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História Por que você é assim? - Esse não é o mesmo Lance que eu conheci...


Escrita por: MasterMimi

Capítulo 3 - Esse não é o mesmo Lance que eu conheci...


De repente, eles começaram a ouvir a voz de Petrel, repetindo várias vezes a senha “Salve Giovanni”. Como isso era possível, se ele já deveria estar a quilômetros de distância? Foi quando Lyra olhou para cima e percebeu que, pousado no topo de uma estante, estava um Murkrow, observando os treinadores. Ao comando de Lyra, ele desceu e pousou no seu braço. Não se sabia por que ele estava lá, entretanto, talvez ele poderia servir de ajuda.

- Pokémon como o Murkrow conseguem imitar a fala humana; quem sabe ele possa nos ajudar a destravar a porta... E você, com toda a sua “inteligência”, querendo destruir a porta; viu como eu também sei usar a minha inteligência?

- Isso é ridículo! Como um Pokémon vai ser capaz de reproduzir a voz de um humano, exatamente igual à original? Se o Petrel disse que só a sua voz pode destravar, então só a voz dele vai destravar! – era impossível para ele admitir que estava errado.

- Você não sabe de nada mesmo... vamos, Murkrow, vamos deixar esse orgulhoso aí, tentando lutar contra o próprio orgulho. – disse Lyra, enquanto saía do recinto com o Murkrow voando logo atrás.

- Pode ir então, senhorita independente; eu vou ficar aqui, vendo se... talvez eu ache alguma pista de um... próximo plano da Equipe Rocket!

Ao terminar de falar isso, o Murkrow virou-se, voou em direção ao treinador e começou a desfechar pequenas bicadas nele. Eram bicadas leves, que não feriam, mas que incomodaram (e muito) o grande campeão. Em vão ele tentava apartar com os braços: isso só divertia ainda mais a ave. Lyra assistia tudo dando discretas risadas. Quando o corvo estava satisfeito da diversão, retornou ao seu caminho. Envergonhado, Lance nem sequer ousou olhar para trás e ver a reação de Lyra àquele “incidente”. Ao invés disso, começou a fingir olhar em alguns papéis em cima de uma mesa que havia na sala.

Chegando em frente à porta, Lyra pediu ao Murkrow que proferisse a senha, com a voz a mais parecida possível com a de Petrel. O corvo disse, em alto e bom som: “Salve Giovanni!”. A voz era idêntica ao do bandido, e a porta eletrônica se abriu. Lyra agradeceu ao Murkrow, e ele saiu voando em direção à saída do lugar. No exato momento em que a treinadora ia pôr os pés dentro do recinto, ela foi abordada por dois membros da Equipe Rocket, que apareceram atrás dela como que num passe de mágica. Era uma mulher e um homem; enquanto este era um componente comum da equipe, a mulher se apresentou como Ariana, uma das executivas da máfia Rocket. Covardemente, desafiaram Lyra para uma batalha, trazendo para fora cinco Pokémon: Muk, Vileplume, Honchkrow, Hypno e Arbok. Não havia dado tempo para a garota chamar mais de seus Pokémon, logo os adversários desfecharam golpes contra seu Typhlosion e o Pidgeot. Os dois Pokémon sofreram com os excessivos golpes, até que se ouviu uma voz:

- Dragonite, Hyper Beam! Charizard, Dragon Claw!

Rapidamente, um poderoso raio brilhante veio por detrás de Lyra e acertou fortemente os Pokémon dos Rocket. As afiadas garras do dragão de fogo também acertaram os adversários, causando muito dano. Ao olhar para trás, a menina deparou-se com o campeão, que corria em sua direção, até que parou bem ao seu lado.

- Não precisa mais implorar! Estou bem aqui, pronto para ajudar quem mais precisa. – a ironia nunca ia sair das suas palavras.

- Sem ofensas, querido, mas eu não preciso da sua ajuda! – estava óbvio que ela precisava, pois cinco contra dois era uma explícita desvantagem. Todavia, quem disse que ela iria admitir? Ele deu o seu recorrente sorriso cínico e virou-se para os bandidos.

