O jantar foi incrível, tive a oportunidade de me aproximar da Bianca e notei o quão incrível ela era. Mostrou-me seus livros e filmes preferidos. E descobri que assim como eu e a Diane, ela também gostava de desenhar e os desenhos eram lindos e nem pareciam ter sido feitos por uma criança de cinco anos.
Já passava das nove da noite quando a pequena adormeceu no colo da mãe, Diane pediu para que eu esperasse enquanto colocava a Bianca na cama.
-Sua filha é incrível assim como você. - Falei quando a loira se aproximou de mim. Deu aquele lindo sorriso e sentou-se ao meu lado no sofá. Passou os dedos em meu cabelo e me fitou por longos segundos. - O que foi? - Perguntei sem jeito.
- Só admirando o quanto você é linda. - Disse e eu senti minhas bochechas arderem. - E fica ainda mais linda quando fica tímida.
A puxei para um beijo. Nossos lábios se encaixam tão bem e pareciam ter sido feitos um para o outro.
- Diane! - Ouvimos uma voz masculina gritar do lado de fora e logo em seguida um forte estrondo que ecoou pela casa toda.
Senti suas mãos ficarem geladas e arregalou os olhos. Levantou-se rapidamente e correu até a janela.
- Quem é? - Perguntei e mais uma vez ouvimos o estrondo na porta.
- Meu ex-marido, ele está bêbado e não sei do que ele é capaz. - Respondeu e pegou seu celular que estava em cima do sofá, suas mãos estavam trêmulas e ela discou algo e logo levou o aparelho ao ouvido.
Caminhei devagar até a janela e vi o homem em pé em frente à porta e na mão dele tinha uma garrafa que com certeza era bebida alcoólica.
- Mamãe! - Bianca desceu chorando e correu para os braços da Diane que estava mais nervosa ainda.
Mais um estrondo na porta e naquele momento eu já estava ficando nervosa também. Aquele homem poderia arrombar a porta e fazer alguma coisa.
- Fica aqui com a Valentina, meu bem. - Diane pediu e a garotinha concordou. Pulou nos meus braços e ficamos abraçadas no sofá. – Vou tentar ligar para o meu pai, eu já volto. – Assenti e Diane subiu para o andar de cima.
Quando voltou falou que tudo iria ficar bem. O homem continuava com os gritos, xingamentos e socos na porta. Ouvimos um carro estacionar no lado de fora, mais gritos e minutos depois a porta foi aberta.
- Filha, você está bem? - O homem mais velho perguntou ao adentrar na sala. E aquela postura de forte que a Diane estava fazendo se desfez ao abraçar o pai.
- Tenho medo que ele me machuque novamente. - Confessou e se agarrou mais ainda ao pai.
- Não vou deixar ele te machucar novamente. - Assegurou. Fiquei curiosa para saber o que havia acontecido no passado dela.
- Já liguei para a polícia. - A mãe dela disse chegando à sala, seu olhar foi direcionado para mim.
- Você precisa de carona? - O pai dela me perguntou ao notar minha presença na sala.
- Não precisa. Obrigada. – Agradeci.
Levantei do sofá com cuidado para não acordar a Bianca, que tinha adormecido em meus braços. A pedido da filha, o homem mais velho acabou levando a pequena para o quarto.
Diane desvencilhou-se dos braços do pai e me abraçou fortemente.
- Me desculpa por isso, o Sebastian é imprevisível. – Falou ainda me apertando contra seu corpo. Olhei por cima de seus ombros e sua mãe me fitava com um olhar que era difícil decifrar.
- Não precisa se desculpar, eu entendo. – Falei descansando minha mão em sua cintura.
- Tem certeza que não quer que eu te leve?
- Tenho certeza. – Afirmei. – Te vejo amanhã.
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O resto da semana passou-se sem muitos acontecimentos, uma vez outra eu e a Diane íamos ao parque ou shopping com a Bianca e por Neville ser uma cidade pequena e por não ter casais homossexuais, ninguém desconfiava de nada e pensavam que era uma simples amizade. Diane também foi parar no hospital algumas vezes com a falta de ar e aquele era um assunto que não dava mais para ignorar, mas toda vez que eu tocava nele, ela mudava de assunto e assim fiquei sem saber o que realmente ela tinha.
Minha relação com meus amigos ainda estava conturbada, eles estavam chateados por eu ter desistido da banda e ter me afastado deles. Mas mesmo com toda aquela treta, eu e Diane combinamos de passar o final de semana na praia e assim eu poderia participar da festa da Debora.
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Sexta-feira era o dia em que iriamos viajar para a capital e passar o sábado e o domingo na praia. Diane achou melhor ficarmos em um hotel ao invés de ficarmos na casa de praia da Debora que estaria cheia de alunos.
- Você sabe surfar? – Bianca perguntou enquanto me ajudava a prender a pequena prancha no carro.
- Não. – Respondi. – Mas eu gostaria de saber, acho incríveis as manobras que os surfistas fazem no mar.
Depois longas duas horas de viagem, finalmente havíamos chegado à capital e fomos dar uma passada na praia. O pôr-do-sol estava maravilhoso e deixamos que a Bianca brincasse um pouco no bar enquanto admirávamos o pôr-do-sol daquele lugar.
- Vamos brincar de pique-esconde? - Bianca sugeriu.
- Já está ficando tarde. – Diane falou.
- Ah, por favorzinho! - Fez uma cara de cachorro pidão e arrancou risos da minha parte.
- Quer saber? Melhor a senhorita correr agora mesmo. - Falei e ela rapidamente começou a correr e eu a segui.
Diane logo se juntou a nós e ficamos brincando por longos minutos na beira da praia.
- Não me molha! - Diane gritou e tentou correr, mas eu a puxei pela cintura e caímos na água. Logo em seguida Bianca pulou em cima de nós fazendo um montinho.
Saímos da praia de mãos dadas e nem nos importamos se alguém iria nos ver. Fomos direito para o hotel. Naquela mesma noite acabei discutindo com a Diane, pois ela não queria que eu fosse para a festa, mas apesar disso eu acabei indo. Cheguei à festa e tentei não beber nada, mas quando a galera chegou acabei bebendo uma latinha e depois duas, três... E quando vi já estava bem alterada.
- Você está em todo lugar... – Falei suspirando ao ver o Pedro na festa. Eu já estava irritada com a persistência dele de querer ter algo comigo.
- Você esta namorando, não é mesmo? Esse é o motivo pelo qual não quer ficar comigo.
- Eu não estou namorando! – Gritei e sai da casa em passos largos em direção à praia. Ouvi o som diminuindo na medida em que eu ia me afastando da casa. Senti um forte empurrão e cai com tudo no chão. – Qual é o seu problema? – Perguntei ao tentar levantar, mas fui impedida pelas mãos pesadas dele.
- Você acha que eu sou idiota? – Perguntou. - Você acha que eu sou idiota? – Voltou a perguntar e segurou minha cabeça contra a areia. Minha cabeça estava girando e eu não conseguia raciocinar muita coisa. – Eu sei que você está saindo com a Diane Mendoza, vi vocês juntas na praia.
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