História Por Elas 1ª Temporada - 12 - Dylan

Narrador.

— Abre a porra dessa porta, Normani. Eu quero sair e quero sair agora mesmo.

— E eu quero conversar. - Normani guardou as chaves no meio de seus seios, deixando Dinah ainda mais irritada. - Depois que tivermos uma conversa como duas adultas que somos, eu te deixo ir.

— Você sabe que eu pego essa chave daí, não sabe?!

— Se você quer tanto sair, vem pegar. - Dinah deu alguns passos para frente, mas acabou parando só de pensar em tocar Normani. - Vem pegar ou vamos ter a nossa conversa.

— Que conversa, porra? Não tenho nada para falar com você e sabe disso porque cansei de deixar claro que até a sua voz me deixa enjoada.

— Para de infantilidade porque eu tenho muito para falar, então senta.

— Não vamos conversar, não vou sentar em merda nenhuma.

— SENTA. - Dinah não saiu do lugar mesmo com o susto que levou, nem Normani estava esperando um grito daqueles. - Por favor, Dinah...

— Grita comigo mais uma vez e eu derrubo a porta na sua cabeça. Eu não quero sentar nem aqui e nem em caralho nenhum. Fala logo o que quer porque quero a chave para sair daqui.

— Você não vai embora até a nossa conversa acabar.

— E se eu chutar a porta até alguém aparecer?

— Quer chamar atenção antes mesmo de começar no trabalho novo? - Dinah não respondeu, ela estava ocupada pensando na morte que Normani teria por tamanho deboche. - O que vão pensar de uma advogada chutando a porta feito louca? Que feio, Dinah.

— Vai se foder.

— Vou entender isso como um não. - Riu. - Vamos começar falando que estou cansada de ir nas festas da Ally ou de qualquer outra pessoa que conhecemos e simplesmente uma das duas vai embora porque você não suporta ficar no mesmo lugar que eu.

— Essa palhaçada toda é por causa de festas?

— Sabe que não, mas estou falando que cansei de me esconder para você não sair correndo igual uma criança. Tudo isso já tem anos, passou da hora de você crescer, agir como mulher e não como essas adolescentes que...

— Você está me zoando? - Dinah riu, mas era de nervoso. - Acho que não estou ouvindo direito.

— Você ouviu muito bem, está na hora de crescer...

— Primeiro que as festas são do Teddy, Ally só deixa rolar na casa dela porque é mais perto para todos. Segundo, eu nunca fui obrigada a ficar em lugares que não quero, com pessoas que não gosto perto de mim. Terceiro, sou muito mulher de bater no peito para assumir meus erros e aceitar as consequências dos meus atos, já você... - Normani ia responder, mas Dinah não deixou. - Se alguém esqueceu de virar mulher nessa sala, não sou eu. E por último, se o problema é ir nas mesmas festas que eu, pode ficar feliz porque eu não pretendo ir em mais nenhuma. Seja de quem for.

— Vai deixar de curtir com seus amigos por minha causa? Vai fugir igual uma medrosa até quando, Dinah?

— Se eu estivesse fugindo, eu diria até quando eu quiser. Como não estou, quero saber até onde seu ego vai chegar pensando que tudo o que faço é pensando em você. Se toca, Normani.

— Não adianta negar, Dinah.

— Eu não vou embora das festas porque você está nelas. Vou embora porque surge uma raiva que não cabe em mim, uma raiva que me levaria presa por fazer o que minha cabeça manda.

— Estou bem aqui na sua frente. Te tranquei aqui comigo e só vou te deixar sair quando eu quiser. Então vamos lá, faça o que sua cabeça manda você fazer comigo.

— Não me provoca, Normani. Não faça isso se você não tem um lugar para correr depois.

— Eu só queria...

— Você só queria ver a mesma Dinah de antes, aquela idiota que viu você sendo a maior das traidoras.

— Quantas vezes vou ter que dizer que eu estava bêbada?

— Quantas vezes você quiser, eu vou continuar não acreditando nas suas palavras.

— Acha mesmo que eu faria aquilo com você? Eu tinha bebido todas, mas...

— Não foi o que você fez? - Dinah tinha raiva no olhar, Normani só tinha visto daquele olhar escuro depois de tudo o que aconteceu entre elas. - Para de colocar a culpa na bebida, ela só mostra o que as pessoas realmente querem ser.

