História Potter e Black - Filhote do Almofadinhas - Aulas Antidementadores

37. Aulas Antidementadores

 

   Sirius disse para nós que iria fazer uma mini festa de Ano Novo, mas ela acabou sendo uma festona, cheia de homens e mulheres que eu nunca tinha visto na vida. Quando o relógio marcou meia noite, Fred e Jorge estouraram fogos de artifício coloridos e aquilo foi a melhor parte da festa. O mais estranho de tudo é que Sirius não sumiu com nenhuma mulher, ele costumava sumir com mulheres nas festas e só voltar horas depois. No dia seguinte, eu o encontrei dormindo no sofá, estava fazendo frio porque a porta estava aberta. Sacudi os ombros dele com força e ele abriu os olhos.

 

   - Porque dormiu aqui? - perguntei.

 

   - Sei lá - ele respondeu com a voz rouca. - Procure algo para curar a minha dor de cabeça, por favor.

 

   Encontrei uma poção para dor nos armários e a levei para ele. Sirius resmungou um obrigado e tomou todo o conteúdo num gole só.

 

   - Você vai ficar resfriado - falei. - Que ideia maluca foi essa de dormir com a porta aberta?

 

   - Virou a minha mãe agora?

 

   - Não - revirei os olhos. - Só estou dizendo que foi perigoso...

 

   - Tá, chega de sermão - Sirius abriu um sorriso. - Feliz ano novo!

 

   - Ér... obrigado. Feliz ano novo para você também.

 

   - Onde estão Aluado ou qualquer outra pessoa que more aqui? - ele perguntou. - Já perdi até as contas.

 

   - Tio Remus deve estar com Tonks, Fred e Jorge estão dormindo. E eles são os únicos que estão aqui, além de você e eu.

 

   - Na verdade, Tonks está na casa da mãe dela - disse Remus descendo as escadas.

 

   Sirius aperta os olhos para vê-lo e sorri.

 

   - Ah, que bom que está aqui, tenho uma confissão de ano novo para vocês dois - disse ele. - Eu comprei aquelas comidas, não sei cozinhar nada.

 

   - Quê? - abafei uma risada.

 

   - Eu comprei as comidas, Harry, aquelas que você pensava que eu tinha feito. Na verdade eu não sei nem fritar um ovo.

 

   - Não vi você saindo para comprar - disse Remus. - E não se pode aparatar aqui dentro.

 

   - Eu posso, sou o dono da casa.

 

   - Então a história da aula de culinária é mentira?

 

   - Não, Aluado, estou realmente fazendo aulas de culinária.

 

   Mordi o lábio, mas não aguentei, soltei uma gargalhada. Eu deveria ter desconfiado, aquilo estava bom demais para ser verdade. Sirius sorriu também.

 

   - Desculpe por desaponta-los - ele disse.

 

   - Ah, não foi nada - Remus abriu um sorriso.

 

   E esta é a verdade sobre a comida do meu padrinho.

 

       ~       ×       ~       ×       ~

 

   - Quero meu cordão - digo pela milésima vez.

 

   - Está em Hogwarts - repete Sirius irritado.

 

   Hoje é o dia de voltar para a escola, daí eu me lembrei do cordão misterioso que mandaram para mim no Natal. Sirius disse que avisou Dumbledore (ele conta tudo para o diretor? ¬¬), e Dumbledore pediu para ver o cordão e agora Flitwick está analisando-o na escola.

 

   - Dumbledore vai te devolver, só espere um pouco - diz Sirius. Reviro os olhos e saio para procurar os meu amigos na estação.

 

   Fred e Jorge vieram conosco, a Sra. Weasley gesticula animadamente para eles, provavelmente perguntando sobre os dias na mansão. Sirius nem se importava com o que os gêmeos faziam, então eles puderam explodir coisas e atormentar pessoas à vontade. Tomara que Fred e Jorge não mencionem essas partes para a Sra. Weasley. Avisto Gina conversando com uma garota loira da Corvinal, meu coração acelera, mas eu decido não ir falar com ela.

 

    - Oi, Harry - diz uma voz atrás de mim. Me viro e encaro Draco Malfoy.

 

   - Oi, Draco - respondo. - Viu Hermione ou Rony por aí?

 

   - Não. Mas você pode sentar na nossa cabine se quiser.

 

   - Com alunos da Sonserina?

