Camila.
— Que caminho é esse, Mani? Você deveria ter virado duas ruas atrás para fazer o retorno.
— Claro que não, Mila. Você precisa relaxar um pouco, eu falei duas vezes que estamos indo em outra boate.
— Não sou fã de boates novas. Você poderia voltar e ir na de sempre, que tal?
— Nada disso, já combinei com os meninos e eles já estão lá esperando nós duas. - Paramos em um sinal vermelho e Normani pegou seu celular antes mesmo dele tocar. Ela estava aprontando alguma coisa. - Isso...
— Isso o que? - Normani estava rindo para a tela do celular? Agora sim eu tinha certeza que estava vindo alguma coisa. - Mani?
— Que?
— Sai dessa celular, o sinal já abriu e não saímos do lugar.
— Se acalma, não tem ninguém atrás da gente. - Realmente não tinha, mas não significava que era bom ficarmos paradas. - O que estávamos falando?
— Para você acelerar o carro.
— Já estamos em movimento, Karla. Quero saber o que estávamos falando antes.
— Que eu não gosto de ir em boates novas. Não custa nada irmos na de sempre, eu pago a entrada de todos.
— A mensagem que chegou foi do Louis falando que ainda não está cheio, você vai gostar, Mila.
— Já sei que não vai dar meia volta. - Era o resto da minha noite, qual era o problema de fazer do meu jeito? - Quem está com ele?
— Liam, Shay... - Meu celular começou a tocar e o nome que apareceu na tela me irritou bastante, ela tinha que estragar ainda mais as coisas. - Quem é?
— Lauren.
— Atende.
— Claro que não, essa vampira falsificada me ignorou o dia inteiro. Ela falou com a minha mãe, mas não me respondeu. Além de roubar a Sofia o final de semana inteiro.
— Talvez ela estivesse longe do celular, atende logo.
— O que foi, Lauren? - Meu sangue ferveu quando a gótica trevosa não respondeu nada, nem parecia que tinha alguém na linha. - Vai ficar calada? Não cansou de ignorar as minhas mensagens e agora liga para não falar nada?
— Sou eu, Kaki.
— Que voz é essa, Sofia? Você está chorando? - Meu coração gelou.
— Você pode me buscar?
— O que aconteceu? Por que está chorando, Sofia?
— Pode ou não?
— Claro que posso, eu deveria ter feito isso ontem. Vai para o apartamento da Lauren, Normani. - Não sei o que estava sentindo, mas era pior que raiva. - Sofi?
— Estou aqui, Kaki. Vai demorar?
— A Mani está dirigindo rapidinho, daqui a pouco estou aí.
— É para você vim me buscar e não bater o carro... É... Eu quis dizer para dirigir com cuidado.
— Não se preocupa com isso, eu quero saber porque está chorando.
— A Lauren recebeu uma ligação e saiu correndo falando que não ia demorar, mas já tem bastante tempo que estou sozinha.
— Cadê a Dinah? Se ela estiver dormindo, acorda ela agora mesmo.
— Se a Dinah tá dormindo, eu não sei. Não vejo ela desde ontem quando ela foi em uma festa e não voltou.
— Eu juro que vou matar aquela gótica trevosa e a loira de farmácia. - Normani me olhou com as sobrancelhas arqueadas, voltando sua atenção para as ruas. - Daqui a pouco eu estou aí, Sofia. Não abre a porta para ninguém até eu chegar, entendeu?
— Eu entendi, Kaki. Não vou abrir a porta para ninguém.
— Isso mesmo. Arruma suas coisas e deixa perto da porta, vamos correr depois que eu matar a Lauren e a Dinah.
— Tá bom, Kaki. Fala pra Mani tomar cuidado na rua, tchau.
— É hoje que eu mato a Lauren. - Sofia finalizou a ligação e meu corpo esquentou mais ainda, ela não tinha o direito de deixar a Sofia sozinha se prometeu cuidar dela depois de dizer que era responsável. - De hoje ela não passa.
— O que vamos fazer no apartamento da Lauren?
— Vamos ir buscar a Sofia. Não acredito que a Lauren saiu e deixou minha irmã sozinha. - Automaticamente me lembrei da reunião de sexta-feira e o que rolou depois dela, com certeza eu a mataria. - Se aquela gótica sem noção saiu com a Liza ou com a...
