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História Por que você é assim? - Tal primo, tal prima


Escrita por: MasterMimi

Capítulo 4 - Tal primo, tal prima


Recuperados e revitalizados, os Pokémon de Lyra estavam prontos para batalhar contra o líder Pryce. Tanto o líder quanto os outros treinadores estavam ilesos após a tomada do ginásio pela Equipe Rocket. A batalha pela insígnia se deu naquele mesmo dia, resultando em total sucesso para a “treinadora revelação”. No dia seguinte, ela partiu para a cidade de Blackthorn, cujo ginásio tinha como líder a aclamada Clair, prima de Lance! Aquela ia ser uma batalha difícil, ela também usava os perigosos dragões. Quase todos os Pokémon da garota desmaiaram, só o seu Ampharos ficou de pé para desfechar, no último instante, o Thunderbolt que iria pôr um fim naquela Kingdra. A líder ficou totalmente descrente, e visivelmente resistia em admitir a derrota: era impressionante a semelhança com o seu primo! A arrogância, a não admissão da derrota, o orgulho, tudo nela lembrava o campeão. Parecia tudo resolvido, a não ser pelo fato de Clair se recusar a entregar a insígnia para Lyra.

- Para que você seja digna de receber essa insígnia, primeiro precisa passar no teste do meu avô, o mestre da Cova do Dragão. Só assim eu saberei que você está preparada para a Liga. – era a primeira vez que Lyra teria que fazer aquilo, como se não fosse suficiente o seu sucesso na batalha entre os Pokémon...

- Tudo bem, mas você poderia pelo menos falar onde fica a tal Cova do Dragão?

- Você não é a treinadora que quer desafiar a Elite Quatro? Seja independente! Descubra sozinha! – era muita ignorância para uma pessoa só.

- O seu primo é igualzinho a você... – disse Lyra, enquanto caminhava para fora do ginásio. Clair apenas cruzou os braços e manteve um semblante fechado, extremamente descontente com a derrota.

Perguntando às pessoas na proximidade do ginásio, Lyra descobriu que a tal Cova do Dragão ficava logo atrás do ginásio, depois de navegar por um lago. Montada em seu Quagsire, ela foi até o centro da Cova, onde havia um pequeno santuário.

- Deve ser aqui que o Mestre deve ficar.

Ela bateu na porta do local e o próprio avô de Clair a abriu. Ele era um senhor muito sereno, diferentemente dos seus dois netos. Recebeu a treinadora com muita educação:

- Nem precisa falar por que está aqui; foi Clair que te mandou para cá, certo?

- Como o senhor sabe? - o velho deu uma simpática risada e disse:

- Aquela garota é extremamente teimosa, com certeza ela perdeu a batalha e quer que eu te teste, esperando que você vá falhar. Assim, ela vai ter uma desculpa para não te dar a insígnia.

- Nossa, o senhor é sábio mesmo!

- Eu conheço muito bem os meus netos, querida Lyra; os dois parecem que estão constantemente a realizar uma disputa para ver quem é o mais...

- ...insuportável? - completou prontamente Lyra, lembrando de todas as intrigas com Lance durante a estadia na base Rocket. O sábio demonstrou estar um pouco surpreso.

- Eu não diria "insuportável", é uma palavra muito forte; mas pela sua entonação, você já deve ter passado por alguma experiência um tanto que marcante com algum dos dois...

- Sim, com o Lance. Ele me ajudou a desmantelar a base da Equipe Rocket (ou fui eu que ajudei ele...). Aquele treinador de dragões não sabia fazer outra coisa que não fosse desfechar críticas contra mim, e a todo momento ele se exaltava e mostrava orgulho do seu "poder"!

- Ele é assim mesmo: arrogante, seco, orgulhoso e até um pouco egoísta. Desde que era um jovem treinador ele já mostrava essa personalidade forte. Nunca mudou e, pelo jeito, nunca vai mudar. Eu te aconselho a ter um pouquinho mais de paciência com ele, mesmo que pareça ter se esgotado! - ele deu um tímido sorriso.

Por alguns segundos, Lyra parou e pensou no momento quando ela acordou após o desmaio, e viu Lance ao lado dela. “Arrogante, seco, orgulhoso e até um pouco egoísta.” “Como você está se sentindo?” “Nunca mudou e, pelo jeito, nunca vai mudar.” “Você desmaiou e eu te trouxe para cá.” “Você está se preocupando e se importando comigo?” “Lógico que não!” “Lembre-se de levar mais antídotos com você, nunca se sabe quando os seus Pokémon podem precisar...” “Você fica me devendo essa!” “Eu não sou impulsivo que nem você!” “Me surpreende algo assim vindo de uma treinadora iniciante como você.”

