História Por trás da vida virtual - EM HIATO - Dissensão

Sasuke avança para cima de Neji a fim de continuar socando-o, mas o mesmo se defende, desviando dos ataques, até que resolve reagir, pegando Sasuke desprevenido. O soca com tanta força que Sasuke recua alguns passos. Os dois ficam parados, se encarando num diálogo mudo e meu coração se aperta, pelo que sei Neji e Sasuke são amigos, não deveriam se enfrentar dessa forma por algo tão idiota.

— Eu vou acabar com você. — Sasuke vocifera e volta a avançar para cima de Neji.

Chocada, olho para Shikamaru e Hinata que estão tão chocados quanto eu. Meus olhos correm a nossa volta, procurando alguém que possa pará-los, mas Hatake está entediado demais para assistir aos dois lutando, Itachi-san está tão paralisado quanto uma estátua, apesar de ter em seu rosto uma expressão furiosa e Naruto, este parece se divertir com o que os dois estão fazendo, como se isso fosse sua real intenção ao dizer aquilo e desconfio de que era.

Entre socos e chutes que os dois se acertam depois de tantos desvios. Sangue pinga de seus ferimentos. Neji tem a boca e o supercílio cortados e Sasuke boca e corte e inchaço um pouco abaixo dos olhos.

— Parem… - sussurro, sem conseguir me mover. Por que diabos não consigo me mover?!

Meus olhos captam coisas pequenas, como o sorriso de canto de Neji ou os olhares tensos e concentrados de Sasuke, dominados por pura ira.

— Está irritado por que, Sasuke? Não é comigo que você tem que se irritar, é com você mesmo!

— Cala essa boca, Neji! — o acerta com um chute no ombro, que tira de seu adversário um urro de dor.

— O seu problema é que você só sabe ver a si mesmo. Se soubesse a mulher maravilhosa que tem não se prestaria a esse papel ridículo. — Neji retribui o chute que levou com um soco em cheio do lado direito da boca de Sasuke, fazendo-o cuspir sangue.

Isso está indo longe demais. Se mova, Sakura! Se mova! Pare eles!

Estava prestes a avançar um passo quando Naruto voou para cima do Neji pelas costas, o dando uma chave de braço.

— Não fale da Sakura-chan como se a conhecesse, seu maldito! - o loiro ralha, mantendo Neji no chão, mas este joga o corpo por cima de Naruto e o prende num mata leão, o estrangulando com o braço e o prendendo com as pernas.

— Talvez a conheça mais do que você. - afirma e meu coração acelera. Que merda Neji está dizendo?!

Fico zonza e fecho os olhos com a tontura repentina.

Abro os olhos e vejo Hinata se envolver, tentando puxar Neji que não solta Naruto nem com a ajuda de Shikamaru.

— Você está ferrado, Neji! Vou acabar com você, desgraçado! — Naruto avança para cima de Neji novamente, desviando de Shikamaru facilmente.

Hinata acaba recurando para não ser acertada por Naruto e mais uma vez Neji se prende a uma luta. Logo Sasuke se enfia no meio da luta, tirando a atenção dele do loiro.

— Não se mete, Sasuke! — Naruto avança para cima de Neji, que se defende prontamente, mesmo que estivesse se concentrando em desviar dos golpes de Sasuke.

— Não se mete você, idiota! Essa luta é minha! — Sasuke rebate e se assusta ao receber um soco de Naruto.

— Não é porque você é o namorado da Sakura-chan que essa luta seja só sua, bastardo!

— Entendi. Está com ciúmes porque ela escolheu a mim. — Sasuke retruca, de forma arrogante e superior e logo a raiva do loiro é direcionada a ele, mesmo que Neji continue se envolvendo, transformando aquela luta em uma luta a três, onde cada um luta por si.

Todos ficam em choque mais uma vez, apenas observando.

Isso parece um pesadelo.

Alguns minutos agonizantes se passam, quando Sasuke direciona um chute lateral direito no rosto de Neji, que acerta Naruto com um gancho de direita no rosto, que dá um gancho de baixo para cima no queixo de Sasuke.

Cada um recua para trás com os golpes recebidos, se encarando como se pudessem se matar apenas com o olhar e meu corpo finalmente consegue reagir.

— PAREM COM ISSO AGORA! — grito, obtendo a atenção deles. Tento regularizar minha respiração, os encarando avidamente — Mas que merda vocês pensam que estão fazendo?! Cacete… — esbravejo, lhes dando as costas por alguns segundos, sentindo meu corpo inteiro ferver e tremer de raiva. Fecho os olhos e levo uma das mãos a nuca. Não posso perder o controle de novo, não posso. Me viro e ando até Sasuke, parando apenas quando meus dedos indicador e médio alcançam seu peito — É bom que se contente com os golpes que deu, porque é a última vez que encosta em Neji e Naruto. Fui clara? — desvia de meu olhar e grudo em seu colarinho, o obrigando a olhar para mim — Fui clara? — insisto, o vendo com os lábios trêmulos de raiva.

— Sim. — responde, claramente contrariado. Arranca de si minha mão com certa brusquidão — Me solte! — resmunga e me dá as costas.

— Você. — me viro para Neji, mantendo meu tom rígido — O mesmo vale para você. Fique longe do Sasuke e do Naruto.

— Eu apenas me defendi. — justifica, massageando a mandíbula.

— Não me subestime, Neji. — me olha, mas não vacilo — Pensa que não vi que você deixou de se defender para revidar com ainda mais ódio depois do primeiro soco? — passo o polegar em meu queixo, para evitar socá-lo por ter se entregue assim àquela briga idiota — Não brinque comigo.

Desvia de meu olhar e trinca o maxilar. Está com raiva, mas se tem uma coisa que aprendi aqui é que raiva não leva a lugar algum se não for canalizada corretamente.

— Me desculpe. — diz e volta a me olhar — Isso não vai se repetir.

