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História Powerless - Detalhes e lenha


Escrita por: SonTata

Notas do Autor


Hello anjos <3 tudo bom?
Mais um capítulo pra vcs, beijos.
Boa leitura

Capítulo 5 - Detalhes e lenha


Depois de dormir ouvindo a voz acalentadora de Emma no meu ouvido acordei com dor nas costas por conta da desajeitada posição em que dormi. Joguei meus cabelos desgrenhados para o lado e estalei as costas me espreguiçando. Depois de tomar um banho bem frio eu vesti uma calça e uma camiseta branca. Amarrei meus cabelos em um coque e desci as escadas, eu não sabia bem o que esperava encontrar. Mas com certeza eu não esperava ver o que eu vi.

Jace estava cozinhando panquecas pelo cheiro. Ele vestia uma camisa marrom de mangas longas e a mesma fazia contorno nos músculos de suas costas. Ele percebeu minha presença.

-Lucy, bom dia. – Suspirei com sua voz animada.

-Lucinda... – O corrigi.

-Lucy é melhor!

Fiquei calada sabendo que se eu continuasse a falar acabaríamos discutindo e eu realmente não queria fazer esforço hoje, apenas fingir que eu não existo. Mas também não queria ficar calada, eu queria saber mais sobre a situação em que eu estava.

-Jace, pode me explicar mais sobre... Tudo isso? – Perguntei confusa e o mesmo tirou uma panqueca da frigideira e a botou em uma pilha de panquecas no prato ao lado do fogão. Ele desligou o fogo e virou para mim.

-O básico você já sabe... Mas lembra quando eu disse para não confiar no meu irmão? – Assenti – Eu falei sério, ele não te disse tudo. Ele mentiu, ele não quis você só por seu pai ser o culpado da morte do nosso irmão mais novo. Na verdade, sabíamos que nosso irmão iria morrer. No nosso ramo não se tem piedade, e piedade meu irmão tinha de sobra.

-Então por que ele me seqüestrou se não por essa razão? – Perguntei, ele hesitou ponderando se falaria ou não algo tão importante para alguém como eu.

-Lucy, você tem algo que muitas pessoas querem e para conseguir o que querem cabeças vão rolar. E quando digo muitas pessoas, são organizações de vários tipos. Como a Máfia, rebeldes, e até o FBI, mas eles estão do nosso lado.

Fiquei boquiaberta.

-O-O que isso quer dizer? – Ele me olhou intrigado.

-Você não sabe de nada mesmo não é? – Ele de repente ficou irritado. – Porra, você é só mais uma criança inocente e aquele parasita te arrasta para esse mundo.

Eu ainda não entendia. Assimilar estava ficando difícil, eu simplesmente... Como? Por que eu? Se todas essas organizações estavam me querendo eu já estava ferrada há muito tempo. Jace colocou duas panquecas em um prato e colocou na mesa.

-Sente-se e coma.

Como eu poderia comer depois dessas revelações sem sentido? Eu preciso de detalhes.

-Jace, por favor... Eu quero, não... Eu preciso saber mais, o que eu tenho que as organizações querem?

-Não precisa se preocupar, mudamos seu nome nos documentos de escola e sobre essa nova entrevista de emprego... Eu dei um jeito de não conseguirem rastreá-la.

-Mas como?

-Fiz com que seu nome e foto não batessem em nenhum tipo de documentação. – Ele suspirou. – Desviei suas informações nos dados do FBI. Eles parecem estar do nosso lado, mas não é bom confiar! De qualquer maneira, até o FBI teme minha família. Então você está segura comigo.

Eu percebi que ele desviou-se da minha real pergunta então a repeti.

-Jace, o que eu tenho que eles querem de mim?

-Você não está pronta para saber ainda, Dylan sabia o que fazia quando a deixou sem saber das coisas.

-Não. – Gritei, cansada de ter pessoas dizendo o que eu tinha que fazer e controlando minha vida. – Eu quero saber! – Soquei o balcão de madeira e Jace veio para cima de mim e por um momento pensei que ele bateria em mim. Mas parou o rosto a milímetros do meu, eu o olhava com ódio e o mesmo retribuía o olhar.

Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios, mas ele não estava nem um pouco feliz. Minha boca semicerrou e rangi meus dentes. Ele agarrou meu queixo, firme.

-Eu deveria lhe ensinar bons modos! – Tentei tirar sua mão do meu queixo, mas só fiz com que ele me pegasse pela cintura me segurando e limitando meus movimentos.

-Não sou um cachorro que não faz o que você manda para “me ensinar bons modos”. – Urrei.

Ele estava bem próximo, eu podia sentir sua respiração e seu cheiro de hortelã e damasco. Ele roçou a barba para fazer no meu rosto sussurrou no meu ouvido.

-Você deveria saber a hora de me irritar Lucy, não estou com paciência para birra de criança.

Ele voltou seu olhar para o meu e ali ficamos nos olhando. Não sabia bem porque eu ainda o encarava, podia ser provocação? Não sei. Ele olhou para meus lábios, me deixando intimidada. E sorriu novamente com minha hesitação. Ele me largou e quando saiu de perto de mim lembrei-me de respirar.

