História Por Elas 1ª Temporada - 50 - Aqui É Camren Shipper

Narrador.

─ Espera, espera... Prontinho. - Allyson apontou para o grande relógio na parede enquanto deixava seu corpo afundar no sofá e no tédio, nem mesmo as mensagens em seu celular estava ajudando. - Passamos meia hora sem falar nada, sim, vocês ouviram direito. Pretendem ficar assim ou podemos encerrar o aniversário da Dinah para irmos embora?

─ Antes de irem embora, eu quero explicar tudo o que rolou desde o dia que fui com a Clara. Suponho que a Dinah seja a única que me queria hoje aqui, mas eu gostaria que vocês ficassem por mais um tempo.

─ E você vai esperar mais meia hora para falar? - Camila desviou o olhar quando Lauren tentou ter mais um contato visual com ela, mas só porque ainda lhe faltava coragem para encarar os olhos verdes. - Vai continuar calada? Não tenho o dia todo.

─ Sei que não quer ficar no mesmo lugar que eu, não precisa mentir, Camila.

─ Exato, eu não quero...

─ Só que não vai. - Normani a cortou. - Qual é a sua explicação para ter ido embora, Lauren?

─ Dinah é a única que sabe como a Clara realmente é, e talvez seja a única que me entenderá depois do que eu falar. - Dinah permaneceu calada e brincando com sua fatia de bolo, ela sabia que Lauren ia embora depois de explicar tudo o que queria. - Pensei rápido e planejei tudo na hora, por isso fui com ela.

─ E conseguiu? - Allyson questionou curiosa. - Me diga que nada foi em vão, Lauren. Eu não posso ouvir o que tem para dizer e depois descobrir que o seu esforço não valeu de nada.

─ Nada foi em vão, Ally. A minha demissão valeu de muita coisa além de fazer vocês me odiarem, pode acreditar.

─ Lauren, estamos felizes por você aparecer, por mostrar que ainda está viva, e que não esqueceu do aniversário da Dinah, mas vai direto ao assunto porque ninguém vai segurar a Camila por muito tempo. Conta logo o que aconteceu e o que ainda vai acontecer, não é só a Ally que quer saber de tudo.

─ Não tinha porque as pessoas, que até então eram leais a Sinu, saírem porque a Clara prometeria um salário maior para elas. Aquelas pessoas perderiam o emprego se aceitassem a proposta da Clara, ela não pretendia ajudar ninguém, só tirar os funcionários da advocacia. Eu não deixaria a Sinu ver tudo o que construiu desmoronar de uma hora para a outra.

─ Vai ficar falando da minha mãe? Já sabemos, fala uma coisa que ninguém sabe.

─ Eu pedi para Sinu não brigar com a Clara por mim, nem me segurar lá porque eu voltaria depois de afastar os Jauregui dos Cabello. Ela me disse para ter cuidado e que estaria me esperando.

─ Eu não lembro dessa conversa entre você e a minha mãe.

─ Não lembra porque eu não disse para você. - Lauren cruzou os braços para esperar uma resposta atravessada de Camila, mas só conseguiu um pequeno olhar. - Tivemos essa rápida conversa quando nos abraçamos, antes de eu ir embora.

─ Espera um pouco. - Dinah afastou a fatia de bobo intacta, e se colocou de pé para começar a andar de um lado para o outro, pensando mais do que falando. - Você está dizendo que a Sinu sabia que você ia embora com a vaca da Clara?

─ Ela sabia que eu estava indo, sabia que eu voltaria, e sabia que eu faria de tudo para defender vocês.

─ Acha que somos crianças, Lauren? - Camila agradeceu quando Normani puxou a namorada para sentar em seu colo, evitando uma tontura na loira. - Não somos crianças incapazes de nos defender sozinhas...

─ Que droga, Camila. Eu não falei nada disso, para com essa birra que te faz distorcer as minhas palavras. Que chatice...

─ Você deveria ter nos contado, Lauren. - Allyson as interrompeu antes de virar uma briga de verdade. - Tenho certeza que todas nós te ajudaríamos independente do que fosse acontecer depois. 

─ A Clara precisava acreditar que tinha ganhado da gente, ela tinha que ver que aquele estrago era verdadeiro. - Lauren se virou para Allyson, e sorriu amigavelmente. - A minha partida resultou em uma cláusula que deixa os Jauregui e seus advogados longe dos Cabello.

─ E o que você assinou? - A voz de Dinah quase nem saiu. - Tenho certeza que a demônia também te fez assinar alguma coisa. 

