História Portas da Alma - Capitulo 51

Nova York - Instituto.

Tessa olhava pensativa para a janela, estava sentada numa confortável poltrona num dos quartos do instituto, Jem havia saído a pouco com mais alguns caçadores a procura de Jace, pois o loiro ainda não havia retornado, Clary estava preocupada e Isabelle não se perdoava, mais alguns caçadores haviam vindo de Idris para reforçar a segurança do instituto e tentar por um fim ao caos que estava a cidade. 

Tessa havia ficado para atras, não que ela não se preocupasse com Jace, se preocupava e muito, afinal aquele gênio terrível só podia ser de um Herondale e aquele garoto era seu parente ela gostava dele e se preocupava, mas no momento sua cabeça estava cheia, ela havia recebido uma mensagem de fogo a pouco tempo de Magnus e Malcoln e seu conteúdo a deixou inquieta. 

Magnus finalmente havia conseguido achar um feitiço que pudesse deter seu pai, porém era um feitiço muito complicado e que requeria muita energia, um bruxo sozinho nunca conseguiria fazer isso, nem mesmo Magnus, não sem ter toda a energia e força vital sugada, por isso o bruxo estava pedindo ajuda a vários feiticeiros que conhecia, o mundo estava em risco não tinham como negar, Asmodeus havia conseguido seu objetivo, uma guerra que acabaria tanto com os submundanos, quanto com os caçadores e até mesmo com os mundanos. 

Tessa olhou mais uma vez para a mensagem, ela sabia que se ajudasse Magnus talvez não saísse com vida do feitiço, alias ela duvidava que algum dos bruxos que participasse saísse com vida, a quantidade de energia para prendê-lo era enorme, sugaria todos os bruxos, mesmo os mais poderosos como Magnus, alias ela sabia que não tinha muitos feiticeiros poderosos no momento, Ragnor e Catarina estavam mortos, logo ela sabia que de nível elevado só tinham Magnus e em seguida dele ela mesma, todos os outros seriam inferiores, até mesmo Malcoln não estava no nível deles. 

Soltou um suspiro frustrado, logo agora que havia encontrado o amor, que estava pensando em construir uma família com Jem, pelo jeito não seria possível, não se Magnus não conseguisse o número certo de feiticeiros para o ritual. Sentiu seus olhos umedecerem só em pensar em se separar de Jem, mas não havia escolha, faria isso por ele, para dar a ele a chance de viver em um mundo de paz, Jem já havia sofrido demais, era hora daquele garoto ser feliz e se pra isso ela precisasse se sacrificar ela assim o faria. Ela sabia que não era a única a pensar assim, sabia que um certo Alto Bruxo também estava pensando no melhor para seu amado caçador, ambos estavam pensando em dar um mundo sem dor e guerra para aqueles que amavam e era por isso que ela mandou uma nova mensagem dizendo que aceitava fazer o feitiço. 

Com um suspiro a feiticeira abriu seu pingente e viu duas fotos desbotadas pelo tempo, uma de um garoto de cabelos negros como a noite e impressionantes olhos azuis, um sorriso ferino e ao mesmo tempo encantador, na outra foto um belo garoto de cabelos prateados, tinha olhos pratas e curvados, seu sorriso transmitia calma e doçura, dois opostos, mas com uma coisa em comum, o amor que sentiam um pelo outro e por ela. Tessa encarou as fotos por mais algum tempo e soltou um suspiro nostálgico, ela sabia que muitos diriam que não era certo ter essas fotos no relicário, que o certo era ser foto de seus filhos, mas ela nunca conseguira desapegar de nenhum deles, aquelas duas pessoas nas fotos foram os seres que mais amou na vida e esse amor não diminuiu com o tempo, pelo contrario ele se intensificou e se estendeu à seus filhos e netos. 

