Tudo estava em seu devido lugar, a casa de Rosário era incrivelmente linda. Saindo do quarto eu me deparo com um corredor extenso e no fim uma escada em caracol com pisos de madeira maciça que faziam barulho com o andar das botas anunciando a minha chegada.
--Por aqui querida, venha me acompanhar aqui fora. -- a voz dela estava um pouco longe então sabia que era na varanda. -- que boom que já está pronta, eu preparei uma mala com tudo que você precisa. Eu irei te levar de carro até a estação de trem para que você não precise pegar um onibus e..
-- Calma Rosário, desacelera. Você disse iria comigo! Como eu vou aparecer lá sozinha?-- já comecei a repensar a viagem, não gostaria de passar vergonha.
--Ah querida me desculpe, eu iria com você, mas tenho uma conferencia na China assim que eu te deixar na estação -- K veio servir a comida que estava com um cheiro otimo e Rosário era empresária de uma industria alimenticia.
Fiquei observando K por um tempo, ela colocou pratos na mesa e as bebidas nos copos logo depois a sobremesa. Bateu uma onda de curiosidade e acabei perguntando assim que K saiu.
--Tudo bem...Por que você nunca me disse que tinha uma dama de companhia como a K?
Ela ficou estatica por um tempo e logo em seguida cruzou os dedos.
--Lara.. Ouça bem, de onde eu e a sua mãe viemos pessoas são postas em devidos lugares para nos observar e cuidar do nosso bem estar enquanto estamos longe de casa, K ficou um tempo fora para resolver umas papeladas da legalização dela no país, agora que está de volta é necessario que ela fique comigo.
Tudo parecia extremamente estranho, muitas coisas surgindo do nada e um misterio rondando a familia da minha. Parecia um conto de horror macabro onde minha mãe era algum tipo de monstro.
-- O que vocês são? Algum tipo de agente supervisionado da CIA? -- perguntei em tom de brincadeira.
--Quem dera fosse querida. Apenas coma se não ira esfriar.
Com toda a certeza ela escondia algo ou fugia de algo, mas preferi não me intrometer. O almoço consistia em uma carne que eu na minha escolaridade atual não sabia pronunciar o nome, um como de suco e bolo de sobremesa. Apreciei cada detalhe da boa refeição contemplando a vista que a varanda me proporcionava. Após o almoço K retirou a mesa e Rosário me ajudou a levar as malas que consistiam em uma grande de arrastar preta e uma de mão azul.
--Malas prontas, carro ok, menina a ser levada também. Falta algo? --disse apontando para mim
--É... eu acho que não-- dei risada
--Mas é claro que falta, vou fazer um telefonema então me espere no carro.-- ela se virou e pegou o celular
Eu entrei no carro e a observei conversando seriamente no telefone, parecia uma reunião de negocios ou algo do tipo, mas no fim ela só estava falando com o representante da casa. Assim que terminou entrou no carro de luxo nivel oito e deu partida, mas a nossa primeira parada era na casa do meu pai onde eu insisti para passar. Quando chegamos eu desci correndo e entrei.
--Pai? --perguntei no vazio da casa
Estava tudo escuro, mas lá estava ele, sentado em uma mesinha redonda com um abajur velho o iluminando.
--Pai, eu...--ele me interrompeu
--Eu sinto muito, sei que não sou um bom pai e que você está indo embora, mas não posso mudar sem sua mãe aqui esse é o meu pecado e eu vou ter que pagar por isso.-- uma lagrima escorreu
Era sempre assim ele era um velho arrependido que viveu a vida para a esposa.
--Ah pai, eu sempre vou cuidar de você, é só um semana fora, tente aguentar firme pela mamãe.--dei um abraço nele, por fim olhei em seus olhos e sai
Algumas lagrimas escorreram, mas Rosário não fez pergunta apenas deu partida.
Eu estava pronta pra encarar o que quer que fosse para que essa viagem me trazesse de volta um parte da minha mãe que foi apagada da minha vida.
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