História Portas da Alma - Capitulo 20

Phoenix- Apartamento de Magnus.

Enquanto Alec estava ajudando Mary a comunicar aos parentes sobre a morte de Logan, o rapaz estava ocupado demais para notar a sua falta, então, Magnus pode seguir em direção ao seu apartamento, que fora invadido por algum caçador de sombra.

Quando adentra o imóvel, encontra Clary no meio da sala, com os braços cruzados e uma expressão de quem está prestes a ser enforcada.

Depois de Edmundo e Will,Clary é um dos três caçadores de sombra que Magnus realmente gostava. Afinal de contas, ele não gostava de Alexander, ele o amava.

-O que aconteceu? –Pergunta, aproximando-se de Clary, que relatou tudo o que havia acontecido, deixando Magnus com uma expressão preocupada.

-Preciso do Alec, preciso que ele volte comigo. –Revela, desesperada. –Eu não posso deixar que o Jace morra. –Afirma, aproximando-se de Magnus.

-Não! –Diz, duramente.

-Magnus, você não está entendendo a gravidade da situação. O Jace pode morrer! –Afirma, nervosa. –Ele não vai entregar o parabatai, então, eu só. –Interrompe-se, quando Magnus nega com a cabeça.

-Eu não vou entregar o meu amor para a morte, Clary. –Afirma, seguro.

-Então, quer entregar o meu? –Pergunta, agressiva. –Eu não vou perder o Jace, eu não vou deixar que ele morra por algo que vocês nem sabe se é verdade. –Afirma, apontando em direção a Magnus.

-Acho que você esqueceu com que está lidando, Clarissa. –Afirma, duramente. –Vou refrescar a sua memoria. –Avisa, deixando faíscas azuis saírem dos seus dedos. –Ninguém toca, ninguém leva o Alexander para lugar algum. –Garante, ameaçadoramente, fazendo Clary dá passos para trás.

-Magnus. –Chama, sussurrando. –Você não está falando sério. –Afirma, abismada.

-Tente tocar em Alexander e você vai sentir na pele o quanto eu estou falando sério. –Garante, sombriamente.

-Magnus, eu... Eu estou sem saída. –Confessa, nervosa e Magnus viu a sua mão seguir em direção a sua lamina serafim.

Ele não gosta da posição que estava tomando, mas se ele não mostrasse a Clary que ele estava falando sério, ela não iria recuar.

Magnus não queria, nem gostaria de fazer nada contra a ruiva, mas se fosse entre ela e Alexander, ele não hesitaria em feri-la para salvar Alec.

-Não me ameasse. –Manda, olhando-a nos olhos. –Peça ajuda, mas não me ameaça. –Afirma, entre os dentes.

-Eu não tenho saída. –Repete, nervosa, afastando a sua mão da lamina de serafim.

-Sempre tem um jeito, Clarissa. –Afirma, afastando-se dela e abrindo o seu armário de ingredientes de poções. –Bom... Robert não vai esperar o julgamento, ele vai usar a espada mortal. –Revela, pegando os ingredientes.

-Isso é um desastre! –Afirma, nervosa.

-Não, é providencial. –Afirma, olhando nos olhos verdes de Clary. –Aonde você vê um problema, eu vejo uma oportunidade. –Garante, piscando em direção a Clary. –Se ele não tiver condições alguma de falar a verdade, nem em pensamento, Robert não vai arriscar a vida de Jace. –Revela, apontando em direção a Clary.

-E, então, ele o manda para a Cidade do Silêncio. –Revela, nervosa.

-E nós o resgatamos. –Afirma, começando a preparar a poção. –Você vai ter que levar a poção para ele, Jace deve bebê-la imediatamente. A partir daí ele não poderá dizer ou pensar a verdade. –Garante, suspirando.

-Ok. –Sussurra, enquanto Magnus começa a fazer a poção.

                             * * * 

Idris - Gard.