─ Sim, é claro que ela me fez assinar papéis. - Camila sorriu balançando a cabeça negativamente com a resposta de Lauren, diferente das outras que quase nem piscavam. - Não me olhem assim, a Clara não assinaria nada se eu não fizesse o mesmo.

─ E quais são as coisas que você está proibida de fazer? A conheço tempo suficiente para saber que ela não te deixaria livre facilmente.

─ Só posso sair da casa dos Jauregui se for para morar fora de Miami, tenho que aparecer em público com eles, não posso postar foto ou ser vista com nenhuma mulher, e tenho que ficar longe dos Cabello.

─ Que emocionante, Lauren. - Normani ironizou. - Que porra você tinha na cabeça para assinar uma cláusula dessa? Ainda tem coragem de dizer que nada foi em vão? Você continua nas mãos da sua mãe e mais distante da gente, caralho.

─ Você não me deixou terminar.

─ Para que? - Dinah riu com desespero. - Já ouvimos que você veio só para falar que ainda continua nas mãos dos Jauregui, quer falar mais o que? Pelo que disse, você nem deveria estar aqui porque tem uma Cabello bem na sua frente.

─ Acho que você quebrou a cláusula quando entrou aqui, me viu e não foi embora, agora você deve voltar a ficar com a mamãe para o resto da vida.

─ Ou até a próxima vida. - Normani também debochou. - Que incrível.  

─ Ainda acho que é pouco. - Allyson não ficou de fora. - Ela pode ter sorte...

─ Calem a boca, todas vocês calem a porra da boca. - Lauren esbravejou chutando a cadeira que estava sentada segundos atrás, deixando só o barulho da chuva auditivo. - Acabou a gracinha de vocês quatro, eu já entendi que sou a vilã na visão de vocês, mas eu não sou. E agindo desse jeito ninguém me ajuda em porra nenhuma. 

─ Calma, Laur...

─ Calma o cacete, Allyson. Cansei, tá legal? Não quero ouvir como me acham frouxa, não quero que coloquem palavras na minha boca dizendo que chamei todas de crianças, não quero ficar mais taxada de idiota do que já me taxaram, e muito menos quero ouvir vocês zombando de mim. - Lauren esperou uma delas falar qualquer coisa, mas o chute na cadeira ainda estava surgindo efeito sobre elas. - Quando eu digo que o melhor foi ter ido com a Clara, não estou mentindo. Acreditem em mim se quiser, o problema é de vocês. Sou chamada de frouxa todo santo dia, não importa o que eu faça, ainda sim sou chamada de frouxa por todo mundo. Sou frouxa por escolher não entrar numa briga onde os funcionários sairiam perdendo? Sim, eu sou com muito orgulho. Sou frouxa por querer proteger vocês de uma guerra sem fim? Sim, eu sou muito frouxa . Sou frouxa por defender a pessoa que mais apostou em mim em toda a minha vida? Caralho, como eu sou frouxa de querer o melhor para Sinu. Podem continuar me chamando assim, eu sei que fui muito mais que isso quando entrei no jogo deles e usei meu lado Jauregui para ganhar essa merda de jogo sujo que eles sempre fazem comigo. 

─ Tudo bem, ninguém aqui te chamará de frouxa novamente. - Normani disse olhando diretamente para Camila, que a ignorou. - Como você ganhou ou ainda vai ganhar qualquer coisa depois do que assinou?

─ Vou precisar de um advogado que não tenha medo de enfrentar os Jauregui.

─ Pode ser mais específica? - Allyson pediu um pouco acanhada. - Não estou entendendo muito bem.

─ Como eu disse, eu só posso sair da casa deles se for morar longe de Miami. Já aluguei um apartamento longe daqui, quando eu voltar para Miami, será para esse apartamento. - Normani e Allyson ainda pareciam perdidas, do mesmo jeito que Dinah e Camila que fingiam não ligar. - Na cláusula está escrito que eu tenho que morar longe daqui, mas não tem nada escrito que não posso voltar. O aluguel do outro apartamento está no meu nome, tecnicamente, eu estou morando fora de Miami. Isso quer dizer que...

─ Essa parte da cláusula não vale de mais nada. - Normani completou. - Você quer burlar as regras que você mesmo assinou?

─ Não só quero, como já comecei.

─ Agora eu comecei entender, mas e o resto?

─ Já fiz várias aparições com os Jauregui, essa merda está espalhada por todos os lugares, essa parte foi fácil.

