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História Por que você não está dormindo? - Por que você está me deixando?


Escrita por: Bbangna

Notas do Autor


MEU. DEUS. DO. CÉU.
EU FIZ TODO MUNDO ESPERAR TANTO QUE ME SINTO HORRÍVEL EM VIR AQUI POSTAR finalmente A CONTINUAÇÃO DESSA FANFIC.
Nossa, me perdoem, de verdade. Eu fui uma idiota por não terminar logo essa história e fazê-los esperar (?) por um ano. Eu fui deixando a escrita pra lá, me envolvendo em milhares de outras atividades e projetos e quando vi, ploft, mais de um ano se passou sem nada de atualização por aqui. Soltei um berro quando vi que minha descrição do perfil do Spirit se referia à Mansae e a gente jÁ TÁ EM BOOM BOOM. Socorro. Nem um trilhão de "me desculpem" seriam capazes de apagar essa mancada.

Pooooooor conta disso, pretendo fazer um capítulo extra dessa Meanie. Mas agora não vou deixar ninguém esperando, juro. Vai ser tudo lindo, brilhoso e rápido. Vapt vupt. Vocês me dão mais uma chance? /faz cara de cachorrinho abandonado

A Tia Bruna aqui realmente se esforçou nesse capítulo. Tinha quase me esquecido de como é difícil botar emoção nas palavras - eu meio que parei de ler como antes também, é - mas fiz o que pude.
Como sempre; eu não tenho beta então qualquer errinho é só me avisar nos comentários!

Boa leitura! O tapa na minha cara só é grátis se ler até o final, ein? HAUSHA ♡

P.S: Recomendo ler o primeiro capítulo de novo, só pra refrescar a memória e tal (apesar dele estar péssimo osadjsad). Oka?

Capítulo 2 - Por que você está me deixando?


Fanfic / Fanfiction Por que você não está dormindo? - Por que você está me deixando?

Wonwoo só foi ver Mingyu de novo na terça-feira da outra semana.

 

Claro que não era como se ele tivesse remoído uma espécie de culpa misturada com um falso alívio durante os dias em que o mais alto se ausentou. Dias esses que se arrastaram mais preguiçosamente que Hodu, o gato gordo e peludo que sua mãe teimava em manter em casa e que quase o matou antes de vir para a escola naquele dia; ganhou um arranhão dolorido na bochecha direita e não teve tempo de tomar alguma providência sobre isso.

Mas quando viu o garoto de pele bronzeada e sorriso terrivelmente lindo atravessar a sala de aula para se sentar ao seu lado, a dor pareceu se amenizar. Wonwoo gostaria de não saber porquê, mas ele sabia. Esse tempo sem Mingyu serviram para lhe explicar três coisas.

A primeira delas era que o garoto pomposo com cara de rico tinha lhe cativado a atenção de uma forma tão brusca que foi capaz até mesmo de fazer Wonwoo se preocupar um pouquinho com suas faltas escolares.

A segunda era que, de repente, Jeon se tornou curioso sobre o outro e sobre o motivo de ter sido recusado no meio - ou começo - daquele beijo. Poxa vida, Mingyu tinha o afastado e saído correndo. Pior ainda, ele parou de vir à escola! Era preocupante, mesmo que o mais velho quisesse negar isso com todas as suas forças.

E a última, porém não menos importante, era o simples e assustador fato de que Wonwoo sentia falta de Mingyu. Genuinamente.

 

Porém o sorriso acolhedor para com os colegas de turma pareceu sumir da face do Kim assim que pousou os olhos escuros sobre a imagem do pálido garoto sentado ali. Oh, não.

 

Os dois estômagos gelaram, mas por motivos distintos.

 

- Olá, Mingyu- 

Wonwoo e sua falta de expressão facial foram interrompidas pela falação semi-desesperada do recém-chegado.

- O que houve com o seu rosto, hyung?!

 

Mingyu se aproximou rapidamente e puxou sua cadeira para perto de Wonwoo, podendo assim tocar sua face com cautela. Observou o ferimento antes de tirar de sua mochila uma toalhinha branca que se pintou levemente de vermelho com os resquícios de sangue que se prenderam ao machucado. E foi quando Mingyu tirou um curativo de dentro do estojo que Wonwoo finalmente resolveu fazer algo.

 

- Olha, você não precisa fazer isso. - Hesitou ao olhá-lo de canto - a aula já vai começar e...

- Não. - Mingyu respondeu.

- Não o quê? 