— Eu nunca fiz nada do que me acusou, Dinah.

— Certeza, Normani? Se ainda me lembro, eu sai como a grande idiota diante da faculdade inteira porque você deixou todos pensarem que vocês dois estavam juntos. - Dinah queria encarar Normani com mais intensidade, mas estava quase chorando. - Poderia falar a verdade uma vez? Uma única vez na sua vida?

— Por favor, eu também quero saber. - Camila chamou atenção delas, e ela não estava sozinha. - Quero saber o que rola entre vocês duas porque não entendo esse guerra toda.

— Também quero saber. - Lauren parou ao lado de Camila, cruzando os braços. - Estamos esperando.

— Como entraram aqui? Eu tranquei...

— Quem se importa com porta? Conta para elas o que você fez, Normani.

— Eu... Eu...

— Se não querem falar, vou fazer perguntas. - Camila sentou na mesa que seria de Normani, esperando que Lauren não fizesse o mesmo, ainda mais ao seu lado. - Como vocês se conheceram?

— Na faculdade. - Normani respondeu seca.

— E como eu nunca vi vocês juntas? Você sempre estava comigo, Mani.

— Você entrou no último ano, tudo já tinha acontecido.

— Nos dois anos que passei fora? - Lauren perguntou olhando para Dinah. - Foi nesse tempo?

— Foi sim. - Dinah afirmou.

— Estou com fome, vocês duas podem parar com esse suspense todo? - Camila disse sem paciência. - Conta de uma vez, eu heim.

— No dia que a Dinah e eu nos conhecemos, eu não estava me sentindo muito bem... Deixei meus livros caírem e a única pessoa que se prontificou em me ajudar foi ela, nos conhecemos melhor e viramos amigas.

— Isso a gente já sabe, a princesinha da Disney e eu queremos saber o que vem depois disso. - Camila revirou os olhos para Lauren, que nem viu. - Dinah?

— Vou deixar ela contar. Vai que a história é sua, Normani.

— Não tem história. Na época fiquei sabendo que a melhor amiga dela tinha ido se formar em outra cidade e que ela só tinha a Ally...

— Como você enrola, fala logo que não ficou só na amizade.

— Apesar de virarmos amigas, eu tinha que saber se ela gostava de meninas porque eu estava me apaixonando por ela, mas precisava saber por outra pessoa...

— Como nem tudo são flores, Dylan apareceu para foder com tudo. Normani fez aquele imbecil andar com a gente, ele era pior que pulga. Nunca dava um ar ou algum momento só para nós duas.

— O final de semana estava chegando e a Ally deu uma festa...

— Festa do Teddy. - As três disseram juntas.

— Tanto faz. - Normani caminhou até a mesa que Camila estava sentada, ficando de pé ao seu lado. - A festa estava ótima até eu começar a beber feito uma louca. Eu só queria relaxar depois de várias provas e a Dinah pedia para maneirar nos copos, acabei ficando estressada e gritei com ela. Todos ficaram me olhando, perdi a paciência e fui atrás do Dylan, onde fiquei por bastante tempo...

— Como a Normani tinha vergonha de alguém descobrir que ela ficava com mulheres, ela simplesmente passou a festa abraçada com o Dylan.

— Eu não tinha vergonha de falar que ficava com mulheres. Eu só tinha... Medo.

— Para mim é a mesma coisa, a opinião alheia sempre te importou. - Camila arqueou as sobrancelhas, daquilo ela não sabia. - Quando fui atrás dela, os dois não estavam mais no sofá.

— Espera um pouco, acho que me perdi em algumas cenas atrás. - Camila tinha o rosto confuso e fazia algum tipo de conta nos dedos, deixando Lauren impaciente. - Vocês estão dizendo que não era só um fogo no rabo das duas? Que era mesmo um tipo de namoro?

— Você não ouviu a parte que elas se apaixonaram, princesinha da Disney?

— Não estou falando com você, Lauren. Fica na sua.

— Normani acabou com tudo antes de virar um namoro, então nunca existiu um.

— Eu não me sentia bem por causa do tanto que acabei bebendo, então falei para o Dylan me levar para um lugar calmo.

— O quarto da Ally era o lugar calmo deles. - Dinah ironizou. - Super calmo.

— Nós não fizemos nada, eu simplesmente me deitei e acabei dormindo.