 

   - Com alunas da Sonserina - Draco sorri. - Dafne Greengrass adora falar sobre você.

 

   - Talvez eu passe lá mais tarde - sorrio de volta e saio em busca de Rony e Hermione.

 

   - Harry - chama Sirius. - Falta um minuto para o trem sair e eu quero falar com você.

 

   - Pode dizer, meu velho.

 

   - Sabia que eu sou uma criança se comparado ao Dumbledore? Ele é realmente velho. Mas deixa isso de lado - Sirius coloca a mão no meu ombro. - Não saia da escola...

 

   - Eu já sei, você deve ter me mandado umas duzentas corujas dizendo para não sair do castelo - suspiro.

 

   - Remus estará de olho em você. Ah, ele disse que você passa mais tempo nas detenções do que fora delas. É verdade?

 

   - Não. Os professores quase não... - o apito do trem soa alto em meus ouvidos, dou um abraço rápido em Sirius e corro para alcançar a porta do vagão (inspirado no pessoal da Audácia <3).

 

   Procuro por Rony e Hermione em todo lugar, mas não os encontro e começo a ficar com raiva. Onde eles estão? Espio a porta de uma cabine que eu acho que está vazia e paraliso ao ver Gina sentada lá. Será que eu falo com ela? Vou sair de fininho antes que...

 

   - Harry? - Gina se levanta e abre a porta. - Olá.

 

   - Oi, Gina - digo meio tímido. - Você viu Rony e Hermione?

 

   - Sim, eles estavam aqui agora pouco procurando por você. Sente-se aqui comigo - Gina fica vermelha. - Eles vão voltar logo.

 

   - Como foi o seu Natal? - pergunto enquanto me sento em frente a ela.

 

   - Legal, eu... recebi o seu presente - Gina fica ainda mais vermelha. - Obrigada.

 

   - Que bom. E o Ano Novo?

 

   - Foi divertido, só mamãe, papai e eu. Percy ficou dentro do quarto o tempo inteiro - Gina revira os olhos. - E o Ano Novo de vocês?

 

   - Incrível. Sirius deu uma festona e nós nos divertimos muito.

 

   Ficamos em silêncio, eu sei que deveria estar me declarando para ela, mas não consigo. Quando eu falei que ia me confessar, pareceu muito fácil, mas agora...

 

   - É bom? - pergunta Gina, olho para ela, confuso. - Não ter irmãos, é bom?

 

   - Ah, mais ou menos. Sempre tive tudo que eu quis e nunca precisei dividir nada com ninguém, mas eu me sentia muito solitário - sorrio. - Gostaria de ter um montão de irmãos.

 

   - Você tem Rony, Fred e Jorge, e Percy também te gosta muito. E tem eu, você disse para o Rony que me considera sua irmãzinha.

 

   Ah, Gina, eu gostaria que você fosse muito mais do que a minha irmãzinha.

 

   - Gina, na verdade eu...

 

   A porta da cabine se abre de repente e Rony e Hermione entram.

 

   - Harry! - diz Mione e ela me puxa para um abraço.

 

   - Cadê a sua Firebolt? - pergunta Ron.

 

   - Ah, Rony, você passa duas semanas longe do seu amigo e quando o vê pergunta sobre vassouras?!

 

   - Remus a levou para Hogwarts - digo animado. - Você pode testa-la se quiser.

 

   - Claro que eu quero!

 

   Hermione revira os olhos quando eu começo a descrever a vassoura para o Rony, Gina parece interessada na conversa.

 

   - Por falar em coisas voadoras, vocês estão sabendo do Bicuço? - pergunto.

 

   - Não - diz Mione.

 

   - Hagrid não nos disse nada - diz Rony.

 

   - Um pessoal aí marcaram uma audiência e Hagrid terá de levar o Bicuço. Eu vou ajudá-lo a provar a inocência dele, o hipogrifo não vai pagar pela idiotice do Nott.

 

   - Eu também quero ajudar - diz Gina.

 

   - Sai fora, Gina, isto é trabalho para nós três, você não faz parte da equipe - diz Rony.

 

   Gina suspira e sai da cabine, com raiva.

 

   - Deixe de ser indelicado, Rony - digo.

 

   - Você já pesquisou algo para o Hagrid, Harry? - pergunta Mione.

 

   - Algumas coisas, Sirius me ajudou um pouco, mostro para vocês lá em Hogwarts.