— Estou lhe dizendo Jia, a melhor coisa que podemos fazer é adiantar esse interrogatório, precisamos saber se Jace está agindo por conta própria, a mando de alguém ou se está possuído como da ultima vez. - Disse Robert encarando a Consuela.

— Não sei não Robert, Jace merece um julgamento justo, alias Maryse ainda não foi notificada e ela é a mãe dele. Acho melhor esperarmos. 

— Jia entenda, não temos tempo, precisamos saber o que está acontecendo, demônios em Idris? Isso é o cumulo! É nosso dever proteger Idris e os Caçadores, não podemos nos deixar levar por afeto, não importa a quem seja. 

Jia suspirou cansada e olhou pela janela de sua sala, sua vontade era renunciar, não tinha mais tempo para sua filha, só apareciam problemas e mais problemas, sempre precisava tomar decisões difíceis que depois a corroíam por dentro e uma delas era exatamente sobre Jace Herondale, um heróis de guerra, na verdade O herói de guerra, gostava daquele jovem determinado, não queria ter que usar a Espada Mortal nele e muito menos ter que acusa-lo de traição. Porém estava contra a parede, o próprio pai do menino o estava acusando, não entendia como Robert conseguia ser tão frio com os próprios filhos.

— Tudo bem, Robert, marque para o fim do dia, Jace passará pela Espada Mortal se está não der resultado o enviaremos aos Irmãos do Silêncio, mas quero que fique ciente de que se chegarmos ao extremo dos Irmãos, a mente de Jace nunca mais será a mesma. Espero que consiga viver com o fato que destruiu seu próprio filho. - Disse Jia e viu o homem engolir em seco. 

— Não faço isso por mim Consuela, faço pela Clave, se existe algum tipo de ameaça contra ela, é meu dever acabar com isso, mesmo que tenha que sacrificar meus dois filhos para isso. - Disse friamente e se retirando da sala. 

                                            * * * 

Phoenix- Apartamento de Magnus.

Depois de terminarem de avisar a todos sobre o falecimento de Logan, Mary havia, finalmente, descansado, deixando para mais tarde a organização do velório, Alec percebera que Magnus não estava ao seu lado.

Alec tinha quase certeza de que Magnus deveria ter ido a seu apartamento e não quis interromper a conversa dele com Mary avisando ao namorado a sua falta, então, Alec o seguiu.

A verdade era que ele queria um abraço apertado, uma xícara de chá e pensar em qualquer outra coisa que não seja em mortes e em demônios.

Quando a porta do apartamento de Magnus se abriu, uma ruiva apareceu, ela era baixa, cabelos revoltos, sardas por todo o seu rosto, olhos verdes e parecia estar surpresa em encara-lo.

-Alec. –Sussurra, prendendo a respiração.

-Perdão, nós nos conhecemos? –Pergunta Alec, com o nariz torcido para a ruiva.

O que aquela baixinha estava fazendo na casa do seu namorado?

Alguma coisa nela era familiar, mas ao mesmo tempo ela tinha um sinal luminoso de perigo na testa.

-Provavelmente, de tanto que eu falo do meu vizinho lindo de olhos azuis. –Responde Magnus, intrometendo-se no meio.

-Entendo. –Sussurra, ainda com uma expressão emburrada.

Magnus por um segundo o encarou, com um sorriso divertido nos lábios, então, Alec sustentou o olhar e arqueou a sobrancelha, fazendo-o revirar os olhos.

-Ciumento. –Acusa, murmurando, passando o braço na cintura de Alec. –Alexander está é Clarissa, namorada de Jace. –Apresenta, encarando a ruiva, que encarava-o em transe.

-Quem? –Pergunta, confuso.

-O meu amigo loiro. –Responde, despreocupado.

-Hum. –Sussurra, observando Clarissa analisá-lo.

-Pode me chamar só de Clary, eu prefiro. –Revela Clary, estendendo a mão em direção Alec.

-Alec. –Afirma, observando-a entrar no apartamento.