— É bom que não. — respondo de prontidão e me viro para Naruto — E você… deveria se envergonhar por ter causado todo esse circo. — digo, totalmente decepcionada. Por mais que eu ame Naruto como um irmão, ele foi longe demais usando Sasuke contra o Neji por uma besteira, porque foi isso que significou aquele flerte do Neji no Sí Señor. Todos estávamos bêbados, foi um flerte ingênuo. Ele não sabia quem eu era e mesmo que soubesse, Sasuke e eu não tínhamos nada oficializado, até porque aquele tipo de situação nunca se repetiu — Fique longe do Neji e do Sasuke. — ordeno, mordendo o interior da bochecha pra não xingá-lo até eu cansar.

— Ele…

Interrompo Naruto com ainda mais firmeza — Não quero justificativas, agente. - digo “agente” com ênfase para que entenda o que faz aqui e quem deve ser — Compreenda que não estamos aqui para tratar de assuntos pessoais e eu não vou repetir isso.

— Beleza. — responde, virando a cabeça em outra direção, mas deixa muito claro que não está satisfeito e, com certeza, eu também não estou. Acho que nem se eu socasse com toda a minha força esses três não ficaria, porque o que houve aqui foi infantil, muito infantil.

— Posso falar com você? — Itachi-san diz, assim que para ao meu lado — É importante. — me segura pelo antebraço e sinto um leve aperto.

O encaro por alguns segundos tentando processar seu tom de voz extremamente sério. O que diabos tem para falar comigo?

Olho para todos a nossa volta. Será que algo aconteceu enquanto Neji, Sasuke e Naruto lutavam?

— É importante. — repete e volto a olhá-lo. Não respondo nada, apenas movo minha cabeça num sinal para que me siga, me soltando de sua mão.

— Diga. — solicito, quando vejo que estamos afastados, mas com uma das mãos segura levemente o meu braço de novo e me puxa para acompanhá-lo.

— Aqui não. — continua me arrastando consigo até ficarmos há mais de cinco minutos de caminhada de onde estávamos. Estava prestes a afastá-lo de mim para exigir que explique o que está acontecendo, quando ele para de andar e me olha, me soltando — O que há entre você e Neji? — pisco surpresa e sinceramente fico em dúvida se entendi o que perguntou. Não consigo encontrar palavras para responder, de tão surpresa que fico. Quando finalmente encontro palavras para expressar minha indignação ele volta a falar, num tom ainda mais irritado que antes — Responda. É por isso que Neji te defendeu daquela vez?

— O que? — pergunto, confusa. Do que diabos está falando?!

— Neji apontou uma arma em minha direção como se eu fosse seu inimigo. É por que vocês estão juntos?!

De imediato aquele momento está diante dos meus olhos mais uma vez.

~*~

— Acho que temos que conversar. Por favor, nos deixem a sós. — olha para os três a minha volta.

— Não vamos deixá-la sozinha com vocês. — Neji afirma entredentes.

— Neji… — Itachi-san o chama num tom repreensivo, mas não o para.

— Não, Itachi-sama. — o interrompe — Não sei o que houve entre vocês, mas já tivemos surpresas negativas o suficiente até aqui. - saca sua arma e aponta na direção dele.

— Acha que eu faria algo contra ela? — pergunta, o tom se tornando sombrio, grave e rouco, demonstrando sua indignação.

— Responda você. Não era eu que empunhava uma faca contra o pescoço dela.

~*~

— Não! — respondo de prontidão, indignada — Ficou lou-…?

Me interrompe, ignorando minha resposta e subindo alguns decibéis — É por isso que ele te cerca o tempo todo?!

— Cala essa boca, Itachi! — vocifero, ainda mais indignada que antes, vendo-o arregalar os olhos. Quem ele pensa que é para dizer essas coisas?! Respiro fundo, sentindo meus pulmões falharem. Estou ficando zonza com essa merda toda e sei muito bem o motivo, é um ataque, um ataque de pânico prestes a começar, inferno! E pensando bem, não é a única coisa prestes a começar, acima de tudo sinto algo em meu peito se quebrar. É o respeito que mesmo depois de tudo ainda tinha por ele, é a admiração que restou daquela decepção, que era tanta que ainda depois do que houve não tinha acabado completamente. É qualquer apreço que restava sendo despedaçado. Apenas depois de dizer que realmente percebi que não havia mais o sufixo que aceitei usar e que de certa forma o usava com carinho ao chamá-lo, porque ele era uma pessoa importante para mim por tudo que havia feito por mim.

E é nessa hora que minha mente começa a trabalhar a fim de piorar as coisas, repassando os momentos mais importantes e confidentes que tivemos, que de certa forma me fez vê-lo de outra forma.

~*~

A porta abre e meus olhos encontram um homem. Alto, moreno, olhos negros, com um sorriso sem igual.

Me olha curiosamente de baixo para cima, ainda sorrindo — Entre. Estávamos te esperando, Senhorita Haruno. — diz gentilmente, com sua voz aveludada, me incentivando a entrar na sala.

~*~

— Por favor, há lenço de papel por aqui?

— Sim. — o moreno vai até sua mesa, da gaveta tira uma caixinha de lenço de papel e me entrega — Aqui está.

— Obrigada, Sr. Uchiha. — pego a caixinha.

— Itachi. — me diz com autoridade, mas que não domina a educação que meus pais me deram, de tratar com intimidade apenas pessoas que convivo.

— Itachi-sama. — o corrijo, sorrindo.

— Itachi-san. — insiste, sorrindo de canto. Ai meu Kami, como é persuasivo! Parece ser a cópia mais velha do meu ogrinho.

— Ok. Itachi-san. — me dou por vencida e até que satisfeita por vê-lo sorrir do mesmo modo com nosso acordo.

~*~

— Se apresente, agente.

Bato continência, segurando o riso e coloco minhas mãos para trás — Agente Nic… — travo, ao ver por cima do ombro do Hatake, Sasuke ao fundo, saindo da sala do Itachi-san.

Meu sorriso desaparece, minha respiração rapidamente se acelera e quase me engasgo com minha própria saliva.

— Nick? — ouço Itachi-san repetir, num tom brincalhão e o olho.

Olho de novo para o corredor e não vejo mais nada, será que estou enlouquecendo nesse ponto?! De alucinar meu ogrinho favorito?! Já é a segunda vez, cara!

