Phoenix- Apartamento de Alec.
Namorar Magnus fez Alec, de certa forma, abandonar a sua própria casa!
Tanto que ele tinha que, urgentemente, arrumar a sujeira do apartamento, sendo ajudado por uma Mary bastante atenciosa.
-A senhora deveria estar descansando. –Acusa, com os olhos semicerrados.
-E você estudando, ou namorando. –Acusa, rindo.
Alec suspirou, ela deveria falar, vigiando o seu namorado que está hospedando um rapaz loiro que deve ser no mínimo mil vezes mais atraente que você. Alec deveria dizer isso a senhora, mas se calou.
Mary poderia lhe dar conselhos, mas ele tinha medo do que ela poderia dizer a ele, talvez estragasse com o mínimo de esperança que ele tinha.
Foi então, que aconteceu, ele paralisou e o seu corpo enrijeceu.
Alec pode sentir o seu corpo ser rasgado, várias e várias vezes, até que caiu de joelhos. Ele poderia ouvir Mary o chamar, ele poderia sentir a sua mão em sua fase, mas tudo o que ele conseguia pensar era na dor que estava sendo afligido.
A sua mente começa a embaralhar e, então, por um segundo ele viu Magnus a sua frente em vez de Mary, ele tinha olhos de gato, não os seus costumeiros olhos âmbar, ele tinha aquele olhar felino, com um sorriso nos lábios, fazendo-o se concentrar em seu rosto.
O moreno sabia que era uma alucinação,que tudo o que estava acontecendo era fruto da sua mente, mas focalizar nos olhos de Magnus, fez com que ele voltasse a realidade, tanto que quando ele piscou os seus olhos, ele encontrou Mary em vez de Magnus.
-Alec, o que está acontecendo com você? –Pergunta, preocupada.
-Eu não sei. –Confessa, ofegante. –Eu não tenho ideia do que esteja acontecendo. –Murmura, negando com a cabeça.
-Isso já tinha acontecido outras vezes? –Pergunta, analisando-o com atenção.
-Não. –Responde, nervoso. –Por favor, não diga nada ao Magnus. –Implora, desesperado.
-Mas ele... Ok, eu me calo, mas nós vamos ao médico. –Revela, retirando a franja de Alec da frente dos seus olhos.
* * *
Idris - Casa da Consuela.
Jia andava de um lado pra outro inquieta, tinha muita coisa que resolver, a Clave estava um completo caos, o Consulado estava fazendo pressão, a Clave queria respostas e atitudes e ter o Inquisidor Robert Lightwood lhe fazendo pressão para que desse ordem de prisão aos seus dois filhos não ajudava. O homem a estava infernizando querendo que ela colocasse mais equipes de buscas atrás deles.
Clarissa, Isabelle e Maryse estavam sobre vigilância constante, até mesmo o garoto Simon que ainda estava na academia estava sendo vigiado, se qualquer um deles tentasse entrar em contato com Jace ou Alec, eles saberiam e chegariam até eles.
Porém uma coisa não saia de sua cabeça, Alexander Lightwood, segundo Jace, fugira porque fora sequestrado e torturado por demônios, fora um ataque estranho já que o único intento fora atrair o jovem Lightwood até lá, mas como eles poderiam saber que o rapaz iria estar lá e sozinho?
Outra coisa, uma reunião de ultima hora fora marcada para aquele dia, convocaram até mesmo Maryse. Todas as suas decisões pareciam chegar a ouvidos de terceiros, até mesmo o fato de ter convocado Jace Herondale até ali, já que fora dela a ideia de deixar o menino responsável pelo instituto de Nova York, até Alexander dar o ar da graça. Mas até mesmo o fato do jovem Herondale estar em Idris havia vazado, assim como seu interrogatório.
Jia balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos angustiantes que lhe passavam pela cabeça, será que realmente era possível ter um traidor entre a Clave?
Eram poucas as pessoas que sabiam de antemão as suas decisões. Ouviu uma batida na porta e logo em seguida Aline e Helen entram na sala.
— Mamãe? Está tudo bem? - Perguntou Aline preocupada.
— O de sempre, esse caso Lightwood/Herondale está me deixando louca, acabei de descobrir que . . . - A mulher pareceu hesitar em dizer.
— O que você descobriu mamãe? Sabe que pode contar comigo e com Helen, não é? Estou aqui do seu lado. Mas se for algum assunto de sigilo eu respeito. - Disse Aline abraçando a mãe.
— Bobagem, se eu não puder confiar em minha filha e em minha nora vou confiar em quem? - Perguntou com um sorriso fraco. - Eu irei encontrar alguém no Brooklyn, essa pessoa me disse que tem noticias de Alexander Lightwood, vou até lá saber o que é, mas meninas, por favor, isso é sigilo, nem mesmo a Clave sabe ainda, preciso saber o que realmente aconteceu com esse menino, pois ele sempre foi tão correto e fiel às leis e ordens da Clave.