- Não vou parar. - Nesse mesmo instante, os dedos compridos do maior deslizaram pelo rosto de pele mais clara, cobrindo o machucado com o band-aid - É o mínimo que posso fazer pra te recompensar por aquele dia.

Wonwoo o olhou, o rosto estático e ríspido encobrindo os pensamentos confusos. Mingyu apenas deixou um risinho escapar de seus lábios antes de voltar à seu lugar. O odiado professor havia adentrado a sala.

 

E Jeon Wonwoo agora odiava Kim Mingyu por ser tão bonito enquanto cuidava dele.

 

 ∴

 

- Hyung, não há nada que você queira me perguntar? Hm? - Sinceramente. Aquela era, pelo menos, a vigésima vez seguida que Mingyu perguntava aquilo. O menino se apoiava em seus cotovelos sobre a mesa pertencente ao de cabelos pretos.

- Por que você faltou da escola? - Wonwoo decidiu dizer algo depois de constatar que o outro não iria parar de o encarar com aquela cara de bobo.

- Hm, que falta de emoção. - O mais novo fez uma careta para depois sorrir mais uma vez.

 

Wonwoo sentiu uma flechada no estômago.

 

-  Você vai responder ou não? - ele demonstrava impaciência, quando, na verdade, poderia esperar o resto do período de aulas para que Mingyu decidisse dizer algo.

- Eu fui viajar com os meus pais.

- Só isso? - O menor arqueou uma das sobrancelhas.

- Uhum - a cabeça do Kim balançou em afirmativo - E também tem a coisa do... da gente, hm, eu e você... você sabe-

- O beijo? - A indiferença na voz de Wonwoo irritou Mingyu - Não se preocupe quanto àquilo. Nem considere pra aposta ridícula que você propôs antes, porque não foi nada.

 

Nada? Não foi "nada"?

O mais novo franziu as sobrancelhas para cruzar os braços logo em seguida.

Nada?

 

- Mas pra mim foi alguma coisa - Mingyu relutou, com um tom mais agressivo na voz - Como você pode dizer isso tão facilmente?

- Pelo o que eu me lembre, quem saiu correndo do meu quarto que nem uma criança não fui eu.

O sorriso de canto que Wonwoo desenhou em sua face era lindo, mas naquele momento só fez com que Mingyu quisesse socá-lo com toda a sua força.

- Pelo o que eu me lembre quem começou o beijo não fui eu.

 

 

Silêncio.

 

 

Mingyu estava prestes a explodir e Wonwoo não sabia por que estava o tratando assim. Nem por que não conseguia mais o responder.

 

Mingyu resolveu continuar;

- Sabe, - a voz agora mais mansa, o olhar decepcionado depois de respirar fundo - foi o meu primeiro beijo com um cara depois que... depois que eu me aceitei como homossexual.

 

Jeon mal percebeu que seus próprios olhos se arregalaram. Por que diabos estava corando?

- Pra mim - o mais novo murchava à cada palavra que dizia - era importante.

- Então por que você me afastou?

Wonwoo desfez os braços que estavam cruzados, respirando pesado.

- Por que eu queria que fosse, sei lá, mais especial - Mingyu se sentia um completo imbecil - não queria que fosse por que você estava com pena de mim.

 

 

 

Silêncio, novamente.

 

 

 

- Eu não estava com pena de você. - Wonwoo disse, quase sussurrando, como se conversasse consigo mesmo.

- Mesmo? - os olhos do Kim pareceram se iluminar ao erguer de seu rosto - Então por que me beijou?

 

Wonwoo pareceu refletir por um instante.

 

- Por que você é tão bonito que deveria ser preso por isso, Kim Mingyu.

 

 

Mingyu seguiu Wonwoo pelas ruas entre a escola e sua própria casa, como fez antes. E, como esperado, eles mal trocaram uma palavra. Não era como se não quisessem conversar - na verdade tudo dentro de ambos gritava para isso - , eles só não sabiam como começar.

 

Mas foi quando o mais velho parou em frente ao portão de sua casa que a voz de Mingyu preencheu o espaço vago.

 

- Hyung... Tem, hm, alguém na sua casa agora? - o tom soava inocente, Jeon se perguntava o que havia feito para merecer isso.

- Não.

- Não, não posso entrar? - Mingyu tentou adivinhar o que seria dito em seguida.

Wonwoo respirou fundo.

- Não, não tem ninguém em casa. - ele rodou a chave na fechadura - Você pode entrar se quiser.

