História Prazer, Luna. - Capitulo XII - And... We're back.

Foi um dos piores dias da minha vida. Bom, pelos meus cálculos, estou há apenas há 6 horas sem a Luna, e já está sendo difícil, e não é exagero. Minha vontade é de bater na porta da casa da Lana e ficar conversando com Luna sobre isso até nós nos acertarmos, não importa quanto tempo leve, mas infelizmente as coisas não funcionam assim. Parte de mim quer agir por impulso, e a outra parte está tentando segurar a primeira enquanto tenta criar um pedido de desculpas que entre na cabeça de uma criança magoada.

    O que mais me frustrava, era que foi uma briga estúpida. Eu sei, não devia ter explodido sabendo que Luna é extremamente sensível, a culpa foi minha, mas o que está feito, está feito, agora tenho que me concentrar em reconquistá-la. E quem melhor para me ajudar do que a sua melhor amiga (e agora colega de quarto)?

                    * Mensagem on *

Eu: Lana?

Eu: você tá aí?

Lana: o que você quer?

Eu: Falar com a Luna. Eu sei que ela foi pra sua casa

Lana: Olha, eu vou te ajudar (mesmo estando com muita raiva) porque sei que você não duraria um mês sem ela, nem ela duraria sem você.

Eu: Muito obrigado. Quando posso falar com ela?

Lana: Talvez amanhã. Ela precisa se acalmar um pouco. Não se preocupe, é só dar nuggets que ela se acalma.

Eu: Você é a melhor s2

Lana: Me poupe

                    *  Mensagem off *

    Eu estava muito estressado. Por mais que tentasse relaxar, mais e mais ideias surgiam na minha cabeça, e eu não conseguia controlar. Por alguma razão, foi a mesma coisa que senti depois do “incidente” de Danielle.

   Sentei inutilmente no sofá e comecei a olhar minha galeria de fotos com a Luna: aquela vez na praia, quando ela subiu em cima de mim e caiu logo depois, em Doncaster, com a minha família, aquela vez que ficamos todos lambuzados de asinhas de frango no KFC... Eu sinto muita falta dela.

    Liam começou a me mandar mensagens.

*Mensagem on*

Liam: Eu acabei de chegar em casa. O que você fez? Luna está sentada em cima de uma mala, chorando.

Eu: Nós brigamos

Liam: Ah sim. Você vai ter muito trabalho em reconquistá-la

Eu: Ela está muito mal?

Liam: Lana acabou de dar um nugget para ela, então não. Mas mesmo assim, boa sorte.

Eu: Obrigado

                *Mensagem off*

  Peguei o carro e dirigi lentamente até o Starbucks mais próximo, eu precisava de alguma coisa para me manter acordado depois da festa. Era um dia cinzento de outono.

   Pela primeira vez, percebi o quanto as pessoas eram mecânicas. Todos programados, desempenhando seus determinados papéis sem parar. Luna não era assim, ela desempenhava sua programação porque queria. Se um dia ela simplesmente se cansar, ela vai parar imediatamente e achar algo que ela aprecie.

     Essa última frase me causou um pensamento bem ruim na cabeça, mas não quero lembrar dessa possibilidade. Paguei e fui embora. Apaguei quando cheguei em casa, pelo menos isso não me deixaria para baixo.

    O dia seguinte chegou, e eu não estava preparado para falar com ela, mas eu não ia mais aguentar. Toquei a campainha, Luna abriu e fechou rapidamente ao me ver. É, eu teria bastante trabalho. Fiquei esperando Lana abrir a porta para mim.

 - Eu disse que ela estava zangada- ela me deixou entrar- Espera aí, vou tentar convencê-la a falar com você

   Esperei uns dez minutos. Dava pra escutar as vozes, mas não dava para entender. Lana voltou meio cansada

- Você tem cinco minutos- ela disse

- Lana, espera- ela se virou de novo- Lembra quando eu comecei namorar com a Luna, você me puxou para um canto e me disse...

- “Quebre o coração dela, e eu te mato”- ela continuou- Eu sei, era para eu estar te matando nesse momento... Mas é só que... Você a faz feliz, e eu não seria uma boa melhor amiga se privasse ela dessa felicidade. Agora vai lá.

   Entrei no quarto com a cabeça baixa. Luna estava de costas para mim, sentada no chão, pintando um quadro que estava apoiado na parede (sim, ela pinta quadros desde criança).

- Quatro minutos- ela avisou finalizando uma linha e se virando para mim

- Me desculpa

- É isso?