Finalmente, o sábio perguntou para ela se estava pronta para realizar o tão esperado teste. Lyra respondeu confiante que sim e, então, o teste começou. Era algo muito simples, uma série de perguntas acerca da relação entre treinador e Pokémon, perguntas do tipo “O que é mais importante ao treinar um Pokémon: amor, sabedoria ou violência?” “O que é ‘Pokémon’ para você: aliados, ferramentas ou amigos?” A garota respondeu todas as perguntas de forma inteligente e precisa, mostrando todo o seu amor, carinho e cuidado pelos Pokémon. O teste foi vencido! No final, o sábio elogiou a postura de Lyra, demonstrando felicidade e honra por estar diante de uma treinadora como ela. Logo em seguida, Clair entrou no santuário e foi logo interrogando a treinadora:

- E aí, querida? Como foi o teste? Você passou ou não? Ah, nem sei por que estou perguntando, é óbvio que você não passou! Qualquer um poderia adivinhar isso... - Lyra nem precisou responder nada, o avô de Clair tratou de fazê-lo.

- Clair, minha neta, não seja tão precipitada. Essa treinadora passou com louvor pelo teste, e eu sugiro que você tente se espelhar nela.

- O quê?! Não, isso não é possível! Nem mesmo eu passei no teste, como que uma iniciante como ela poderia passar? - essa história de novo não...

- Lyra não é iniciante; ela mostrou ter maturidade e consciência para com os Pokémon. Você tem muito o que aprender com ela, Clair; há vários itens dos quais você carece como treinadora, itens esses que Lyra tem de sobra!

- Eu não aceito isso! Isso é uma enorme desonra para mim, você nunca vai ganhar essa insígnia! - ela já estava passando dos limites.

- Como assim? Eu te derrotei em uma luta limpa, da mesma forma como eu derrotei todos os outros sete líderes. E todos eles me deram a insígnia no final. Você já está desrespeitando as regras do regulamento da Liga; tem como você pelo menos tentar fingir que não é metida e arrogante, e agir como uma treinadora de verdade?

A líder estava com o pior semblante possível, e não queria aceitar a derrota de jeito nenhum. Inconformada com as "falsas acusações" de Lyra, se recusava a entregar-lhe a insígnia. O sábio, com toda a paciência do mundo, disse:

- Clair, ela está certa. Por favor, dê logo a insígnia para Lyra, ela mereceu a vitória. Ou terei que informar Lance acerca disso? - ao ouvir isso, a expressão de Clair mudou de forma radical. A sua preocupação era explícita, ela tinha um medo tremendo do primo pois, já que ele era o campeão, poderia a qualquer momento destroná-la do posto de líder de ginásio. Por uma enorme coincidência e ironia do destino, nesse exato momento, Lance adentrou o santuário: ele ouviu a discussão, pois tinha chegado na Cova há poucos minutos para treinar os seus Pokémon. (Ou ele teria seguido Lyra?)

- Me informar do quê, vovô? – ao pousar os olhos em Lyra, o treinador demonstrou grande surpresa; ele percebeu que ela havia passado pelo último ginásio, e chegou a sentir uma certa raiva do sucesso crescente da treinadora.

- Feliz em me rever, Lance? – perguntou Lyra.

- Nem um pouco. – respondeu secamente o campeão, dando-lhe um intimidador olhar. – Vim aqui para saber o porquê dessa discussão. – Clair estava visivelmente incomodada com a presença do primo.

- O motivo é simples: eu venci a sua prima e ela não quer me dar a insígnia, só porque ela não sabe admitir que perdeu. Tive que vir até aqui e passar pelo teste do seu avô a mando dela, mas nem assim...

- Foi uma batalha justa? Sem trapaças? – questionou o campeão.

- Claro que foi! Por que eu trapacearia, se eu sei que os meus Pokémon têm um enorme potencial? – aquilo soou tanto como uma defesa da situação, quanto como uma provocação para Lance.

- Bom, se foi uma luta limpa, Clair, não tem por que você não dar a insígnia para Lyra. – parte dele não queria dizer aquilo, porque ele estava defendendo Lyra. Ela era a treinadora que estava virando sua pior rival, e ainda assim tinha que defendê-la? Infelizmente para Lance, a justiça falava mais alto naquela ocasião. Como campeão, ele não poderia deixar Clair fazer o que bem entendesse. Ela balançou a cabeça em discordância, mas acabou entregando a insígnia para Lyra. O sábio senhor se mostrou satisfeito com aquele desfecho. Os olhos de Lyra brilhavam ao ver aquela insígnia, ela finalmente poderia desafiar a Elite Quatro e dar um passo a mais em direção ao seu sonho. Diante daquela situação, ela não iria deixar de se exibir para Lance.

- Que maravilha! Agora eu vou poder lutar contra os treinadores da Elite! Logo logo eu vou te desafiar Lance, se prepare! – disse ela em tom de brincadeira, mas com intenção de provocar o campeão. Ele deu uma curta risada fingida, cerrando na treinadora aquele velho olhar verde e frio. Seu desejo era de dizer várias coisas em resposta a isso, mas teve que segurar as palavras por estar diante do seu avô.

