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História Potira (HIATUS) - Capítulo três.


Escrita por: sereiona

Notas do Autor


ALÔ, ALÔ, GRAÇAS A DEUS! Como vão?
Demorei (como sempre), mas voltei. Não vou tentar me explicar, nem nada disso, apenas declaro que esse capítulo não ficou como eu gostaria (nunca fica, na verdade). Mas espero muito que, ainda assim, agrade a vocês.
Bem, acredito que seja só isso. Até mais e boa leitura!

Capítulo 4 - Capítulo três.


Fanfic / Fanfiction Potira (HIATUS) - Capítulo três.

Quase caiu ao despertar, num sobressalto, com o corpo suado e trêmulo. E mesmo que se tratasse da sétima vez na qual aquele maldito sonho se repetia, as reações que ele lhe causava iam piorando gradativamente. Já deixara para trás o desdém e as suposições infundadas. Tratava-se de um fato: Justin precisava saber o que, na realidade, aquilo significava. Por que era tão necessário ser atormentado todas as noites por uma criatura que não se sabia de onde vinha e invadia pensamentos alheios?

Coçou os olhos, espreguiçou-se e massageou levemente o pescoço tensionado. A noite curta de pensamentos conturbados lhe presenteara com um belo torcicolo. Ao levantar da rede, direcionou os pés descalços até a mesa bamba encostada na parede de palha, onde sua mochila repousava junto com um cesto repleto de frutas. Pegou uma muda de roupas e a câmera fotográfica ainda inutilizada, como não sentia mais nem um pingo de sono — talvez temendo fechar os olhos e ser devorado pela serpente —, era uma boa ideia ir à floresta tirar fotos de algumas espécies, visto que não tivera tempo de fazê-lo.

Stella e Benjamin ainda dormiam quando Bieber terminou de calçar suas botas pesadas e saiu da oca, encaminhando-se à entrada da trilha. O céu ainda estava escuro, o que evidenciava o quão cedo era, e manchas roxas o coloriam. A tribo encontrava-se em um silêncio estranho ao rapaz, que ainda não havia visto aquela comunidade tão falante e barulhenta imersa em uma bolha de calmaria e plenitude. Não era ruim, aliás, era algo muito bom. O silêncio lhe permitia ouvir o canto dos pássaros e a agitação dos primatas em seus galhos. Permitia admirar o céu e sentir o cheiro suave das plantas úmidas de sereno. Permitia um curto momento de reflexão e encontro a si mesmo.

— Vais aonde, cari? — a voz zombeteira e tão presente nos últimos dias o importunou quando Justin já estava prestes a adentrar a floresta.

— Vou tirar algumas fotos — o loiro a respondeu, logo voltando a virar-se para seguir seu caminho. — Não que isso seja da sua conta, aliás.

Naindí apenas revirou os olhos.

— Vou com tu, então — a garota morena sentenciou, e imediatamente ganhou a atenção de Justin, que olhou-a incrédulo.

— E quem foi que lhe convidou? — rebateu, com certa ironia, ao que Naindí deu risada.

— Tudo bem então, cari. Tu vais sozinho, te perdes na floresta e é comido por uma onça. Ou um jacaré… Depois eu arranjo uma forma de dizer aos teus amigos que tu morrestes.

O pesquisador bufou. Ela definitivamente sabia argumentar. Inferno!

— Tudo bem, você pode vir. Mas não quero ficar ouvindo você falar no meu ouvido essas coisas insignificantes que você geralmente diz.

(...)

Pecari tajacu? Não, não, não. É caititu, cari!”

“Isso aí é uma jequitiranaboia!”

“Repete comigo, cari: sus-su-a-ra-na!”


Justin já estava a ponto de arrancar os fios loiros da cabeça. Aquela garota petulante conseguia acabar com toda a paciência que ele havia reunido dentro de si, e esse era um feito e tanto. Foi fácil ignorá-la nas primeiras intervenções que fizera, mas ser corrigido a cada nova espécie que encontrava — mesmo que estivesse proferindo o nome da espécie corretamente —, era como ferir dolorosamente o seu ego. Ela não sabia a hora de parar?, ele pensava, tentando voltar à calma.

Um, dois, três. Inspira.

Três, dois, um. Expira.

— Não vais parar, cari? Precisas descansar, beber um gole d’água e comer uma fruta — ela sugeriu, uma vez que já estavam próximos do rio. — Sentes aqui e esperes um cadinho que eu não me demoro.

Relutante, Bieber sentou-se no chão de folhas levemente umedecidas e apoiou as costas num carvalho imenso, sentindo a casca grossa da árvore incomodá-lo mesmo sob o tecido firme da blusa. Olhou para cima e se viu iluminado pelo sol fervoroso que escapava de uma grande abertura na copa das árvores imponentes e sinuosas. Tirou uma foto daquele ângulo, quase deitado, apoiando os cotovelos no chão e com a lente focada no azul que pintava o céu e nos feixes de luz que a brecha lhe permitia.

