Estou no quintal de casa com os meus parentes e minha garota, Eleanor Calder. Todos se divertindo e meu pai insistindo em tirar foto de cada momento, principalmente entre eu e Els.
- Tá bom, vocês dois. Chega - minha mãe riu baixo nos interrompendo, saí de cima de Eleanor e nos levantamos. Fui até minha mãe e Els foi para outro lado.
- Eu gosto dela. - disse e sorri.
- Acho que ela também gosta de você.
- Você disse isso a ela, mãe?
- Não. - riu
Entramos em casa e Jay foi pegar o bolo de aniversário de vovó.
- Ai vai, mamãe. - todos comemoramos e minha vó soprou as velas.
- Este é um dia tão legal! Quem conhece esse? - minha mãe começou. - "Sejam os que te amam como o sol quando se levanta na sua força."
- Coríntios. - Fizzy respondeu.
- Juízes 5:31 - mamãe sorriu para mim e eu virei para vovó. - Então, vó, quantos anos a senhora tem mesmo?
- Nem vem. - todos rimos. - Você sabe que não deve perguntar a idade de uma senhora.
Mamãe entregou o presente para a vovó e meu pai voltou para sala com uma espátula para cortar o bolo.
- Essa é muito bonita! Quem te deu? - Mark perguntou assim que viu vovó segurando uma camiseta.
- Você e Jay! - vovó exclamou e todos na sala riram.
- A senhora está certa! Estava apenas testando.
- Lembra-se, mãe? Estávamos no shopping e você disse que gostou. - Jay disse. - Então voltei lá e comprei para a senhora.
- Nancy, querida, vai pegar a minha bolsa. - vovó pediu para minha prima e ela levantou-se reclamando.
- Sempre sou eu quem vai buscar a bolsa.
- As meninas mais novas da família Tomlinson são as "mulas da bolsa". - disse aumentando o tom de voz, rindo.
- Ei, vó. Abre o meu. - Lottie exclamou e vovó pegou o presente.
- Por que eu tenho que ser a "mula da bolsa"? - Nancy perguntou quando voltou e Zayn entrou na sala pegando a bolsa, colocando-a em seus braços e começou a desfilar pela sala.
- Sim, acho que fica bem em mim. O que vocês acham? - Malik brincou. - Vó, esse batom é ótimo. Lindo! - Vovó olhou-o com desgosto.
- Ei, Zayn. Para! - mamãe disse.
- Por que? O que tem, mãe? - Malik debochou.
- É nojento! - respondeu e eu engoli em seco.
- É. Bichas deveriam ser alinhadas e fuziladas. - vovó exclamou eu olhei-a com mágoa.
- Não foi o que você falou, ano passado, sobre os Gigantes? - papai perguntou.
- O que você falou?
- Nada... - mamãe riu junto com Mark e Zayn.
- O que é isso? - vovó perguntou enquanto tirava o presente de Lottie do embrulho.
- É um diário. Como uma agenda. - minha irmã respondeu animada.
- Eu não preciso de mais coisas. - vi Charlotte ficar triste e ela saiu do cômodo.
- Mãe!
- O quê? - fez-se de desentendida
- Eu vou lá - disse me levantando.
Fui até seu quarto ouvindo Mark tentando quebrar a tensão que se formou na sala dizendo "Que bom que não compramos a caneta."
- Você não pode levar para o lado pessoal. É a vovó! - falei assim que entrei no quarto de Lottie e sentei ao seu lado na cama. - Você conhece a regra; às vezes ela é mesquinha então nós temos o direito de rir dela.
- Louis, ela implica comigo. - ouvi ela dizer. - Ninguém implica com você; você é o favorito. - sorri pequeno e neguei com a cabeça. - Então, como é ser perfeito?
- Eu sou perfeito? Você acha que eu sou perfeito? - zombei. - Tem se olhado no espelho ultimamente? Você parece um anjo, ok? - ela sorriu tímida e eu balancei o diário em minhas mãos. - Posso ficar com isso?