— Lauren e Liza? Desde quando?
— Não sei e não quero saber. Vou arrancar o cabelo das duas com os dentes.
— Que nojo, Camila. Deve ter acontecido alguma coisa grave para ela ter saído correndo. Fica calma que tudo vai se resolver.
— Não existe calma quando se trata da Sofia, Normani. Ainda mais sozinha naquele apartamento que ela conhece só há dois dias.
— Okay, não precisa ficar calma. Só tenta ficar quieta, você está quase tirando o banco do lugar.
— Eu avisei que não estava brincando e a Lauren não acreditou, agora terá consequências.
— Respira, Camila. Daqui a pouco vamos parar em um hospital porque você teve um treco.
Infartando ou não, eu ia matar a Lauren de várias maneiras diferentes. O ódio que senti durante todo o dia tinha se multiplicado em mil, ainda mais porque Sofia tinha esquecido do meu aniversário, como várias outras pessoas. Era uma mistura de raiva, ódio e decepção.
Eu batia meus dedos contra a tela do celular impacientemente a cada rua que Normani virava, planejando quebrar o apartamento na cabeça da Lauren e da Dinah. Meu corpo começou a tremer quando Normani parou de frente a um prédio enorme, com poucas luzes ligadas. Dava para contar nos dedos quantos apartamentos pareciam habitados, eu não gostaria de morar em um lugar desses nem por brincadeira.
— Esse prédio parece metade vivo e metade morto. - Como um estalo, eu me toquei do que tinha acabado de acontecer diante dos meus olhos. Como eu era lerda. - Normani, Normani.
— Que cara é essa, doida?
— Que feio, Mani. - Deixei Normani dentro do carro e sai em direção a portaria. Acabei rindo quando ouvi a porta bater e o salto dela chegando mais perto. - Que feio.
— O que está feio? Meu batom? Meu estilo? Meus sapatos? - Era bom deixar ela curiosa. - Sério que achou feio? Comprei tudo ontem para usar hoje.
— Quem está falando de batom? - Paramos poucos passos diante do portão, tudo porque Normani quis olhar a porcaria do batom. - Esquece sua boca, sua roupa ou os seus sapatos por alguns minutos. Estou falando de você querer me enganar, logo eu.
— Se esse papo estranho não é sobre esse batom incrível ou o meu estilo fantástico, eu não sei do que estamos falando.
— Claro que sabe, para de mentir para mim. Agora tudo faz mais sentido na minha cabeça.
— Como você já sabe, vai ter que dizer para Sofia...
— Merda, a Sofia. - Corri quando vi uma senhora saindo e Normani veio atrás com aquele salto quinze barulhento dela. Eu perderia toda a minha postura de mulher má se uma das duas caíssem bem agora. - Anda logo, Mani.
— Ei, ei, ei. - Um homem alto parou na nossa frente, fazendo Normani bater em mim e eu nele. Ai, porra. - Vocês duas não podem entrar assim.
— E você acha que estou ligando para como podemos ou não entrar? Eu quero saber qual é o apartamento da loira de farmácia e da vampira falsificada.
— Loira de farmácia e Vampira falsificada? - O homem cruzou os braços sério, talvez ele tivesse pensado que fosse uma brincadeira nossa. - Não sei quem são essas, nem sei se existem.
— A vampira falsificada é a Lauren e a Loira de farmácia é a Dinah, segundo a minha amiga aqui.
— Vocês sabiam que posso colocar as duas bonitinhas para fora daqui agora mesmo, não sabem? - Minha nossa senhora da cabeça quente, me ajuda aqui. - Isso é alguma brincadeira? Vocês são loucas? Essa aqui da frente parece uma louca...
— Para tudo nesse instante. Louca? - Me virei para Normani que segurava a vontade de rir, diferente de mim. Era mais um na minha lista dos mortos. - Ele acabou de me chamou de louca ou estou ouvindo demais?
— Não está ouvindo demais, ele te chamou de louca. Acho melhor correr, amigão. Não sabe como ela fica depois de ouvir alguém a chamando de louca.
— Calminha aí. - O encosto ruim deu alguns passos para trás e Normani riu na maior cara de pau. Eu queria fazer o mesmo, mas a raiva não deixava. - Eu não quis ofender ninguém, mas deveria ter visto o jeito que entrou aqui.
