História Powerless - Scott, ciúmes?

Naquele momento senti que estava me afogando e Jace estava me salvando. E me agarrei aquilo,  à ele. Eu estava tão afobada, eu parecia uma lunática me jogando nele. Meus lábios já doíam e como se Jace soubesse ele foi aos poucos parando o beijo. Quando nossos lábios separaram-se ele me olhou, seu olhar parecia me ver mais do que eu conseguia. 

-Desculpa - Um pedido de desculpas saiu da minha boca e ele sorriu. 

-Eu só desculpo... - Ele interrompeu a si mesmo e me abraçou erguendo-me no ar. Eu soltei um gritinho e comecei a rir. - Se você fizer de novo.  

Agarrei seus cabelos entre meus dedos. Mas antes de beijá-lo de novo por algum motivo lembrei da minha mãe, do meu pai e da Emma. Meu sorriso se desfez e só de quis que ele me soltasse.  

-Me solta - Eu pedi e para não magoa-lo eu o olhei e disse: - por favor.

Ele não pareceu se afetar, na verdade. Me colocou no chão e entrou no banheiro como se nada tivesse acontecido. Fiquei tão abalada sobre minha família que nem me importei com a indiferença de Jace. 

Sentei-me na cama e uma lembrança me veio à mente. 

Flashback on 

TRÊS ANOS ATRÁS 

-Qual é Megan - Josh tentou me persuadir a deixá-lo tocar em mim. Nem saber meu nome esse imbecil sabe. 

-Eu disse não! - Sibilei irritada. - E meu nome é Lucinda. - Ele deu de ombros e bufei. Esse com certeza é o pior encontro da história. 

Estávamos no cinema em um encontro idiota de casal. Eu só topei por conta da Emma, ela sempre foi apaixonada pelo John que, por acaso,  é irmão gêmeo do tapado ao meu lado,  Josh. Ele acha que é o tal,  isso porque nunca levou um fora na vida. Eu entendo, afinal ele é lindo, mas eu já estava sem paciência. Suas mãos pousaram nas minhas coxas. Eu o fuzilei. 

-Eu gostaria de assistir o filme - Eu disse. Ele não se importou e apertou ainda mais. Peguei o copo de refrigerante e derramei em cima dele. Quase a sala inteira olhou para mim. 

-Sua filha da puta - Ele berrou e levantou tentando sem sucesso se molhar menos. Eu arregalei os olhos, foi um impulso. Emma estava com a mesma cara que eu estava me olhando. - Essa roupa é nova. - Ele gritou,  sua voz antes grossa, afinou. Eu e Emma nos olhamos. Toda a sala nos olhava com cara feia,  estávamos atrapalhando o filme. 

-Com licença - Uma voz de fora me chamou a atenção.  Era um lanterninha. - Senhora tenho que pedir que se retire. 

Eu podia brigar, mas tudo o que eu mais queria era sair de perto daquela peste na minha frente. Eu virei minhas costas e Emma já estava do meu lado. 

-Que ataque foi esse? - Ela perguntou e fiz um sinal que eu diria depois. 

Quando iamos saindo ouvi Josh dizer. 

-Maluca -  Eu parei de  andar. Senti meu sangue ferver e com um ataque de raiva virei e chutei sua virilha com força.

***

Eu e Emma estávamos na delegacia. Eu estava algemada na cadeira e Emma ria sem parar de mim. Depois de ouvir "Você tem direito à 3 ligações" me senti em um filme clichê dos anos 90. Fiquei aliviada quando minha mãe chegou. Nos olhamos e pude ver a preocupação estampada em seu rosto. Ela veio até mim, seus cabelos voando e os homens seguindo seus passos. 

-Ah, querida - Ela me abraçou. Olhou atentamente para a algema e depois para Emma. 

-Senhora, sua filha não cometeu um delito grave, mas agressão em local público e a falta de respeito com a companhia Movie me obrigou a prendê-la. 

-Sim, eu sei. - Ela disse e me olhou, seus olhos expressando raiva. O policial destrancou a algema e me senti envergonhada.

Eu e Em acompanhamos minha mãe. Tudo o que podíamos ver eram suas costas e ouvir seus passos pelo assoalho. Eu olhei para Emma e ela estava tão encolhida quanto eu. Quando saímos da delegacia ela soltou. 

-Eu estava ocupada,  você sabia disso! Se fosse para ser presa,  que seja por assassinato caramba! - Ela me deu sermão e fiquei ainda mais encolhida. 