- Eu não esperaria menos de vocês. Os Rockets são mestres quando o assunto é covardia.

- Cuidado com o que diz, senhor “mestre de dragões”; você não sabe com quem está mexendo! – disse Ariana.

- O quê? Parece que é você que não sabe com quem está mexendo! Observe os seus Pokémon, eles mal conseguem se erguer, graças aos poderosos ataques realizados pelos meus. – aquilo fez com que os dois Rockets ficassem em silêncio, procurando argumentos para usarem naquela “batalha verbal”. Como não acharam, Lyra tratou logo de dar continuidade à luta, agora que seus Pokémon não estavam mais em perigo.

Precisos ataques vindos do lado de Lyra e Lance acabaram com o embate. Os dois faziam uma dupla e tanto! Mas eles jamais reconheceriam isso. Como esperado, a dupla de bandidos chamou prontamente seus Pokémon desmaiados para as suas respectivas Pokébolas e fugiram correndo, clamando que os treinadores nunca conseguiriam desativar as ondas de rádio. Depois da fuga, Lance e Lyra adentraram a enorme sala recém-aberta.

- Será que eu fiquei surdo? Acho que eu ainda não ouvi um “muito obrigada”...

- Por que eu falaria isso? Eu disse que não precisava de ajuda, estava tudo sob controle. – não era da natureza de Lyra negar a necessidade de ajuda, mas em se tratando daquele rapaz de capa, tudo era possível.

- Vamos lá, Lyra, admita! Seus Pokémon ficaram extremamente tontos depois dos ataques, logo eles iriam desmaiar. Vai dizer que não fez diferença nenhuma os meus Pokémon terem causado mais da metade da vida daqueles cinco em dano?

- Okay, se for fazer você aquietar essa sua língua dentro da boca, “muito obrigada”!

- Viu só? Não foi tão difícil assim. Sabe o que realmente vai ser difícil? O dia em que você batalhar comigo, SE você conseguir chegar lá! – cada palavra proferida por ele fazia ela sentir cada vez mais ódio. Ela respirou fundo, encarou-o por alguns segundos e disse:

- Você é muito infantil. – ele não mudou seu semblante, permanecia frio como sempre, ao passo que a treinadora seguiu em frente adentrando a sala. Ele prosseguiu logo atrás dela.

Grande foi o espanto ao ver que, na sala de controle, haviam vários Electrodes, todos ligados na máquina de transmissão das ondas de rádio. Suas energias estavam sendo sugadas para alimentar a máquina, aquilo era inadmissível! O que fazer para tirá-los daquela situação? Um simples toque neles podia causar um choque tremendamente forte.

- Acho que vamos ter que desmaiá-los para que a energia pare de ser transmitida. – sugeriu Lance.

- Você não tem uma ideia menos... agressiva? – questionou Lyra.

- Não, não tenho. Por quê? Você tem uma ideia melhor? – rebateu o campeão rispidamente.

- Deixa de ser arrogante! Eu só queria fazer o máximo possível para não machucar os Pokémon. Mas se não tem outro jeito...

- Muito bem, vamos nos separar. Você lida com os Electrodes do lado esquerdo eu lido com os do lado direito. Quando eles desmaiarem, capture-os, nós os soltamos na natureza depois.

- Falou e disse, senhor autoridade. – disse Lyra com ironia, entregando-lhe algumas pokébolas. – Só toma cuidado, porque se eles se sentirem muito ameaçados, podem causar uma explosão.

- Não precisa pedir cuidado para mim, eu sou um treinador muito mais experiente do que você. Se alguém aqui precisa ter cuidado, esse alguém é você!

- Fale menos e faça mais, querido campeão. – disse a garota, dando pequenos tapinhas nas costas do treinador. Ele não disse nada, apenas ficou encarando-a à medida que ela andava em direção aos Electrodes.