— Entrei correndo porque quero subir.
— Preciso dos nomes, ninguém sobe sem ser anunciado.
— Camila e Normani. - O que ele tinha de bonito, tinha de sem noção, ainda mais agora com a boca aberta nos olhando. - Vai me deixar subir ou vou ter que quebrar tudo por aqui?
— Não será necessário, podem subir.
— Fácil assim, cara ruim?
— Vamos subir logo, Camila.
— Não, espera aí.
— Por que? Ele já deixou a gente subir, não tem porque ficar aqui batendo boca.
— Todo mundo que chega aqui pode subir fácil desse jeito? Todos tem a entrada liberada?
— Claro que não, garota. Vocês podem subir porque são as namoradas da Dinah e da Lauren.
— Namoradas? - Normani e eu perguntamos juntas e totalmente em choque.
— Sim, eu não sei qual é de tal, mas vocês podem entrar mesmo que nenhuma das duas estejam lá no apartamento agora. - Me lembrei da Sofia mais uma vez e quase me estapiei, como era possível esquecer o que estávamos fazendo ali? - Vocês são as únicas que não preciso dizer que elas foram para o Brasil.
— Imagino que seja muitas, mas de onde tirou que Camila e eu somos namoradas daquelas duas?
— Sofia interfonou e avisou que as namoradas, vocês duas, iam chegar. Então podem subir sem problema.
— Okay, isso foi estranho. Estamos subindo. - Deixei Normani me puxar até o saguão onde ficava os elevadores enquanto tentava ligar um ponto no outro, era muita coisa para pensar em tão pouco tempo. - Nunca vou esquecer do jeito que o coitado te olhou, Mila.
— Sabe o que nunca vou esquecer? - Normani negou entrando no elevador, sem deixar de rir da minha cara. - Não vou esquecer que você está mentindo para mim, não pense que esqueci.
— Vai começar com isso de novo?
— Claro que vou, acha que não percebi? - Apontei para o painel de botões, qual Normani tinha apertado para ir até o último andar. - O ameba do porteiro não disse em qual andar deveríamos ir.
— Eu sabia porque a...
— Dinah te contou? Você andou falando com ela? A briga entre vocês já acabou?
— Caiu de cabeça, Camila? Dinah não. me olha direito, nem parece que dividimos uma sala. Sou completamente invisível para ela.
— Pensei que você estava falando com a Dinah.
— A Lauren já me contou que morava no último andar, por isso apertei o botão do último andar.
— Está mentindo para mim, Normani. Você dirigiu até aqui sem a Sofia ou outra pessoa falar o endereço. De duas a uma, de qualquer jeito vai ter uma mentira envolvida.
— Não tem nada disso.
— Você está falando com a Dinah desde o primeiro dia de trabalho ou você invadiu o sistema no computador da Ally. Dos dois jeitos você não me contou, então está mentindo para mim.
— Você está falando sério?
— Óbvio que estou. - Saímos assim que o elevador parou, encontrando somente uma porta e a companhia que Normani apertou. - Eu vou descobrir porque está mentindo para mim e vamos ter uma conversa séria sobre isso.
— Não viaja, Camila.
— Kaki. - Sofia surgiu grudando na minha cintura, sem sinal de choro. Pelo menos isso. - Vocês demoraram muito.
— Me desculpa, pestinha. A Mani e eu estávamos indo para outro lugar quando você me ligou, e o porteiro sem noção também não ajudou muito. A vampira... Digo, a Lauren e a Dinah já chegaram?
— Ainda não. Entra aqui, não estou achando o meu tênis. - Continuei parada do lado de fora quando Sofia correu para dentro, era hora de entrar no campo do inimigo. - Kaki?
— Por que não ligou a luz, Sofia? Cuidado para não cair e quebrar mais um pedaço do dente. - Entrei procurando o interruptor que deveria ficar perto da porta, mas o cheiro de tacos me tirou toda atenção. - Você estava mexendo com fogo outra...
— SURPRESA. - Pulei para trás quando a luz acendeu e vários confetes foram jogados na minha direção. - FELIZ ANIVERSÁRIO, MILA.
— PUTA QUE PARIU, VOCÊS QUEREM ME MATAR?
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