— Quer que nós a acompanhemos, Jia? Pode ser perigoso. - Disse Helen preocupada.
— Não querida, a pessoa que me mandou foi categórica, ela quer que eu vá sozinha, se eu levar alguém ela pode resolver fugir sem me dizer nada.
— Mamãe não estou gostando disso, pode ser uma armadilha!
Jia sorriu para a filha, era nítida a preocupação dela, porém antes que pudesse responder uma criada bate a porta e avisa que o Inquisidor queria vê-la. A Consuela solta um suspiro cansado, estava ficando cada vez mais estressada com Robert.
— Sinto muito meninas, mas preciso atendê-lo, Aline não me espere para o jantar, eu vou a esse compromisso.
Aline a olhou preocupada, mas logo em seguida se retirou da sala ao lado de Helen, logo o Inquisidor entra e encara a Consuela.
— Robert ,tenho algo muito importante para lhe contar. Recebi uma carta, alguém quer que eu vá ao Brooklyn, parece que finalmente vou saber o que aconteceu naquele dia em que levaram seu filho. - Disse a mulher séria.
Robert por um momento ficou sem palavras, apenas a olhava sem acreditar.
— Eu vou com você, quero saber quem levou meu filho!
— Não posso leva-lo Robert, entenda, esse assunto não pode sair daqui, ainda não avisei a Clave, mas algo me diz que para entendermos o que realmente está acontecendo, precisamos saber o que houve naquele dia.
Robert a encarou por um momento, a mulher parecia nervosa e o cansaço era evidente em seu rosto, ela vinha sofrendo uma grande pressão desde que essa historia toda começou.
— Tudo bem Jia, mas vou querer saber tudo sobre esse encontro, nem pense em me omitir nada!
— Tudo bem, você é o pai dele, tem o direito de saber.
— Ótimo, só avisar que coloquei alguns caçadores para procurar pelo estado do Arizona, houve muita atividade demoníaca por lá, precisamos manter os mundanos protegidos.
Jia o olhou pasma.
— Você os mandou lá para proteger os mundanos? Achei que fosse para procurar por seus filhos.
— Eu sou o Inquisidor Jia, sei das minhas responsabilidades, embora eu esteja querendo revirar o mundo atrás daqueles dois, eu ainda sou um caçador e como tal tenho responsabilidades, ao contrário dos meus filhos, eu não fujo delas.
Dizendo isso o homem se retirou sem nem ao menos olhar para atrás, Jia ficou um bom tempo olhando por onde ele havia saído e se preguntando se fizera a coisa certa, foi preciso mentir, contar versões diferentes, precisava saber se as pessoas que mais confiava eram traidores, soltou um suspiro exausto e foi se preparar para a noite, precisava saber quem iria aparecer, a segurança e sigilo da Clave dependia disso.
Phoenix- Apartamento de Magnus Bane.
Magnus andava de um lado para o outro, as noticias que Catarina lhe enviaram eram perturbadoras, tão perturbadoras que o bruxo, não tinha a mínima ideia do que fazer.
-Temos que tirar Maryse e os outros de lá. –Avisa Jace, nervoso.
-Eu sei disso. –Afirma, suspirando. –Mas eu não posso trazer todos para Phoenix, é perigoso demais. –Revela, olhando nos olhos de Jace. –Eu posso deixar um campo de proteção sobre você, mas a minha energia está totalmente em Alexander, eu não o deixo desprotegido um segundo sequer e mesmo assim ainda tenho problemas. –Confessa, derrotado.
-Magnus, você encontrou algum paliativo para o que os demônios fizeram? –Pergunta, preocupado.
-A única solução que encontrei, foi ele recuperar a memória aos poucos. Assim a sua própria mente encontra um meio de se recuperar totalmente. –Responde, suspirando.
-Tem certeza de que isso funcionaria? –Pergunta, com os olhos semicerrados.
-Não posso ter certeza de nada Jace. É só uma teoria e confesso, estou bastante relutante em coloca-la em pratica. –Confessa, olhando Jace nos olhos. –Eu não... Eu não conseguira vê-lo daquele estado novamente. –Revela, afastando-se de Jace.
Os olhos azuis sem vida, a confusão mental, tudo aquilo havia sido demais para Magnus e ele sabia que, de certa forma, havia sido demais para Jace também.
-Vai chegar num ponto que não vamos ter mais opção. –Revela Jace, aproximando-se de Magnus. –Alec pode não ser fisicamente mais forte, mas tem o coração mais verdadeiro dentre todas as pessoas que eu conheço, ele tem fé em todos, ele é uma das melhores pessoas que eu conheço e muito melhor do que eu poderei ser um dia. –Garante, suspirando.