 

   Eu dormi um pouco depois disso, daí acordei para comer e fiquei a sós com Gina de novo, não conversamos, mas trocamos olhares tímidos. Por que é que eu sei chegar em outras garotas, mas nela não? Daí nós chegamos em Hogsmeade e fomos direto para a escola, Hagrid veio me buscar, ele disse que eu não posso andar sozinho por aí. ¬¬ Tivemos um delicioso jantar e fomos para o dormitório em seguida. Fiquei um tempo pensando em Gina antes de finalmente pegar no sono.

 

       ~       ×       ~       ×       ~

 

  Três dias depois da nossa chegada, Olívio veio me falar sobre o treino para o próximo jogo (ele ficou maluco quando lhe falei sobre a Firebolt) e eu não pude deixar de pensar nos dementadores. O que eu vou fazer se eles vierem ao jogo? Não posso perder o pomo novamente! Então eu resolvi pedir ajuda para o tio Remus. Entro na sala dele e o encontro planejando a próxima aula, me sento e o encaro.

 

   - Oque você quer, Harry? - ele pergunta sem levantar os olhos.

 

   - Como sabe que sou eu?

 

   - Por que você é o único aluno que se atreve a entrar aqui sem bater antes.

 

   - Ah tá - digo. - Não vou poder jogar quadribol se os dementadores aparecerem.

 

   - Aham.

 

   - E você é professor de DCAT.

 

   - Aham.

 

   - Me ensina a combater os dementadores?

 

   - Aham... Peraí, o que foi que você disse? - Remus finalmente olha para mim.

 

   - Você sabe se livrar de dementadores, né? - pergunto, ele concorda com a cabeça. - Então me ensina.

 

   - Olha, Harry...

 

   - Por favor - faço a cara mais triste que consigo. - E se eles aparecem no jogo e eu cair lá de cima? Posso morrer e você vai ficar...

 

   - Tudo bem, chega - ele diz. - Me encontre na sala de História da Magia, quinta-feira às oito horas e não se atrase.

 

   - Vou chegar na hora - me levanto e beijo o topo da cabeça de Remus. - Obrigado.

 

   Ele sorri e eu saio da sala, vou aprender a me livrar dos dementadores. Conto para Rony e Hermione sobre as aulas, na hora do almoço.

 

   - Deve ser legal, aprender esse tipo de feitiço avançado - diz Rony.

 

   - Achei que o Prof. Lupin não iria concordar - diz Mione. - Ele parece estar meio adoentado, né?

 

   - Ele tem alguns problemas de saúde, mas é bastante forte - digo e procuro um jeito de desviar do assunto. - Eu já disse que recebi um cordão anônimo no Natal?

 

   - Sério? Quando foi isso? - pergunta Rony.

 

   - Hum, no Natal, Ron - reviro os olhos, ele é um tapado às vezes.

 

   Falo para eles sobre a caixinha, o bilhete e o cordão de ouro.

 

   - E você não sabe mesmo quem mandou? - pergunta Mione. - Pode ser alguém de Hogwarts. Você é muito popular entre as meninas, sabia?

 

   - Sou? - dou um sorriso malicioso.

 

   - Ainda bem que o Sirius pegou o cordão - diz Rony. - Ele poderia estar amaldiçoado.

 

   - Eu sei. Mas queria usá-lo, sinto que foi dado com boas intenções.

 

   - Sente é? - Rony sorri. - Fala isso para a Trelawney, ela vai adorar.

 

   Nós sorrimos.

 

      ~       ×       ~

 

   Na quinta-feira, eu cheguei às sete e cinquenta na sala de História da Magia, Remus chegou dois minutos depois, trazendo uma grande caixa.

 

   - O que tem aí? - pergunto.

 

   - Um bicho-papão, a não ser que você queira praticar com um dementador de verdade.

 

   - Não, não precisa, eu adoro um bicho-papão.

 

   - Muito bem, agora é sério - Remus se encosta na escrivaninha do Prof. Binns. - O feitiço que eu vou lhe ensinar é muito avançado e exige grande concentração. Ele é chamado de Feitiço do Patrono.

 

   - O que ele faz?

 

   - Ele conjura um Patrono, que é tipo um guardião que age como um escudo entre você e o dementador.

 

   - Certo.