-Coma logo, você está muito magra.

-Além de criança meu corpo não satisfaz você? – Perguntei debochada. – Oh me desculpe, eu queria mesmo agradá-lo. – Ironizei. Ele se virou e empurrou o prato em minha direção.

-Você é incapaz de fazer algo sem dar objeções? – Se irritou novamente. Ele era tão vil, letal, de tirar o fôlego. Literalmente. Eu mesma estava irritada, eu mal conseguia formular uma palavra nesse momento. Desviei meu olhar do seu disfarçadamente.

-Antes eu não fazia objeções com meus pais, e olha só no que deu. – Ergui minha sobrancelha, peguei as panquecas e uma colher. – Se me der licença, vou comer no quarto.

Subi as escadas e comi em cima da minha nova cama, pensativa. E novamente lágrimas molharam minha face, lágrimas silenciosas. Houve um tempo em que minhas preocupações eram simples, e agora tudo que eu quero é voltar no passado. E por mais que eu odiasse admitir, eram as melhores panquecas que eu já havia experimentado. Comecei a mastigá-las com raiva.

Imbecil.

Com o prato sem mais nada levantei para colocá-lo na pia da cozinha, peguei meu telefone dessa vez. Desci as escadas e me aliviei quando não o encontrei na cozinha. Coloquei o prato sujo na pia, botei meu celular no balcão ao lado da pia e lavei o prato e a colher.

Peguei meu celular novamente olhando a foto na tela de bloqueio: eu e Emma rindo loucamente. Julien, uma colega nossa, bateu a foto. Sorri e caminhei até o lado de fora da casa. O ar era diferente em Nova Iorque, pelo menos no verão. Era quase um milagre ter sol onde eu morava e agora se eu desse bobeira ficaria queimada.

Aspirei o ar e o comparei com de Salém. Suspirei, óbvio que nada se compararia a minha antiga casa. Ouvi um alto barulho, levantei assustada. Segui o barulho que se repetia e passei a ouvir uma respiração alta antes de cada barulho. Dobrei a casa e vi Jace cortando madeira, ele pegou outro tronco o posicionou e o partiu em dois com facilidade. Os músculos estavam levemente retesados.

Por que eu tinha que achá-lo atraente? Certo, era algo meio impossível não achá-lo atraente. Os dois irmãos pareciam deuses. Mas Jace... Era muito mais másculo. Uma pena que fosse tão repugnante. Ele olhou para mim, como se já soubesse que eu estava ali, limpou o suor da testa com a costa da mão. Parecia pensativo.

-Lucinda, venha aqui.

Andei até ele.

-Está começando a me chamar pelo meu nome. – Quase comemorei. Ele sorriu e me ergueu o machado. Olhei para ele sem entender.

-Vamos, você precisa extravasar um pouco. – Peguei o machado e me assustei com o peso fazendo meu braço cair junto ao machado. Ele pegou o machado e a minha mão, apertando-a em volta do machado. – Força.

Ergui o machado e apoiei o cabo no meu ombro, a posição me lembrou beisebol. Ele segurou o tronco e me assustei.

-Espere, você vai segurar? Eu vou decepar sua mão. – Ele riu e não foi o sorriso que eu sempre via, foi como se ele realmente tivesse achado graça de algo.

-Nem eu seria louco para fazer tal coisa. –Ele soltou o tronco e veio até. Ajeitou o machado na minha mão e me posicionou.

-Eu não sabia que havia um jeito certo de cortar lenha.

-Então você está muito mal informada.  Tudo que se faz, desde matar pessoas à  fazer tarefas caseiras, é necessário habilidade, força, equilíbrio.

Ele fez um sinal para que eu fizesse, respirei fundo e baixei o machado, mas sequer cortei a lenha. O machado travou no tronco da arvore. Frustrada, tentei puxar o martelo, mas ele realmente prendeu. Jace tocou minha cintura e uma onda de energia me invadiu, não sei se foi pelo seu toque ou pela surpresa de ter sido tocada, mas corei e tentei esconder meu rubor.

-Não é assim tão difícil. – Ele puxou o machado com uma mão, sem qualquer dificuldade.

Ele me deu novamente o martelo e me guiou. Amarrei meu cabelo determinada.  Depois de várias tentativas falhas eu consegui e me senti vitoriosa. Mas não parei, pois de alguma maneira eu me senti melhor. Era difícil pensar enquanto se faz um árduo trabalho. Então continuei, quando percebi havia uma pilha de lenha.

-Por que estamos cortando lenha se estamos no verão? – Perguntei quando Jace voltou para pegar mais lenhas para guardar no celeiro.

-Gosto de manter armazenado. E, além disso, você parece estar gostando.

-Sim, estou. Mas meus músculos doem. –Peguei os dois últimos pedaços de lenha e joguei para Jace. Larguei o machado e me sentei no tronco. Baixei a cabeça tentando relaxar meus músculos. Um copo foi erguido ao meu olhar. – O que é isso? – Peguei o copo.

