História Portas da Alma - Capitulo 12

Phoenix- Apartamento de Alec.

As correntes queimavam, as veias do rapaz estavam ardendo e a sua visão estava turva.

Uma garota, de longos cabelos negros, olhos negros, lábios vermelhos, corpo escultural, pele alva, com uma adaga nas mãos.

-Está pronto para sofrer? –Pergunta, passando a adaga no peito dele, fazendo-o estremecer. –Claro que está. –Afirma, sorrindo maldosamente.

-Izzy. –Sussurra, confuso. –Por que está fazendo isso comigo? –Pergunta, sentindo-a corta-lo.

Alec pode sentir a sua pele sendo dilacerada, enquanto o rosto da moça a sua frente se enchia de satisfação por cada gemido de dor que o rapaz soltava.

-Porque eu posso. Porque você merece ser punido, filho de Raziel. –Acusa, brincando com o sangue. –Vocês todos merecem isso. –Afirma, maldosamente, voltando a corta-lo, só que desta vez mais fundo, fazendo-o soltar um grito.

Várias e várias facadas se seguiram aquela e tudo o que o rapaz conseguia pensar era em como ele queria que aquilo acabasse de uma vez por todas.

Alec acorda ofegante, seu corpo está suado, o seu coração está disparado.

Ele toca no lugar aonde foi cortado no sonho e poderia jurar que ele tinha sido cortado ali, mesmo que isso fosse impossível. Afinal de contas, aquilo nunca havia acontecido com ele, mas a dor continuava.

Outra coisa que estava o incomodando, a sua mão estava latejando, latejando tanto que o rapaz coloca uma careta no rosto, seguindo em direção ao banheiro, Alec pega o kit de primeiros socorros e retira o curativo, encontrando-o negro, assim como as veias.

-Droga. –Resmunga, limpando a ferida e fazendo um curativo. Quando Alec volta para a sua cama, encontra Presidente Miau, deitado em sua cama. –O que está fazendo aqui? –Pergunta, recebendo um miado preguiçoso em resposta, fazendo-o rir. –Talvez, o seu dono possa ficar sem você por uma noite. –Comenta, deitando-se ao lado do gato, que se aconchega a sua volta, lambendo a sua mão e soltando um ronronado. –Eu não quero ficar mais sozinho. –Confessa, fechando os seus olhos.

                                                 * * * 

Nova York- Instituto.

— Como assim, Robert está me convocando a Idris?! - Pergunta Jace irritado para Isabelle. 

— Olha Jace, tudo o que sei é que o papai mandou uma mensagem de fogo dizendo que precisava de você em Idris, nós também iremos. 

— E quem seria nós? 

— Você, Clary e eu claro, mamãe não sai mais do quarto então acho que não vai, Clary quer ver seus pais, já que faz um tempo que eles estão por lá, já que Luke é o representante dos licantropos. 

Jace sentiu seu coração se apertar ao ouvir o nome de Clary, não havia conversado com ela desde a ultima discussão que tiveram, ela o evitava a todo custo. Desviou o olhar de Isabelle e olhou para a janela. 

— Clary também vai? - Perguntou num sussurro. 

— Ah! Sério, vocês ainda não se entenderam? Jace sinceramente o que está acontecendo com vocês? - Perguntou Isabelle indignada.

O rapaz respirou fundo e a encarou. 

— As coisas andam meia confusas entre a gente, não tenho sido o melhor namorado do mundo desde . . . Desde o que aconteceu com Alec. - Respondeu angustiado.

Isabelle observou Jace atentamente, já fazia um tempo que não via mais o rosto do irmão corado, Jace estava com uma cor pálida acinzentada, tinha perdido muito peso, seus olhos estavam com sombras escuras. Sentiu uma nova onda de culpa a assolar, se prendera tanto em sua dor e se esquecera de Jace, se esquecera que ele também sofria por Alec. Se aproximou do rapaz e o abraçou, sentiu ele ficar tenso sobre seu toque, mas logo relaxou e correspondeu o abraço.

— Izzy, a-achei que você me odiasse. - Disse o garoto com a voz embargada e o rosto escondido no pescoço da irmã.

— Como pode pensar isso Jace?! Eu não te odeio, você é meu irmão! - Disse a garota surpresa.

— V-você nem ao menos olhava pro meu rosto, sempre saia quando eu chegava, achei que me culpava por Alec. 

— Jace, eu não te culpo, eu só não sabia como te encarar, pois sei que vou falhar com você tanto quanto falhei com meus outros dois irmãos. - Disse a menina chorando. 

Jace levantou o rosto e viu as lagrimas da menina, sentiu remorso por deixa-la sofrendo tanto, mas não podia entregar Alec, as paredes daquele instituto tinham ouvidos. 

— Izzy, Alec está bem, eu sei que está. Ele sempre soube se cuidar sozinho e sei que Magnus também está cuidando dele. 

— Eu sei Jace, mas não consigo tirar da cabeça que falhei com ele. E que talvez ele me odeie agora. 

Jace a abraçou mais forte, tentando passar conforto. 

— Ele não te odeia, ele te ama, acho que ele só precisa de um tempo para pensar. 