-Desculpe mãe. - Olhei para Emma e ela tinha um tom de escárnio na cara. Eu ri baixinho. - Nunca mais invente um encontro de casais. - Falei em seu ouvido. 

Flashback off 

Eu sorri. Foi um bom dia, mas me doeu no coração lembrar que minha mãe não era uma das mães troféu. Meus dedos tremiam. Tentei normalizar minha respiração, mas não parava. Toda vez que eu pensava que estava melhor, a onda vinha e levava minhas esperanças. Ainda chorando coloquei meu celular para carregar na pequena tomada ao lado da cama e me deitei. Chorar em posição fetal não melhora as coisas,  mas de alguma maneira me fez me sentir melhor.  

Jace saiu do banheiro. Ele olhou para meu rosto,  eu levantei ficando sentada esperando que ele viesse falar comigo e que eu pudesse me desculpar,  mas ele saiu do quarto me deixando sozinha. Fiquei olhando a porta sem acreditar. 

Quando me dei conta de que Jace é um idiota eu tomei um banho e vesti uma calça preta e camiseta preta. Eu sentia falta das minhas roupas,  mas essas davam para o gasto. Me olhei no espelho do banheiro e depois sai do quarto. Eu estava entediada e queria ver mais do lugar.  

Depois de um tempo me convenci de que essa não fora uma das minhas ideias mais inteligentes. Por onde eu andava eu recebia olhares descarados. Passei por várias academias, areas de treinamento e cabines de tiro ao alvo. Quando eu ia passando por um dos vários salões de jantar um homem apareceu. Ele não parecia nada com os caras que eu havia encontrado pelo caminho. Ele sorriu para mim e tentei não olhar para seu tanquinho exposto, uma toalha estava pousada em seu ombro e ele estava de bermuda. 

Eu estava tão ocupada olhando para o corpo dele que esqueci de cumprimentá-lo. Ele tirou o fone de ouvido e me ergueu a mão. 

-Você é a garota nova - foi uma afirmação não uma pergunta. Eu apertei a mão dele. 

-Lucinda - Eu me apresentei sorrindo finalmente. 

-Scott - Ele me puxou com a mão que eu o estava cumprimentando e deu um beijo no meu rosto. Além de assustada fiquei vermelha. Ele sorriu próximo ao meu rosto. - Já escolheu o que quer ser? 

Fiquei confusa. 

-Como assim? - Ele me convidou para sentar nas cadeiras de madeira. Quando nos sentamos ele me explicou:

-Você veio aqui para um propósito, não? 

Não soube o que dizer, Jace não havia dito se eu podia ou não falar. Era melhor não arriscar. 

-Bom, não sei bem. - Me atrapalhei. 

-Ora, então te ajudarei. De onde você veio? 

-Nova Iorque. - Eu disse e ele riu. 

-Não anjo. Você é da Máfia, polícia...? 

-Ah - Corei por não ter entendido. Antes de eu responder fui salva pelo gongo quando Jace apareceu de uma vez em nossa frente. 

-Venha - Ele pegou minha mão e me puxou bruscamente. Olhei para Scott pedindo desculpas. Quando meus pulsos começaram a doer eu bati em suas costas. 

-Droga Jace, qual seu problema? - Ele soltou meu braço deixando um grande vermelho. Ele virou de frente para mim.  

Ele ia começar a falar, mas as palavras não saíram de sua boca. Ele,  na verdade, parecia nem saber porque me obrigou a sair de lá daquele jeito. Daí me dei conta. 

-Você está com ciúmes - Brinquei esperando o mesmo negar. Mas ele não fez nada, seu olhar frio caiu sob mim, mas pude ver a mudança acontecendo gradualmente em seu olhar. Fiquei séria quando vi que não era brincadeira. Uma faísca acendeu em meu coração. 

Ele veio andando em minha direção e meus pés iam no sentido contrário. Até que senti uma parede fria em minhas costas. Jace pousou suas mãos em minha cintura, subindo minha blusa até o umbigo e acariciou minha pele com os dedos.  Eu nunca o vi tão sério.  

-Não quero que fique perto de homem algum, à não ser eu. - Não era um comando, uma ordem como sempre fazia.  Era um pedido. - Eu não aguento, não tenho autocontrole para isso, Lucy. 

Eu sorri. 

-O quê? - Ele sorriu e tocou meus lábios. 

-Você me chamou de Lucy, só pensei que não chamaria mais. 

Ele balançou a cabeça. 

-Você sempre será minha Lucy.