─ Depois vem os dois piores. - Allyson a lembrou. - Como vai fazer?

─ Não posso aparecer em público com uma mulher, e nem quero, mas a foto pode acontecer se outra pessoa postar. Pode ser essa pessoa, Camila? Pode postar uma foto nossa?

─ Não, eu não posso ser essa pessoa. Se quer uma foto nossa rodando o mundo, faça isso você mesma.

─ Tudo bem, não vou insistir. Dinah?

─ Esse é o meu nome. - Sorriu. - O que quer, prisioneira?

─ Pode postar a foto? Vou ligar para a Liza ou para Olivia, acho que elas podem tirar algumas fotos comigo. - Camila fechou os punhos involuntariamente, sem perceber que Dinah a olhava e ria discretamente. - Eu troquei meu nome no instagram, pode me marcar.

─ Está mesmo me perguntando se posso afrontar o demônio em forma de mulher? - Lauren assentiu para uma Dinah sorridente. - É obvio que posso, quero e vou. Me manda as fotos depois.

─ Vou ir atrás da Liza ou da Olivia assim que sair daqui, quem me responder primeiro.

─ Agora vem a parte dos Cabello. - Allyson murchou só de pensar que elas nunca mais ficariam todas juntas novamente. - Essa parte do contrato você já quebrou.

─ Não exatamente. Eu só poderia chegar perto dos Cabello ou ser liberada da cláusula quando for mãe. 

─ E vai roubar uma criança e falar que é sua? - Normani acabou rindo da própria pergunta, aquilo era loucura. - Não tem como te ajudar nessa parte, Lauren. 

─ Essa parte não preciso de ajuda, eu vou ser mãe. 

─ Como vai ser mãe? - Dinah se levantou impaciente, voltando a andar de um lado para o outro. - Vai esperar nove meses para falar com os Cabello?

─ Não, eu vou esperar só três meses e pronto, serei a nova mamãe do pedaço.

─ Sabe que a adoção demora, não sabe? - Ally questionou bastante incrédula. - Você não é casada, não trabalha... Eu acho que não, e mora com seus pais. Suas chances são quase zero, Lauren.

─ Sem essa de chances, Ally. O meu bebê só precisa nascer.

─ Vamos com calma, alguma coisa não se encaixa nessa sua história, Lauren. Bebês recém-nascidos são a escolha de no mínimo noventa por cento das famílias que pretendem adotar crianças, a fila é gigantesca.

─ Não existe fila, Ally. A Taylor está grávida e eu vou ficar com o bebê dela.

─ Você vai usar um bebê? - Dinah se aproximou de Lauren só para medir sua temperatura, talvez ela estivesse delirando. - Você não está com febre, e não pode usar um bebê para se livrar da sua família perturbada.

─ Não estou usando um bebê para me livrar de nada, Dinah. A Taylor engravidou porque é uma irresponsável, do mesmo jeito que o cara que transou com ela e fugiu. Eu mandei alguém ir atrás dele. - Lauren suspirou contente, Nathaniel Marvin Wolff, ou só Nat Wolff, não voltaria para casa antes de levar uma bela surra. - Eu disse que ficaria com o bebê antes da Clara aparecer, a Taylor estava surtando porque queria abortar, depois quis dar para adoção. O bebê vai salvar a minha pele sim porque na cláusula diz que tem que ter o meu sangue, e ele tem.

─ Bebês não são brincadeira, Lauren. - Allyson disse o óbvio. - Criar uma criança da gasto, precisa de tempo, carinho e amor.

─ Eu vou amar esse bebê como se ele tivesse saído de mim, Ally. Dinheiro não é problema, tempo muito menos. Carinho e amor ele terá até os últimos dias da minha vida.

─ Isso tudo é só para ficar do...

─ Do seu lado? - Lauren completou e Camila assentiu. - Não mais, você já deixou claro que não quer ficar do meu lado. Isso tudo é para ter a minha vida de volta, e sendo mãe.

─ O máximo que cuidamos de uma criança, foi do tamanho da Sofia, Lauren. A gente manda ela ir tomar banho, manda comer e depois deitamos as três para assistir um filme. Você, eu, Normani, Ally e Camila nunca cuidamos de um bebê, como essa criança vai viver com esse bando de loucas?

─ Relaxa, Dinah. Eu vou pedir ajuda da Sinu, não tem mãe melhor para me ajudar a cuidar de um bebê.