— Sabia que tu ias ceder — Naindí comentou, uma vez que saía de uma moita com os braços repletos de frutas.

Justin não respondeu. Manteve seu olhar questionador sobre as diferentes frutas ali dispostas, a grande maioria ele sequer sabia o que era. A morena apanhou uma fruta pequena e avermelhada, descascou-a com os dentes e a enfiou na boca, cuspindo o caroço minutos depois. Pegou outra da mesma e ofereceu ao pesquisador, que analisou cuidadosamente antes de fazer o mesmo que a indígena.

— É uma siriguela*. Podes comer sem medo, cari, ela não vai te morder.

(...)

Ao fim da tarde, quando o céu encontrava-se colorido em tons alaranjados, Bieber e Naindí estavam sentados de frente para a margem do Purus vendo as fotografias tiradas pelo rapaz. Eram cliques simples, de cenas simples da floresta, como uma em que uma fêmea de mico-leão-dourado alimentava seu filhote com uma fruta. Mas havia um q de beleza em cada uma daquelas fotografias, um sentimento acolhedor que a simplicidade passava.

Àquela altura, Justin não se sentia mais incomodado com a presença da índia de pele bronzeada. Percebeu que estava sendo rude demais com a moça, ela só queria ajudá-lo. Ele estava tenso, um tanto estressado — e sabia o porquê — e acabara descontando nas pessoas erradas suas frustrações.

— Me tira uma dúvida — ele proferiu, na pausa entre uma foto e outra.

A índia o olhou.

— O quê?

— Afinal, o que significa esse cari que vocês tanto me chamam? — questionou, ao que ela deu risada. — Por que está rindo? É um xingamento na língua de vocês e eu não sei? — Naindí riu ainda mais.

— Homem branco. Cari é homem branco em tupi — explicou, quando os resquícios da gargalhada se foram. — Posso te ensinar, se quiser.

Justin olhou-a com o cenho franzido, as sobrancelhas grossas se unindo no meio da testa.

— Ensinar a ser um homem branco?

Naindí deu mais risada.

— Tupi, ensinar-te o tupi. O que achas?

Não era má ideia, ele cogitou. Não era mesmo uma má ideia, seria bem útil durante sua estadia na tribo e um saber precioso para suas pesquisas.

— Penso ser ótimo. Vai me ajudar muito, obrigado!

— Não há de quê. E em troca... — ela começou, mas foi interrompida pelo pesquisador.

— Você não me disse que queria algo em troca! — ele contestou.

—…, tu poderias me ensinar um pouco da tua língua. Não é nada difícil, cari.

— Pode ser — ele concordou após alguns instantes. — Temos um acordo, então.

E apertaram as mãos, selando o início de uma futura amizade.

(...)

Justin seguia as coordenadas e pontos de referência que Naindí o dera para chegar à uma das cachoeiras do entorno da tribo. A índia o dissera que aquela era a mais escondida, o que era vantajoso ao rapaz, que ainda nutria certa vergonha de banhar-se frente à possibilidade de ser visto novamente. Passado algum tempo de caminhada, ele já conseguia ouvir o som de uma queda d’água, o que lhe assegurava que aquele era o caminho certo.

Havia uma imensa queda d’água, com outras duas ao seu lado, que enchiam uma espécie de poço natural. A água tinha um tom avermelhado — uma provável consequência de ser afluente do rio Amazonas —, que tornava mais interessante e bonita a tal cachoeira.

Mas não foi a beleza da cachoeira que tirou o seu fôlego.

Nem de longe!

Os cabelos escuros escorriam pelas costas até a curva do bumbum coberto pela água. A pele cor de oliva reluzia à luz alaranjada vinda dos últimos resquícios do sol daquela tarde. Ela cantarolava alguma música desconhecida por ele enquanto se lavava, despreocupada, sem saber que estava sendo observada. Todavia, quando percebeu, virou-se, assustada, cobrindo os seios pequenos com os braços. Seus olhos negros encontravam-se arregalados, quase saltando; a boca, entreaberta, numa mistura de surpresa e um toque de indignação.

E antes que o loiro lhe pedisse desculpas, ela afundou na água. Ele esperou até que a indígena retornasse à superfície, mas passaram minutos e minutos até ele decidir mergulhar em busca dela. A água turva lhe dificultava a visão e conforme ia mais para o fundo, mais escura se tornava e mais difícil ficava. Emergiu, confuso, com o peito subindo e descendo em busca de ar.

Aonde ela havia ido?


Notas Finais


*marquei siriguela por não haver somente uma escrita correta, então pode ser seriguela, ciruela e por ai vai

E então, o que acharam da primeira aparição da minha nenezinha? Fraquíssimo, não? Mas essa é só a primeira nessa fase introdutória da fanfic, vai ter mais uma e depois vai ser potira atrás de potira slhodos
Desculpem mesmo por não postar regularmente e nunca trazer um capítulo bom e que compense essa demora toda. E obrigada aos comentários e favoritos, é muito legal receber esse feedback de vocês!
Até o próximo!


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