 

   - O Patrono é um tipo de energia positiva, uma projeção da própria coisa de que o dementador se alimenta: esperança, felicidade, desejo de sobrevivência - ele continua. - Olha, Harry, o feitiço talvez seja avançado demais para você. Muitos bruxos habilitados têm dificuldade de executá-lo.

 

   Mas eu estou determinado a conseguir e não vou desistir!

 

   - Que aspecto tem um Patrono? - pergunto.

 

   - Cada um é único para o bruxo que o conjura.

 

   - Então o meu pode ser tipo... uma batata?

 

   - Creio que não.

 

   - Sirius sabe conjurar um Patrono?

 

   - Sabe - Remus suspira. - Vamos dar prosseguimento a aula? Você fala demais.

 

   Reviro os olhos e faço outra pergunta:

 

   - Como se conjura um Patrono?

 

   - Tem uma fórmula mágica, mas ela só fará efeito se você estiver concentrado, com todas as suas forças, em uma única lembrança muito feliz.

 

   Uma lembrança feliz... tenho tantas. Quando derrubei o trasgo com Rony e Hermione, quando Sirius me ensinou a andar de bicicleta... Meu primeiro jogo de quadribol no time da Grifinória, essa é ótima.

 

   - Qual a fórmula? - pergunto.

 

   Remus limpa a garganta e diz:

 

   -  Expecto Patronum!

 

   - Expecto Patronum! - repeti. - Legal. Expecto Patronum!

 

   - Está se concentrando em sua lembrança feliz?

 

   - Sim - respondo. - Expecto Patronum... Expecto Patronum...

 

   Um fiapinho de gás prateado surge na ponta da minha varinha, sorrio.

 

   - Você viu?

 

   - Vi. Muito bem, Harry - ele sorri. - O que acha de treinar com o bicho-papão agora?

 

   - Pode ser - digo tenso.

 

   Remus segurou a tampa da caixa e a abriu. Um dementador se ergueu lentamente, o rosto encapuzado virado para mim, merda! Sua mão podre, coberta de cascas de feridas, segurando a capa. As luzes se apagaram, o dementador saiu da caixa e começou a vir em minha direção. Pense numa coisa feliz, uma coisa feliz... Estou no meu primeiro jogo de quadribol, sinto o vento bater em meu rosto e a torcida da Grifinória vibra com expectativa...

 

   - Expecto Patronum! - berro. - Expecto Patronum! Expecto...Patron...

 

   Paro de falar, esse frio e... a voz, minha mãe, morrendo por mim...

 

"Harry não! Harry não! Por favor... farei qualquer coisa..."

 

"Afaste-se. Afaste-se, menina..."

 

   - Harry!

 

   Abri os olhos, Remus estava acima de mim com uma expressão estranha no rosto. Percebi que estava deitado e me sentei rapidamente.

 

   - Você está bem? - pergunta Remus.

 

   - Estou... - começo, mas Remus enfia um pedação de chocolate na minha boca.

 

   - Coma isso antes de tentarmos de novo. Você ainda quer tentar, não é?

 

   - Quero! Eu preciso continuar. Mas odeio ouvir os últimos momentos de vida da minha mãe, ouço-a implorando toda vez que um dementador se aproxima de mim.

 

   Remus engole em seco.

 

   - Escolha outra lembrança feliz - ele diz. - Essa não foi suficiente.

 

   - Ok.

 

   Sirius e eu estamos em um lugar muito bonito, há uma piscina na nossa frente e ele está sorrindo. Meu aniversário de oito anos... Creio que essa lembrança seja feliz o suficiente. Remus abre a tampa da caixa novamente e o dementador vem até mim.

 

   - Expecto Patronum! - berro, mas tudo fica escuro e eu desabo no chão, sinto o frio cortante em minha pele.

 

"Lily, leve Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso..."

 

   - Harry! Harry, acorde!

 

   Sento-me e abraço os meus joelhos tentando esconder as lágrimas. Eu nunca tinha ouvido a voz dele antes.

 

   - Eu ouvi o meu pai - digo rouco.

 

   - Você ouviu James? - pergunta Remus, concordo com a cabeça. - Quer parar por hoje? Acho que foi o suficiente.

 

   - Eu quero continuar.

 

   Rony, Hermione e eu nos tornando melhores amigos depois daquele Dia das Bruxas, os dois estão sempre ao meu lado. Os meus melhores amigos são a minha lembrança feliz desta vez, concentro-me nos rostos deles e na nossa amizade. Aceno com cabeça e Remus abre a caixa pela terceira vez. Rony e Hermione...

