História Portas da Alma - Capitulo 40

Idris - Floresta nos arredores de Alicante.

Jace andava apressado com Simon em seus calcanhares, o loiro queria chegar o quanto antes na cabana de Ragnor, precisava informar aos outros que Helen era a verdadeira traidora, seus amigos corriam perigo enquanto acreditavam ser Robert o traidor. Caminharam um pouco mais, porém algo estava incomodando o loiro, seu sexto sentido lhe dizia que estavam sendo seguidos, não era bobo, aprendera a sempre confiar em seus instintos, com um movimento  rápido e discreto sacou uma lamina serafim, Simon que estava a alguns passos atras não percebera e continuou a andar tranquilo, logo porém, o loiro para fazendo o garoto trombar em suas costas. 

— Mas o que . . . - Simon se interrompe ao ver a expressão de Jace. 

— Estamos sendo seguidos mundano e já faz um bom tempo, alguém quer que nós os levemos até a cabana de Ragnor. - Sussurrou Jace.

— Droga o que vamos fazer? 

— Se eu estivesse sozinho poeria dar conta. 

— Você nem ao menos sabe quantos são, não diga bobagens! - Sibilou Simon irritado.

— Eu teria mais chances do que com você, qual é Simon, você apanhou de uma garota! - Disse Jace tentando segurar o riso. 

— Idiota! 

Nesse momento uma flecha passa raspando a cabeça de Jace, o loiro se desvia no ultimo momento,  se abaixando e puxando Simon junto. O loiro gira em torno de si mesmo e arremessa a lamina na direção de onde veio a flecha, tendo a satisfação de ouvir um sibilo de dor, logo um cavaleiro fada apareceu  com o ombro sangrando. 

Jace sentiu o corpo enrijecer ao sentir mais duas presenças a suas costas, olhou com o canto dos olhos e pode ver mais dois cavaleiros fada, ambos com espadas em punho. 

— O que vocês querem? - Perguntou, embora já soubesse a resposta.

— Queremos saber onde está Alexander Lightwood e também queremos levar você até nossa rainha, ela tem assuntos inacabados com você. - Respondeu o cavaleiro ferido.

— Por que vocês não mudam o disco? Toda vez a mesma coisa, diga onde está Alexander Lightwood  blablabla . . . Eu sei que meu parabatai é bonitão, mas convenhamos, eu sou mais, e também acho que um certo bruxo não ficaria feliz com isso! - Debochou Jace fazendo o cavaleiro se irritar.

— Jace seu idiota, não acho que irrita-los seja a melhor opção! - Disse Simon cada vez mais irritado.

— Diga-me, onde está aquela vadia? Eu sabia que havia algo de errado com ela desde o momento em que ela não caiu de amores por mim. - Disse Jace rindo e ignorando Simon completamente. 

— Jace! 

— Não faço ideia do que esteja falando. - Respondeu o cavaleiro. 

— Ah! Você sabe sim, aquela vadia meia fada que ficou com meus restos! 

— Jace você quer morrer?! - Gritou Simon transtornado.

— Já disse que você precisa ser mais claro. - Respondeu o homem fada.

— Oras, aquela lá, sabe que ficou com meus resto, vulgo Aline Penhallow, sabe eu dei umas pegadas nela, ela é bem gostosa se quer saber, tem uma mania de ficar pegando a bunda da gente, fico feliz por ter experimentado. . . 

Nesse momento o chicote de Isabelle acertou o rosto de Jace causando um ferimento profundo e deixando o garoto tonto. 

— Mas o que diabos está acontecendo aqui. . . - Começou Simon procurando por Isabelle, porém seus olhos se arregalaram ao ver Helen surgindo por entre as árvores, seus olhos demonstravam todo o ódio que sentia, ódio direcionado a Jace. 

Nem tudo o que Jace faz é completamente insano e sem propósito. . . Simon lembrou das palavras de Clary e logo a compreensão lhe veio a mente, Jace estava provocando o cavaleiro de propósito, ele sabia que Helen estava por ali e queria que ela aparecesse. 

— Esse chicote não lhe pertence, onde está Isabelle? - Indagou Jace com um olhar perigosamente frio. 

— As essa hora deve estar tendo uma bela recepção. A Rainha Seelie estava com saudades. - Disse Helen com um sorriso. 

