Acordei com meu despertador. Eu iria começar meu trabalho hoje e estava mais do que animada. Pulei da cama e fui ao banheiro. Não é todo dia que eu poderei ter uma boa distração para não pensar no quanto minha vida deu errado. Depois do banho vesti uma blusa tomara que caia, que eu nunca usaria se fosse em outras circunstâncias, uma calça preta e um tênis all-star.
Enquanto penteava meu cabelo eu so conseguia lembrar de ontem. De Jace me beijando e de suas palavras.
"Eu não tenho controle quando se trata de você" eu podia até ouvir a voz rouca dele me causar arrepios. Meus pensamentos foram interrompidos quando Jace entrou de uma vez pela porta. Ele olhavam para o chão, para a mesa e para a cama, mas nunca para mim.
-Jace - Eu o chamei, mas não causou efeito. Chamei de novo - Jace? - Dessa vez sussurrei.
-Lucy, querida - Meu peito se agitou - algo aconteceu com a Emma.
Meu mundo desabou mais uma vez com a probabilidade de Emma estar morta. Coloquei minha mão no peito, a asma iria atacar. O ar que antes dançavam pelos meus pulmões, agora nem presente estava. Minha garganta queimou junto com meu peito. O desespero saia pelos meus poros, Jace me segurou confuso.
-As-as-asma - Falei com dificuldade evidente. Ele me pegou no colo e correu. Correu tão rápido que chegamos à enfermaria em questão de segundos. O que geralmente demoraria quinze minutos. Jace entrou e berrou:
-Uma crise de asma, AJUDEM - enfermeiras vieram me socorrer, deixando de lado os outros pacientes. A voz de Jace assustou até à mim. Somente um homem veio calmamente até mim, me passando tranquilidade. Ele vestia uma blusa normal, diferente das enfermeiras, a única semelhança era um crachá com foto e nome. Jace me colocou em um leito e deixou que o médico fizesse seu trabalho.
O médico colocou uma máscara de ar no meu rosto.
-Inspire e aspire... - Ele disse com uma voz calma e bondosa, fiz o que ele me disse. Concentrando minha mente em seus olhos esmeralda. Depois de alguns segundos pude sentir o ar entrando e dançando pelos meus pulmões. Toquei a máscara para tirá-lá, mas o doutor me impediu.
-Não docinho, ainda não, vamos esperar seus pulmões se acostumarem novamente com o oxigênio. - Ele colocou o estetoscópio onde meu coração batia. Ele sorriu ao ver o resultado.
-Você está ótima, só precisamos fazer algumas perguntas - ele fez uma careta engraçada que me fez rir embaixo da máscara - só protocolo.
A enfermeira ao meu lado estava pronta para anotar tudo.
-Você teve crises assim recentemente? - Ele sentou no leito em que Jace me colocou. Minha cabeça estava em Emma. Dei uma olhadela em Jace, não consegui decifrar seu olhar. - Docinho?
Ele chamou e nem havia percebido que minha cabeça estava longe. Eu corei sem jeito.
-O nome dela é Lucinda, Ray - A voz de Jace ecoou pela sala, soando muito irritada.
-Lucinda, desculpe. - As desculpas se dirigiram à mim.
-Tudo bem - Lembrei de sua pergunta - Doutor Ray, não tenho ataques de asma desde criança.
-Ocorreu algum evento estressante esses últimos dias?
Bufei, soando mais insolente do que eu desejava.
-Sim. - Não tive coragem de encarar Jace, cravei meu olhar no Doutor Ray.
-Procure evitar estresses e sentimentos que te deixem triste. - Ele disse, se soubesse que estou prestes à saber o que aconteceu à minha minha melhor amiga.
Eu assento, fingindo educação. Já estava farta.
-Obrigado Ray. Pode me dar uns minutos com ela? - Às vezes não entendia porque Jace perguntava se já sabia a resposta. Ray piscou para mim antes de sair. Seus cabelos esvoaçaram quando ele virou.
Jace ficou em pé, cruzados os braços ele me encarou.
...
Eu ainda não tinha me mexido desde que Jace me contou.
-Não, Jace - Eu disse seu nome implorando para que ele dissesse que era uma brincadeira de mal gosto. Mas ele não parecia brincar.
O choro veio naturalmente. Meus ombros mexiam junto ao meu choro. Jace me abraçou, mas eu o afastei. Meus olhos estavam doendo, mas o que mais doía era meu coração, a necessidade de vê-la aumentou como uma pessoa que anda pelo deserto sente sede.
-Me leve até ela - Ele me olhou como se lamentasse. - Não, por favor não diga isso.
Balancei a cabeça freneticamente temendo a resposta.
-Ela está com Dylan, e-e-eu - Ele gaguejou - Não posso deixá-la ir.
Arranquei a maldita máscara do meu rosto. Ele tocou meu rosto com o dedo indicador, quase mordi seu dedo. O ódio que eu sentia era enorme, Emma sempre esteve comigo e quando ela mais precisa de mim, não vou poder estar ao lado dela. Eu ia sair pela cortina, mas ele me segurou. Dei uma cotovelada em seu estômago, foi como bater em pedra. Ele nem pareceu sentir.
-Ele pode te usar, como usa todo mundo.
-Exatamente por isso que eu vou! Emma pode estar ainda mais em perigo, se possível.
Ele xingou.
-Porra, ele não faria mal à alguém como ela. Dylan só faz coisas ruins com um motivo, propósito. Ele não faz nada que não favoreça ele, Lucinda. Não há nada em Emma que ele possa se favorecer. Ele não fará mal à ela. Tenho um dos meus homens infiltrados naFamília, ele cuidará dela. Prometo. - Seus olhos diziam a verdade e eu sabia, mas não era isso que eu queria. Quero Emma ao meu lado, quero abraça-la e dizer que tudo vai ficar bem. Que lamento. A culpa é minha por ela ter sido violentada, uma dor se instalou no meu coração e transbordou pelos meus olhos. Jace limpou uma lágrima, ele parecia lamentar, mas eu não cairia nessa, ele só finge para que eu pare de pertubá-lo sobre ir ver Emma.
-Não finja que se importa.
Ele semicerrou os olhos. Não dissemos mais nada. Voltamos ao nosso quarto, me joguei na cama quando entrei. Chorei nos lençóis sem ligar se Jace olhava ou não. Agarrei os panos macios com os dedos tentando diminuir a dor. A dor que Emma deve ter sentido. Tudo por minha culpa.
Senti um peso à mais na cama, eu ia me virar, mas braços me abraçaram impedindo que eu me movesse.
-Mas o que... - eu já ia falar, mas fui impedida. Senti que ele enfiava a cabeça entre meus cabelos. Ouvi ele respirar alto.
-Sinto muito. Eu estraguei sua vida, você não é feliz, passou por tanta coisa. Isso porque não consigo fazer uma única tarefa dada à mim: cuidar de você. E sobre a Emma, eu vou dar um jeito, prometo meu amor - Ele murmurou, havia dor em cada palavra. Uma lágrima quente desceu dos meus olhos. Me deixei ser abraçada. Nesse momento, aqui deitada com ele, sentindo os dedos dele em meu coro cabeludo, eu tenho certeza de uma coisa: preciso dele.
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