─ Nossa, tenho certeza que a Andrea junto com a Milika e a minha mãe ficariam felizes de ouvir isso de você, Lauren.

─ Não foi isso que eu quis dizer, Ally. A mãe da Dinah já tem os filhos dela para cuidar, não são poucos. A mãe da Mani viaja o mundo inteiro e a sua mãe não é diferente da dela. Eu sei que a Sinu vai ter tempo de me ensinar tudo o que preciso aprender.

─ Minha mãe não tem obrigação de te ajudar em nada, Lauren.

─ Sua mãe pretende se aposentar, Camila. Eu vou pedir a ajuda dela sim, você querendo ou não, sei que ela não vai me negar ajuda como você está fazendo nesse momento.

─ Então... - Dinah sorriu. - Então é oficial a sua volta para casa?

─ Vai ser a minha advogada?

─ Eu não perderia a oportunidade de acabar com a Clara.

─ É assim que se fala, agora eu posso ganhar um abraço? - Lauren não precisou perguntar duas vezes e Dinah, Normani e Allyson correram para seus braços, mas ainda não estava completo. - O seu lugar está bem aqui, Camz. Vem?

─ Não, esse não é mais o meu lugar. Feliz aniversário de novo, Dinah, já estou indo para casa. - Camila queria correr e pular nos braços de Lauren como as outras fizeram, mas se tinha uma coisa que os Cabello tinham, era orgulho. - Bom final de festa para vocês.

─ Camz...

─ Não se preocupa, Lauren, ninguém vai me ver saindo daqui. E eu não vou contar tudo o que foi dito dentro desse apartamento, muito menos da sua irmã.

─ Eu preciso de você também, Camila.

─ Você precisa de advogados, e tem três te abraçando. Acho que esqueceu, eu não sou advogada como vocês.

─ Eu queria que você fosse para o outro apartamento comigo até o bebê nascer.

─ Não, Lauren, não vou com você. - Camila procurou por seu gorro e seu sobretudo, os achando perto da porta. Seu coração batia forte a cada passo, errava as batidas com a proximidade da saída. - Eu não acreditei quando disse que seu sobrenome causava nas pessoas, mas agora que sei, fica longe da minha família. Se você considera a minha mãe pelo menos um pouquinho, não estraga as nossas vidas como a sua mãe faz por onde passa.

─ Eu não deixaria... - Lauren não teve tempo de terminar, Camila já tinha fechado a porta por onde passou com seu coração em pedaços. - Eu perdi ela.

─ Deixa a Mila ir, Laur. Ally e eu vimos como ela e a Dinah ficaram sem você. Ela só precisa de um tempo para assimilar tudo, até mesmo a sua volta definitiva para cá.

─ A Mani está certa, a Dinah é mais maleável que a Camila. Um pouquinho de tempo vai ajudar vocês duas.

─ De qualquer jeito, eu não posso obrigar ela a ficar no meio dessa briga que comecei.

─ Gente? - Dinah as chamou sem tirar seus olhos da tela do celular. - Com a Camila eu me resolvo depois. Agora, caso eu estivesse juntando algumas coisas para a tal guerra, quando ela começaria de verdade? E Além dessa pequena dúvida, tenho mais duas.

─ E quais seriam, amor?

─ Cadê a sem vergonha da Taylor?

─ No nosso apartamento temporário em Savannah, ela achou que Naples era muito perto e poderiam me seguir. Qual é a outra dúvida?

─ Cadê os papéis da adoção que você mencionou?

─ Em Savannah com a Taylor. Ela disse que cuidaria dessa parte, eu deixei porque no fundo ainda tenho esperança dela querer o bebê.

─ Desiste, sua irmã gosta de vida boa, badala e levada na base do álcool misturado com escândalo. Ela não vai querer trocar essa vida para ouvir choro de bebê durante a madrugada. Agora vamos comer, a minha fome voltou e o meu aniversário não acabou. - Dinah desbloqueou o celular com pressa quando Allyson saiu arrastando Lauren e Normani com ela, procurando uma coisa totalmente específica. - Achei, que mané Olivia e Liza, aqui é Camren shipper.

Bastou alguns segundos para o celular de Lauren apitar a nova notificação: dinahjane97 marcou você em uma nova publicação. Os olhos de Lauren se arregalaram quando ela percebeu o que Dinah tinha feito mesmo depois da saída dramática de Camila. Aquela foto poderia dar muita merda, ou poderia dar muito certo no quesito provocação. 

"Saudades de quando eu atrapalhava a foda desse casal... Voltem para mim."