Uma batida suave na porta a tirou de seus devaneios, olhou para a mesma e viu uma cabeleira castanha aparecer, sorriu involuntariamente ao ver os olhos puxados que tanto amava. Jem a olhou com cautela e logo entrou no quarto, ele sentia que a feiticeira estava inquieta e que algo a incomodava. 

— Você está bem? 

— Eu é que deveria estar fazendo essa pergunta James. - Disse a feiticeira com a sobrancelha arqueada, enquanto analisava o caçador em busca de algum ferimento aparente. 

— Maryse me disse que você está trancada aqui desde que sai para procurar por Jace. 

— Encontrou Jace? - Perguntou Tesa adiando a conversa que teria que ter com o caçador. 

— Infelizmente não, mas acho que se algo tivesse acontecido a ele nós saberíamos, Alec não teria ido de encontro a Magnus se Jace estivesse em perigo. 

— Magnus me mandou uma mensagem . . . Ele e Malcoln acharam um feitiço que pode ser útil contra Asmodeus.  - Disse Tessa sem expressão. 

— E é isso o que está te preocupando? - Perguntou Jem cauteloso.

— Ele quer a minha ajuda e eu não neguei. 

— Entendo, mas quanto isso vai custar a você? 

— Talvez toda a minha energia. 

Jem ficou calado por um momento apenas olhando os lindos olhos cinzentos da feiticeira, o caçador viu que ela já havia tomado sua decisão e que nada a faria mudar de ideia, também viu pela firmeza do olhar e o queixo erguido qual havia sido a decisão. Continuou olhando para aqueles lindos olhos que tanto amava e engoliu em seco, não suportaria perder Tessa mais uma vez, porém não podia simplesmente pedir a ela que desistisse, o mundo corria perigo, mas acima de tudo pedir isso a Tessa seria o mesmo que pedir que ela abrisse mão de quem era, pois Tessa era assim mesmo, fazia de tudo para salvar as pessoas, principalmente aqueles que amava e tirar isso dela seria o mesmo que mata-la. 

O caçador respirou fundo e sentiu seus olhos marejarem, aproximou da feiticeira que havia levantado e se aproximara da janela, parou de frente a Tessa e levou a mão em seu rosto, a feiticeira fechou os olhos e ficou absorvendo o calor e o carinho do caçador. 

— Minha Tessa, quem sou eu para impedi-la de algo? Quem sou eu para evitar que você corra riscos quando eu mesmo vou estar correndo nessa guerra? Quem sou eu para pedir que você abra mão de sua personalidade forte e bondosa? Ninguém Tessa, não sou ninguém para fazer isso com você. Eu te amo . . . 

— Você é James Carstairs, o homem que eu amo e que sempre vou amar. - Disse Tessa sussurrando. 

— Eu também te amo e é por isso que se algo acontecer com você nesse feitiço, eu posso dizer com toda a segurança que esta vai ser a ultima luta de James Carstairs, eu não quero um mundo sem você,Tessa, por mais em paz que ele vá estar, não vai me agradar se não tiver você ao meu lado.

Tessa arregalou os olhos e o olhou apavorada, Jem parecia tão calmo como sempre, parecia não se importar com o que acabara de dizer,  feiticeira se afastou dele e abriu seu relicário mostrando a ele as fotos que levava consigo a muito tempo. 

— Vocês foram as pessoas que mais amei no mundo, James, ele já não está entre nós, mas fico feliz por ele ter vivido um vida feliz e cheia de amor, fico mais feliz ainda por ter feito parte dela, mas você ainda tem uma vida inteira pela frente, não diga esse tipo de coisa, mesmo que eu não esteja mais aqui, quero ter a certeza de que você vai estar e que será feliz, mesmo eu não estando.

— Não devia me pedir coisas impossíveis Tessa, você sabe que meu tempo aqui já acabou a muito, todos que amei já se foram, meu parabatai já se foi, você é a única que me restou, não quero um mundo sem você.