Ambos ordenavam ataques aos seus Pokémon, e todos aguentavam muito bem os Discharges desferidos pelos mais de dez Electrodes, já que eles já estavam fracos. Cada um era capturado à medida que desmaiavam. Lyra foi a primeira a capturar todos os Electrodes. Impaciente, Lance decidiu atacar o último Electrode um pouco mais forte do que os outros. O resultado já era esperado: ele absorveu toda a energia que podia e liberou-a de uma vez só numa grande explosão. Os seus dois Pokémon desmaiaram, e com a força do ataque, Lance foi jogado para trás, caindo em cima de Lyra, que estava logo atrás dele observando a sua teimosia. Ela empurrou-o fortemente para o lado, dizendo:

- Quem é que precisava tomar cuidado mesmo?

- Antes que você pergunte, não, eu não me machuquei.

- Pois é, eu também não. Ah, e eu aceito o seu pedido de desculpas por ter caído em cima de mim e por quase ter me esmagado!

- Disponha! – aquele sorriso...

Ele chamou seus dragões de volta, dirigiu-se para o Electrode desmaiado e capturou-o. Todas as pokébolas foram guardadas na pequena bolsa de Lyra, por pouco não couberam. Ela ligou sua PokéGear para verificar se ainda havia interferência: os ruídos haviam desaparecido, eles conseguiram cessar a geração das ondas! Quando estavam para sair da sala, começou a vir por uma cavidade do teto um gás venenoso: eram Weezings dos Rockets, que estavam fazendo sua prometida vingança. Lyra chamou rapidamente seus Pokémon de volta, enquanto que Lance levou sua capa ao rosto, para tentar se proteger do veneno. Na pressa, Lyra acabou deixando cair todas as pokébolas dos Electrodes. Lance tentou ajudá-la a guardar todas elas de volta, ainda que fosse difícil de agir usando uma mão só; com o desespero, a garota acabou aspirando aquele veneno concentrado. Ela começou a sentir tonturas, que foram ficando mais fortes; por fim, ela desmaiou.

Imediatamente, o campeão segurou a respiração, soltou a capa, guardou rapidamente as pokébolas restantes e ergueu a menina em seus braços. Ele corria rapidamente pelos corredores, em uma procura frenética pela saída, enquanto o veneno se alastrava pela base. “Tenho que achar logo o caminho certo...” A única coisa que ele mantia em mente era a urgência em sair o mais rápido possível daquele lugar, não por ele, mas por Lyra. “Esse veneno é muito forte.” Quanto mais tempo ela ficasse naquele ambiente, pior seria. Pela primeira vez ele estava agindo sem ser impulsionado pelo seu egoísmo. “Malditos Rockets!” A menina chegou a despertar nesse ínterim; seus olhos estavam fracos, mas ela pôde perceber que não estava andando com as próprias pernas. Ela não tinha forças para falar. Ao dar uma olhadela para cima, sua visão embaçou por completo, não podendo identificar que era Lance quem estava carregando-a. Assim, ela desmaiou novamente. Lance estava tão focado em encontrar logo o fim daquele lugar, que nem percebeu a garota acordando e desmaiando de novo. Afinal, ele precisava se empenhar em segurar o máximo possível a sua respiração enquanto aspirava o mínimo possível do veneno. Ele sentiu grande alívio quando achou a escadaria por onde eles haviam entrado; rapidamente subiu os degraus e, ao chegar no interior da cabana, deu um chute na alavanca para fechar a passagem. Dentro da base, os Rockets lamentavam não ter conseguido punir aqueles dois treinadores que arruinaram seus planos de lucrar milhões com a venda de dezenas de Gyarados.  Os bandidos que estavam dentro da cabana, e até o que estava mantendo presos o líder de ginásio e seus treinadores, desapareceram sem deixar rastros.

Saindo da cabana, o campeão deitou Lyra em uma porção do chão coberta de grama baixa. Ela ainda não havia acordado, então, ele ajoelhou-se no chão e vasculhou sua bolsa em busca de antídotos. “Se funciona em Pokémon, por que não em humanos?” Havia apenas um antídoto guardado com a garota, e ele tratou logo de esborrifá-lo no seu rosto. Pouco a pouco, ela foi recobrando os sentidos. Lance suspirou de alívio. A garota puxava o ar com muita força, por conta da escassez de oxigênio nos seus pulmões. Ela se assustou ao ver o treinador.