Balanço minha cabeça e me concentro no agora — Nicole, agente Nicole… - me recomponho.

— Gosto mais de Nick… — Itachi-san diz, ainda em seu tom brincalhão e me permito rir brevemente.

~*~

— Não é melhor irmos direto ao assunto, Itachi-san?

— Não sei por onde começar. — dá de ombros.

— Então deixa que eu começo. Não pedirei desculpas por invadir sua sala, interromper sua reunião, expulsar seus convidados, dar as costas para você, usar seus funcionários e inva…

Ele me interrompe, com uma calma que chega a irritar — Imaginei que não.

— Então? — questiono, impacientemente.

— Você podia ter se ferido gravemente.

— Ahn?

— Entrar pela janela podia ter te matado. Encontrar os sócios da Hebi sem segurança adequada também. — ia interrompê-lo, mas sinaliza para que eu fique quieta. Sua postura muda bruscamente para ereta e séria — Admito que negligenciei nossa relação, escondendo informações importantes sobre a Operação, mas tem que entender que era o melhor a se fazer.

— Porque não confia em mim, né? — comento com amargura.

— Não. Confio cegamente em você.

~*~

— …mas, Itachi-san, não quero perder sua confiança. Saiba que sou leal à Uchiha´s INC. e trato com total sigilo qualquer questão que a envolva.

— Não duvido disso. — sorri, aquele sorriso acolhedor, que funciona como um calmante para mim— Há muitas coisas para serem ditas sobre isso, mas não envolve sua lealdade. Sei que deve ser difícil para você esconder um segredo dessa dimensão e quero que saiba que pode contar comigo.

Nessa hora meu coração acelera e meus olhos lacrimejam.

— Obrigada, Itachi-san… Obrigada. — enxugo uma das lágrimas que ousaram escapar e sorrio.

~*~

— Posso me sentar?

Vira a cabeça em minha direção e me assusto com sua expressão. Não sei nem como descrever. Não sei se é surpresa ou descrença, parece ser até alívio, tudo em uma única expressão.

Ele se levanta apressadamente e desajeitadamente cambaleia com os braços incertos do que fazerem em minha direção.

Quando decido dizer algo, me surpreendo por seu abraço repentino.

— Você está bem… Deus, você está bem, Sak…

— Camila. — o corrijo e retribuo como dá seu abraço, apesar de estar há um passo de ficar sufocada pelo abraço apertado de Itachi-san.

Me afasta e segurando meus ombros, me encara — Você… Onde…? — pousa sua mão em minha bochecha — Como…? Nós achamos que…

Daí por diante não entendi mais nada. Itachi-san murmurava coisas desconexas e desconfio que era para si mesmo.

— Estou bem, Itachi-san… - suspiro e me afasto, evitando olhar para ele — Vamos nos sentar?

~*~

Aperto freneticamente o botão que sinaliza minha espera ao elevador até ser puxada pelo braço.

— Me deixa. — peço com a voz embargada e puxo meu braço, forçando meu corpo a não se virar. Me recuso a deixar alguém me ver chorar.

— Sakura. — Itachi-san me vira para ele e pela sua expressão se espanta com o que vê.

Abaixo a cabeça e fecho os olhos deixando minhas lágrimas escorrem. Começo a chorar incapaz de conter essa dor que está me sufocando cada vez mais.

Me sinto ser abraçada e me entrego de vez a essa saudade que machuca. Quero minha família, meus amigos e minha casa.

Sinto Itachi-san se mover e o vejo acenar para que o pessoal nos deixarem a sós. Depois volta a me abraçar e afagar meu cabelo.

— Não tem de ser forte o tempo todo, Sakura.

Me encolho ainda mais, como se pudesse fechar o buraco negro que se abriu em meu peito.

~*~

Acordo gritando e suando, com todas as sensações que tinha há meses quando tinha pesadelo.

— Sakura! O que foi? — Itachi-san invade o quarto preocupado e alarmado — Você está bem? — senta na beirada da cama e questiona, enquanto seus olhos correm pelo quarto, procurando por indícios de alguém além de mim aqui.

— E-Estou… — respondo com dificuldade. Parece que meus pulmões resolveram fazer greve.

— O que houve? — olha pra mim e vejo que procura ferimentos por meu corpo.

— Acho que foi… — respiro fundo e enxugo as lágrimas, ignorando as sensações ruins que estou sentindo — …acho que foi um pesadelo. Me desculpe…

Suspira e força um sorriso — Não se preocupe. Está mais calma?

— Sim… obrigada. — enxugo a testa com as costas da mão e tento forçar um sorriso — …me desculpe por isso.

— Não se preocupe. Quer que eu fique aqui até você voltar a dormir?

— Não precisa. Pode ir descansar, obrigada.

— Tudo bem. Qualquer coisa me chama. — Itachi-san levanta da cama, ainda meio atordoado e vai para a porta — Não hesite, se precisar me chame.

— Ok. — sorrio sem graça, o vendo sorrir e fechar a porta.

~*~

— Então você é a famosa namorada do Sasuke. — Itachi-san diz com ironia.

— E você é o famoso irmão dele… — respondo no mesmo tom, até me deprimir e suspirar.

— O Sasuke sabe sobre você ser…?

O interrompo, sabendo de que está falando da minha vida dupla — Não e por favor, não conte. Ainda preciso pensar em como fazer isso. Não sei como vai reagir.

~*~

Dou um passo a frente e sou parada por uma das mãos de Itachi-san em minha cintura. Estava ao ponto de encará-lo interrogativamente enquanto recuava de suas mãos até acontecer. Foi tudo muito rápido, tão rápido quanto um piscar de olhos. De repente me vejo presa num abraço apertado de Itachi-san. A mão que estava em minha cintura escorrega espalmada para o meio de minhas costas, na altura da lombar e a outra, aninha minha cabeça em seu peito.

— Mas… mas o que…? - balbucio, porque as palavras simplesmente não saem.

Seus dedos se apertam sobre minhas costas e cabeça, antes de se afastar, apenas para sua cabeça ficar ao lado da minha e sua boca próxima ao meu ouvido — Cuide bem do meu irmãozinho tolo, Sakura. O faça um homem feliz. O faça conhecer, provar e agarrar o amor e eu ficarei feliz. — sussurra roucamente em meu ouvido direito.

