no Brasil. ‒ eu não conseguia acreditar nas minhas próprias notas. Com a boca aberta em forma de O, volto pro meu lugar.
‒ E então, amor? ‒ Pedro me pergunta, mas nem deixa eu responder, pega o boletim de minhas mãos, e começa a analisar
Por Pedro
Embora eu torcesse muito pra que Elisa passasse pro intercâmbio, quando peguei o boletim, quase não consegui acreditar no que aquilo significaria daqui pra frente. Comecei a sentir como se meu mundo estivesse a ponto de desmoronar, mas mesmo assim, me esforcei pra abrir o meu melhor sorriso pra ela.
‒ Eu sabia que você ia conseguir, meu amor. ‒ dou um beijo em sua testa ‒ meus parabéns. Você é merecedora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.