 

Quando o dono da casa passou a caminhar para dentro do imóvel apenas deixando a porta aberta, Mingyu pensou sobre como tudo em Wonwoo era meio inesperado para si. Ora seu tom parecia defensivo, ora indiferente e ora sugestivo. Aqueles olhos pequenos e voz intrigante nunca lhe deixavam pistas, mas, por mais incrível que pareça, esse era o único motivo pelo qual o mimado Kim ainda não tinha desistido de atormentá-lo.

 

Mesmo sabendo de tudo isso, Mingyu simplesmente não conseguiu evitar sentir um frio na barriga quando pisou no quarto alheio, pela segunda vez em sua vida. Ele sabia que era um idiota por se importar com algo tão insignificante assim, porém esse tipo de coisa estava meio fora de seu controle.

 

- Está mais organizado do que da última vez. - A visita falou, sentando na cama alheia. Se sentia estranho.

- É, eu arrumei. - Wonwoo colocava seus materiais sobre a escrivaninha quando resolveu, pela primeira vez desde que saíram da escola, fazer algum tipo de contato visual com Mingyu - Por que você quis entrar?

- Por que você mesmo arruma seu quarto?

 

Mingyu era o rei em mudar de assunto.

 

- Porque sim...? - Wonwoo revirou os olhos para dar ainda mais ironia à sua frase, apoiando-se na escrivaninha atrás de si - Minha mãe nem eu temos dinheiro pra ter uma empregada. 

- Não? - Mingyu fez um biquinho - Quer que eu contrate uma pro hyung?

Pelo. Amor. De. Deus.

- Eu vou te expulsar da minha casa à chutes se você disser alguma coisa no nível "mais-rico-que-você" de novo.

 

A falta que Wonwoo sentiu do outro mais cedo acabara de se esvair por completo.

 

Mingyu riu bonito.

- Eu tava só brincando.

- Certo, senhor brincalhão, agora me responda. - Wonwoo o encarou sem amor.

- O que? - Mingyu cruzou as pernas, como se não estivesse com pressa alguma - Por que eu quis entrar?

Wonwoo nem se deu ao trabalho de o responder.

- Acho que a melhor pergunta a ser feita seria... - os olhos chamativos do garoto de pele bronzeada se fincaram nos felinos de Jeon, e o dono do quarto tinha quase certeza de que ele sabia o efeito que aquele olhar tinha sobre seus hormônios - Por que você me deixou entrar?

 

Era verdade. Wonwoo não teria motivo algum para deixar que aquele moleque insuportável entrasse em seu quarto. O problema era que, no fundo de sua consciência, Jeon sabia que a atração que sentia por Mingyu não era algo normal. Mesmo sem admitir, era como se quisesse o repelir e o pedir para se aproximar ao mesmo tempo. Como se quisesse dar um soco no meio de seu estômago e depois o fazer rebolar no seu colo lentamente. Talvez fosse só a beleza do garoto sentado ali que lhe deixara um pouco tonto.

 

Mesmo assim, sua resposta à provocação foi firme.

- Sua pergunta lá fora me deixou curioso pra saber o que você faria sem ninguém por perto.

E para o surpresa do mais velho, Mingyu se levantou de supetão, caminhando devagar em sua direção até estar perigosamente perto demais. Um de seus braços se apoiou na escrivaninha, enquadrando o corpo do mais baixo de frente para si. Era realmente um garoto abusado, acostumado a ter tudo o que queria; esperava que isso não mudasse agora, apesar da falta de reação alheia o deixar um pouco sem graça.

- Agora que sei que você não estava com pena de mim, - Mingyu mantinha um timbre quase sussurrado, os olhos fixos nos lábios do menino que estava praticamente imóvel - as coisas mudaram um pouco na minha mente.

- Ah, é? - Novamente, a falsa indiferença se esforçando para encobrir a ansiedade que Wonwoo sentia - E você decidiu que poderia entrar no meu quarto e dar em cima de mim assim?

- Hm, - ele olhou para cima, fingindo pensar para depois afirmar com a cabeça - sim. Não me diga que já não esperava por isso quando deixou o portão aberto.

- É, eu já esperava. - Wonwoo deu um sorriso de canto que mataria qualquer um - Acho que nós dois somos bastante previsíveis.

 

Depois disso, palavras não foram mais necessárias. Não quando Mingyu pressionou seus lábios aveludados sobre os de Wonwoo, não quando as mãos do mais velho deslizaram sem receio pela cintura do outro para aproximar ainda mais os corpos.