Sinto Itachi-san plantar um beijo casto no topo de minha cabeça e se afastar para me olhar, ignorando completamente seu irmão atrás de si. Sorri pra mim, um sorriso estranho. Um sorriso que nunca vi e que nunca mais quero ver, porque me incomoda. Me faz sentir a bile subir a garganta e um aperto no peito sem nem mesmo saber o motivo. Parece um sorriso triste, doloroso, mas por que?

Meu cenho franze e abro a boca para lhe perguntar, mas ele se vira para Sasuke, se afastando de mim.

~*~

— Espero que não esteja chantageando minha mais nova cunhadinha, Sasori. — a voz firme de Itachi-san soa ao meu lado e o olho surpresa, o vendo soltar meu braço e se colocar a minha frente, entre Sasori e eu — Para começar… — calma entona sua voz aveludada, porém de forma expressiva e ameaçadora — …sabe que se Sakura tivesse alguma intenção de lhe dar uma chance de fazer qualquer coisa você não precisaria encurralá-la como fez a pouco. — os ombros enrijecem quase que imperceptivelmente, levantando milímetros — O que houve com seu bom senso?

Itachi-san emana uma áurea sombria de superioridade e imponência. Sua voz soa como a morte, fria, assustadora e horripilantemente calma. Lembra muito quando o vi assim ao ameaçar Sai diretamente. Não, não lembra. Daquela vez Itachi-san agiu levianamente comparado agora. Está bem mais assustador.

— Não se intrometa, Itachi. — Sasori não recua, como não recuou com Sasuke e lhe responde a altura.

— Não, Sasori, é melhor você não se intrometer. — o adverte, levantando minimamente o queixo. Seu olhar intenso força Sasori a desviar o olhar por segundos. Ciente de seu forte poder de persuasão invasivo, passa por ele calmamente e toca a maçaneta da porta — Vá embora e esqueça sua insistência. — a abre. Pacientemente o espera se mover.

~*~

— Você está bem? — me pergunta, naquele tom reconfortante.

— Isso… - balbucio e de repente minha boca fica seca. Engulo a seco, com uma dificuldade que chega a doer — …isso está indo longe demais, Itachi-san… o que estou fazendo? — lhe olho, ainda mais desesperada do que estava.

Sinto braços me apertarem em um forte abraço e me permito me encolher, fugindo para sua proteção — Ficará tudo bem. Tudo dará certo. — um suspiro — Shikamaru é genial. Dará um jeito de dobrar Sasuke. Você só precisa ficar calma. — assinto, fechando os olhos fortemente para expulsar as lágrimas inconvenientes — Agora vá. Precisa voltar a ser minha cunhadinha predileta. — sorri, o sorriso que me derrete e deixo escapar um riso curto, junto a mais algumas lágrimas.

~*~

— Respira! — ouço ao fundo — Por favor, Nick, respira! — a voz parece aflita e não consigo entender o motivo. Na verdade não consigo saber o que está havendo comigo.

— Preci-… de… ar… — digo, tentando puxar o ar para dentro dos meus pulmões.

— Respira devagar… comigo… — vejo Itachi-san na minha frente inspirando e expirando. Seu olhar está extremamente preocupado, mas sei que está tentando me tranquilizar.

— Não está funcionando, Itachi-san! — Hinata exclama e seu desespero me deixa ainda mais desesperada.

Itachi-san segura meu rosto com as duas mãos e me vejo obrigada a olhá-lo. Suas orbes negras parecem maiores que o normal, mas tão atenciosas e gentis, que de imediato lágrimas se acumulam em meus olhos novamente. Sinto falta de sua gentileza.

— Presta atenção em mim. — ordena, num tom ameno e gentil — Isso é normal, certo? É apenas uma crise de pânico, todos nós temos. Repete comigo, crise de pânico.

— Cri-… cri-crise… d-de… — meu corpo rígido começa a demonstrar ter chegado ao limite e as palpitações cardíacas se tornam mais frequentes.

~*~

— Isso. Você está indo muito bem… — ouço a voz de Itachi-san e o olho. Ele continua me segurando e dizendo coisas para me acalmar.

— Me solta… — murmuro, me soltando de suas mãos.

— Para, Nick… Eu só quero te ajudar.

— Me solta! — grito e me jogo para trás para sair do alcance de suas mãos.

— Pare com isso! Você está sendo irracional. — grita, me fazendo lembrar da nossa primeira discussão, logo depois que saltei do avião em que havia encontrado Orochimaru.

— E você… — e lá se vai me autocontrole que tanto custou para neutralizar, mas não consigo mais contornar meus sentimentos — …um traidor. Por que fez isso comigo, Itachi-san? — murmuro, abaixando a cabeça para ao menos estragar seu deleite diante da minha mágoa.

Me abraça e me aperta contra seu peito — Me perdoe, Nick… — me encolho ainda mais em seus braços sentindo um buraco se abrir em meu peito — Não queria que nada disso acontecesse… eu só queria te proteger d-…

— Proteger do que? — murmuro contra seu peito.

Me afasta gentilmente — Vou contar o que me trouxe até aqui. — anuncia, olhando para todos. Abro a boca para reclamar dele ter demorado tanto para fazer isso, mas ele acena para que eu fique quieta — Isso será um monólogo. Eu falo, você ouve e vocês assistem. — diz e sorri de canto para mim e mesmo que eu tenha que ficar brava com ele retribuo, por saber que está usando as minhas palavras de mais cedo.

~*~

Acabou a confidência entre nós, simplesmente porque agora acabou o respeito. Ele mais do que ninguém deveria saber que eu jamais trairia Sasuke e deveria confiar em mim e não desconfiar como está desconfiando. Dói me dar conta disso, como dói. Fica explícito que qualquer chance que havia de nos perdoarmos pelos erros que cometemos se esvaiu sem valor algum.