— Maldita! Eu vou matar você! - Gritou Simon. 

— Achei que estivesse morto. - Disse Helen com desdém. 

Simon não respondeu, rapidamente pegou uma lamina que estava no cinto de Jace e partiu para cima de Helen, Jace que fora pego de surpresa apenas viu Simon atacando uma Helen que com destreza e anos de treinamento desviou com facilidade desarmando o moreno e lhe acertando o ombro com a lamina. 

Rapidamente Jace se pôs ao lado Simon e acertou um chute nas costelas de Helen fazendo a garota voar longe, logo duas flechas acertaram a perna direita de Jace o fazendo ir ao chão. Os outro dois caçadores que empunhavam as espadas partiram para cima da dupla. 

— Simon, some daqui! - Disse Jace ofegante e tentando tirar as flechas em sua perna. 

— Está louco? Não vou te deixar aqui! 

— Simon, você precisa avisar ao Alec que Izzy foi capturada, precisamos salva-la Simon! - Disse Jace encarando o garoto. 

Simon hesitou por um momento, não queria fugir e deixar Jace sozinho contra quatro guerreiros treinados, mas não tinha escolha, Isabelle podia estar sendo torturada a essa hora. 

— Vê se volta pra Clary! - Disse o garoto. 

Jace deu um sorrisinho de canto e se levantou, sacou mais uma lamina e sua adaga Herondale, e unificou as duas em forma de cruz bem no momento em que a espada do primeiro homem fada atacava. 

— Vai Simon agora! - Gritou Jace tentando segurar o guerreiro. 

Simon deu uma ultima olhada em Jace e saiu correndo, seguiu reto, correndo como se sua vida dependesse disso, o que não era de todo uma mentira. Após alguns minutos de corrida, percebeu que alguém lhe seguia, olhou com mais atenção e viu que era o segundo homem fada, ele tinha a espada em punho e se aproximava cada vez mais. 

O menino por um momento vacilou, estava desarmado e não podia levar os inimigos até Clary e os outros, de repente algo estalou em sua mente, o garoto lembrou que Jace vivia pegando em seu pé por ele sempre ficar desarmado, logo ele começou a andar com uma adaga escondida em sua perna, amarrada um pouco acima do tornozelo. Sacou a adaga e foi continuou correndo, porém uma raiz de árvore um pouco mais elevada o fez tropeçar e cair no chão. 

Amaldiçoando a si  mesmo, Simon se levantou a tempo de ver o cavaleiro atacar com sua espada, usando a adaga Simon desviou o ataque do cavaleiro e lhe acertou um chute entre as costelas fazendo o homem fada arfar e se encolher com a dor, rapidamente Simon acertou mais um chute em seu joelho o desequilibrando, aproveitando a chance o menino enterrou a adaga no peito do guerreiro e viu a luz se apagar dos olho dele. 

Ficou alguns minutos observando o corpo sem vida até ouvir um barulho atras de si, virou-se rapidamente e sentiu seu sangue gelar, a sua frente estava um demônio enorme, o garoto sabia que nunca esqueceria aquele ser, tinha um aspecto horrível e um cheiro podre, apavorado Simon deu um passo para atras mas caiu sentado no chão, aproveitando a distração o demônio atacou, acertando sua garra asquerosa na jugular do garoto que caiu no chão sufocando com seu próprio sangue. O demônio virou-se  a partiu deixando Simon agonizando, o garoto sentiu a escuridão lhe tomar e soube que aquele era seu fim, muitos diziam que quando se está morrendo via-se sua vida diante de seus olhos, porém tudo o que ele via era a escuridão da floresta e sentia seu próprio sangue lhe sufocar, nada de suas lembranças, nada da imagem de sua irmã Clary, nada de Jace o irritando, nada de Isabelle a garota que amava mais que a própria vida, apenas o firo, a escuridão e a dor. Sentiu as lagrimas chegarem e chorou em meio ao seu sufoco, chorou por falhar com Isabelle, chorou por não poder voltar para Clary, chorou por morrer ali sozinho, sem uma imagem conhecida segurando sua mão, com um ultimo engasgo a escuridão lhe tomou por completo.