- Você não quer.
- Bom, eu vou pegar pra mim. Deve servir por uma semana. - vi ela sorrir e me permiti sorrir também. - Vamos voltar para o trigésimo nono aniversário de trinta e nove anos da vovó.
Charlotte gargalhou e me acompanhou de volta até a sala.
///
Eu e Eleanor estávamos nos beijando dentro do carro, sua mão no meu pescoço e eu não fazia ideia de onde eu podia colocar minhas mãos.
- Eu estou pronta. - ela disse parando de me beijar e eu olhei-a confuso.
- O quê?
- Quero ir mais longe. - comecei a suar frio e virei-me de frente ao volante. - Tem... Tem algo errado? Eu pensei que você ia querer...
- É... Quer dizer, não é bem o que eu tinha em mente.
- Não precisa ser aqui. - suspirei
- Eu preciso ir. Tenho que acordar cedo amanhã. - tentei fugir de sua insistência.
- Tem algo errado? - ela aproximou mais de mim.
- Não acho que vai dar certo. - ela me olhou confusa. - Acho que a gente devia terminar.
- Eu pensei que você gostasse de mim, eu... vim conhecer a sua família! - exclamou.
- Eu só não queria levar tanto a sério.
- Bom, não precisa ser sério, ok? - ela tentou fazer eu mudar de ideia, mas não era isso que eu queria.
- Não é você, sou eu. - suspirei. - Desculpa.
Ela bufou frustrada e revirou os olhos, saiu do carro e fechou a porta fortemente. Suspirei, era tão difícil assim para alguém aceitar um término?
Minha vida não é perfeita, na verdade, não chega nem perto. Minha família é extremamente religiosa, minha mãe é a pessoa mais fanática por Deus que eu conheço. Não vou dizer coisas ruins sobre a igreja nem sobre os religiosos, eu costumo frequentar a igreja algumas vezes e até gosto, mas confesso que vou mais para agradar a minha mãe. Minha família, principalmente minha mãe e vovó, é homofóbica, não sei como ainda estou conseguindo viver dentro dela.
Sim, eu sou gay, e não tenho coragem suficiente para contar à Jay. Tenho certeza que ela não reagiria da melhor forma, por isso tenho medo. Não quero perder a minha família.
Estava dirigindo pela cidade e parei em frente ao Armory, uma boate gay que tem no centro. Comecei a observar as pessoas que passavam por lá e os casais que saíam do local, todos estavam bêbados, porém conseguia ver a felicidade no olhar de cada um.
Será que algum dia eu serei feliz ao lado de alguém que eu amo?
///
Cheguei em casa e vi que minha mãe estava assistindo um filme em preto e branco e comia pipoca.
- Hey! Quer assistir comigo? - ela perguntou assim que me viu.
- Estou cansado.
- Ah, fala sério. Quem mais pode ver um filme em preto em branco comigo? - Jay reclamou. - Sabe, se não é John Wayne seu pai não quer saber. É muito assustador.
Sentei ao seu lado e peguei um pouco de pipoca.
- Sabia que essa cena é famosa? - apontei para a TV. - Sabe como eles fizeram aquele copo de leite brilhar?
- Como?
- Bem, Hitchcock pôs uma lâmpada dentro do copo para que os espectadores soubessem que o leite está envenenado.
- Tá brincando! Jogada esperta... - ela virou para me olhar. - Como sabe disso?
- Eu sou brilhante. - ela riu e concordou com a cabeça.
- Você tem razão. - o pote de pipoca foi colocado no meu colo. - Pode ficar, eu já comi demais.
Eu sempre amei esses momentos que eu tinha com a minha mãe e não quero perde-los de jeito nenhum.
Quero sempre agradá-la e, se for preciso, nunca contarei à ela sobre os meus sentimentos.
Nem que isso custe a minha felicidade.
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