Em meus sonhos aquela melodia feita pelo entrelaçar da lingua de uma bela moça ecoava em meus ouvidos e eu o seguia por uma porta e mais a frente uma estrada da neve mais clara e limpida que realçava o brilho da lua. Naquela noite lobos uivavam e a moça de cabelos negros corria entre o flocos brancos, mas a felicidade dela era nitida que o som transmitido por aquela musica encantava ouvidos alheios, porém o seu sorriso durou pouco algo começou a mudar em seu semblante e ela corria de medo aquilo que a perseguia não deixou-a em paz.
Eu via tudo aquilo sem me mover ou falar, mas era como se a criatura que estivesse a perseguindo soubesse da minha existencia ali. Tenho quase certeza que ela me olhou, um olhar de odio e maldade, mas ela buscava algo que a moça não podia oferecer, não naquele momento.
Levanto rapidamente com o susto de finalização do sonho, minha cabeça latejava horrores então voltei a deitar, mas me mantive acordada. Tentei começar pelo mais simples já que a dor me incomodava, lembrar de ontem era a minha opção mais facil, mas ai, percebi que as lembranças eram perturbadoras, como uma em sã consciência poderia gerar filhos tão nojentos e despreziveis como aqueles meninos? Pera.. algo estava estranho, como eu sabia que eles eram irmãos se nem parecidos eles são? Quanto mais eu pensava mais nada fazia sentido, tudo ficava confuso, minha dor aumentava mais e pra finalizar parecia um filme de terro e mistério. Mas pra piorar mais ainda, eu estava nua embaixo daquela coberta de tecido caro, como eles foram capaz de fazer uma coisa dessas? Tinha que sair o mais rapido possivel dali.
Com o tempo minha dor de cabeça se acalmava e eu ia percebendo que ao meu redor a decoração era incrível, um nível de realeza pairava no ar. O quarto tinha paredes em tons e vinho e branco, já no teto uma pintura de sete corações incrivelmente reais.
Levanto-me agarrada a coberta, minha mente ainda se perguntava como eles eram capazes de me deixar nua? Inacreditável.
As janelas ali fechadas não emitiam um raio de luz sequer, isso começou a incomodar meus olhos. Fui na direção delas e puxei aquelas enormes cortinas, metros e metros de panos caros e empoeirados se movimentaram e para a minha surpresa as janelas eram filmadas e o meu esforço se valeu de nada. Com a minha frustração deixei a coberta cair e fiquei ali parada, observando tudo por fora em um tom enegrecido
--...não acredito..—minha indignação era nítida em minha face refletida no vidro filmado.
Onde eu estaria me enfiando? Já deveria ter acabado a busca por informações e ter ido embora. Um vento frio perseguiu o meu corpo arrepiando cada pelo de cada parte do mesmo. Olhei em volta, nada de estranho havia acontecido, e como eu agradeci por isso. Mas naquele mesmo quarto avistei um guarda-roupas de madeira esculpida em flores orientais e em um movimento rápido o abri, lá dentro vestidos caros de tecido nobre unicamente bordados a mão, fiquei impressionada, fugia dos padrões da nossa sociedade atual era como se eu estivesse entrando nos tempos antigos. Aquilo ficou em meus pensamentos, que foram interrompidos por uma voz.
--Eles foram feitos unicamente para sua mãe, e ela ficava maravilhosa em cada um deles. – loiro dos olhos incrivelmente azuis, esbanjando charme. Shuu estava sentado na janela olhando para a paisagem escurecida –Por favor se cubra!
Seu tom foi petulante, mas eu já havia me acostumado, porem corei e corri para me agarrar ao primeiro lençol estirado na cama.
--Olha vocês são um desastre em receber visitas e um caos como família, eu só quero minhas informações e já estou indo embora, desde que vocês não me toquem mais eu prometo não denuncia-los – um bocejo saiu dos lábios delicados de Shuu.
-- Você fala demais, isso irrita meus ouvidos, receio que terei que calar sua boca!—em um movimento rápido que me tirou da concentração de suas palavras, ele estava na minha frente me prendendo entre o guarda-roupas e seu perfume incrível, mas aquela situação me deixou fora do meu controle emocional.
--...não...muito perto...ontem já aconteceu.......por favor de novo não!—Eu chorava e o empurrava, mas para a minha surpresa ele cedeu e saiu de perto. Eu respirei fundo e me acalmei.
--Não sou diferente deles, mas também não sou igual. Você ainda tem algo a cumprir e eu prezo as regras que mim foram impostas, só tente não ser tão emocionada, isso me deixa fora de controle.—o seu tom era calmo e firme, mas algo em seus olhos mostravam o contrario ele queria me tocar como Reiji tocou e isso me fez estremecer.
--....eu... não entendo... quero fazer algumas perguntas..—um ultima lagrima escorreu e eu continuei.---..é..
--Mais uma vez você fazendo barulho, vista algo, isso me incomoda profundamente. —ele me olhou de cima a baixo e eu curiosamente corei.
Minhas malas não estavam longe, logo nos pés da cama,pretas com listras brancas brilhantes, Rosário tinha um exagero só dela. Levei o primeiro conjunto de roupas que estava organizada naquela mala, uma blusa de manga comprida laranja e um shorts preto, pus um chinelo simples, lavei o rosto e prendi o cabelo, minhas pintas ficaram desatacas em meu rosto branco e eu não usava sutiã por não ser tão exuberante. Respirei fundo e falei comigo mesma “não tenha medo, ele não morde, assim espero”. Sai do banheiro pronta pra enchê-lo de perguntas, mas ao chegar perto ele havia dormido, seu olhos estavam serrados, parecia um anjo, ate achei encantador. Fiz o erro e chegar mais perto ainda, senti a sua respiração em meu rosto.
--Seu cheiro me incomoda...—de todos os susto que já tomara naquela casa a quele foi o pior.
--Ai meu deus, eu estou fedendo ? – me questionei tentando me cheirar
--Não, muito pelo contrario tenho vontade de tirar cada peça de roupa sua e sugar esse sangue quente que corre em suas veias.—no final da frase seu olhar se dirigiu a mim.
--O que?....--- fiquei arrepia e dei alguns passos para trás.
--shh, não grite. Você tem algo para me perguntar, certo? Comece!
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