- É. Você está aceitando as minhas desculpas?- perguntei incrédulo

- Não- ela respondeu friamente- Você acha mesmo que eu ia aceitar uma pessoa que me larga do nada?

    Isso era o começo de uma briga, pois seu tom de voz mudara. Eu só assenti, concordando com ela. Ela parou de falar.

- Você me odeia?- perguntei. Ela passou um tempão pensando

- Qual é o meu filme preferido?

- 10 coisas que eu odeio em você- respondi sem sombra de dúvidas

- Exatamente. Eu não te odeio, Louis. Eu odeio o que você fez para mim. No fundo, por mais que eu tente esconder, eu ainda vou continuar te amando, mas eu vou sempre me lembrar do que você fez para mim, e a dor vai passar.

- Porque não consegue me desculpar?

- EU JÁ FALEI O MOTIVO- ela explodiu

- SE VOCÊ ACABOU DE FALAR QUE ME AMA, PORQUE NÃO CONSEGUE ME DESCULPAR?- eu explodi

  No fundo, eu sabia o motivo. Ela é traumatizada com abandono e com brigas, já que essas duas palavras mais resumem a sua infância.

- Por favor... todo mundo merece uma segunda chance

-Eu...- ela começou, mas foi interrompida pelo despertador- Seu tempo acabou

- JÁ CHEGA- Lana entrou no quarto e pôs-se na saída- NINGUÉM SAI DESSE QUARTO ATÉ VOCÊS SE ACERTAREM.

  Luna murmurou alguma coisa.

- LUNA, PARA DE SER IDIOTA, GAROTA. VOCÊ SABE QUE ELE TE AMA. Ele voltou. Você pode nunca ter namorado na vida, mas eu já. E toda vez que um cara vacilava comigo, ele nunca voltava. Voltar aqui é a maior prova de amor que ele podia dar.

   Fez-se uma pausa. Eu continuava de cabeça baixa

- E você também ama ele...

- Como pode ter tanta certeza?- Luna interrompeu

- PORQUE VOCÊ ESTÁ CHORANDO!

   Realmente, Luna estava chorando, não tinha percebido. Ela me olhou desolada, não porque sentira a minha falta, mas pelo que Lana viria a falar agora.

- VOCÊ SÓ CHORA POR DOIS MOTIVOS: EU E A VOVÓ- os olhos de Lana se encheram de lágrimas- Se você passou o dia inteiro chorando por causa dele, você definitivamente o ama e sentiu sua falta.

  Lana suspirou e mencionou alguma coisa sobre nossa “habilidade de fazer tempestade em copo d’água”. Luna continuava de pé, braços cruzados, olhando pra mim e chorando. “AGORA OS DOIS!”, Lana apontou para sua frente, eu e Luna nos encaminhamos para lá, “Se abracem”, obedecemos, “Peçam desculpa e digam que se amam”

- Desculpa, eu te amo- falamos ao mesmo tempo

- Agora voltem para casa de vocês, porque eu tenho coisa muito mais importante pra fazer do que ficar de cupido.                                 -

    Voltamos para casa, mas Luna ainda não falava nada. Ao passar pela porta, ela começou a chorar

- Lou, me desculpa. Eu fui muito idiota de ficar de mal com você... eu só fiquei tão preocupada, e com tanta raiva quando você disse que eu não ligava mais. Me desculpa.

- Ei. Tá tudo bem. Eu que fui o maior idiota nessa história. Não importa mais o que aconteceu, o que importa é que você voltou, voltou pra mim.

    Passamos um tempão abraçados. Luna ainda chorava. Eu descobri, era isso: eu não precisava animá-la para ela esquecer a perda da Lana, eu precisava cuidar dela, como se fosse o meu pequeno bebê.

- E então, o que você fez ontem?- perguntei

- Nada de mais, só fiquei escutando “fireproof”, “ Better than words”, e algumas músicas da Blink-182. E você?

- Fui no Starbucks, e por sinal, os fãs sentiram a sua falta- ela deu um sorrisinho- Você está pensando no mesmo que eu?- disse com um olhar sugestivo

- MARATONA DE HARRY POTTER- ela gritou ansiosa- Eu senti sua falta.

     O turbilhão de emoções dentro de mim passou, agora era só calmaria. Queria contar para ela cada segundo do que aconteceu ontem, cada sentimento estranho, porque ela me ajudaria a entendê-los da melhor maneira possível. Mas agora não dá, temos oito filmes para assistir.