Umedeço o lábio inferior e levo uma das minhas mãos trêmulas ao rosto, tentando controlar as lágrimas que se acumulam aos montes — Você não sabe o que está dizendo… — sussurro, desviando de seu olhar assustado. Não sei se caiu em si e se deu conta do erro que cometeu, mas isso não me interessa mais — …e mesmo que soubesse isso não é da sua conta. — concluo, num tom um pouco mais seguro e alto.

— Claro que é. — responde, me encarando. Pela sua cara parece um menino de doze anos assustado e solitário e eu realmente gostaria que o gelo que se formou em meu coração pelo que ele me acusou derretesse, mas não derrete, o deixa ainda mais sólido.

— Não, não é. — afirmo, mantendo firmemente o duelo entre nossos olhares. Não vou perder nessa discussão. Levanto levemente meu queixo — Não se esqueça de que você não passa de uma pessoa da qual sou obrigada a aturar por ser meu chefe.

Fecha a cara e seu semblante muda. Minhas palavras o feriu e parece indignado pelo que disse — Não, não sou apenas isso. Sou irmão do namorado que você está traindo. — cospe as palavras, até uma de suas mãos apontar o dedo indicador para mim num gesto hostil e acusatório — Porque é o que está fazendo, não é? Traindo meu irmão! Logo com o amigo dele?!

Tão bipolar quanto meu ogrinho, percebo que a instabilidade é de família, porém não recuo. Me sinto mais forte do que nunca, porque não há mais nenhum sentimento bom para protegê-lo da minha indignação.

Me aproximo, empurrando com meu peito inflado seu dedo acusatório e levanto meu rosto até ficar cara a cara. Definitivamente ele foi longe demais — Jamais trairia seu irmão, independente de com quem fosse. — declaro, num tom mais grave, perigoso e ele parece perceber, porque vacila em seu olhar, em sua postura e em toda a raiva que emanava de cada poro do seu corpo — Sasuke não tem apenas o posto de namorado em minha vida. — afirmo com deboche, o calando — Ele tem meu coração e meu corpo. Tem tudo que eu tenho porque o amo. — levanto meu queixo ainda mais desafiadoramente, observando o quanto parece chocado e talvez eu esteja interpretando errado, porque parece decepcionado também e isso seria um absurdo, porque, por que ele ficaria decepcionado? Estou afirmando o que ele queria para seu irmão, deveria se desculpar por me julgar tão covardemente — E se isso não for o suficiente para entender, respondo sua pergunta claramente. — olho profundamente — Não estou traindo seu irmão. Neji e eu não temos nada além de uma relação profissional leal e uma grande amizade. — tombo um pouco minha cabeça para o lado e sorrio de canto. Se ele queria ir longe, eu também vou — Ao contrário de você… ele, Shikamaru e Hinata foram as pessoas que ficaram ao meu lado quando ninguém mais ficou. — uso do mesmo tom acusatório que usou comigo, mantendo meu olhar afiado — Ao contrário de você… eles foram o meu porto seguro quando todos, incluindo você, eram uma ameaça para mim. — avanço um passo, o fazendo recuar, ainda o mirando com toda a raiva que tenho — E ao contrário de você… eles nunca empunharam uma faca contra mim. — as palavras saem revestidas de ressentimento e percebo que isso o atingiu ainda mais do que qualquer coisa que havia dito, porque sua expressão sofre uma brusca mudança para surpresa para arrependimento — Qualquer um dos três terá meu apoio incondicional, principalmente Neji e se ficar em nosso caminho, independente do que disser ou fizer, eu vou acabar com você. — lhe dou uma última olhada antes de sair.

Meu corpo inteiro está formigando. Estou com tanta raiva, tanta. Que Kami me acalme!

Volto para onde estão todos e assim que chego viro alvo de seus olhares.

— Hinata. — ela olha para mim e para de limpar o supercílio de Neji — Pare de cuidar dos ferimentos deles. Não terão tratamento algum e sentirão dor até que eu mude de ideia, quem sabe assim aprendem a se portar como homens. — a vejo lutar contra si mesma para não me questionar e assentir, se levantando — A mamata acabou. Vamos. — ordeno e não espero respostas, apenas me viro e retomo nosso caminho, os ouvindo me seguir.

O Uchiha mais velho fica surpreso ao ver que saímos sem ao menos esperá-lo, mas que se dane. O que ele esperava depois de todas as ofensas que fez? Flores e abraços? Sou eu a mocinha ofendida da história, Shannarooo!

Seguimos o caminho em silêncio, depois de certo tempo ouvia-se alguns gemidos de dor e não precisei olhar para trás para saber que eram os três. Deveria piorar os machucados de cada um deles para que aprendessem, ninguém mandou agir como moleques.

— Não acha que está sendo um pouco rígida com os garotos?

— Homens. — corrijo, afrontando Hatake — Não são garotos, são homens e estão nessa situação para lembrarem disso.

Continuamos andando em pleno silêncio até que minutos depois Hatake decide acabar com minha paz mais uma vez.

— Você está certa em puni-los, mas acho que não vai ser muito útil termos agentes machucados em missão. — paro meus passos e o encaro incrédula. Hatake coça a cabeça — Os puna de outra forma. — sugere e continuo a espera da maldita solução que parece ter — Cuide dos ferimentos deles para que não prejudiquem a missão, mas os puna com algo que realmente vai fazê-los se arrepender pelo que fizeram… — olho para os três parados, o mais afastado possível um do outro, tentando encontrar o que poderia causar esse arrependimento se não a dor física — …dor moral. - conclui e imediatamente o olho surpresa.

— Dor moral…? — sussurro. Mas é claro! Como não pensei nisso antes?! Sorrio de canto com as ideias que se formaram em minha mente. Vou fazê-los se arrepender amargamente pelo que fizeram! Olho para Hatake, que parece sorrir para mim, pois seu único olho exposto plissa.

— Vejo que já compreendeu o que eu disse e algo me diz que não vou querer estar na pele deles quando fazer o que está planejando. — diz em tom descontraído, me fazendo lembrar da relação legal que tínhamos antes de ele se tornar suspeito.

— Faremos uma parada. — anuncio, sem deixar de encarar Hatake — Hinata, cuide do Neji.

— Sim, senhora. — prontamente ela vai até ele.