— A idiota aqui rodou a festa inteira atrás deles, cheguei a pensar que eles tinham ido embora, mas me falaram que os dois estavam lá nos quartos. Era os únicos lugares que eu não tinha olhado porque não imaginei que a Normani fosse para um quarto com outra pessoa. Até hoje não sei se fui esperta ou burra demais para abrir a porta e ver o que vi. Deixei eles lá e fui atrás do único colo que eu tinha.

— Não me olhem assim, não aconteceu nada. No outro dia eu cheguei cedo na faculdade para conversar com a Dinah sobre tudo o que tinha rolado na festa, mas ela estava diferente, não me queria por perto e eu nem sabia o motivo. - Dinah riu ao se virar, passando as mãos no cabelo. - Fui atrás do Dylan e ele me contou o que havia acontecido depois que apaguei. Tentamos falar com ela separadamente, mas a Dinah não queria ouvir nada que saía da minha boca ou da dele.

— O Dylan nunca tentou falar comigo, Normani. Você quis conversar trezentas milhões de vezes, mas ele nunca chegou em mim para tentar explicar um A sequer.

— Ele tanto tentou, que conseguiu te explicar tudo o que rolou na festa mesmo você não querendo ouvir.

— E você acreditou nele? - Lauren e Camila não acreditavam que Normani tinha caído no papinho de contei tudo, mas ela não vai mudar de opnião. - Seu namoradinho mentiroso nunca veio falar comigo, ele não era homem para isso.

— Ele não é mentiroso, Dinah. Você sempre foi cabeça dura, sempre dificultou tudo...

— EU? - Dinah foi para cima de Normani como um foguete, a empurrando contra a parede enquanto as outras duas ficavam atentas para separar qualquer tipo de briga. - O DYLAN NUNCA FOI HOMEM SUFICIENTE PARA FICAR CARA A CARA COMIGO. ELE ERA HOMEM DE FALAR PARA A FACULDADE INTEIRA QUE VOCÊS ESTAVAM JUNTOS DEPOIS DE UMA NOITE INCRÍVEL NO QUARTO DA ALLYSON.

— Solta ela, Dinah. - Lauren pediu.

— Se isso não é mentir, eu não sei o que é mentira. - A loira mordeu o lábio inferior, reprimindo um riso sofrido. - Na verdade eu sei sim, foi o que você fez comigo.

— Dinah... - Normani tentou começar de novo, mas a loira já estava na porta. - Por favor, não sai assim.

— Você também nunca negou, pelo contrário, andou até de mãos dadas com ele. - O rosto de Dinah se transformou em uma mistura de tristeza, dor e decepção, novamente. Normani queria tirar todas as dores que Dinah carregava em seu peito, só não sabia como poderia fazer tal coisa. - Você me destruiu por dentro, Normani. Me destruiu da maneira mais cruel que alguém pode destruir outro.

— E isso já faz uns... - Camila começou a fazer mais contas, comprovando que ela era a amiga lerda do grupo. - Uns...

— Já faz quatro anos, garota. - Lauren a interrompeu. - Como você é lerda.

— Você é sempre assim, Lauren?

— Rápida? Esperta? Boa nas contas? - Questionou sorrindo.

— Cheia de si, chata e insuportável. Credo...

— Estou indo embora, você vem, Lauren? - Normani correu para segurar o braço de Dinah, que se afastou apressada. - Não me toque. O que mais você quer depois de quatro anos? Não basta ter acabado comigo? Quer mais o que de mim?

— Quero que você acredite em mim, eu não fiz nada...

— Por favor, não faça isso de novo. - Dinah se praguejou quando deixou escapar algumas lágrimas, quais ela secou rapidamente. - Você vai comigo, Lauren?

—  Claro. Vamos embora, DJ.

— Dinah... - Normani sentiu Camila puxar sua roupa, a impedindo de ir atrás de Dinah e Lauren. - Deixa ela ir.

— Ela estava chorando.

— Mani...

— Não aconteceu nada com o Dylan, Camila.

— Que isso, mulher? Eu nem ia perguntar isso.

— Não?!

— Mentira, eu ia sim. - Camila começou a rir e Normani a acompanhou apesar de tudo, uma ria da desgraça da outra. - Que mulher brava que você gostava, Mani.

— Ainda gosto, Mila. Eu ainda gosto.

— Como gosta dela se ela da medo? Viu o jeito que ela te jogou na parede? Em outro momento você ficaria excitada.