                                                                     * * * 

Jace rapidamente acertou a adaga em meio as costelas do cavaleiro fada e o viu se entregar a morte, mal teve tempo porém de se virar e sentiu uma flecha lhe perfurar o ombro direito, soltou um pequeno grito de dor e ativou sua runa de velocidade, com dificuldade se escondeu atras de uma árvore, havia se esquecido do maldito arqueiro! Pegou sua adaga Herondale, arma da qual não desgrudava mais e a  arremessou acertando o pescoço do guerreiro fada. 

Saiu de trás da árvore e encarou Helen que estava ajoelhada ainda recuperando o ar pelo chute que levara, observou bem a menina e se amaldiçoou por não ter desconfiado logo dela, isso polparia muito sofrimento e muitas perdas. 

— Agora somos apenas eu e você. E nós dois sabemos quem vence não é? - Perguntou Jace encarando a garota. 

— Sim nós sabemos como isso termina. - Respondeu Helen com um sorriso sinistro que arrepiou o garoto. 

Jace notou que ela encarava um ponto atras dele, se virou com cuidado e seus olhos se arregalaram, um demônio enorme e horrível estava atras dele, tinha um aspecto doentio, uma cor verde musgo e marrom avermelhado, sua forma lembrava uma dragão e ao mesmo tempo uma caranguejeira. Exalava um odor repugnante, seus olhos vermelho sangue fitavam Jace com sede, pareciam que queria sugar até a ultima gota de sangue do rapaz. 

Jace deu um passo para atras e levantou sua lamina serafim, porém o ferimento em sua ombro e perna o deixavam lento, o demônio levantou uma de suas garras e acertou o peito do rapaz que caiu agoniante no chão, o demônio se preparou para dar o golpe final porém Helen o impediu.

— Não! Preciso dele vivo, por enquanto. Vou leva-lo a Clave, preciso atrair Alexander. 

O demônio a olhou entediado e se retirou em uma nuvem de cinzas e enxofre, Helen se aproximou de Jace que tossia sangue e lhe deu um chute no rosto, deixando o garoto desacordado. Sacou seu celular e discou o numero de Robert, enquanto olhava para Jace que sangrava desacordado no chão. 

— Alo? - Ouviu a voz distante de Robert pelo telefone.

— Senhor Inquisidor, e-eu fui atacada! - Respondeu chorosa.

— Um minuto, vamos com calma, quem está falando?

— D-desculpe, é-é Helen B-Blacktorn, eu fui atacada pelo povo das fadas, por Jace Herondale e Alexander Lightwood, eles levaram Isabelle e eu consegui p-pegar Jace, ele e-está aqui desacordado, porém os outros fugiram. - Disse chorando desesperada. 

— Helen se acalme e me diga onde está? Estou indo e levando comigo um esquadrão. 

— E-estou na floresta de Alicante. 

— Estou indo pra aí. Fique calma e me espere. 

Helen desligou o telefone e limpou o rosto gargalhando logo em seguida, era fácil dobrar os idiotas da Clave, eles julgariam Jace e o melhor, não acreditariam em nada que o garoto dissesse, uma vez que ele resistiu a espada mortal. Agora era só ter paciência e esperar por Alexander Lightwood, pois ela tinha certeza que este apareceria.

                                 * * * 

Idris- Casa dos Lightwood.

A cada passo que Alec dava, mas a sua mente trabalhava. Eles haviam esperado o tempo que Magnus tinha lhe pedido, mas quando o bruxo teve a certeza de que Jace não retornaria, eles se armaram e foram à casa dos Lightwood, onde Magnus marcou um encontro com Maryse, Alec iria ver sua mãe e o seu coração estava disparado.

O seu corpo todo tremia e isso chamava a atenção de Magnus, que lhe lançava olhares preocupados.

—Tudo bem, querido? –Pergunta  encarando-o.

—Tudo. Tem certeza de que o meu pai não está aqui? –Pergunta coçando a sua garganta.

—Tenho, Maryse disse que se encarregava de tirá-lo daqui, fora que devido aos últimos acontecimentos, Robert não tem vindo para casa, tem dormido no escritório. –Responde sincero.

—Que últimos acontecimentos? –Pergunta Clary confusa.

—Ela não me disse na mensagem, mas tenho absoluta certeza de que é importante. –Responde tentando manter-se calmo. –Maryse não é do tipo que faz alarde à toa. –Garante sério.