— E eu? — Naruto questiona e sorrio, direcionando meu olhar a ele, mas acho que de forma sinistra, porque ele faz uma careta.

— Se ele receber tratamento médico exijo que eu também receba. — Sasuke diz, vindo em minha direção até ver meu sorriso e paralisar também.

— Eu mesma cuidarei de vocês. — afirmo, andando até os dois que coincidentemente já estão lado-a-lado.

— Oe… que sorriso sádico é esse, Nicole?! — Naruto pergunta, recuando passos.

— Ora… por que diz isso, Naruto? — rio internamente do desespero do loiro, mal consigo segurar meu sarcasmo nas palavras.

— Porque estou vendo. Prefiro que a Hinata cuide de mim.

— Por que? — tiro do meu coldre traseiro luvas cirúrgicas andando em sua direção — Sou boa em tratamentos médicos também… você vai ver. — um tom ameaçador domina minhas cordas vocais e Naruto me olha como se tivesse se arrependido de ter aberto a boca e o mesmo vale para Sasuke, que por mais contido que seja, percebe-se que está se borrando por dentro.

Começo por Naruto. Ele tinha cortes feios no lábio inferior, um pouco abaixo dos olhos e inúmeros hematomas por todo o corpo, isso porque nem havia dado muito tempo para a pele esfriar e realmente expor os danos causados.

— Aí, aí, aí! Vai com calma, Nicole! — Naruto grita pela vigésima vez, quase me fazendo me arrepender da ideia que tive. Não lembrava que seus gritos eram tão agudos!

— Pare de gritar, idiota! — Sasuke vocifera, lhe dando um cascudo.

— Cala a boca, bastardo! — Naruto o empurra, fazendo Sasuke abrir uma carranca.

— Calem a boca vocês dois! Será que é difícil representar a idade que vocês tem quando estão na presença um do outro?! — grito ainda mais que os dois e isso gera um silêncio maravilhoso. Volto a terminar o último curativo que faltava em Naruto — Espere aqui. — ordeno, quando estava prestes a se levantar e se juntar aos outros.

Por sorte Sasuke é mais maduro que Naruto, por mais que esteja doendo, porque propositalmente não estou tratando com cuidado, ele não grita, apenas faz caretas e quando realmente fica insuportável solta uns urros. Assim que termino Sasuke ameaça se levantar também, mas o seguro pelo pulso.

— O que está fazendo? — questiona, encarando minha mão segurando seu pulso. Com a outra mão tiro do coldre lateral algemas e coloco no pulso de Sasuke — O que significa isso?! — brada, sendo puxado por mim que seguro o pulso do Naruto, o prendendo igualmente.

— Significa que estão sendo punidos. — sorrio discretamente observando um preso ao outro — Aturem-se nas próximas vinte e quatro horas e nem pensem em me perguntar como vão fazer certas coisas na presença um do outro. Isso é problema de vocês. — digo, rindo internamente ao imaginar quando qualquer um deles precisar fazer as necessidades fisiológicas. Lhes dou as costas, acenando com uma das mãos — Ah e mais uma coisa… — os olho por cima do ombro — …é bom não reclamarem em minha presença. Aumentarei um dia por reclamação que ouvir.

— Mas-… — Sasuke dá uma cotovelada em Naruto, o interrompendo — Por que me bateu, bastardo?!

— Cale-se. — resmunga, virando o rosto.

Sorrio vendo que Sasuke compreendeu o que eu disse e pisco, retomando meus passos. Obviamente assim que lhes dou as costas Naruto e Sasuke começam uma discussão entre si. Posso até ouvi-los se socar, mas faço vista grossa, com certeza essa foi a melhor punição que eu podia lhes dar.

Ao chegar onde estão todos Itachi me observa, no entanto o ignoro, já conversamos tudo o que tínhamos para conversar. Hatake se aproxima, olhando os dois algemados vindo enquanto discutem algo trocando empurrões que os fazem se desequilibrar, já que estão unidos pela algema.

— Você realmente foi cruel. — Hatake comenta em tom de brincadeira e não consigo resistir em rir — Não teria pensado em algo melhor.

— Obrigada. — respondo no mesmo tom e me viro, vendo Sasuke e Naruto pararem assim que percebem que estou os olhando.

— Eu já entendi, bastardo… — Naruto murmura, virando o rosto para o outro lado, encontrando Neji se levantar calmamente tendo o apoio de Hinata — E ele? Ele não será punido também?! — me olha emburrado.

— Não se preocupe. O que é dele está guardado. — digo, olhando diretamente para Neji que franze o cenho com minhas palavras.

— Uh… tive um calafrio agora. — se vira para Neji — Você está ferrado, Neji!

— Pare de gritar. Vai me deixar surdo, idiota! — Sasuke lhe dá outro cascudo e lá vamos nós para mais uma discussão.

Retomamos nossa caminhada que felizmente estava silenciosa.

Hinata se aproxima de mim rindo — Você descobriu como castigá-los, hein! Nunca vi Naruto-kun tão deprimido e Sasuke-kun tão frustrado. — sussurra, soltando outro riso.

— Eles mereceram. — justifico, dando uma rápida olhada para a dupla sem noção quieta demais se tratando dos dois mais barulhentos quando estão juntos.

— O que pensa em fazer quanto ao Neji-kun? — a olho sugestivamente, transmitindo por meu olhar o que se passa em minha mente e logo ela compreende — Oh… coitada da Tenten-chan! — sussurra.

— Ela vai sobreviver. A pergunta é, ele vai? — pergunto, num tom brincalhão e ela ri novamente.

Duas horas depois fazemos mais uma parada para descansar e comer. Nesse meio tempo, Itachi não se aproximou mais de mim e Hatake manteve-se neutro.

Me pergunto ainda o motivo de ele ter me ajudado, querendo ou não o acusei de traição, mas desde que agiu como se nada tivesse acontecido entre nós, faço o mesmo, claro que com um pé atrás. Ainda não sei qual é a dele.

