História Portas da Alma - Capitulo 42

Corte Seelie

Disfarçados Alec e Magnus esperavam o contato de Catarina, enquanto o bruxo analisa todo o ambiente, Alec encosta a sua testa nas costas do namorado.

-Desculpe por transformar o seu pai num veado. –Pede suspirando.

-Não precisa se desculpar. Ele mereceu. –Afirma, entrelaçando os seus dedos nos de Magnus, que encara-o. –Foi uma lição e tanto. –Comenta, sentindo-o se virar e beijar o topo da sua cabeça.

As fadas passavam por eles e não os reconheciam, Alec pode ouvir o seu nome sendo proferido algumas vezes e isso o deixou em alerta, mas Magnus estava ao seu lado e os dois juntos poderiam enfrentar caso fosse necessário.

-Que bom que não ficou chateado. –Comenta, alisando o rosto do rapaz, que beija a palma de sua mão.

-Você só estava me protegendo. –Sussurra contra a palma da mão do bruxo, que concorda com a cabeça.

Foi, então,que Magnus afasta-se  de Alec e rapaz observa dois homens se aproximarem, um de cabelos loiros, um olho azul e outro dourado, um claro hibrido de caçador de sombras com fada, e outro de cabelos azuis, um olho negro e outro prata.

-Você conhece o loiro, ele se chama Mark Blackthorn. –Sussurra no ouvido de Alec.

-Este é Kieran. –Apresenta apontando em direção à fada, que acena com a cabeça.

-Sabe quem nós somos. –Afirma Magnus, colocando-se a frente de Alec e o mesmo observa Kiren colocando-se a frente de Mark.

E então, Alec entendeu, eles também eram um casal e fariam de tudo para se proteger.

-Ótimo. Temos que sair daqui. –Avisa Kieran, olhando para os lados.

-Onde eles estão? –Pergunta Alec, chamando a atenção de Mark.

-Não existem eles. Ela está sendo interrogada. –Responde Mark suspirando, chocando Alec, que encara Magnus que por sua vez já o estava encarando. –Ela chegou aqui sozinha. –Revela, começando a andar.

-Onde ele está? –Pergunta Alec, sussurrando no ouvido de Magnus.

-Não faço ideia, jurava que o Sheldon estava com ela. –Responde preocupado.

-Acha que ele está com no Gard? –Pergunta analisando-o.

-Pouco provável. Infelizmente, eu acho... –Magnus interrompe-se, arregalando os olhos.

-Morto? –Pergunta murmurando.

-Pode ter acontecido. –Sussurra desconfortável.

Simon não era a pessoa que Alec tinha mais lembranças, este posto era totalmente de Magnus, mas Alec sabia que Simon era importante para Clary, de certa forma para Jace e mais importante ainda para Isabelle.

-Minha irmã? –Pergunta preocupado.

-Vai ficar arrasada. –Responde garantindo. –Nós devemos muito a ele, ele salvou a minha vida. –Sussurra engolindo em seco. Por um segundo Alec se amaldiçoou por não se lembrar do rapaz, mas no segundo seguinte se irritou com Magnus. –Eu sei o que vai dizer, mas numa escala de um a dez em comparação com a sua importância na minha vida, Sheldon, transforma-se num grande zero. –Revela, olhando nos olhos de Alec. –Ninguém, em espécie alguma é mais importante que você. –Garante murmurando.

-Aqui. –Chama Mark, chamando os dois com a mão. –Aqui dá acesso as celas das masmorras. –Revela, olhando Magnus nos olhos.

Os quatro adentram os tuneis e começam a caminhar, até que Magnus tem que colocar uma barreira de proteção nos quatro, pois guardas passam por eles, arrastando o corpo inerte de Isabelle.

Foi nesse momento que Alec quase falou, quase delatou a localização deles, senão fosse pela mão de Magnus e pelos seus olhos de gato, Alec teria estragado, absolutamente, tudo.

                                * * * 

Idris - Gard 

Maryse estava na sala de armas de armas do Gard junto com Clary, ela sabia que a aquele horário ninguém iria até lá, logo ali seria o lugar mais seguro para deixar Clary, não podiam se dar ao luxo de alguém ver a ruiva, ou nunca conseguiriam chegar até Jace.

— Clary, eu vou até lá, ninguém vai desconfiar de mim, você fica aqui, quando for seguro entrar lá eu te chamo, fique aqui e não deixe que ninguém te perceba aqui! 