Tessa se jogou nos braços do caçador e deixou que suas lagrimas caíssem, ela sabia que aquilo podia ser um fim, mas também sabia que se Magnus conseguisse o número certo de bruxos tudo poderia ficar bem, porém eles ainda estavam em guerra e numa guerra tudo podia acontecer, por um momento ela achou que  a única a partir seria ela, não havia parado pra pensar que Jem também poderia. Ela sabia muito bem o que ele queria dizer, ela também não conseguia pensar num mundo sem ele, a feiticeira levantou o rosto do ombro do caçador e capturou seus lábios num beijo faminto e desesperado, aquele podia ser o ultimo momento a sós e em paz que ele teriam. 

— James eu te amo. - Disse ofegante. 

— Eu também te amo Tessa, sempre amei e sempre vou amar.  - Respondeu Jem pegando a feiticeira nos braços e seguindo rumo à cama de casal. 

— Essa noite pode ser a ultima, mas eu não ligo se passar ela com você. - Sussurrou Tessa. 

Jem deu um sorriso e voltar a beijar a feiticeira e só por aquele momento não havia mais nada a não ser eles dois e o amor que sentiam um pelo outro, não havia guerra, não havia Asmodeus, não havia um Herondale perdido, não havia feitiço a ser feito, não havia mais nada, apenas eles perdidos um no outro, no amor que sobrevivera por mais de um século. 

                                * * * 

Brooklin- Apartamento de Magnus.

Magnus estava trancado no escritório com Malcolm, havia algo no olhar do bruxo que Alec não pode identificar.

Ele ficou com ciúmes num primeiro momento, tanto que é por conta desses ciúmes que ele ainda estava no loft, mas uma parte de Alec sabia que não era preciso nada disso, que Malcolm era hétero, talvez de alguma conversa que ele teve com Magnus no passado.

Mesmo assim, Alec não queria dar vazão a esse sentimento.

Ele sabia que Jace estava vivo, mas que deveria estar bastante machucado, já que todo o seu corpo doía.

Alec terminou de arrumar o jantar e sentiu ser observado, ele levantou a cabeça e encontrou Jace encostado a porta da cozinha.

-Pensei que iria para o instituto. –Revela aproximando-se do loiro, acomodando-o na sala.

-O instituto está lotado. –Revela tendendo a cabeça para trás. –Assim como o hotel Durmort, o Java Jones. Os integrantes do submundo estão se matando. –Comenta, suspirando.

-Deixe-me tentar te ajudar. –Revela, marcando a pele de Jace, enquanto o loiro o analisava com atenção. –Como sabia que eu estaria aqui? –Pergunta olhando-o nos olhos.

-Você é o meu parabatai, sei que precisa ficar ao lado de Magnus, sei que ele está tentando encontrar alguma forma de parar o pai dele. Estão focados nisso. –Responde suspirando.

-Estamos. Tentei lhe encontrar, mas acho que ainda não estou muito bom nisso. –Confessa envergonhado.

-Eu não quis ser encontrado. –Confessa, fechando os seus olhos.

-Jace, o que pensa que está fazendo? –Pergunta, preocupado.

-Eu estou fazendo o que eu tenho que fazer. Não importa. –Afirma sonolento, deixando Alec preocupado, tão preocupado que ele pensou em rebater, mas Jace parecia cansado, muito cansado.

Alec observou Jace soltar um longo suspiro e logo em seguida adormecer. Ele se aproxima do escritório e observa Magnus e Malcolm escreverem mensagens de fogo, ele se aproxima de uma e lê o conteúdo, sentindo que estava sendo observado por alguém.

-Magnus. –Chama, deixando a carta em cima da mesa.

-Alexander, eu. –Interrompe-se, nervoso.

-Vem comigo. –Chama, seguindo em direção à porta. –Agora! –Manda, ao ouvi-lo resmungar.

Os dois entraram no quarto do casal e Alec o analisou com atenção, observando-o soltar um suspiro nervoso.

-Você fica uma tentação assim. –Revela, malicioso.

-Assim como? –Pergunta, irritado.