 

   - Expecto Patronum! - berro. - Expecto Patronum!

 

   Ouço a minha mãe gritar na minha cabeça, cada vez mais longe e não estava tão frio, então, um enorme vulto prateado irrompe da ponta da minha varinha e fica pairando entre mim e o dementador.

 

   - Riddikulus! - diz Remus entrando na minha frente.

 

   Sentei no chão e observei Remus colocar o bicho-papão na caixa com a varinha; ele se transformou em uma bola prateada. A lua.

 

   - Isso foi ótimo, Harry! - diz Remus sorrindo. - Muito bom para uma primeira aula.

 

   - Posso tentar de novo? - pergunto.

 

   - Não, hoje não - Remus pega uma enorme barra do melhor chocolate da Dedosdemel e me entrega. - Coma tudo ou Madame Pomfrey vai me estrangular.

 

   - Obrigado - mordo um pedaço e olho para a parede. - Sirius era muito apegado a Bellatrix Lestrange? Toda vez que toco nesse assunto ele fica estranho.

 

   Remus se senta ao meu lado e pega um pedaço do meu chocolate.

 

   - Olha, Harry, Sirius e Bellatrix se conheciam desde sempre e ele a amava muito. Sirius achava que a conhecia e depois descobriu que ela era outra pessoa, uma maluca que amava Voldemort... Isso o deixou magoado - Remus suspira. - Não fale sobre Bellatrix, a não ser que ele toque no assunto.

 

   - Entendi.

 

   E nós ficamos lá, comendo chocolate sem falar nada.

 

       ~       ×       ~

 

   Corvinal jogou contra Sonserina e Sonserina venceu. Daí Olívio disse que nós temos que vencer Corvinal, então nós estamos treinando cinco vezes por semana. Isso mesmo, CINCO VEZES! Com os treinos e as aulas antidementadores com o Remus, quase não sobra tempo para fazer o dever, ou escrever uma carta, ou respirar. Mas a minha agenda cheia é brincadeira se comparada a de Hermione, nem sei como ela consegue dormir com tantos deveres.

 

   - Como é que ela está fazendo isso? - murmurou Rony certa noite quando estávamos fazendo uma redação para Snape e Hermione estava escondida atrás de uma pilha de livros?

 

   - Isso o quê? - pergunto confuso.

 

   - Assistindo a todas as aulas. Ouvi Mione conversando com a Profa. Vector, de Aritmancia, hoje de manhã. Estavam discutindo a aula de ontem, mas Mione não podia ter estado lá, porque estava conosco na de Trato das Criaturas Mágicas.

 

   - Ah, talvez ela possa se multiplicar e a gente não saiba - respondi sorrindo. Mas também fiquei intrigado com isso, Mione e seus segredos.

 

   Nós fomos de janeiro para fevereiro e eu estou tão excitado com a partida contra a Corvinal, nós vamos ganhar, tenho certeza. As aulas com Remus estavam ótimas, eu estou melhorando cada vez mais com o meu Patrono.

 

   - Tome... você mereceu uma bebida, uma coisa do Três Vassouras - diz Remus após uma aula. - Acho que você nunca provou a cerveja amanteigada de lá antes.

 

   - Já sim. Foi a melhor coisa que eu já bebi na vida - digo. Remus ergue uma sobrancelha. - Ér... Rony e Hermione trouxeram para mim de Hogsmeade uma vez.

 

   - Aham - diz Remus desconfiado. - Bem... vamos brindar à vitória da Grifinória sobre Corvinal! Não que, como professor, eu deva tomar partido...

 

   - Claro que deve, você tem que torcer por mim, sou seu sobrinho de consideração - tomo um gole da cerveja e fico calado por um tempo. - O que tem debaixo do capuz de um dementador? - pergunto finalmente.

 

   Remus parece surpreso.

 

   - Vejamos... as únicas pessoas que realmente sabem não estão em condições de nos responder. O dementador tira o capuz somente para usar sua última arma, a pior.

 

   - Tipo uma arma de fogo?

 

   - Não - Remus sorri. - O beijo do dementador! É o que dão naqueles que eles querem destruir completamente. Suponho que devam ter algum tipo de boca lá embaixo, porque ferram as mandíbulas na boca da vítima e sugam sua alma.

 

   - Nossa, que merda. Isso é ruim, não é? Ficar sem alma?