Muito menos no momento em que, conectados pelas respirações levemente descompassadas e a temperatura em constante aumento das dermes, Wonwoo tomou a iniciativa de tirar a camiseta de Mingyu, parando de o beijar apenas para admirar, num curto instante, o abdomen do moreno.

Distribuiu curtos beijos molhados pela pele do pescoço do maior antes de voltar para seus lábios, Mingyu usando os braços para virar a cadeira da escrivaninha de modo que Wonwoo pudesse sentar-se. Suas mãos de dedos longos então buscaram remover também a camisa que Jeon usava antes de, finalmente, realizar os desejos de Wonwoo e se sentar sobre ele; passou uma perna de cada lado do seu corpo, deixando com que uma precária fricção entre os membros cobertos pelas várias camadas de tecido se formasse.

Não demorou muito para quererem ir à fundo. Ainda mais com o aperto das mãos fortes de Wonwoo na bunda agora quase descoberta de Mingyu, depois de uma curta pausa para tirar as calças. Com os deliciosos movimentos de quadril que o mais novo nem sabia que era capaz de reproduzir. Com os ofegos que se desprendiam vez ou outra da garganta, seguidos de um tímido "ah" ou "oh" arrastado de um dos garotos.

 

Mas, tudo foi interrompido quando, lá do andar de baixo, um ruído de passos ecoou. Wonwoo soube em menos de dois tempos que aquele era o som dos tamancos sobrecarregados de sua mãe andando pela casa e, por conta disso, afastou Mingyu num pulo e o empurrou para dentro da suíte do quarto. Pois a mãe de Wonwoo sabia que ele gostava de garotos, mas não que os trazia para dentro de casa para se beijarem. Ela não precisava ter mais esse tipo de informação. Já havia demorado tempo demais para processar a primeira.

 

 

 

No dia seguinte, Wonwoo já tinha decidido.

 

Foi estranho encarar Mingyu e aguentar sua presença bem ao seu lado na escola pela manhã, já que a forma como ele tinha "escapado" de sua casa ontem fora um tanto cômica. Wonwoo agradeceu aos céus por sua mãe ter decidido tomar banho antes de voltar para o segundo turno de trabalho (o que possibilitou a saída discreta de Kim) mas os amaldiçoou ao mesmo tempo por terem feito a mulher ter que voltar para casa por conta de uma papelada esquecida.

 

Mingyu o olhou e sorriu pequeno, desviando para o chão antes de se acomodar em seu lugar. Wonwoo o acompanhou fixa e discretamente com os olhos, analisando seu corpo de cima a baixo e encontrando com alegria uma linda marca roxa na extremidade da curvatura de seu pescoço, escondida de modo precário pela gola da camiseta do uniforme. Ele parecia ainda mais bonito hoje, e de modo algum estava magoado pelo rumo que as coisas tomaram no dia anterior. 

 

Wonwoo tinha decidido que ficaria com Mingyu.

 

Certo, descrevendo dessa forma parece até que estamos falando de um cachorro. [risca]Não que Wonwoo não gostasse da ideia de lhe colocar uma coleira[/risca] É que, para o garoto de pele pálida como um papel e cabelos negros como a noite, essa era a unica forma de desenhar o que sentia. Mingyu parecia bastante empenhado em lhe fazer ficar louco, então estava preparado para se entregar aos poucos.

 

Tanto que, no final do período de aulas, Wonwoo pediu para o mais novo o ajudar a levar os livros de física até a apertada e deserta sala onde eles deveriam ser guardados apenas para, depois que o serviço dos dois havia terminado, poder puxá-lo pelo pulso e o empurrar contra a única parede livre ali.

É claro que eles se beijaram como se não houvesse amanhã. É claro que Mingyu virou o jogo e, agora com Wonwoo sendo quem estava com as costas pra parede, o encheu de beijos e chupões agressivos em sua clavícula e pescoço, fazendo o receptor respirar com mais dificuldade.

É claro que todos os pelos do corpo se arrepiaram. Até por que se não, não seriam Mingyu e Wonwoo.

 

 

 

E, em pouco tempo, tudo em que Mingyu conseguia pensar era naquele garoto que lhe roubava o fôlego apenas com um olhar. Com apenas alguns dias - que se passaram voando -, Kim tinha conseguido se perder em todas os assuntos da escola e esquecer o nome de pelo menos cinquenta por cento da sua turma.