-Suco de limão, você deve estar com sede.

-Sim obrigada.

Tomei de uma vez a metade do suco, estava uma delicia.

-É meu preferido... Digo, o suco de limão. – Ele parou o que estava fazendo e sentou-se na minha frente, na grama verde.

-Eu não vou te fazer prisioneira, você pode sair e passear pelos arredores, contanto que não entre muito na mata. Além de perigoso é provável que se perda. – Eu dei um leve sorriso para ele, um pouco mais contente.

Então um silêncio constrangedor veio, mas ele não parecia se importar. Parecia gostar do silêncio.

-O que você faz aqui? – perguntei olhando aos arredores. – Não tem nada para passar o tempo, notei que você não tem TV.

-Eu faço carpintaria nos fins de semana, ajuda a clarear a mente. – Falou ele apontando para a própria cabeça. – E acho que você não vai gostar de saber o que eu faço na semana. – Ele sorriu sadicamente. Um arrepio correu pela minha espinha.  

-O que você faz na semana? Prometo não julgar. – Perguntei.

Ele me olhou intensamente.

-Eu posso lidar com isso, e posso lidar com a verdade sobre o porquê das organizações me quererem. – Me inclinei para frente. – Juro que posso.

-Acredite, as pessoas dizem que querem saber a verdade, que podem lidar. Mas é uma mentira, pois não sabem o que vem pela frente. A verdade não liberta Lucy. Pelo menos não no nosso mundo.

-É só o que vocês falam “não no nosso mundo” – Eu já estava irritada, mas não levantei a voz.

-Porque se você descobrir o que realmente está acontecendo, vai te marcar. E eu não quero isso para você.

-Não é você quem decide isso!

-Você está enganada, é sim. Eu decido.

Bufei e passei os dedos pelas minhas têmporas. Como a vida de uma pessoa pode mudar assim tão de repente? Meus problemas agora eram de vida e morte, não  tinha como eu resolvê-los. Mudanças... Eu nunca realmente gostei delas. O mundo agora é irreconhecível, como se eu conhecesse um mundo preto no branco, mas agora todo o arco-íris de cores estava exposto e eu não sabia o que fazer.

Jace pegou meu joelho para chamar minha atenção.

-Eu não posso te contar o que as organizações querem, mas posso contar o que faço nos dias da semana. – Ele me lançou um sorriso e fui incapaz de não sorrir também.

-O que?

-Como você deve saber, meu irmão é o novo Chefe da família, mas o cargo foi devidamente posto para mim pelo nosso pai. Se eu morresse, ficaria para o Dylan. Mas há coisas que nem a Máfia aceita, Lucy. Eu sou como...

-A ovelha negra da família? – Perguntei e ele me olhou por um bom tempo, depois assentiu.

Ele respirou pesado e depois de um tempo seu olhar voltou para mim. Eu não sabia o que passava na cabeça dele.

-O que você fez Jace? – Murmurei.

-Fui acusado de algo que eu não fiz... Dylan não é burro, ele aproveitou do meu deslize e se tornou o novo Chefe. E por isso, sou meio que exilado da família. Mas eles me mandam trabalhos, pois por mais que você tente você nunca deixa a Máfia; a não ser que ela te deixe.

-Espera, então é isso que você faz? Vai pra cidade só para tirar a carne morta?

Ele deu uma gargalhada.

-Não, não. Eles são trazidos até a mim, sou o que cuida da extorsão. – Ele sorriu sadicamente de novo. – É a melhor coisa da Máfia, devo admitir.

-Então você gosta de forçar, bater e...

-Matar? Sim.

-É deplorável.

Ele sorriu e só naquele momento percebi que sua mão ainda estava no meu joelho.

-Você prometeu não julgar.

-Só não sei como você consegue fazer isso... – Ele olhou para baixo e subiu seu olhar novamente. – Você não parece ser mal.

-Lucy, eu só faço isso com pessoas iguais a mim. Eu não ataco crianças no mercado!

Balancei a cabeça.

-Então sua semana é muito divertida. Vai continuar fazendo isso comigo aqui? – Perguntei, eu não queria ver ou ouvir algo desagradável, como alguém morrendo.

-Claro que sim, mas não nessa casa. Eu não levo meu trabalho para casa. – Ele levantou e me ergueu a mão, eu a peguei e levantei-me também. – Não precisa se preocupar.

-Isso é improvável. – Ele riu. – O que foi?

-Gosto de você. – Ele falou de uma maneira tão verdadeira, tão intensa. Senti o sangue me subir às faces.

-O que?

-Eu gosto do seu jeito, é... Peculiar.

Não sabia o que responder, então fiquei quieta.

-Vou terminar de levar a lenha.

-Tá bem. – ótimo, agora eu estava sem jeito na frente dele. Ele virou-se de costas para pegar a lenha e antes de sair me deu uma piscadela.

Passei a pensar que eu estava parecendo uma garota do colegial, mas descobri que acabei de sair da escola. Eu ri sozinha, e dei meia volta, ligaria para Emma. 


Notas Finais


Espero que gostem, beijos


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