- O que aconteceu? Por que eu estou no chão? – ela estava um tanto que desesperada.

- Calma, Lyra. Aconteceu que você desmaiou com o veneno inalado lá na base dos Rockets. Eu trouxe você para cá, usei um antídoto em você, e agora está tudo bem. Como você está se sentindo? – o que tinha acontecido? De repente a voz dele tinha ficado doce, o olhar frio e seco desapareceu, parecia outra pessoa! Lyra estava realmente confusa.

- Eu me sinto bem, agora; a falta de ar já está passando... mas, deixa eu ver se eu entendi. – ela ergueu o seu tronco do chão. – Por acaso, você está se importando e se preocupando comigo? – perguntou ela, com uma voz irônica. Nesse momento, Lance mudou completamente seu semblante, voltando para a frieza e indiferença de sempre. Ele se levantou e respondeu:

- Lógico que não! É que... bom, você estava com todos os Electrodes, então seria perda de tempo eu te deixar lá dentro sabendo que os Pokémon não iriam ter a sua liberdade, depois de terem... sofrido tanto. – Lyra também se levantou, com um olhar descrente com relação ao discurso nada convincente do campeão.

- Tudo bem, sendo por mim ou não, muito obrigada por ter me salvado, ainda que eu continue odiando você por todas as suas provocações desnecessárias! – ela aprendeu aquele sorrisinho com ele.

- Não precisa me agradecer: você fica me devendo essa! – disse Lance, usando-se novamente da sua piscadela. – Parece que nós conseguimos, não é? Desmantelamos o plano dos Rockets, as ondas de rádio não existem mais...

- “Conseguimos”? Ainda que eu tenha tomado a maior parte das atitudes lá embaixo, fico feliz em saber que você pelo menos conhece o plural.

- Sua memória é péssima mesmo; já se esqueceu o quão bem eu liderei aquelas batalhas? – pronto, as brigas começaram de novo. Os dois ficaram disputando para ver quem tinha feito mais naquela “missão”. Por mais estranho que parecesse, partiu de Lance a iniciativa de agradecer a Lyra pela ajuda.

- Okay, okay! Eu preciso ir embora, resolver alguns assuntos de campeão; não quero perder mais tempo nessa discussão, então... obrigado pela ajuda, Lyra... – aquele tímido olhar era coisa rara de se ver, ainda mais vindo de um treinador como Lance. A garota ficou surpresa. – Ah, outra coisa: lembre-se de levar mais antídotos com você, nunca se sabe quando os seus Pokémon podem precisar...

- Pode deixar; se o campeão pede, eu obedeço!

Finalmente, os dois se despediram, e um clamava não querer ver o outro tão cedo. Cada um foi para um lado, e Lyra se dirigiu para o Lake of Rage a fim de ver se o Gyarados estava bem (além de aproveitar para soltar os Electrodes). Lance não aguentou de curiosidade, e olhou para trás. Estranhou ao ver o rumo tomado pela garota.

- Ei, você não ia desafiar o ginásio, por que está indo para o lago?

- Porque, diferente de você, eu não sou insensível, e quero ter certeza de que o Gyarados e todos os Pokémon do lago estão bem! – ele franziu as sobrancelhas.

- Não é questão de sensibilidade, é porque treinadores como eu têm um pressentimento muito apurado, e não precisamos ver algo para ter certeza daquilo. – afirmou orgulhosamente.

- Hum, sei... – a treinadora virou as costas e prosseguiu para o lago. Chegou lá e avistou o Gyarados vermelho realizando vários mergulhos; ele não estava mais atacando indistintamente como antes. Lyra deu um sorriso de satisfação e alívio, enquanto admirava o calmo lago, pensando que ele nunca deveria ter saído daquele estado de calmaria. Atrás dela, escondido por trás das árvores, estava o frio treinador de dragões, observando o lago, o Gyarados... e a treinadora.



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