Quando retomamos a caminhada Shikamaru veio me dizer algumas coisas que haviam acontecido enquanto estive dormindo, como por exemplo que os caras da cidade vizinha que nos recepcionariam vieram e não passaram nem vinte minutos com eles dando algumas informações de praxe. Disseram que voltariam em uma semana e já se passaram seis dias, então amanhã provavelmente voltarão e eu terei uma séria conversa com eles. Até onde sei deveriam nos prestar total apoio e não aparecer como se fossem turistas e ir embora sem fazer nada útil. Outra coisa foi que Gaara disse que gostaria de falar comigo assim que chegasse e que por isso devo me preparar para um assunto muito sério, já que Gaara não costuma ter esse tipo de atitude. Algo me diz que vem outra bomba por aí e não estou falando só porque Gaara deveria me preocupar por ser namorado de Ino e um cara extremamente observador, o caso é que sinto que mais problemas estão a caminho, principalmente se eu levar em conta o fato de Orochimaru e Suigetsu ainda estarem por aqui.

Meu coração se precipita e paro meus passos. Só agora me dei conta de que mais pessoas estão a caminho e se Orochimaru e Suigetsu ficaram, é porque podem querer implantar nanomicrofones em outros para me vigiar, ao menos um dos motivos que os mantém aqui deve ser esse.

— O que foi? — Shikamaru pergunta e o olho. Viro para trás e vejo Itachi e Hatake estranharem minha parada repentina.

Hinata e Neji se aproximam rapidamente.

— Aconteceu alguma coisa? — Hinata pergunta.

Olho para todos os lados tendo a sensação de ser vigiada. Será que ele está próximo? Olho para o rosto de cada um a minha volta. Será que já implantou mais microfones? E se ele implantar na Hinata, Shikamaru e Neji por perceber que estão mais próximos a mim? Isso é mal.

Recuo alguns passos e tento me recompor. Devo ter transparecido meu pequeno pânico, porque todos estão preocupados — Não é nada. Vamos acelerar o ritmo. Quero chegar no máximo até o anoitecer. — digo, já retomando meus passos.

Preciso me afastar de todos até ter a certeza de que não estão com nanomicrofones. A pergunta é, como vou descobrir isso?

Depois de mais algumas horas andando finalmente chegamos na Zona Principal.

Há uma grande movimentação mostrando que há mais pessoas presentes do que tinha quando deixamos o acampamento.

— Nosso reforço chegou. — Shikamaru anuncia e passa por mim. O vejo correr em direção de um pequeno grupo incluindo Temari, Kankuro, Lee-san, Tenten, Kiba e Kurenai.

Hinata e Neji param ao meu lado e observam comigo os demais grupos formados do lado de fora da tenda, conversando entre si distraidamente. Em um grupo está Yugao, Hayate e Chouji e em outro Gai, Iruka e três agentes que desconheço, mas ao ver Hatake observá-los, chuto ser os que ele indicou.

Espero Itachi, Sasuke e Naruto passarem por mim indo em direção à um dos grupos e me aproximo de Hatake, lhe segurando pelo antebraço ao ver que sem perceber minha aproximação pretendia ir até lá.

— É bom que os agentes que indicou não me deem trabalho. — alerto, referindo-me a lealdade e ele percebe, pois me olha com pesar — Posso não ter chance de mudar minha escolha já que estão aqui, mas estou de olho neles e principalmente em você. — aviso, o soltando.

Me encara por alguns segundos e coça uma das têmporas, antes de desviar rapidamente de meu olhar como se estivesse procurando as palavras certas para usar, ciente de que vou condená-lo por qualquer erro que cometa em minha presença.

— Eu não posso dizer nada que mude seu julgamento sobre meus atos, porque pelo que demonstrei até aqui você está certa… — diz olhando em meus olhos e franzo o cenho, confusa sobre onde quer chegar — …mas eu não sou um traidor. Mesmo guardando segredos, que deixo claro que não são meus, não faria nada para prejudicá-la, porque tenho grande apreço por você. Você é uma agente espetacular e acima disso uma pessoa inigualável que respeito e admiro. Sei que está fazendo o que ensinei a fazer, se precaver e espero que algum dia me dê a chance de voltar a ser a pessoa que você confia e admira como mostrou admirar.

Desvio de seu olhar, sem palavras para dizer. Obviamente estranho suas palavras, “Mesmo guardando segredos, que deixo claro que não são meus…”, então são de quem? Olho para Itachi interagindo com o grupo do Gai e quase pulo de susto quando sinto uma mão sobre meu ombro. Hatake está mais próximo e me olha ainda mais intensamente que antes, como se quisesse demonstrar sua tristeza por se tornar para mim o que se tornou, uma pessoa a qual não confio mais.

— Itachi também está passando por muitas coisas. Não sabia o que estava acontecendo quando interferi na discussão de vocês, mas não imaginei que era algo tão grave como a traição de uma das pessoas que ele mais confiava e se ele abriu isso a você, mesmo na nossa presença, foi porque ele se importa com você e não queria perdê-la sem ao menos tentar explicar seus últimos atos. — se aproxima ainda mais, mantendo a mão em meu ombro. Olha para Itachi, que virou sua cabeça em nossa direção até encontrar meu olhar — Lhe ensinei a importância de desconfiar de tudo e todos , mas também vou lhe ensinar outra lição muito importante para sobreviver, saber distinguir as pessoas boas das más, as confiáveis das desconfiáveis e acima de tudo as que você pode contar independente do que aconteça e as que não merecem nem serem lembradas por você e Itachi, com certeza Itachi é uma pessoa da qual você pode contar independente do que aconteça. — olha para mim por segundos antes de voltar a atenção no dito cujo — Uma vez lhe disse que Uchihas são teimosos e agora digo que além disso são também cautelosos e extremamente rigorosos com quem criam laços, pois não sabem lidar com as emoções e sentimentos que podem ser despertados por estas pessoas. Se algo os tira da zona de controle deles, eles se precipitam, reagem ao extremo e muitas vezes, mesmo sem a intenção, ferem as pessoas a volta por não saberem lidar com isso. - não consigo segurar uma careta insatisfeita por vê-lo defender Itachi e ele imediatamente suspira pesadamente — Não estou justificando o que ele fez, até porque só você sabe o quanto te afetou os erros que ele cometeu. O que quero dizer é que por você e por ele, talvez seja aceitável dar a ele uma segunda chance. — seu olho plissa, como se sorrisse para mim e naturalmente retribuo com um pequeno sorriso.