— Maryse! Eu não vou ficar aqui sentada esperando, vou junto com você, já sou uma caçadora treinada, o próprio Jace me treinou, não vou ficar aqui, eu vou junto! - Disse a ruiva irritada.

— Clary não seja infantil, isso não tem a ver com o fato de você ser inexperiente, mas sim com o fato de que você está sendo procurada e acusada de traição! 

— Mas Maryse . . . 

— Sem mais Clary! Você fica aqui e eu vou! 

Dizendo isso Maryse saiu sem dar tempo para a ruiva retrucar, Clary ficou para atras cada vez mais irritada, fechou os olhos e tentou recuperar a calma, Maryse sempre a tratava como uma inútil, como se não tivesse o direito de estar lá, como se não pertencesse aquele lugar, mas ela era uma caçadora, Maryse gostando ou não, não deixaria seu namorado ser torturado e seu melhor amigo desaparecido. 

Ainda com os olhos fechados Clary começou a ver um desenho se formando em sua cabeça, logo percebeu que era uma runa, não uma runa qualquer, era uma runa que permitiria que ela fosse até Jace sem ser notada, uma runa que não havia no livro cinza. Pegando sua estela, Clary desenhou a runa em seu braço e logo começou a sentir a leve ardência quando esta começou a fazer seu trabalho, esperou alguns minutos e logo seguiu até a prisão do Gard.

Andou pelo corredor silencioso, ninguém parecia nota-la, todos faziam seus afazeres sem vê-la, sua runa funcionara mais uma vez, essa runa a deixava invisível aos olhos dos caçadores e também aos olhos mundanos. Começou a descer as escadas para o porão onde ficava a prisão do Gard, logo começou a ouvir vozes alteradas e alguns gritos de dor, seu coração deu um pulo e ela começou a seguir mais rápido, conhecia aquela voz, aqueles gritos eram de Jace. 

Quando chegou até o andar onde ficavam as celas, começou a andar por elas apressada, até que uma movimentação no fim do corredor lhe chamou a atenção, correu até lá e viu cinco guardas de braços cruzados protegendo uma cela que estava com a porta aberta, olhou ao redor atras de Maryse e viu a mulher escondida entre dois pilares, deu de ombros e entrou na cela vendo uma cena que não sairia de sua cabeça por muito tempo. 

Jace estava completamente machucado, tinha cortes pelo corpo todo, estava pálido e ao que tudo indicava estava no limite de suas forças, tinha os braços presos por algemas na parede, porém o que deixou a garota sem fala foi ver quem estava sendo o carrasco de Jace, ninguém mais que Helen Brackthorn, a nora da Consuela! 

Helen tinha uma expressão terrível, era puro ódio, olhava para Jace como se fosse tortura-lo até a morte e ainda riria disso. Ela tinha uma lamina serafim na mão e esta estava toda ensanguentada com o sangue de Jace, o olhar sádico da garota dizia que ela estava adorando fazer aquilo. Só então a ficha de Clary caiu, não era Robert o traidor, mas sim Helen, fora ela o tempo todo, ela tinha todos os meios possíveis para isso, como nora da Consuela ela tinha acesso a todas as informações em primeira mão, tinha a influência e ligação com os submundanos e por ser metade fada tinha o acesso as Seelies!

— Vamos lá gracinha, diga-me onde está Alexander! 

— Ah! Qual é, não entendeu ainda que não vou te dizer nada Vadia? Acaba logo com isso. - Disse Jace sarcástico. 

— Esse é Jace Herondale sendo corajoso, ou seja, um verdadeiro idiota, você me dá nojo rapaz, se achando o melhor do mundo, acha que as pessoas não chegam aos seus pés. - Disse Helen irritada.

— Engraçado como as pessoas são diferentes. - Disse Jace deixando Helen confusa.

— O que quer dizer?

— Você disse que eu sou um nojo, mas sua mulher não acha isso, a forma como ela gemia meu nome quando a beijei, nossa ela realmente é muito boa de cama! 

Fora de si Helen começou a cortar mais ainda o corpo maltratado do rapaz, porém em vez dele gritar de dor como ela esperava ele simplesmente começou a rir, o que deixou a garota ainda mais fora de si.

— Do que está rindo?

— De você. Não tem a mínima auto-confiança, foi só falar de sua mulher que ficou fora de si, você seria facilmente maleável em um interrogatório. - Disse Jace debochado.