-O que ela faz aqui? Foi por isso que saiu de fininho? –Pergunta, murmurando.

-Ela veio me visitar e não, sai de fininho porque eu precisava alimentar o meu gato e eu não queria atrapalhar seu momento com Mary. –Responde, despreocupado. –Acabei organizando o velório todo por aqui e quando estava voltando para o apartamento de Mary, Clary apareceu. –Revela, puxando Alec para dentro.

-Não precisava organizar o velório sozinho. –Revela, negando com a cabeça.

-Eu sou bom em organizar qualquer coisa, Alexander. –Afirma, beijando a bochecha de Alec.

-Menos o seu apartamento. –Acusa Clary, suspirando.

-E você não tinha que encontrar o Jace? –Pergunta Magnus, afastando-se de Alec e estalando os dedos e Alec poderia jurar que viu faíscas azuis saírem dos dedos do namorado.

-Verdade. –Diz, espantada. –Foi um prazer te conhecer pessoalmente, Alec. –Garante, saindo do apartamento e fechando a porta, sem esperar que Magnus a acompanhasse.

-Garota estranha. –Resmunga, cruzando os braços, chamando a atenção de Magnus, que o encara sorrindo.

-Chá? –Pergunta, aproximando-se dele.

-E um abraço, por favor. –Pede, manhoso e Magnus ri e o puxa para os seus braços.

-Seu desejo é uma ordem. –Afirma, beijando a testa de Alec, fazendo-o fechar os olhos e soltar um suspiro.

                                      * * * 

Idris - Gard.

Jace estava de pé encarando a multidão de caçadores a sua frente, suas mãos estavam algemadas, ele estava no salão de julgamento do Gard. Vários caçadores se encontravam presentes, muitas famílias importantes da Clave. Pelo jeito Robert realmente não havia conseguido esperar e havia adiantado seu julgamento. 

Soltou um suspiro se preparando pelo pior, olhou para a primeira fila e viu Isabelle que tinha os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, Simon estava ao seu lado a consolando, mas também notava-se que estava abatido. Seu olhar vagou pelo salão e ele pode ver alguns rostos conhecidos, Helen, Aline que lhe olhava muito abatida, James Carstairs que estava visivelmente preocupado, continuou olhando pelo salão e soltou um suspiro de alívio ao não ver certa cabeleira ruiva por ali, agradeceu aos céus por Clary ter tido juízo e obedecido seu pedido de voltar para Nova York. 

— Muito bem estamos aqui para o interrogatório de Jonathan Herondale. - Disse Jia. -  Jonathan segure a Espada Mortal. 

Jace deu um passo à frente e encarou a Espada, nunca imaginou que um dia teria que segura-la em um julgamento, engoliu em seco e segurou a Espada. 

— Muito bem, você jura dizer a verdade e somente a verdade? - Perguntou Jia.

— Juro. - Disse Jace segurando Maellartach. 

— Muito bem, passo a palavra para o Inquisidor. 

Robert deu um passo a frente, olhou para Jace e por um momento o garoto poderia jurar que viu dor em seus olhos, porém foi tudo tão rápido que o menino pensou que houvesse enlouquecido. 

— Jonathan Herondale, você está sobre influencia demoníaca? 

— Não. - Respondeu Jace sentindo o peso de Maellartach. 

— Você estava sobre ordens de alguém quando me atacou? 

— Não. 

— Foi ideia sua me atacar? 

— Sim. 

— Tinha alguém lhe apoiando com isso? 

— Não.

— Você iria me matar? 

Jace hesitou por um momento e sentiu a espada pesar e queimar em suas mãos, agora entendia o porquê de Emma Carstairs ter ficado tão revoltada quando usaram a espada em seus amigos.

— Responda a pergunta! 

— Sim. - Respondeu o garoto e viu Robert prender a respiração. 

— Por que você queria me matar? 

— Porque você mandou demônios atrás de mim e por causa disso Clary acabou ferida. - Disse com raiva. 