 

   - Sim, muito ruim. Este é o destino de Bellatrix Lestrange.

 

   - Quê? - engasgo.

 

   - Li no Profeta Diário, os dementadores tem autorização para beija-la caso a encontrem.

 

   Ninguém merece perder a alma, mas Bellatrix, não sinto pena dela.

 

   - Ela merece! - eu digo.

 

   - Você acha que alguém merece isto?  Porque?

 

   - Por causa de... umas coisas aí.

 

   Depois que termino a cerveja amanteigada, eu volto para a sala comunal da Grifinória e encontro Hermione estudando, como sempre. Sento-me ao lado dela e penso no destino de Bellatrix, sou uma pessoa ruim por desejar que ela perca a alma? Ela sequer tem uma alma?

 

   - Como você consegue lidar com tudo isso? - a voz de Rony me tira dos meus devaneios.

 

   - Ah, estou me empenhando muito - responde Mione.

 

   - Tranque algumas matérias, Mione, você está com a cara pálida, parece até o Snape - digo. - Sem ofensas.

 

   - Não posso desistir de nenhuma matéria! - ela diz.

 

   - Vou lá em cima dar o tônico de Perebas, volto já - diz Rony e corre para as escadas.

 

   Olho para o dever de Hermione e faço uma careta.

 

   - Aritmancia deve ser horrível.

 

   - É maravilhosa! - diz Mione. - É a minha matéria favorita! E...

 

   Hermione é interrompida pelo barulho de passos na escada, antes que eu possa dizer alguma coisa, Rony aparece, vermelho e furioso. Ele está segurando um lençol.

 

   - OLHA! - berra ele, se dirigindo à Hermione. - OLHA! - berra, sacudindo o lençol na cara da garota.

 

   - Rony, que...?

 

   - PEREBAS! OLHE! PEREBAS!

 

   - Rony, pare! - exclamo me levantando e empurrando-o para longe de Mione. - O que tem Perebas? Respire antes de falar.

 

   Rony não diz nada, apenas mostra o lençol para mim e eu entendo o motivo da sua raiva. Havia alguma coisa vermelha nele. Alguma coisa que se parecia com...

 

   - SANGUE! - berra Rony e eu o seguro novamente. - ELE DESAPARECEU! E SABE O QUE TINHA NO CHÃO?

 

   - N... não - responde Mione trêmula.

 

   Rony leva as mãos ao bolso e atira algo em um dos livros de Hermione. Me inclino para ver o que é e fico paralisado, eram pelos felinos, compridos e amarelo-avermelhado. Eram pelos de Bichento.

 

   Não preciso dizer o que aconteceu nos dias que se seguiram, né? Rony e Mione ficaram irritados e eu fiquei fora da briga. O mais esquisito de tudo é que Rony estava realmente lamentando a perda do rato.

 

   - Vamos, Rony, você vivia dizendo que Perebas era chato - diz Fred. - Foi melhor para ele morrer depressa, de uma engolida, provavelmente nem sofreu.

 

   Mordo o lábio para segurar uma risada.

 

   - Ele só fazia comer e dormir, Rony, você mesmo dizia - diz Jorge.

 

   - Mas ele era um rato bonzinho - diz Rony.

 

   - Ah, sai dessa, cara, vai até Hogsmeade e compra um rato novo - digo. - Eu pago, se você quiser.

 

   Mas Rony não quis e continuou triste, então eu o levei para dar uma volta na Firebolt e isso o animou um pouco. Sinto-me nauseado ao lembrar que amanhã nós teremos que jogar contra a Corvinal. E eu vou apanhar o pomo, nem que eu tenha procura-lo nas profundezas de um lugar profundo, Grifinória vai vencer esse jogo!

 

       ~       ×       ~       ×       ~

 

Caro Harry,

Aluado me falou sobre as suas aulas antidementadores e disse que você está indo bem. Parabéns, filhote! Amanhã é Grifinória vs Corvinal, certo? Vocês vão vencer! O time é ótimo, o apanhador é ótimo e a sua vassoura é ótima. Ah, quase me esqueci, e Gina Weasley? Já falou com ela? Quero saber se tudo! Nossa, pareço aquelas adolescentes fofoqueiras, né? ¬¬

Boa sorte e se cuida!

Com carinho,

Sirius

Ps: Estou com saudades, escreve para mim, tá?