Tinha deixado de ir num dia pois, na noite antecendente, havia dormido na casa de Wonwoo já que ficara muito tonto com as bebidas diferentes e deliciosas que o mais velho lhe fizera experimentar (e sair de dentro do abraço quentinho e protetor dos braços de Jeon em que acordara depois da bebedeira estava fora de cogitação - além da dor de cabeça horrível que o acertou um pouco mais tarde servir como outra desculpa).

Num outro, havia dito à seus pais que não poderia acompanhá-los numa reunião de família alegando uma dor de estômago (que não passava de uma mentira fajuta) apenas para poder chamar Wonwoo à sua casa; assim o mais baixo poderia o ensinar como segurar a fumaça de um cigarro sem se engasgar todo - e foi nesse mesmo dia que Mingyu descobrira como Wonwoo ficava incrivelmente sexy deixando que aquela nuvem cinza escapasse pelos seus lábios e também como beijá-lo com aquele sabor de tabaco lhe dava arrepios que intercalavam entre bom e péssimo.

 

Claro que eles eram muito novos pra isso. Claro que se arrependeriam mais tarde, quando fossem mais velhos. E claro que, no momento em que Mingyu estava jogado na grama do jardim dos fundos de sua casa enorme com Wonwoo em cima de si lhe acariciando o meio das pernas e sugando-lhe o lábio inferior, eles simplesmente não se importavam.

Até por que, se não houvesse um tanto de falta de maturidade, não seriam Mingyu e Wonwoo.

E também porque toda vez que o mais novo demonstrava se preocupar com algo, Jeon não hesitava em lhe dizer as reconfortantes palavras "Carpe Diem, Mingyu". Sendo que, depois de tantas horas juntos, era como se esta se repetisse dentro de sua mente num replay automático lhe dizendo que tudo ficaria bem. Pois Wonwoo estava ali, ao seu lado.

 

 

E tudo parecia perfeito.

Até que o boletim do aluno Kim Mingyu chegou às mãos de seus pais, que não viram aquela mancha vermelha gigantesca (que, na verdade, nem era tão gigantesca assim) com bons olhos.

 

 

- Kim Mingyu - por que a forma como seu pai pronunciava o seu nome não era tão bonita quanto a de Wonwoo? - Você poderia me explicar o que isso significa?

 

O estofado acolchoado do escritório pessoal de seu pai parecia feito de espinhos no momento em que Mingyu se sentara nele. Seu pai - ou Senhor Kim, como preferia ser chamado - nunca, nunca, nunca o chamava ali. Na verdade, eles mal se falavam. Portanto, ao ter uma das empregadas lhe convocando àquele cômodo, o adolescente já meio-que-sabia o que estava prestes a acontecer.

Abaixou a cabeça. Pelo menos não parecia que seu progenitor sabia sobre Wonwoo e isso já era um grande alívio por si só.

 

- Foi... Foi apenas um deslize, pai. - Congelou, notando seu erro - Quer dizer, Senhor Kim.

- Deslize? - o homem que possuía o mesmo tom de pele bonito de Mingyu agora pareceu ainda mais nervoso, como se bufasse ódio pelas narinas - Você chama isso de "deslize"? 

 

O desprezo era crescente em sua voz. Mingyu queria chorar.

 

- Eu não criei você, Kim Mingyu, - O pai continuou a fala com fogo nos olhos - para ser um delinquente. Eu te criei para ser um herdeiro competente. 

Ele bateu na mesa, bem forte.

- Mas, Senhor Kim, eu ainda posso melhorar e... - A voz do garoto contrastava com a do pai por estar quase desaparecendo.

- Se foi um erro lhe colocar numa escola nova, posso lhe colocar de volta na antiga.

 

Mingyu se desesperou, seus olhos transparecendo seu batimento cardíaco acelerado.

Seria o inferno voltar para aquela escola cheia de engomadinhos que se importavam apenas com o quão caros seus sapatos sociais eram. Não que Mingyu também não fosse um 'engomadinho', mas ele pensava diferente. Mesmo tendo um certo tipo de popularidade na antiga escola devido ao seu rosto bonito, ele se sentia tão deslocado que queria chorar sempre que levantava pela manhã para colocar aquele uniforme chique. Não aguentaria.

Não aguentaria deixar Wonwoo.

 

- Senhor - Mingyu reuniu suas forças e tentou parecer confiante, mesmo que estivesse prestes a quebrar - Eu prometo que melhorarei. Minhas notas vão subir e atingir a perfeição novamente, só, por favor... Por favor, não me deixe sair de lá.

 

E o Senhor Kim parecia satisfeito por ora quando, com um curto sinal de cabeça, pediu para que Mingyu se retirasse e voltasse para o seu quarto. 