- Isso é ótimo, Lyra... tomara que nós possamos batalhar logo! – a empolgação na sua fala era gritantemente falsa.

Antes de ir embora, Clair finalmente estendeu sua mão para Lyra como forma de agradecer pela batalha e de parabenizá-la pelo êxito.

- Não ouse falhar nos seus próximos intentos; do contrário, eu vou me sentir ainda pior por ter perdido para você!

- Pode ficar tranquila, não vou te decepcionar! – disse Lyra, ironicamente.

A líder saiu do santuário sem se despedir dos seus parentes, e cada passo firme que ela dava em direção à saída demonstrava a sua insatisfação. Os sons dos seus saltos batendo no chão ecoavam em todo o santuário. Lyra agradeceu ao mestre da Cova e este se pôs à disposição para qualquer problema que a garota tivesse. Por fim, ela despediu-se de Lance, enquanto este a olhava com cada vez mais raiva.

- Nos vemos na Liga, Lance! – ela também aprendeu a piscadela com ele.

- Estou ansioso por isso... – pois é, ele não estava.

Aproveitando que estava a sós com o neto, o senhor disse-lhe que estava realmente impressionado com a prudência de Lyra, e frisou a certeza de que ela era uma treinadora com potencial.

- Prepare as suas melhores estratégias, Lance. Essa treinadora vai lhe causar problemas...

- Problemas? Primeiro, ela já é um problema só de existir e de compartilhar o mesmo ambiente que eu, ela é extremamente insuportável. – o velho olhou para ele descrente, pois tinha certeza que a pessoa insuportável não era a treinadora. – Segundo, eu sou o melhor treinador de Kanto e Johto, e o senhor sabe como os meus Pokémon são incrivelmente fortes. Só mesmo um time formado por Pokémon lendários para abalar as estruturas do meu time!

- Se você diz, tudo bem. Depois não diga que não lhe avisei; não se esqueça que eu tenho muito mais vivência do que você...

Lance estava realmente convicto de que nada que viesse de Lyra iria ameaçar o seu posto de campeão. Assim, ele despediu-se do avô e saiu do santuário. O mesmo lago de fora da Cova também invadia o interior desta, rodeando o santuário e dando mais beleza ao lugar. O lago era habitado por Pokémon como Dratinis e Dragonairs, daí o nome “Cova do Dragão”. Antes de sair da Cova, Lyra sentou em uma das margens e começou a jogar vários petiscos para os Pokémon da água. Ela queria um momento de descanso para refletir em todos os acontecimentos daquele dia. Ao sair do santuário, Lance percebeu que ela estava sentada na margem, de costas para a saída do santuário. Ele chegou sorrateiramente perto dela, abaixou-se e, com sua boca bem próxima ao ouvido da garota, sussurrou-lhe:

- Você NUNCA vai ser a campeã!

Surpreendentemente, ela não se assustou, e ao perceber o campeão se afastando, levou a mão para trás, agarrou parte de sua capa e puxou-a para baixo, levando o treinador ao chão. Ele não se machucou, porque amorteceu a pequena queda levando as mãos ao chão; ele acabou ficando perto o suficiente da garota para ouvi-la falar:

- É o que veremos, senhor “mestre de dragões”!

Nenhum dos dois olhou para trás, e Lance continuou seguindo o seu caminho para fora da Cova, extremamente furioso com o ato da treinadora. Lyra permaneceu alimentando os Pokémon por algum tempo, satisfeita por ter realizado aquela afronta contra o campeão. Se havia uma coisa que a treinadora mais queria era provar para Lance que ele estava errado, provar que ela é mais forte do que ele, e fazer ele se sentir profundamente culpado por tudo o que já tenha dito de ofensivo a ela. Realmente era enorme o ódio que ela sentia por ele! Ainda assim, toda vez que esse ódio vinha em mente, ela ao mesmo tempo lembrava da feição tranquila e acolhedora de Lance após ele ter salvado ela da base Rocket. Ela não conseguia lembrar de nada referente ao momento do seu rápido despertar após o primeiro desmaio, e a única coisa que lhe vinha em mente era a voz suave do treinador. As suas palavras ecoavam no pensamento de Lyra, à medida que ela lutava consigo mesma para continuar alimentando a raiva que sentia por ele. Mas era realmente difícil, a preocupação do treinador para com ela parecia ofuscar qualquer lembrança que remetesse ao ódio. “Não, ele me irritou demais, ele me ofendeu demais, isso está longe de ser a coisa correta para um campeão fazer, certo? Eu preciso sentir muita raiva dele, é óbvio! É a única coisa que ele merece. Sim! Eu o odeio! Eu o odeio! Eu... eu o odeio?”



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