Robert pareceu atônito e Jace pensou em como ele era um excelente ator.

— Isso é um absurdo! Diga de uma vez, para quem você está trabalhando? 

— Para ninguém. - Disse Jace, sentia suas mãos arderem à espada estava ardendo em sua mão, nunca ninguém a segurara por tanto tempo.

— Diga você sabe onde está Alexander Lightwood? - Perguntou Robert de repente atraindo a tenção e surpresa de Jia Penhallow.

Jace respirou fundo, a hora que temia havia chegado. 

— N-n-n-nã . . . - Jace não conseguiu terminar a frase e soltou um grito de dor, Maellartach estava queimando suas mãos. 

— Mentir está fora de questão Jonathan, responda, você sabe onde está Alexander Lightwood? - Perguntou Robert implacável. 

— S-sim. - Respondeu agoniado e viu o sorriso de triunfo no rosto do Lightwood mais velho.

— Então diga, onde ele está? 

— N-não, não vou dizer, podem me matar, mas não direi! - Disse o garoto decidido. 

— Prefere ser acusado de traição? 

— Sim. 

— Diga, Alexander está em Nova York? - Perguntou Robert mudando de tática.

Jace segurou a respiração que já estava pesada pelo esforço de segurar Maellartach, não importava o que lhe acontecesse, não entregaria Alec. 

— N-não. – Disse, porém soltou um grito agoniado ao sentir a espada praticamente carbonizar seus braços. 

Robert arregalou os olhos não acreditando, Jace havia mentido, ele havia conseguido o que nenhum caçador jamais conseguiu. Todos diziam a verdade, pois segurar a Espada Mortal era algo agoniante e doloroso, mas Jace havia conseguido mentir e como castigo estava queimando literalmente. 

— Chega! Parem por favor! - Gritou Isabelle chorando. 

— Vocês o estão torturando! Todo mundo tem direito a uma defesa! - Gritou Simon. 

— Calem-se! - Disse Robert, mas seu olhar ainda estava sobre Jace. 

Jia olhava para os braços do menino horrorizada, seu braço estava totalmente carbonizado, sangue escorria, mas o garoto em momento algum soltou Maellartach, seu rosto demonstrava toda a agonia e dor que sentia. 

— Basta! Como ousam fazer isso com meu filho? Eu sou responsável por Jonathan Herondale, deviam ter me informado antes desse julgamento, irei recorrer! 

Todos se viraram para a entrada e viram Maryse Lightwood com o queixo erguido e o olhar irado, Robert por um momento ficou sem ação, aquela era a Maryse que ele conhecia, determinada, forte e muito protetora, não aquela sombra que a mulher havia se tornado nos ultimo tempos, fraca e depressiva. Ele olhou em seus olhos escuros e viu uma chama que há muito tempo não via. 

— Maryse . . . - Começou a Consuela. 

— Não quero saber, tudo o quero é que alguém cuide dos braços do meu filho! - Disse a morena se aproximando de Jace e retirando a espada de suas mãos e o abraçando gentilmente para não machuca-lo mais. 

Ao sentir aqueles braços protetores sobre si, Jace não soube dizer exatamente o por que, mas caiu em um pranto sofrido, para logo em seguida quando já não tinha mais forças cair desacordado nos braços de Maryse. 

— O que você fizeram com minha criança? - Perguntou raivosa. 

— Ele está sendo acusado de traição Maryse e você não devia ter interrompido o interrogatório. - Disse Robert friamente. 

— Chega! O interrogatório está encerrado, quero alguém para cuidar dos ferimentos de Jonathan e logo em seguida ele será levado para a Cidade dos Ossos! - Disse Jia se retirando. 

— Nós vamos conversar sobre isso depois. - Disse Robert entre dentes para Maryse. 

— Com certeza conversaremos sobre isso, Robert! Ninguém machuca minhas crianças! - Disse a mulher de queixo erguido.