 

Mas não era como se sua satisfação fosse durar muito tempo.

 

Até porque, quando um determinado garoto de cabelos longos demais para o seu gênero - esta sendo uma opinião própria do pai de Mingyu -  pediu para ser recebido pelo homem pois tinha "algo importante sobre o seu filho que precisava ser mostrado imediatamente", sua paciência e tudo que vinha com ela caiu por completo. As fotos mostradas pelo então colega de sala de Mingyu chocaram o senhor de uma forma tão abrupta que ele sentia como se estivesse prestes a infartar.

Seu precioso filho não seria capaz de uma coisa dessas. Ele não poderia. Não poderia.

 

E quando Mingyu recebeu aquele xingamento homofóbico seguido de um tapa bem dado em sua bochecha direita, ele soube que seu pai descobrira sobre Wonwoo. Soube que, a partir daquele instante, ele estava mais do que fodido. Soube que nunca mais seria capaz de falar com o outro.

 

 

Mas quando constatou - ao ver sangue saindo de seu nariz - que estava realmente levando uma surra de seu pai, já não sabia mais se gostaria de voltar a vê-lo. A ver Wonwoo.

Porque, o tempo todo, o agressor lhe afirmava entre puxões de cabelo e chutes que era tudo culpa "daquele garoto".

 

 ∴

 

- Mingyu, o que aconteceu?!

 

A voz saiu como um quase grito. Wonwoo deixou que seu desespero exalasse por todos os poros de seu rosto ao ver aquelas as marcas roxas mescladas a arranhões espalhados pelo rosto e braços de Mingyu.

Não eram manchas bonitas, do tipo que Jeon gostaria de deixar sobre a pele alheia, mas sim assustadoras. 

 

Estavam num dos corredores da escola, logo em frente à sala da turma, sozinhos. Wonwoo, que tinha saído para beber água, desistiu de seu objetivo inicial ao ter a imagem de um frágil e machucado Mingyu caminhando em sua direção. 

 

Era a primeira vez que sentia seu coração doer tanto assim.

 

Tocou o rosto alheio com o máximo de cuidado, o olho levemente inchado e a boca cortada num canto mereciam atenção. Notou que os olhinhos de Mingyu se encheram de lágrimas, mas, mesmo com isso, ele não retribuiu ao toque.

 

- O-o que...? - Wonwoo respirava com muita dificuldade, checando os ferimentos com um olhar inquieto - Quem... quem fez isso com você? 

 

Mingyu tomou fôlego e mordeu o lábio inferior para não chorar. Ele se sentia humilhado. Seu corpo doía, seu coração doía. 

 

- M-Meu pai... - a voz fraca, a lágrima tímida escorrendo pelo rosto do maior - Wonwoo... é tudo culpa sua.

- C-culpa minha?

Parecia que o cérebro do mais velho havia congelado em desentendimento.

- Sim... - aquilo era demais para aguentar, Mingyu já tinha começado a chorar - Ele me deixou assim, ele... E-ele descobriu sobre nós dois, hyung.

 

Algo dentro de Jeon se despedaçou, estraçalhando seus sentimentos e orgulho. Seu corpo gritava, chorando e dizendo que Mingyu não poderia estar assim por sua causa ao mesmo tempo em que buscava algum tipo de ferramenta que pudesse consertar tudo aquilo.

 

Mas a dor maior só chegou ao peito de Wonwoo quando notou que não havia nada que ele pudesse fazer. Então, se culpou.

 

- C-como...? - A face normalmente inexpressiva se contorcia em aflição.

- Jeonghan. - A resposta foi inusitada, o deixando ainda mais confuso. De repente, as coisas faziam menos sentido ainda.

- Jeonghan? Por quê...? O-o que- Wonwoo procurava no fundo de sua mente algum tipo de resposta, em vão - O que aquele garoto tem a ver com nós dois?

- Eu não sei, Wonwoo - A cada palavra pronunciada o rostinho machucado de Mingyu era lavado por mais uma lágrima, depois outra e outra - E-eu pedi pra uma das empregadas ver a CCTV do escritório do meu pai, e... E ele estava lá. Eu não sei porquê, não sei, não consigo entender e-

- Mingyu - O outro lhe interrompeu os gestos exagerados que fazia com as mãos segurando seus pulsos com firmeza - Vai ficar tudo bem, nós... Nós vamos cuidar desses ferimentos e nós-

- Não, Wonwoo. Não existe mais "nós".

 

Choque.

 

Ninguém respirava ou se movia.