-Como o deixou se envolver comigo? –Pergunta, confuso.
-Fiquei com medo que me transformasse em um cabide. –Responde, brincalhão.
Idris - Casa de Luke e Jocelyn.
Isabelle entra no quarto e logo vê Clary que parecia desenhar algo com fúria em seu caderno, se aproximou cautelosamente da ruiva e a observou por um momento.
— Clary? Tudo bem?
A ruiva ergueu os belos olhos verdes e a encarou, logo deu um sorriso doce em direção à morena.
— Sim Izzy.
— Hum . . . Clary, sabe que só para o caso de você ter achado um jeito . . . sabe de enganar o Inquisidor, e-eu to aqui, sabe que pode confiar em mim.
Clary a olhou incerta, logo deu um sorriso e voltou sua atenção para o desenho, Isabelle soltou um suspiro frustrado, Clary não estava fingindo, ela realmente estava fora de seu juízo perfeito.
— Clary, você sabe onde está o Jace? - Perguntou cautelosa.
— Eu seeei. - Cantarolou a garota.
Isabelle arquejou, talvez se tivesse tato e fizesse as perguntas corretas Clary respondesse.
— E você sabe se Jace está bem?
A ruiva a olhou confusa.
— Ora Izzy, ele está com Magnus!
Isabelle arregalou os olhos, ela tinha razão, Clary não estava mentindo, apenas não dizia a verdade direta, se ela fizesse as perguntas corretas talvez chegasse aos irmãos.
— E Alec, ele está bem? - Perguntou como quem não quer nada.
— Não, Alec está dodói. - Respondeu com um bico, fazendo o coração de Isabelle saltar.
— Eles estão em Nova York?
— Não. Mas eu estou com fome!
— Certo, eu vou pedir alguma coisa pra sua mãe, mas antes me diga, onde eles estão?
— Quero sorvete! E quero agora! Sorvete de abacaxi e caju com cobertura de chocolate.
— Acho que isso não deve combinar não Clary.
— Mas eu quero!
— Tudo bem. - Bufou a morena.
— Izzy? Quero o Jace, estou com saudades. - Disse a menina com os olhos cheios de lagrimas.
— Eu também Clary.
— Vou dar um pato pra ele de presente! - Disse a menina sorrindo de repente.
Isabelle arregalou os olhos.
— Acho que ele não iria curtir muito não. - Respondeu rindo.
Clary a olhou pensativa por um momento.
— Izzy eu conheci o Alec, ele é bonito, mas o Jace é mais gato!
— Eu sei Clary, eu estava lá quando você conheceu ele. - Disse gentilmente.
— Não estava não, só tinha o Magnus e ele, você está mentindo! - Acusou a ruiva.
Isabelle a olhou confusa, as vezes Clary divaga muito, não dava para saber o que era realidade e o que era alucinação na cabeça da menina, por isso a Clave não pode fazer nada, não era que a menina mentia, ela simplesmente tinha a mente confusa e não sabia o que era alucinação e o que era verdade.
— Clary, olha . . . Não deixa pra lá, por que não me conta como conheceu meu irmão?
Clary abriu um sorriso, que com certeza deixaria Jace extasiado, lembrar do irmão vez o coração de Isabelle doer.
— Eu estava com o Magnus, a gente brigou. - Disse triste, para logo em seguida abrir um sorriso. - Mas ai o Alec chegou e ele estava liiiindo, gosto dos olhos dele, fiz um desenho, quer ver?
— Claro.
Clary entregou o caderno a Isabelle que arregalou os olhos, na folha encontrava-se Alec e Magnus, estavam em frente a uma porta do que parecia ser um apartamento, Alec vestia roupas mundanas e parecia bem e saudável, Magnus apesar de extravagante também vestia roupas mundanas, mas fora a paisagem dentro do apartamento que chamou a atenção da caçadora, o pouco que tinha aparecido pela porta entre-aberta, Clary havia desenhado o apartamento com perfeição, não seria possível ela ter inventado tudo isso. Talvez a ruiva realmente soubesse onde seus irmãos estavam.
— Obrigada Clary, você me deu esperanças.
A morena se aproximou da ruiva que a olhava confusa, deu beijo em sua bochecha e se retirou do quarto, sua cabeça fervilhava, se Alec e Jace estavam em alguma cidade mundana, não fazia sentido ficar em Idris, sentiu um aperto no peito pelo que iria fazer, havia dito a mãe que ficaria longe de problemas, mas agora tinha uma pista por onde começar a procura-los, não ficaria parada, entre pedir permissão e pedir perdão, a morena preferia a segunda opção.
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