—Ainda bem que sabe, Magnus. –Revela Maryse descendo as escadas e encarando freneticamente Alec, que engole em seco.

Muitas imagens pulam na cabeça do rapaz, imagens da mãe, do seu carinho, do seu jeito severo, do seu amor.

Ele pode sentir a mão da mãe em sua cabeça, o garoto sabia o quanto a mãe estava orgulhosa do filho por ele ter quebrado o nariz do seu adversário na aula de luta, por ele ter saído da sua zona de conforto, por ter ouvido outra mãe gritar, pedindo por punição.

Ele viu orgulho nos olhos da mãe e ele queria ver aquele brilho sempre, queria que fosse continuo.

—Oi, mãe. –Cumprimenta Alec sem jeito, no segundo que a mulher o puxa para um abraço.

Alec não conseguia se lembrar dos abraços de Maryse, ou de demonstração de carinho, mas era bom sentir a sua mãe em seus braços.

—Deixe-me olhar para você. –Pede, colocando as mãos uma em cada lado do rosto do rapaz e suspirando. –Pelo menos um dos meus filhos, eu sei que está bem. –Comenta, murmurando, deixando Alec confuso.

—Como? –Pergunta, sussurrando.

Depois que Maryse saiu do choque de ter reencontrado o filho, ela sentou-se e contou que a filha havia sido levada pelos seelies, deixando Alec nervoso e Clary desconfiada.

—Então, foi por isso que Simon e Jace não voltaram. –Afirma Clary, com os olhos arregalados.

Um arrepio percorreu todo o corpo de Magnus, a possibilidade de Jace estar nas mãos da clave era como se entregasse a linda cabecinha de Alexander numa bandeja para todos os abutres caçadores de sombra.

Só esse pensamento faz com que o coração do bruxo ficasse apertado.

—Isabelle pode ter sido levada com o Sheldon, Jace pode estar em outro lugar. –Sugere Magnus aproximando-se de Alec, que olha nos olhos do bruxo e suspira.

—Acha que eles podem estar com ele? –Pergunta, preocupado.

—Pode acontecer. –Responde temeroso, desviando o olhar.

Magnus sente a aproximação de Alec e logo em seguida o rapaz forçando-o a encara-lo e soltando um suspiro.

—Tenho que concordar que você estava certo. –Sussurra, fazendo o bruxo revirar os olhos.

—Eu sempre estou certo, Alexander, você é que é do tipo impaciente e teimoso. –Acusa olhando-o nos olhos, fazendo o caçador rir.

—Pode ser. –Comenta dando de ombros. –Mas... Acompanha-me na minha busca por Izzy? –Pede, olhando-o nos olhos e Magnus revira os olhos.

—Tenho outro lugar melhor para ir? Talvez... Paris, Madri, Londres. –Comenta encarando as suas unhas, sentindo o olhar de Alexander sobre si. –Estou brincando.

—Eu sei. –Afirma revirando os olhos. –Saímos em cinco minutos. –Avisa, seguindo em direção à mãe, provavelmente, querendo mais detalhes sobre o paradeiro de Isabelle, ele estava agindo como sempre agia quando um ser que amava estava em perigo.

Magnus afastou-se de Alec e se aproximou de Clary, que estava de braços cruzados e encarando, freneticamente, um ponto no chão.

—Vou seguir com o Alexander. Você vai atrás do Jace? –Pergunta e ela concorda com a cabeça.

—Acha mesmo que o Simon está com a Izzy? –Pergunta encarando-o.

—Eu tenho quase certeza, aquele mundano nunca ficaria longe da sua princesa guerreira, ele só sairia de perto dela se fosse morto. –Responde fazendo-a arregalar os olhos. –O que eu não acredito que seja possível, já que não querem nada com ele. –Afirma tranquilizando-a.

Ambos se sobressaltaram quando a porta da biblioteca foi aberta e um clima tenso se instaurou no local, fazendo o bruxo encarar os olhos azuis de Robert, que encaravam o filho, como se ele fosse uma miragem, mas não foram os olhos azuis de Robert que estava chamando a atenção do bruxo e sim o azul dos olhos de Alec, havia dor em seu olhar e a sua fase retorcida só deixou o imortal com mais vontade de protegê-lo.

—Alexander! –Chama Robert, imperativo.