 

Mentes em branco, paralisadas, sem rumo.

 

Para Wonwoo, ouvir tais palavras saírem dos lábios alheios havia sido um baque tão grande que até respirar ou piscar havia se tornado dificultoso.

Deveria estar dentro de um pesadelo. Só poderia estar. Não era possível. 

 

Demorou um pouco até que Jeon conseguisse soltar Mingyu e tentar dizer algo.

- Como assim? 

Tudo dentro de si doía.

- Eu vou embora, Wonwoo. Pra longe de você. - O mais alto se esforçava para parecer forte e firme.

- O que? - a questão se pareceu mais com um grito - Você não pode ir, não pode me deixar aqui sozin-

- Eu vou para os Estados Unidos, terminar o ensino médio.

 

Definitivamente estava louco. Mingyu estava louco e querendo arrastar Wonwoo para a insanidade também. Não, não, não, não. Nada disso poderia estar acontecendo.                        

Não, pois Mingyu havia sido a primeira pessoa com quem Wonwoo realmente havia imaginado um futuro junto. Ele nunca nem havia imaginado seu próprio futuro, mas Kim - com toda a sua ternura e falta de noção - mudara isso em um piscar de olhos. Wonwoo nem sabia que era possível gostar tanto de uma pessoa ao ponto de querer beijá-la jogada na grama ou na cama logo ao acordar, dentro da sala de livros didáticos ou apoiado na escrivaninha do quarto. Wonwoo nunca havia experimentado algo assim. Não era justo que Mingyu fosse embora do nada e, pior ainda, com raiva de si. 

 

- Você não vai. - Era como se Wonwoo se recusasse a aceitar.

Mingyu voltou a chorar, contrariando a afirmativa do menor com um movimento de "sim" com a cabeça.

- Eu vou sim, Wonwoo... Meu pai mandou que eu fosse.

 

Agora sim Wonwoo sentiu sua cabeça queimar de verdade. De raiva.

 

- Seu pai?! - Jeon se esforçava para não gritar muito alto e fazer um escândalo. Nem parecia que era ele mesmo ali - Você vai mesmo obedecer o seu pai depois dele te fazer isso?

- Eu tenho.

A voz de Mingyu pousou como uma pétala de flor sobre um ninho de caos. Mesmo assim, Wonwoo sentiu que dentro do mais novo um turbilhão de emoções confusas se contorcia.

- Por quê...? Por que ainda vai o obedecer assim? - Wonwoo tentou abaixar um pouco o tom de voz.

- Eu sou o único herdeiro, hyung. Não posso o decepcionar. 

- Argh, isso não faz sentido nenhum. A gente poderia tentar-

- Chega disso, Jeon Wonwoo.

 

Essa foi a vez de Mingyu erguer a voz, assustando Wonwoo.

 

- Se eu tô todo fodido agora a culpa é sua e só sua. - É, parecia que a lavagem cerebral do pai de Mingyu tinha dado certo. 

- Minha culpa? Só minha? - Wonwoo demonstrava claramente como estava inconformado - Tem certeza que só eu tenho culpa disso, Kim Mingyu?

- Não diga meu nome inteiro. Por favor. 

- Por quê? 

- Por que senão eu vou desistir de tudo e correr pra você. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- Então desista.

- Me desculpe... eu não posso.

 

 

 

 

 

 

 

 

- Mas eu te amo, Mingyu.

- Não diga isso sem ter certeza, hyung...

- Eu tenho certeza.

- E eu também também tenho certezas.

- Quais?

- A de que também te amo. E a de que preciso ir embora pra sempre.

 

 

 

 

Aquele trabalho de física estava o matando. Jeon Wonwoo não sabia que o terceiro ano do ensino médio seria assim tão complicado e chato. Não aguentava mais digitar e pesquisar sobre fórmulas e pessoas que, para si, eram bastante desinteressantes. 

 

Até porque a única pessoa realmente interessante que conhecia estava lá na América, provavelmente sem nenhuma lembrança do tempo que passaram juntos. Mas não era como se Wonwoo considerasse isso de todo mal; Mingyu devia estar mais feliz assim. Suas preciosas notas deviam ter subido e alcançado o céu nesse quase um ano em que ficaram separados. Ou já seria mais de um ano? Ah, Jeon Wonwoo já tinha desistido de tentar contar o tempo em que teve que lidar com a falta do outro. Era tortura demais.