Passo algum tempo pensando até conseguir dizer alguma coisa — Obrigada. — digo e fecho a cara — …mas ainda estou de olho neles e em você. — complemento e sem querer solto uma curta risada, sendo retribuída com uma risada discreta antes de me deixar sozinha.

Por mais que eu insista que Hatake e Itachi me traíram de todas as maneiras possíveis, meu coração insiste ainda mais em querê-los em minha vida. A quem quero enganar? Eles são importantes pra mim e o que Hatake disse sobre Itachi, não sei se algum dia voltaremos ser como éramos, ou se vou realmente perdoá-lo, mas o que foi dito explica um pouco o descontrole de Itachi e até de Sasuke.

— Droga… — resmungo — …eles são extremistas demais. — suspiro vendo Itachi conversar com Asuma, que acabou de sair da tenda e depois para Sasuke, que continua emburrado, ignorando Naruto matracar alguma coisa com Kiba.

Olho a nossa volta e me dou conta de que faltam muitas pessoas aqui. Onde estão Sai, Shino, Gaara, Yamato e principalmente Ino?

Começo a me aproximar de todos sendo observada por Hinata e Neji que não desviam seus olhares de mim nem por um minuto. Em meu interior, estou com aquela sensação de que algo está errado e isso me faz olhar para todos, procurando algum indício de que estou certa e como sempre não encontro. Seguida pelos Hyuugas, entro na tenda e paraliso ao subir meu olhar. De um lado Sai, Ino e Gaara interrogam o trio que atacou Naruto, que Sasuke e eu ajudamos a capturá-los. Do outro Shino e Yamato interrogam outro grupo.

Eu poderia dizer que estou bem, mas não é exatamente assim que estou vendo Sai socar o cara do capacete que lutou contra mim, arrancando-lhe sangue friamente, exatamente como fez comigo quando me torturou enquanto me interrogava e Yamato e Shino, não fazendo muito diferente com o grupo de quatro pessoas que estão interrogando, apesar de na minha opinião ser bem pior. Yamato eletrocuta uma pessoa enquanto a interroga e Shino afunda a cabeça de alguém num grande barril com água.

Sinto minha pressão cair rapidamente e me escoro em Hinata que imediatamente me acolhe.

— Você está bem?

— Estou com tontura. Preciso sair daqui. — digo e Hinata e Neji me levam para fora com meus braços sobre seus ombros.

Meu coração está extraordinariamente acelerado, meus pulmões não estão dando conta da minha respiração prematura, minhas pernas estão bambas e estou com uma tontura desgraçada.

— O que está acontecendo? — ouço a voz de Itachi, mas não o vejo, meus olhos estão fortemente fechados por causa das pontadas que estou sentindo em minha cabeça.

Minhas narinas ardem e isso faz com que eu passe a respirar pela boca, sugando o ar com dificuldade.

— É outra crise de pânico? — Hinata pergunta e respondo mesmo sabendo que não foi pra mim.

— Não. — solto um urro e caio sobre meus joelhos quando sinto algo se revirar em toda a parte do abdômen — É diferente… essa mer-…da… - engulo as palavras, sentindo minha cabeça latejar, como se alguém estivesse batendo ela contra alguma coisa e um zumbido agudo começar a soar.

Não consigo mais ouvir nada e abro os olhos quando sinto algo escorrer do meu nariz. Vejo sangue pingar continuamente no chão. Por que meu nariz está sangrando de novo?! Levei algum soco?

Foi meu último pensamento antes de tudo sumir e eu me perder na escuridão dentro de mim.

Desperto ouvindo aquele zumbido insuportável e me sento alarmada. Onde estou?!

Olho para todos os lados e um pouco longe, de costas para mim, na porta da tenda, vejo Ino e Sasuke conversarem. Volto a olhar a minha volta procurando por Hinata ou Neji, mas não encontro-os. Estou no canto da tenda e pelo tamanho não é a Principal. Vejo máquinas e instrumentos laboratoriais e confirmo que estou numa das três tendas menores.

Jogo meu corpo para o lado, plantando os pés ainda calçados no chão. Sinto meu corpo inteiro formigar e um aperto no peito, mas esse não tem nada a ver com meu emocional, dessa vez sinto como se meu coração estivesse sendo literalmente espremido.

— Eu não sei, Sasuke! — ouço Ino gritar e volto a olhá-los. Sasuke puxa Ino pelo braço e eles saem da porta, indo para fora.

— Como não sabe? Por que disse aquelas coisas para a Hinata?! Sabe de alguma coisa e vai me contar. Você é psicóloga e amiga dela. — ele acusa e repentinamente me sinto interessada no que estão falando, principalmente porque Sasuke abaixou a voz a cada palavra, apesar de estar carregada de tensão e uma irritação crescente.

Levanto e furtivamente vou até lá. Estão falando de mim, Haruno Sakura, e preciso saber do que se trata.

— Pare de pressionar a Ino assim, Sasuke. — ouço na voz de Naruto e me dou conta de que por um segundo havia esquecido que algemei ele a Sasuke.

— Olha… Sakura se tornou muito fechada, mesmo antes de ser sequestrada. O que eu sei é… — Ino vacila em seu tom. A voz se torna trêmula e soa embargada. Vai chorar, droga! O que Sasuke está fazendo com ela?! Me aproximo um pouco mais e me coloco de costas para a tenda, atrás de onde estão — …que ela tem pesadelos todas as noites. Já até empunhou um punhal contra mim enquanto estava presa a um pesadelo.

— Pesadelos todas as noites? — Naruto murmura e parece assustado — Por que não me disse que ela tinha pesadelos?!

— Ino. — Sasuke a chama com urgência, ignorando Naruto — A Sakura, mesmo sendo menor e pesando muito menos do que eu, me jogou com uma força monstruosa contra o armário há uma distância absurda! — se descontrola e não sei se estou assustada pelas imagens que vieram em minha cabeça ou pelo seu tom — Como explica uma coisa dessas?!