— Olha só quem fala, o garotinho que perde a linha toda vez que o assunto é aquela anã ruiva. O que ela diria se ouvisse você falando que já pegou minha mulher? 

— Ela sabe, alias ela viu. E ela também sabe que eu só amo a ela e que qualquer outra mulher pra mim não existe.

— Você se acha tão certo da verdade. Cansei, vou acabar com isso, não vai levar a nada, vou acabar com você como acabei com aquele mundano idiota! 

Ao ouvir isso o sangue de Clary ferveu, aquela maluca queria matar seu Jace e ainda havia dito que acabara com Simon? Sacando sua espada Morgenstern, Clary aproximou-se de Helen que tinha a lamina pronta para enterrar no peito de Jace e colocou no pescoço de Helen, que arregalou os olhos ao sentir o frio da lamina em contato com sua pele. 

— Q-quem está ai? - Perguntou Helen soltando a lamina que segurava. 

Jace a olhou confuso, a garota estava parada e com os olhos arregalados, parecia que fora encurralada, mas não havia ninguém na cela além dele e dela. 

— Escute aqui vadia, fique longe do meu namorado com essa lamina, só eu tenho o direito de tocar nele me ouviu? - Sussurrou Clary para Helen. 

A garota arregalou ainda mais os olhos ao reconhecer a voz, sentiu o pânico a invadir, pelo tom que Clary usara ela não estava para brincadeira e se a ruiva houvesse escutado o que ela dissera sobre o mundano, provavelmente ela iria mata-la. 

— V-vamos conversar, se acalme-se , n-não f-faça nada que vá se arrepender depois. 

Jace continuava a olhar confuso, a menina agora dera de falar sozinha, suas forças porém estavam no limite e ele não sabia se conseguiria se manter acordado para ver onde aquela historia iria acabar. Porém soltou um arfar de surpresa ao ver Helen cair desacordada no chão. 

— M-mas como? - Perguntou-se confuso. 

Logo viu a imagem de Clary aparecer a sua frente, a garota estava com a estela na mão e desfazia uma runa estranha que tinha desenhada no braço. Arregalou os olhos ao vê-la, como isso era possível? Clary simplesmente apareceu do nada! 

— C-Clary? Como você fez isso? - Perguntou confuso, mas sentindo sua visão escurecer pela perca de sangue.

— Jace! 

Clary correu até o namorado e desenhou uma runa de abertura nas algemas, segurou Jace nos braços e o viu sorrir cansado.

— Acho que vou precisar de uma runa de reposição de sangue e uma iratze. 

Clary começou a rir aliviada, mas logo ouviu uma movimentação na porta e olhou assustada para a entrada. 

— Droga! Esqueci-me dos guardas! 

— Faça uma iratze em mim que vamos acabar com eles rapidinho. - Disse Jace quase apagando. 

A porta se abriu e Clary mesmo sentada no chão com Jace em seus braços pegou sua espada e se preparou para defender o homem que tanto amava. Mas em vez dos guardas a figura que entrou na cela fora Maryse Lightwood com uma lamina em uma mão e um chicote muito parecido com o de Izzy na outra.

— Maryse! Mas como você passou pelos guardas?! - Perguntou Clary surpresa.

— Sou uma caçadora experiente, livrar-me de alguns simples guardas não é problema para mim. Vamos faça logo a iratze em Jace, eu ouvi tudo, vamos desmascarar essa vadia! - Disse Maryse se aproximando do corpo de Helen e a algemando em uma das paredes. 

— Certo temos que ajudar os outros. - Disse Clary desenhando a iratze em Jace. 

— Clary tenho que te falar algo. - Disse Jace quando a runa fez efeito e ele já se sentia inteiro outra vez.

Clary pode notar pelo tom de voz do garoto que não iria gostar nada do que ele falaria, logo lembrou as palavras de Helen e as lagrimas ameaçaram cair. 

— O que? - Perguntou num sussurro. 

— Sinto muito Clary, mas não pude salvar Simon. 

Clary sentiu o chão sumir sob seus pés, e as palavras de Jace ecoavam em sua cabeça. Sinto muito. Não pude salvar Simon. Sinto muito. Simon. Não pude salva-lo. A última coisa que Clary ouviu antes de desmaiar foi à voz preocupada de Jace. 

— Clary!