Queria saber se ele estava bem, se tinha arranjado um namorado secreto e se a escola nos Estados Unidos era tão diferente assim. Queria saber se o inglês dele havia passado de péssimo para algo melhor do que isso e se ele ainda bebia. Queria poder saber de tudo, mas, principalmente, se havia esquecido de si.

 

Depois que Mingyu definitivamente foi embora, o sobrou foi um resto de Wonwoo que só servia para chorar escondido e emagrecer, pois não comia. O menino de cabelos pretos e pele cada vez mais pálida deixou as bebidas e o cigarro pra lá depois de perceber que nada daquilo poderia preencher o buraco que havia sido deixado aberto em seu coração. Nada apagaria a saudade que sentia daqueles lábios sorridentes, daquela pele quente. Nunca.

 

Muito menos Yoon Jeonghan, o infeliz que havia servido de pivô para a partida de Mingyu, que não esperou muito para se jogar pra cima de Wonwoo depois que o caminho se liberou. Nem em seus sonhos mais loucos Jeon seria capaz de imaginar que Jeonghan gostava de si. Eles nunca nem tiveram uma conversa decente antes de Wonwoo se irritar com as investidas alheias e resolver tirar satisfação com ele - o que demorou um tempo razoável já que, para Wonwoo, não haviam provas concretas contra o de cabelos compridos. 

Depois de um tempo, nada disso importava mais.

 

 

 

Uma pedrinha na janela. Toc.

Outra. Toc.

 

Um notebook jogado de lado e um Wonwoo curioso que abriu suas portas para a pequena varanda, sendo surpreendido pelo vento.

Uma voz manhosa e conhecida que fez o coração e todo o seu interior pularem um zilhão de vezes de alegria, mesmo que externamente o corpo não soubesse muito bem como reagir. 

 

Kim Mingyu, apenas ele. 

 

Wonwoo não sabia que a presença de alguém pudesse trazer tanta alegria assim.

 

- Wonwoo-ah, você pode sair por um momento?

 

Claro que ele poderia, claro que sim. Ele desceria nem que fosse só para poder confirmar que seus olhos não estavam lhe enganando em alucinações. 

 

- Já estou indo, Kim Mingyu.

 

 

Virou-se para dentro do quarto de paredes azuis com um sorriso enorme e lindo, pegando uma jaqueta qualquer.

 

Ah, se Wonwoo soubesse o quanto Mingyu estava feliz por poder voltar para a Coreia do Sul. Quanto tempo e quantas manobras precisou para se desviar de seu pai. Tinha certeza que o mais velho ficaria feliz em saber como se tornara um verdadeiro homem, transformando a tristeza que a saudade causava em força para continuar. 

Pois Mingyu havia sofrido também. Até mais do que Wonwoo. Se adaptar a uma nova cultura era ainda mais difícil quando sua alma pertencia à uma pessoa que havia ficado para trás. Aprender uma nova linguagem era pelo menos vinte mil vezes mais impossível quando tudo o que se queria era voltar para sua cidade natal e dizer "eu te amo" em sua língua mãe, para ele. Jeon Wonwoo. Com toda a sua rebeldia e olhar fatal. Apenas ele.

E, antes de tudo, se a distância serviu para alguma coisa, esta foi para deixar bem claro e estampado o quanto aqueles dois rapazes se amavam. De dentro para fora e de fora para dentro. Mesmo que tal sentimento não tivesse sido verbalizado mais que apenas uma vez, ambos sabiam que aconteceria novamente na hora certa. Claro que aconteceria. Eram Mingyu e Wonwoo.

 

Apesar da falta de noção do que fazer em seguida, eles não poderiam estar mais felizes e certos de seus sentimentos do que agora.

 

 

- Já estou indo, Kim Mingyu. Já estou indo.


Notas Finais


Então, o que acharam? Bom, ruim, mais ou menos...?
Só digo que estou muito contente por você ter lido até aqui. A fila pra me dar um tapa é logo ali, ó. /aponta

HAUSHA, brincadeiras a parte, queria anunciar aqui um novo projeto. Vai envolver VerKwan/Boonon e um blog. O blog do Seungkwan na verdade. Não sei se já existe algo parecido com isso por aqui, já que não tenho mais lido fanfics, mas eu tô realmente animada e já vou começar a escrever!

Se estiver com tempo, visite minhas outras fanfics! E se ainda não leu Dor, Destruição e Tinta de Cabelo VÁ JÁ LER. Eu escrevi quando tinha 14 aninhos, dois anos atrás. Que orgulho.

Até mais! Vejo você nos comentáriossssss. ♥♥♥♥


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