— Se ele não me odiasse, estaria aqui agora. - Disse a menina com um sorriso amargo. 

— Tenho que ir Izzy, preciso resolver uma coisa antes de ir a Idris. 

— Não demore, eu fico preocupada.

— Volto logo, prometo.

Deu um beijo na testa da garota, seguiu rumo as escadas e sacando seu celular para falar com Magnus. 

— Preciso te encontrar agora, assunto urgente, mesmo lugar de sempre. - Disse quando o bruxo atendeu e logo desligou.

Era sempre assim, não davam maiores explicações quando estavam no telefone, não queriam correr riscos, sempre que um ligava o outro largava tudo e ia ver do que se tratava, afinal a segurança de Alec era prioridade.

                                                         * * *

Magnus chegou à cafeteira e se sentou no lugar de sempre, havia virado um habito encontrar Jace naquela cafeteria, ela era discreta e muito aconchegante. Ninguém ficava reparando neles conversando, bem ninguém do sexo masculino e que fosse completamente heterossexual, pois todos que tivessem qualquer tipo de atração por homens não conseguiam tirar os olhos quando Jace chegava. 

Uma vez Magnus perguntou se era sempre assim, se toda vez que saia o loiro era assediado desse jeito, Jace havia dado de ombros e dito que sempre que estava sem o encanto. Magnus achava que Jace era muito perigoso para sair por aí sozinho, não tinha uma única mulher que não o devorasse com os olhos e até alguns homens, definitivamente a beleza Herondale era muito perigosa. 

Olhou impaciente para as mesas quase vazias, eles tinham sorte pela cafeteria ser 24 horas, pois já eram quase duas da manhã e isso preocupou o bruxo, o que poderia ter acontecido para Jace ligar e dizer que precisava vê-lo? Não gostava de deixar Alec sozinho a noite, era sempre nesses horários que os demônios costumavam aparecer, claro que eles não sabiam onde Alec estava, mas eram abatedores, seja lá quem estivesse atrás de Alec, era muito persistente, usava abatedores sem qualquer tipo de pudor, o bruxo já havia matado pelo menos quatro desde que se mudara para lá. Jace quando ficou com Alec havia matado dois, seja quem fosse que queria a cabeça de Alec, tinha muita influencia com o reino demoníaco. 

Foi tirado de seus pensamentos por Jace que havia chego e sentado à sua frente. 

— Então o que aconteceu? - Perguntou preocupado. 

— Robert me chamou a Idris. - Respondeu o loiro irritado. 

O bruxo arregalou os olhos, por que agora?

 Por que Robert iria querer Jace em Idris logo agora?

Ele sabia que o submundo andava inquieto, mesmo estando fora das reuniões, ainda tinha seus contatos e sabia mais ou menos o que se passava no submundo, sempre gostou de ficar por dentro das coisas, principalmente agora que seu namorado corria risco de vida.

— Por quê ? O que ele ganha com você em Idris? 

— Não faço a mínima, mas uma coisa eu sei, você terá que segurar as pontas por enquanto. Semana passada, matei quatro raveners a dois quarteirões daqui, seja lá que estiver atras de Alec, está ficando impaciente, está mandando cada vez mais demônios abatedores.

— Sim a noite passada um Armaros quase entra no apartamento de Alec. 

— Ele está bem? Ele viu o demônio? - Perguntou Jace preocupado. 

— Alexander está bem, eu o matei antes que ele pudesse ver, porém acabei me machucando no processo. Mas estou bem, e reforcei as proteções do apartamento dele. - Disse o bruxo tranquilizando o caçador que parecia cada vez mais preocupado. 

— Não posso ir para Idris agora, as coisas estão se complicando muito. 

— Você precisa ir, iram desconfiar se você não for. Eu me viro, como disse reforcei as defesas e Alexander é um rapaz muito tranquilo, não preciso ficar igual doido atrás dele em baladas, ele é muito caseiro, o que é bom, torna mais fácil protege-lo. 

— Certo, vou aproveitar a viajem e investigar mais Robert. 

— Como anda seu relacionamento com Clary? - Quis saber o bruxo. 

Jace levantou-se e lhe deu um sorriso amargo. 

— Qual relacionamento? Clary me odeia, ela descobriu sobre Alec, ou apenas metade da historia e tirou suas próprias conclusões. Mas prometeu que não contaria a mais ninguém, porém não quer me ver nem pintado de ouro. Ela me odeia Magnus, porque menti pra ela e a magoei. 

— Sinto muito Jace, quer que eu converse com ela? 

— Não, temos coisas demais pra resolver, eu me viro com a Clary, talvez o melhor para ela seja realmente ficar longe de mim, afinal eu não escondo por quem fui criado. Tenho que ir, antes que Isabelle mande a Clave atrás de mim, disse que não demoraria.- Disse amargo

Magnus ficou um tempo observando Jace partir, sentiu pesar pelo garoto, era nítido o quanto ele amava Clary, mas graças à circunstancias não podia se acertar com a garota. 

Soltou um suspiro cansado e resolveu voltar para seu apartamento, precisava ficar de olho em Alec, embora ele saiba que o garoto estava seguro, afinal havia mandado Presidente Miau para cuidar do caçador, enquanto estivesse fora.