— Deixa de ser ridícula, aquilo é raiva acumulada. Dinah é um amor de pessoa.

— Pessoas apaixonadas são muito otárias, mas as que estão amando? Puta merda, vocês são cegos.

— Quem falou de amor, sua louca?

— Está desenhado em itálico na sua testa, boba apaixonada. Que tal irmos embora e começar uma nova maratona para te animar?

— Pensei que ia ficar no apartamento dos seus pais.

— Não. Não quero ter que levar todas as minhas coisas para lá. É mais fácil pegar a Sofia e as tralhas dela.

— Já contou pra ela?

— Ainda não. E falando nela, vou ver se a pestinha não quebrou a sala junto com a Ally dentro.

— Foi ela, não foi?

— Que abriu a porta? - Normani assentiu. - Foi ela sim, mas o pedido saiu da minha pessoa depois que ouvimos um grito seu. Pensei que a Dinah estava te massacrando.

— Claro que não, ela não faria isso.

— Só um tapa dela e nos já estamos beijando o chão.

Rindo só de imaginar o tapa de Dinah, Normani e Camila foram até a sala de Sinuhe, encontrando Allyson e Sofia fazendo um show, literalmente. As duas se assustaram quando perceberam que não estavam mais sozinhas, mas acabaram rindo todas juntas.

Quando Allyson disse que ainda não iria embora, porque tinha que esperar os exames ficarem prontos, Camila e Normani se despediram dela mesmo com Sofia não querendo ir embora. Quando a menina soube que elas não ficariam no apartamento, o voto de silêncio foi declarado dentro do carro.

Camila não se importou com Sofia a ignorando durante todo o caminho até o apartamento de seus pais, também não quis ajudar a menina quando ela pediu ajuda com as roupas que levaria. O resultado da birra entre elas foi o carro cheio de coisas, até parecia que Sofia ia morar com Camila e Normani por anos. 

[...]

— Você não vai parar ela, Normani?

— Por que eu? Você que é a irmã dela, abre a boca e mandar ela devolver esses doces que ela está pegando. Tem que ser agora ou ela vai fazer você levar tudo quando chegar no caixa.

— Não vou levar nada. Sofia? - A menina continuou pegando o que queria, sem olhar para elas. A birra dela ainda não tinha passado. - Estou falando com você...

— Não ligo. - Sofia se virou para pegar mais alguns doces, deixando um sorriso nascer em seu rosto quando viu a última pessoa que Camila queria ver. - Lolo?

— Você não vai... - Camila tentou segurar sua irmã, mas ela já tinha corrido em direção a Lauren. - SOFIA?

— Ela conhece a Lauren?

— Conhece. - Revirou os olhos. - Lauren é a super heroína que levou a Sofia para casa enquanto eu rodava Miami. Up. Não bastava ser a fodona para a minha mãe, agora vou ter que dividir uma sala com ela.

— E como você tem muita sorte nessa sua vida, a Sofia está arrastando ela até aqui para te deixar feliz. - Normani riu da expressão enciumada de Camila, quando se tratava de sua irmã ela não sabia disfarçar. - Sorria que ela está vindo.

— Não vou sorrir coisa nenhuma. Já não sei mais o que é ter sorte desde sexta-feira, foi a primeira vez que vi essa gótica na minha frente.

— Então só disfarçar, querida.

— A Lolo vai almoçar com a gente.

— Vai? - Normani e Camila ficaram surpresas.

— Foi o que eu disse. Ela vai almoçar com a gente.

— Vou? - Lauren não estava diferente das outras duas.

— Vai sim. - Sofia afirmou animada. - Eu ainda não tinha chamado, mas ela vai. Você vai, Lolo.

— Sua pestinha. - Camila puxou Sofia do mesmo jeito que tinha feito mais cedo, ignorando os protestos da menina. - Você não pode falar que alguém vai fazer uma coisa se nem ela mesmo sabe disso. Entendeu?

— Perfeitamente, Karla. - Sofia se virou para Lauren com seu sorriso e olhos pidão, deixando Camila de boca aberta. - Você quer almoçar com a gente, Lolo? Sim ou sim?

— Vai ser em um restaurante?

— Eu queria que fosse lá no apartamento, mas vai ser na casa da Kaki. E não fique preocupada, eu fico do seu lado o tempo todo para cuidar de você.