-Nervoso, mordendo o lábio. –Responde, aproximando-se de Alec, fazendo-o entender qual era a jogada de Magnus.

Magnus queria enrola-lo, queria encobrir a sua mentira, porém Alec não cairia nisso. Tanto que ele cruza os braços e fecha ainda mais a expressão.

-Você está mudando de assunto. –Acusa irritado. –Por que não me contou que tinha encontrado um feitiço? –Pergunta, entre os dentes.

-Porque é perigoso. –Responde, desviando o olhar. –É o único jeito, mas eu preciso de um determinado número de feiticeiros, caso contrário, quem conjurar o feitiço acaba morto. –Comenta engolindo em seco.

-Você estava planejando fazer isso? –Pergunta gritando.

-Não, quer dizer sim. Caso fosse preciso. –Confessa, engolindo em seco.

-Você não vai se matar. –Afirma, apontando em direção a Magnus. –Você me ouviu, Magnus Bane? –Pergunta entre os dentes.

O feiticeiro estava com os seus olhos de gato arregalados, enquanto o caçador de sombras se aproxima dele, entrelaçando os seus dedos nos cabelos de Magnus, puxando-o para mais perto de si, tomando os seus lábios e o sentindo desfalecer em seus braços.

-Não vou fazer. –Responde, contra os lábios de Alec.

-E se for... Se for preciso. –Murmura, engolindo em seco. –Leve-me com você. –Pede, olhando-o nos olhos.

-Alexander, não. –Implora ofegando.

-Morreremos juntos. Permita que eu fique com você. –Responde nervoso. –Não quero o mundo. Quero você. Eu sempre vou querer você, não importa o quanto tempo passe, tudo o que eu viva, não importa se eu tenho memorias ou não. Eu sempre vou amar você. –Declara apaixonado.

-Isso foi golpe baixo. –Sussurra alisando o rosto do arqueiro, que solta um suspiro.

-Estamos nisso juntos, morremos juntos. –Afirma voltando a beijar Magnus, adentrando a camisa do feiticeiro com as mãos, puxando-o com um ardor desesperado.

                               * * * 

Reino das Fadas -  Corte Seelie.

— Sinto muito minha rainha, mas não conseguimos invadir o instituto. 

A rainha olhava para o guerreiro a sua frente com desgosto, cem de seus guerreiros estavam mortos e não haviam concluído seu intento de invadir o maldito instituto. 

— Diga-me uma boa razão para poupar sua vida. - Disse a rainha enquanto enrolava uma mexa de seus cabelos escarlates nos dedos. 

— M-minha rainha n-nós descobrimos que o instituto está sem segurança, apenas três nefilins estavam lá. 

A rainha parou o movimento em seus cabelos e o olhou com a sobrancelha arqueada enquanto seus olhos azuis destilavam ódio e veneno. 

— Está querendo me dizer que uma centena de meus guerreiros foram derrotados por apenas três nefilins? 

— M-minha rainha um deles era Jace Herondale. - Disse o guerreiro como se isso explicasse tudo. 

— Não me interessa, isso é imperdoável! 

A rainha levantou irada das almofadas e segurou a espada que estava na bainha do guerreiro, num movimento ágil cortou a cabeça que caiu rolando pela sala, todos que estavam presentes se encolheram a fúria da rainha era visível. 

— Minha rainha, parece que aquele garoto Herondale está nos causando mais problemas do que prevíamos, ele torturou um dos nossos e o matou na entrada do portal. - Disse um guerreiro que havia acabado de chegar. 

— Quero a cabeça desse maldito garoto, não me importa como, mas eu quero! Chame o Unseelie, está na hora de uma aliança entre todos os povos das fadas, até mesmo entre a caçada selvagem! - Disse a rainha cheia de ódio. 

Você vai me pagar caro Jonathan Herondale e se a única forma de te atingir for matando seu parabatai, considere feito, afinal estamos em uma guerra e tudo pode acontecer!